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O cartaz como forma de expressão: Pesquisa e prática na Oficina Arara

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Academic year: 2021

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R

ela

tório de Estágio par

a obt enç ã o do Gr au de Mestre Mestr a do em D esign Gr á fic o Orien ta dor a -

Célia Cristina Corr

eia F err eira Orien ta dor de Estágio - Miguel Carneir o Institut o P olit écnic o de Leiria Esc ola S uperior de Ar te e D esign Ana R elv as, 2019 O C AR T AZ C OMO F ORMA DE EXPRESS Ã O Pesquisa e prátic a na Oficina Arara

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O pr esent e r elat ório de está

gio está escrit

o segundo o antig o Acor do Or tográ fico . As opções grá fic a s dest e document o , em especial a lingua g em grá fic a utiliz a da na Par te 2 , visam

criar uma maior harmonia com o t

ema e xplora do / desen volvido . E sta s nã

o seguem uma lógic

a / estrutura con vencional, o que t orna a lingua g em mais fle xív el e espontânea .

Pala

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e:

E sta in vestig aç ã o desen volv e uma pesquisa em r ela çã o à prátic a do design grá fico centra da no c ar ta z como e xpr essã o e meio de a cç ão . A a ctivida de desen

volvida pela Oficina Arara f

oi o object o de estudo privilegia do para esta pesquisa . O c ar ta z a qui r ef erido é o c ar ta z implic a do ideologic ament e , que r e vela quest ões polític a

s, sociais e culturais e que pr

ocura emancipar o cida dã o . O c ar ta z que mar c a ar tistic ament e o espa

ço público da segunda me

ta de do séc . XIX , cheg a a o nosso t empo a daptando -se ou r esistindo à s cir cunstância e à s no va s f orma s de media çã o . O t empo , que se sent e como a celera do , e a s condições de pr oduç

ão de um design normativ

o e ma ssific ado , de desc ar te rápido , conduziram a uma pr ocura sobr e como é possív el, atra vés de f orma s mais ‘ar tesanais ’ de design grá fico , r esponder a esta s pr oblemátic as. Uma da s possibilida des cont emporânea s de r esist ência a os modos c apitalista s de pr oduç ã o , pa

ssa por encontrar e pensar f

orma s colaborativ a s/ par ticipativ as de cria çã o , de int er venç ã o e comunic a çã o . Uma da s prátic a s r ecorr ent es do colectiv o Arara é a pr oduç ã o de c ar ta zes, de c ará ct er int er ventiv o , cujos objectiv os se pr

endem com quest

ões sociais

e com o apelo à int

er venç ã o públic a . O está gio no colectiv

o Oficina Arara permitiu-me usufruir da

s condições necessária s para o desen volviment o de uma in vestig aç ã o prátic a . Pr e tendi e xplorar a s pot encialida

des do trabalho colectiv

o , atra vés de uma apr endiz a g em f

eita num espa

ço r eal, com v anta g ens que nã o estã o disponív eis em ambient es de apr endiz a g em individual. É nesta ‘ar ena ’ que pr e tendo desen volv er um trabalho de c ará ct er grá fico -e xperimental. Expr essã o , Experiência , Colectiv o , Oficina Arara , Car ta z.

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ords:

This in vestig ation de velops a r esear ch r elating t o the pra ctice o f graphic design cent er ed in the post er a s e xpr

ession and means o

f a ction. The a ctivit y de veloped b y Oficina Arara w as the object o f study chosen f or this resear ch. The post er her

e mentioned is implied ideologic

ally

, which r

e

veals

politic

al, social and cultural questions and seek

s t o emancipat e citiz ens. The post er which ar tistic ally se

ts the public spa

ce in the second half o

f the nine teenth centur y r ea ches no w ada ys a dapting or r esisting cir cumstances and ne w w ay s o f mediation. Time , f a st a s it is, and pr oduction conditions o f a normativ e and ma

ssified design, rapidly disc

ar ded, ha ve led int o sear ching o

f means in which mor

e tra ditional w ay s o f graphic design c an answ er t o these pr oblems. One o f the cont emporar y possibilities o f r esistance t o c apitalist w ay s o f pr oduction is t o think o f collaborativ e/ par ticipativ e means o f cr eation, int er vention communic ation. One o f the r ecurr ent pra ctices used b y collectiv e Arara is the pr oduction o f post er s o f an int era ctiv e natur e with the objectiv e o f appealing t o public int er

vention and social questions.

The int

ernship in Oficina Arara ha

s allo

w

ed me t

o g

ather the necessar

y tools f or the de velopment o f a pra ctic al in vestig ation. It is m y aim t o e xplor e the possibilities o f collectiv e w ork thr ough learning in a r eal spa ce , with a dv anta g es not a

vailable in individual learning en

vir onment s. It is in this ‘ar ena ’ that I int end t o de velop w ork o f a e xperimental-graphic natur e . Expr ession, Experience , Collectiv e , Oficina Arara , Post er .

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Img . 1 - ‘Colectiv o Arara ’. Img . 2 - E spa ço e xt

erior da Oficina Arara

. Img . 3 - E spa ço int

erior da Oficina Arara

. Img . 4 - Má quina de luz U V com um f ot olit o . Img . 5 - Má quina de S erigra fia semi-aut omátic a . Img . 6 - Painel e mesa de f erramenta s. Img . 7 - Tinta s. Img . 8 - Papéis. Img . 9 - Tesoura s e x -a ct os. Img . 10 - Car ta zes cola

dos na Rua do Duque da

Ter ceira , Por to . Img . 11 - Car ta zes cola dos no ‘Quiosque do Piorio ’, Por to . Img . 12 - Car ta zes cola dos na Rua de S. Vict or , Por to . Img .13 - Car ta zes cola

dos na Rua do Her

oísmo , Por to . Img .14 - Irina Per

eira a editar uma ima

g em no computa dor . Img . 15 - Má quina de S erigra fia S emi-Aut omátic a . Img . 16 - Impr essã o de S erigra fia f eita manualment e . Img . 17 - Car ta z Z é Po

vinho e Rui Rio na rua

, Oficina Arara ht tps:/ /w w w .f a cebook .com/ 6 22 773 4 3 77 41083 /phot os/ a .6 786 396 3 215 4 4 6 3/ 17 65 2 76 9 2 0157390 /? type=3& theat er Img . 18 - Car ta zes Z é Po vinho

, Rui Rio e Polícia na rua

, Oficina Arara ht tps:/ /w w w .f a cebook .com/ 6 22 773 4 3 77 41083 /phot os/ a .6 786 396 3 215 4 4 6 3/ 17 65 2 77 173 4 90698 /? type=3& theat er Img . 19 - Boc a s, Car ta zes de rua , 2 013 - F ot ogra fia Bura co ht tps:/ /w w w .f a cebook .com/ 24 3 2 6 22 9 24 53 24 4/ phot os/ a .2509 4 06 7835 2 0 72/35573 22 4 4 539581 /? type=3& theat er Img . 20 - Boc a s, Car ta zes de rua , 2 013 - F ot ogra fia Bura co ht tps:/ /w w w .f a cebook .com/ 24 3 2 6 22 9 24 53 24 4/ phot os/ a .2509 4 06 7835 2 0 72/35573 22 4 4 539581 /? type=3& theat er Nota : F ot ogra fia s de Ana Ra quel R elv a s, e xcept o indic a ç ã o em contrário . p . 4 5 p . 4 7 p . 4 7 p . 4 8 p . 4 8 p . 4 8 p . 4 8 p . 4 8 p . 4 8 p . 5 1 p . 5 1 p . 5 1 p . 5 1 p . 53 p . 5 4 p . 5 4 p . 5 5 p . 5 5 p . 56 p . 56 Img . 21 - Fly er Exposiç ã o Z é dos Bois. Img . 22 e Img . 23 - Capa / Contra -Capa Bura co #4, Jornal Bura co ht tps:/ /jornalbura co .w or dpr ess. com/ 2 012/ 06 /01 /lanc ament o -a -montant e/ Img . 24 - O Livrinho V ermelho do G alo de B ar celos. Img . 2 5 - Pá gina s Bura co #5 . ht tp:/ /w w w .tipo .pt /inde x.php /pt /periodicos/ de tails/ 9 /14 Img . 26 - Capa e pá gina Bura co #6 . ht tp:/ /w w w .tipo .pt /inde x.php /pt /periodicos/ de tails/ 9 /15 Img . 27 - V ária s c apa s Bura co #7 . ht tps:/ /w w w .f a cebook .com/ 6 22 773 4 3 77 41083 /phot os/ a .1157 4 6 4 8 4 76 05 2 70 /1157 4 6 4 86 42 719 35 /? type=3& theat er Img . 28 - Bura co #8 no cola do no Quiosque do Piorio , Oficina Arara . ht tps:/ /w w w .f a cebook .com/ 6 22 773 4 3 77 41083 /phot os/ a .2212 3 2 3 418 786 069 /2212 3 2 4222119 3 22/? type=3& theat er Img . 29 - Abolition o f W ork Par t 2/ Par t 3 , Bruno Bor g es. ht tps:/ /mont era vi.blog spot .com/ 2 016 /10 /tijuana .html Img . 30 - Capa em S erigra fia Aboliç ã o do Trabalho , Tipo . ht tp:/ /w w w .tipo .pt /inde x.php /pt /tip -disp /de tails/ 5/3 71 Img . 3 1 - Carr oç a da Brux a na Exposiç ã o Arara , G aleria Z é dos Bois. ht tps:/ /w w w .f a cebook .com/ g aleria zedosbois/ phot os/ a .101555306 4 4212831 /101555 30650912831 /? type=3& theat er Img . 3 2 - Car ta

zes Nau dos Loucos.

Img . 33 - Car ta z Ma c a co S ábio , Oficina Arara . ht tps:/ /w w w .f a cebook .com/ 6 22 773 4 3 77 41083 /phot os/ a .14 8 701331 7983 753 /14 8 7014 2 31316995 /? type=3& theat er Img . 3 4 - Composiç ã o de digitaliz a ções sobr e a Oficina Arara . Img . 35 - Conjunt o de c ar ta zes Jungle Trio , Oficina Arara ht tps:/ /w w w .f a cebook .com/ 6 22 773 4 3 77 41083 /phot os/ a .128080808 86 0 42 78 /1280 8090986 0 41 77 /? type=3& theat er & ht tps:/ /w w w .f a cebook .com/ 6 22 773 4 3 77 41083 / phot os/ a .128080808 86 0 42 78 /1280808 895 2 7086 4/? type=3& theat er & ht tps:/ /w w w . fa cebook .com/ 6 22 773 4 3 77 41083 /phot os/ a .128080808 86 0 42 78 /1280808 7319 3 75 4 7/ ?t ype=3& theat er Img . 36 - Calendário Arara . Img . 3 7 - V ários e vent os do Map ’arara . Img . 38 - Ilustra çã o de t oda s a s via g ens f eita s durant e o período de está gio . Par te 1 p . 56 p . 58 p . 58 p . 59 p . 59 p . 59 p . 60 p . 60 p . 60 p. 6 1 p . 62 p . 69 p . 86 , 8 7 p . 89 p . 99 p . 100 p. 101 Par te 2

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Img . 39 - W ork shop T UDOR OD ABO TAF OR A , Ana Ra quel R elv a s e Pedr o Doura do . Img . 40 - Composiç ã o de digitaliz a ções sobr e a Exposiç ã o Oficina Arara na G aleria Z é dos Bois. Img . 4 1 - Mat erial pr ont o a c arr eg ar à entra

da da Oficina Arara ant

es da Exposiç ã o . Img . 42 - Pintura do mural AR AR A em pr ocesso . Img . 43 - Má sc ara em st encil para f a zer a t er ceira cor . Img . 4 4 - E spa ço de leitura , Cont emporânea . ht tps:/ /cont emporanea .pt /edicoes/ 0 4-2 018 /o ficina -arara Img . 4 5 e 46 - S ala dos c ar ta zes em pr ocesso . Img . 4 7 - S ala dos c ar ta zes, G aleria Z é dos Bois. ht tps:/ /w w w .f a cebook .com/ g aleria zedosbois/ phot os/ a .101555306 4 4212831 /101555 306550 72831 /? type=3& theat er Img . 4 8

- Pintura do mural Boc

a em pr ocesso . Img . 49 - Entra da /saída Carr oç a da Brux a . Img . 50 - Carr oç a da Brux a em pr ocesso . Img . 5 1 - Carr oç a da Brux a , G aleria Z é dos Bois. ht tps:/ /w w w .f a cebook .com/ pg/ g aleria zedosbois/ phot os/? tab=album &album_ id=101555306 4 4212831 Img . 5 2 - S

ala dos espelhos em pr

ocesso . Img . 53 e 5 4 - S

ala dos espelhos, G

aleria Z é dos Bois. ht tps:/ /w w w .f a cebook .com/ g aleria zedosbois/ phot os/ a .101555306 4 4212831 /10155 530655582831 /? type=3& theat er & ht tps:/ /w w w .f a cebook .com/ g aleria zedosbois/ phot os/ a .101555306 4 4212831 /1015553065 4 982831 /? type=3& theat er Img . 5 5 - W ork shop O Diabo da S erigra fia . Img . 56 - Pr ocesso de impr essã o e monta g em da cenogra fia no Under sta ge do Teatr o Municipal do Por to - Riv oli. Img . 5 7 - Pr ocesso de impr essã o e r esulta do final. Img . 58 - Oficina de má sc ara s em Chousela s. Img . 59 - Pr ocesso criativ o de desen volviment o de ima g ens grá fic as para os pr odut os Indício . Img . 60 - R esulta

do final, Oficina Arara

. ht tps:/ /w w w .f a cebook .com/ 6 22 773 4 3 77 41083 /phot os/ a .199 2 6 2568 4 0891 78 /199 2 6 2 6 00 7422 4 79 /? type=3& theat er Img . 6 1 - F eira Raia #2 . Img . 62 - Int er venç ã o no espa

ço urbano da cida

de do Por to . Img . 63 - F estiv al Cra ck F ume tti Dir ompenti, Cra ck F estiv al ht tps:/ /w w w .f acebook .com/ Cra ckf estiv al/ phot os/ a .210 72 0 2212 65 4 330 /210 72 0 4 89 2 65 4 06 2/? type=3& theat er Img . 6 4 - F estiv al Cra ck F ume tti Dir ompenti. Img . 65 - Manuel R elv a s em crianç a , ( s. d.). Img . 66 - Manuel R elv a s ant es de ir pr estar ser viços militar es, ( s. d.). Img . 67 - Manuel R elv a

s com esposa e filhos, (

s. d.) Img . 68 - Manuel R elv a s, (2 019) Img . 69 - O s v ários mat eriais r ecolhidos por S avler . Img . 7 0 - E spa ço e xt erior e c a sa de S avler . Img . 7 1 - E spa ço e xt erior de S avler . Img . 72 - A telier de S avler . Img . 73 - S avler a mostrar a c

amisola que pint

ou para r emomorar o seu c ã o . Img . 7 4 - F a se de Impr essã o do pr oject o prático colaborativ o S avler . Img . 7 5 - Z é Toma a f a zer um ‘manguit o’ à entra da da Oficina Arara . Img . 7 6 - Car ta zes e xpost os na Oficina Arara . Img . 7 7 - Digitaliz a çã o dos t est es de cor . Img . 78 - S equência da aber tura do c ar ta z/ desdobrá vel. Img . 7 9 - S avler e o c ar ta z/ desdobrá vel. Img . 80 - Digitaliz a çã o de uma pá gina do livr o Aboliç ã o do Trabalho . p . 10 3 p . 104 p. 10 7 p . 108 p . 109 p.109 p. 110 p. 110 p. 111 p. 112 p. 112 p. 112 . 112p p. 112 p. 114 p. 119 . 120p p. 121 p. 122 p. 122 p. 123 p . 124 p . 12 5 p . 12 5 p . 13 1 p . 13 1 p . 13 1 p . 13 1 p . 13 2 p . 133 p . 13 4 p . 13 4 p . 135 p . 139 p . 140 p. 14 1 p . 142 p . 143 p . 14 4, 14 5 p . 149 Par te 3

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E st e r elat ório visa , com ba se na in vestig a çã o e conheciment os a dquiridos em ambient e de está gio , encontrar alt ernativ as a o f a zer ‘ma ssific a do ’ e ‘pr ec ário ’ do design grá fico a ctual. A Oficina Arara t

ornou-se numa escolha

‘natural’

para esta pesquisa

: pelo tipo de prátic a s, escolha s t écnic a s ( mais ar tesanais do que t ecnológic as ), pela pla sticida de que tant o pr eser

vam e pelo modo de viv

er f oc a do no pr esent e ma s que utiliz a f erramenta s de t odos os t empos ( manuais e digitais ). Nest e ‘abrig o’ , t ent ei apr ender e desen volv er a s c apa cida des necessária

s para conseguir trabalhar em pr

oject os dest e tipo , em especial usando o supor te c ar ta z, de f

orma menos con

vencional. Da mesma f orma , o trabalho colectiv o e colaborativ o demonstr ou t er um papel impor tant e para est e pr

ocesso de pesquisa e apr

endiz a g em. Por um la do , o trabalho colectiv o une e r eúne v ários pensament os num espa ço aber to e a cessív el para a discussã o em igualda de , por outr o , o trabalho colaborativ o pr ocura , atra vés da mútua par tilha de apr endiz a g ens e conheciment os, cooperar com todos os en volvidos. Numa f

ase inicial de pesquisa

, a

s leitura

s de aut

or

es como Byung Chul-Han

ou Ja

cques Rancièr

e f

oram fundamentais para um maior esclar

eciment o sobr e o modo como o a cesso à inf orma çã o é f alsament e pr ojecta do como sendo a compr eensã o t otal do conheciment o . O que essa s leitura s me ajudaram a descobrir f oi a necessida de de inscr e ver outra s ‘v o zes ’ e outra s pr esenç a s visuais que r

esistam a um cenário que

, apar entando div er sida de e dif er enç a , pa dr oniz a os modos de cria çã o grá fic a e e xpr

essa uma únic

a vo z: a do mer ca do . O c ar taz sur g e como uma da s pala vra s cha ve principais desta in vestig aç ã o por

que sendo um meio vulg

ar de publicida de visual é , na prátic a da Oficina Arara , um meio para a e xperimenta çã o e int er venç ã o da expr essã o grá fic a . Nã o me int er essa f a

zer uma pesquisa t

eóric a , ou de c ará ct er hist órico , ma s

estudar uma prátic

a específic a e um colectiv o ‘em a cç ão ’ ( Oficina Arara ). Pr ocur o e xplorar a e xperiência do t empo , apr ender a e xperimentar , no

sentido de José Gil ( 2

005 , p . 259-2 6 0), “ dif eren tes v elocida des de e x ecuç ã o … [ c aptar] a t endência do mo vimen to , en tre c a os e nec essida de .” E st e trabalho desen volv e uma me todologia a dapta da : é um pr oject o de in vestig aç ã o sobr e f orma s de pr oduç ã o /cria çã o em design, um está gio

curricular que no final t

esta a s sua s hipót eses atra vés da r ealiz aç ã o de um pr oject o colaborativ o .

A S

ocieda

de do c

onsumo e do t

empo livre

apresen

ta uma t

empor

alida

de par

ticular

.

O t

empo que sobr

a

, de

vido a um aumen

to

da produtivida

de

, é preenchido por

a

c

on

tecimen

tos e viv

ências super

ficiais

e fug

az

es. Uma v

e

z que na

da lig

a o t

empo

de maneir

a dur

a

dour

a

, est

e parec

e

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orrer muit

o depressa ou c

onhec

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. O ciclo de aparecimen

to e

desaparecimen

to das c

oisas é c

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v

e

. O imper

a

tiv

o c

apitalista do

crescimen

to implic

a que as c

oisas se

produzam e se c

onsumam num lapso de

tempo c

a

da v

e

z mais bre

v

e

. A pressã

o do

c

onsumo

é

imanen

te

a

o

sist

ema

de

produç

ã

o

.

O crescimen

to ec

onómic

o depende do

c

onsumo e do uso v

er

tiginoso das c

oisas.

A ec

onomia basea

da no c

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016

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(9)

17

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A estrutura desta in vestig a çã o divide -se em quatr o par tes: uma e xplora çã o intr odut ória

, uma análise de estudo de c

aso , um r elat ório de está gio e a realiz a ç ã o de um pr oject o prático . A Par te 0 , D a Leitur a à R epresen ta ç ã o - Pr á tic a Experimen tal , dá a compr eender o pont o de par

tida para alguma

s quest ões e t ema s de int er

esse que estiv

eram pr esent es ‘em fundo ’ durant e esta in vestig aç ã o . E sta par te é chama da de par te z er o por ser pr eliminar à restant e pesquisa . Nela sã o e xplora da s leitura s de f orma t eóric a e prátic a , de maneira nã o con

vencional, que inf

ormaram o pensament o dest e trabalho e a e xperiência grá fic a que t enciona va desen volv er . A Par te 1, O ficina Ar ar a - Con te xtualiza ç ã o T eóric a , usa uma me todologia de estudo de ca so , onde é abor da do o trabalho da Oficina Arara a par tir de um ensaio sobr e o seu cont ex to teórico , a s prátic a s mais comuns, o trabalho colectiv o / colaborativ o e a int er venç ão no espa ço público , como a cç ão polític a . A obser va çã o par ticipa da e a s entr e vista s orienta da s f oram a s me todologia s mais utiliz ada s para o desen volviment o dest e estudo . A Par te 2, Experiência Ar ar a - R ela tório de Estágio , apr esenta o r esulta do da e

xperiência tida no estúdio

, quer a nív el pessoal, quer a nív el colectiv o . O r elat ório t em a

qui uma dimensã

o e xplorat ória e experimental, e xpr essa sob a f orma de cont

eúdos como: o glossário

, t ex tos inf ormais sobr e o que f oi mais signific ativ o na e xperiência de está gio , a s apr endiz a g ens mais t écnic a s a cer ca dos pr ocessos de e xecuç ã o e br e ves descrições sobr e pr oject os que lá f oram desen volvidos. E st es cont eúdos par tem de uma v o z pessoal, que r eme

te para o modo como a e

xperiência

Arara me ensinou no

va

s f

orma

s de pensar e trabalhar colectiv

ament e . A Par te 3, S a vler - Projec to Pr á tic o , designa um pr oject o pr ático colaborativ o f eit o na Oficina Arara , com o intuit o de t estar a s f orma s de ‘pensament o , cria çã o e pr oduç ã o AR AR A’ , concilia da s com a s apr endiz a g ens criativ a s, t écnic a s e colaborativ a s a dquirida s durant e o período de está gio .

Tendo como espa

ço de in vestig a ç ã o o trabalho desen

volvido pela Oficina

Arara tra

cei dua

s quest

ões fundamentais: a

) Como pode o trabalho

colaborativ

o de um colectiv

o de ar

tista

s criar uma abor

da g em e xpr essiv a do design? e b

) Como pode uma t

écnic a de impr essã o ( serigra fia ) funcionar como um modo de r esist ência a um t empo tipific a do e a celera do de pr oduç ã o grá fic a? Par tindo da s quest ões ant erior es, t

enciono encontrar o espa

ço que me dê a opor tunida de de e xplorar alt ernativ a s para a s f orma s mais c apitalista s/ consumista s/ contr ola da s de cria çã o e pr oduç ã o grá fic a , atra vés da e xperiência prátic a em ambient e de está gio . Nest e cont ex to pr ocur o apr ender e e xplorar no va s f orma s de pensar , criar e pr oduzir ideia s a par tir da s t écnic a s, f erramenta s e prátic a s ar tístic a s disponív eis. Da mesma f orma , int er essa -me per

ceber de que modo posso aplic

ar os

meus conheciment

os na ár

ea do design grá

fico num ambient

e que par ece confr ontar a s norma s da ‘pr odutivida de ’.

Tenciono também per

ceber o modo

como se tra

ç

am e consolidam r

ela

ções, como se cria o colectiv

o e apr

ender

o que é trabalhar num cont

ex

to r

eal, em que o espa

ço político da cida

de nã o é uma abstra cç ã o . Como objectiv o principal t enciono apr ender a f a

zer uso tant

o do design grá fico como de ár ea s a dja cent

es, para pensar

, criar e pr

oduzir object

os

grá

ficos que cont

enham a e xpr essivida de , pla sticida de e sentido de dura ç ã o ( contrário à fug a cida de da pr oduç ã

o e consumo dos dia

s de hoje ), que pr ocur o .

(10)

18

19

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A Par te Zero sur giu an

tes mesmo de dar início a

o R ela tório de Estágio , numa t en ta tiv a de c ompreender as quest

ões sobre as quais pret

endia in v estig ar , t endo em vist o um tr abalho pr á tic

o final. Após algumas

leitur as, de obr as de aut ores c omo , B

yung Chul Han,

Ja

cques R

ancière ou William Burroughs, c

omeç ar am a sur gir t emas de in teresse c omo o t empo , a a c eler a ç ã o/ desa c eler a ç ã o , a socieda de e a emancipa ç ã o . Esta par te reflec te uma e

xperiência pessoal, onde o

resulta do ou c onclusã o nã o sã o ainda o f oc o , mas em que o proc

esso de uma leitur

a

-escrita pessoal é post

o à pro v a . As pr á tic as que se seguem sã o represen ta ç ões gr á fic o -e xperimen tais de leitur as f eitas dur an te a f ase inicial de pesquisa , c

om o fim de cruzar cria

tivida de , represen ta ç ã o e uso de t écnic as a dquiridas em design gr á fic o . Est e e x ercício t e v e c omo objec tiv o e xplor ar e c ompreender de que f

orma seria possív

el usar algumas e xperiências sobre a f orma gr á fic a , de modo a t estar a minha c ompreensã o e apro xima ç ã o a os t emas que , dur an te os meses seguin tes de estágio , estiv er am c omo

um fundo sobre o qual fui criando uma rela

ç ã o c om o mundo da O ficina AR AR A . ‘Comec e na da ’ 1 é um bom c omeç o . 1 R elativ o a o trabalho pr esent e na p .35 .

(11)

21

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e

1 F ascículo A v en tur a In telec tual. Int erpr e ta çã o pessoal da leitura f eita do primeir o c apítulo de O Mestr e Ignorant e . A obra O Mestr e Ignorant e

, é uma obra que f

ala essencialment e sobr e a emancipa ç ã o int electual, f oc a da na educ a ç ã o e peda g ogia . Ja cques Rancièr e , aut or da obra , conta -nos a hist ória de Joseph Ja cot ot (1 77 0-18 4 0), um peda g og

o francês, que no final da sua c

arr

eira ocupou a posiç

ão

de pr

o

fessor numa escola na Bélgic

a e viv eu uma a ventura , ou e xperiência filosó fic a , ba stant e visionária para a quela époc a . No primeir o c

apítulo desta obra

, Uma a ventura int electual, Rancièr e (2 011, p .9) começ a por diz er que “no ano de 18 18, Joseph Ja c ot ot , leit or de lit er a tur a fr anc esa na Univ ersida de de Louv ain, viv eu uma a v en tur a in telec tual” . Enquant o Ja cot ot ignora va o holandês (flameng

o), a maioria dos seus estudant

es, que compr

eendiam a língua holandesa , ignora vam t otalment e o francês. Nã o ha vendo lig a çã o entr e pr o fessor e alunos, Ja cot ot encontr ou alg

o em comum que poderia

par

tilhar com os seus estudant

es: uma ediç

ã

o bilingue da obra

Teléma

co

.

Com a ajuda de um tra

dut

or

, pr

opôs a

os alunos que apr

endessem o t

ex

to em

francês t

endo como apoio o t

ex to tra duzido ( em holandês ). Nã o deix ando o desa fio fic ar por a qui, numa f a se mais a vanç a da , Ja cot ot solicit ou que os mesmos escr e

vessem na língua francesa uma r

efle xã o sobr e a quilo que ha viam lido . E sta e xperiência r e

velou ser surpr

eendent

e

.

O

s estudant

es, que outr

ora nunc

a tinham tido nenhuma e

xplic a çã o sobr e a s ba ses do francês, f oram c apa

zes de se emancipar sobr

e o desa fio pr opost o . O a c a so , a v onta de e a pr ópria int elig ência , f oram o necessário para t orná -los mestr

es de si mesmos, conseguindo apr

ender por si pr óprios a língua francesa de f orma signific ativ a . Ist o pr o

va que a ideia de uma or

dem explic a dora , ba sea da num sist ema de hierar

quia - em que o mestr

e t em como funç ã o e xplic ar , dar a conhecer e f a zer compr eender o cont eúdo a o aluno -, nã o é tã o efic a z quant o par ece , pois nã

o estimula o aluno a criar

aut onomia int electual e pr omo ve embrut eciment o ( que também a cont ece quando se é subme tido à int elig ência de outr o). 1 Ja cques Rancièr e (19 4 0) filóso fo e pr o

fessor francês, abor

da t ema s como a emancipa çã o int electual, filoso fia , est é tic a e polític a . Na s sua s obra s mais r ecent es e xplora a r ela ç ã o da est é tic a e da polític a , e a s orig ens que t

êm em comum. Considerando que a polític

a é essencialment e est é tic a , ou seja , que está funda da sobr e o sensív el, a ssim como a ar te ou o design.

(12)

22

Par t e 0

23

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da t ema s como a emancipa çã o int electual, filoso fia , est é tic a e polític a . Na s sua s obra s mais r ecent es e xplora a r ela ç ã o da est é tic a e da polític a , e a s orig ens que t

êm em comum. Considerando que a polític

a é essencialment e est é tic a , ou seja , que está funda da sobr e o sensív el, a ssim como a ar te ou o design. A obra O Mestr e Ignorant e

, é uma obra que f

ala essencialment e sobr e a emancipa ç ã o int electual, f oc a da na educ a ç ão e peda g ogia . Ja cques Rancièr e , aut or da obra , conta -nos a hist ória de Joseph Ja cot ot (1 77 0-18 4 0), um peda g og

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, Uma a ventura int electual, Rancièr e (2 011, p .9) começ a por diz er que “no ano de 18 18, Joseph Ja c ot ot , leit or de lit er a tur a fr anc esa na Univ ersida de de Louv ain, viv eu uma a v en tur a in telec tual” . Enquant o Ja cot ot ignora va o holandês (flameng

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Par t e 0

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1 F ascículo A v en tur a In telec tual. Int erpr e ta çã o pessoal da leitura f eita do primeir o c apítulo de O Mestr e Ignorant e .

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Par t e 0

3

1

D a L ei tu ra à Re p re se n ta çã o - Pr á ti ca E xpe ri m en ta l 1 Ja cques Rancièr e (19 4 0) filóso fo e pr o

fessor francês, abor

da t ema s como a emancipa çã o int electual, filoso fia , est é tic a e polític a . Na s sua s obra s mais r ecent es e xplora a r ela ç ã o da est é tic a e da polític a , e a s orig ens que t

êm em comum. Considerando que a polític

a é essencialment e est é tic a , ou seja , que está funda da sobr e o sensív el, a ssim como a ar te ou o design. A obra O Mestr e Ignorant e

, é uma obra que f

ala essencialment e sobr e a emancipa ç ã o int electual, f oc a da na educ a ç ão e peda g ogia . Ja cques Rancièr e , aut or da obra , conta -nos a hist ória de Joseph Ja cot ot (1 77 0-18 4 0), um peda g og

o francês, que no final da sua c

arr

eira ocupou a posiç

ão

de pr

o

fessor numa escola na Bélgic

a e viv eu uma a ventura , ou e xperiência filosó fic a , ba stant e visionária para a quela époc a . No primeir o c

apítulo desta obra

, Uma a ventura int electual, Rancièr e (2 011, p .9) começ a por diz er que “no ano de 18 18, Joseph Ja c ot ot , leit or de lit er a tur a fr anc esa na Univ ersida de de Louv ain, viv eu uma a v en tur a in telec tual” . Enquant o Ja cot ot ignora va o holandês (flameng

o), a maioria dos seus estudant

es, que compr

eendiam a língua holandesa , ignora vam t otalment e o francês. Nã o ha vendo lig a çã o entr e pr o fessor e alunos, Ja cot ot encontr ou alg

o em comum que poderia

par

tilhar com os seus estudant

es: uma ediç

ã

o bilíngue da obra

Teléma

co

.

Com a ajuda de um tra

dut

or

, pr

opôs a

os alunos que apr

endessem o t

ex

to em

francês t

endo como apoio o t

ex to tra duzido ( em holandês ). Nã o deix ando o desa fio fic ar por a qui, numa f a se mais a vanç a da , Ja cot ot solicit ou que os mesmos escr e

vessem na língua francesa uma r

efle xã o sobr e a quilo que ha viam lido . E sta e xperiência r e

velou ser surpr

eendent

e

.

O

s estudant

es, que outr

ora nunc

a tinham tido nenhuma e

xplic a çã o sobr e a s ba ses do francês, f oram c apa

zes de se emancipar sobr

e o desa fio pr opost o . O a c a so , a v onta de e a pr ópria int elig ência , f oram o necessário para t orná -los mestr

es de si mesmos, conseguindo apr

ender por si pr óprios a língua francesa de f orma signific ativ a . Ist o pr o

va que a ideia de uma or

dem explic a dora , ba sea da num sist ema de hierar

quia - em que o mestr

e t em como funç ã o e xplic ar , dar a conhecer e f a zer compr eender o cont eúdo a o aluno -, nã o é tã o efic a z quant o par ece , pois nã

o estimula o aluno a criar

aut onomia int electual e pr omo ve embrut eciment o ( que também a cont ece quando se é subme tido à int elig ência de outr o).

0.1 O M

es

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te - J

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1 F ascículo A v en tur a In telec tual. Int erpr e ta çã o pessoal da leitura f eita do primeir o c apítulo de O Mestr e Ignorant e .

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2

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D a L ei tu ra à Re p re se n ta çã o - Pr á ti ca E xpe ri m en ta l

0.2 A Re

vo

lu

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o El

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ou

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s

2 1. Impre visív el sor teio de pala vr as. Após t er r ecor ta do alguma s pala vra s de um t ex to de jornal, coloquei-a s dentr o de um sa co e a git

ei para misturar os peda

ços. De seguida , r e tir ei (sem v er ) um a um aleat oriament e , e colei de imediat o numa f olha . O resulta do a qui apr esenta do , consist e na construç ã o de um no vo t ex to a par tir da s pala vra s r ecor ta da s do t ex to ant erior . A ima g em f oi r ecor ta da do mesmo jornal e a s mancha s de tinta sã o a ausência da s pala vra s r ecor ta da s. William Burr oughs def

ende que a pala

vra , o v erbo e a ideia , sã o um vírus hospeda do no ser humano . Afirma “ que a v o z humana é ( c omo ) uma arma , já a pr agmá tic a o disser a . O s ingredien tes que ag or a a inf ormá tic a e a cibernétic a nos f ornec em sã o preciosos a djuv an

tes desse progr

ama de destruiç ã o ” (Burr oughs, 2 010 , p .10). S e a pala

vra por si só já pode ser maligna

, conjug a da com a époc a da electr ónic a , em que a lingua g em e volui e toma outra s pr opor ções at é no uso da mesma , pode t orna

-se bem mais

destruidora

. S

endo a pala

vra um vírus, a lingua

g em é uma espécie de contamina ç ã o que t em o poder de manipular ( como é per ceptív el por ex emplo em slog ans ). Ma s esta manipula ç ã o pode dar -se de outra s f orma s e William Burr oughs pr o va -o a o criar uma t écnic a

, à qual deu o nome de

cut

-up

. F

oi durant

e

um período da sua vida

, em que conheceu Brion G

ysin, que Burr

oughs descobriu esta t écnic a . B a sea da na escrita , v

ai para além da pintura e da

cola g em e consist e na manipula çã o de t ex tos, gra va

ções, jornais, vídeos,

poema s, e tc ., atra vés do r ecor te e no va cola g em/ composiç ão f eita com esses mesmos r ecor tes. O r esulta

do final por sua v

e

z, r

eduz

-se numa obra

sem v

o

z pr

ópria e ficcional. A escrita g

anha outra pla

sticida de e a s pala vra s outr o signific a do . O cut -up , enquan to tr

abalho sobre as pala

vr as, sobre o c on ta c to destas c om a página de uma f orma tá c til, apro xima -o da t ela do pin tor , da f ot ogr a fia , do cinema , visando produzir o a ciden te da espon taneida de .” (Burr oughs, 2 010 , p .14) 2 William S e w ar d Burr oughs (1914-199 7) escrit or , ar

tista e crítico social, f

oi um dos pioneir os, na àr ea da lit eratura , a dar r esposta à e xplosã o da s t ecnologia s electr ónic a

s e dos meios de comunic

a ç ão de ma ssa s, por v

olta dos anos 50

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4

Par t e 0

35

D a L ei tu ra à Re p re se n ta çã o - Pr á ti ca E xpe ri m en ta l 2. A e xpressã o das pala vr as c om tin ta preta . E st e conjunt o de pá gina s sã o originalment e cr ónic a s r e tira da s de uma re vista . Com uma pá gina , um pincel e tinta a crílic a pr e ta , f oi possív el manipular a lingua g

em: escolher que pala

vra s fic am e quais desapar ecem. O te xt o g anha outr o signific a do e e xpr essã o , ba stant e mais plá stic a , e par ece falar sobr e alg o que ant eriorment

e seria difícil de compr

eender

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7

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Par t e 0

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D a L ei tu ra à Re p re se n ta çã o - Pr á ti ca E xpe ri m en ta l

0.3 O A

ro

m

a d

o T

em

po - B

yu

ng Ch

ul H

an

3 Nest e ensaio , Chul Han dá -nos a compr eender a

quilo que ele considera ser

uma crise t

emporal pr

o

voc

a

da por uma disper

o t

emporal. E

sta por sua

ve z nã o é consequência de uma f or te a celera ç ã o do t empo , ma s de uma dissincr onia , uma f alta de ritmo

, que nos impede de e

xperienciar qualquer tipo de dura ç ã o , t

ornando tudo muit

o mais fug a z e ef émer o , e dando -nos a “ sensa ç ã o de que o t

empo passa muit

o mais r apidamen te do que an tes ” (Han, 2 016 , p .9). O seu ra

ciocínio nesta obra pa

ssa por per

ceber quais a s c ausa s e sint oma s

desta crise e descontinuida

de t emporal, in vestig ando par te da hist ória , social, cultural e r eligiosa . R eflect e sobr e a possibilida de de r ecuperar a dura ç ã o que corr e o risco de desapar ecer comple tament e , domina da pela vita a ctiv a . A vita activ a ou vida ocupa da , que “ degr a da a pessoa em animal labor ans ” (Han, 2 016 , p

.10), é uma vida mer

gulha da em trabalho , ex cesso de pr odutivida de e de consumo . O homem a ctiv o nã o é livr e , pois a necessida de da vida obrig a-o a trabalhar . No entant o , é necessário que o homem seja a ctiv o , ma s a o mesmo t empo est e nã o de ve deix ar de t er moment os de dura ç ã o / cont empla ç ã o . Byung -Chul Han a firma que: na socieda de do c onsumo perde -se o demor ar-se . O s objec tos de c onsumo nã o dã o lug ar a qualquer c on templa ç ã o . Usam-se c onsomem-se o mais rapidamen te possív el, par a c eder lug ar a no v os produt os e nec essida des. A demor a c on templa tiv a pressupõe que as c oisas t

enham uma dur

a ç ã o . T oda via , a pressã o do c

onsumo suprime a dur

a ç ã o . E a chama da a c eler a ç ã o tã o -pouc

o cria uma dur

a ç ã o .” (2 016 , p .112). Nest e cenário , que o aut or descr e ve ser o da socieda de a ctual, é impor tant e que o homem r ecuper e a vita cont emplativ a , a quela que pr essupõe que a s coisa s duram. É impor tant

e que pratique o ócio

, que “ abre um espa ç o sem nec essida de nem preocupa ç ões, livre , à mar g em das nec essida des da vida ” (Han, 2 016 , p .10 4). Pratic ar o ócio é r ecuperar a liber da de que o trabalho r ouba , é criar desapeg o de pr eocupa ções, necessida

des ou impulsos, sem que se ocult

e a r ealida de . É uma c apa cida de que de v e ser educ a da . Nã o é uma pr á tic a de ‘relax amen to ’ ou de ‘desc one x ã o ’. O ócio remet e par a o pensar c omo theorein , c omo c on templa ç ã o da v erda de .” (Han, 2 016 , p .105) 3

Byung Chul Han (1959), filóso

fo sul-cor eano e a ctual pr o fessor na Univ er sida de da s Ar tes de Berlim, int er essa

-se por quest

ões e pr

oblemátic

a

s da socieda

de cont

emporânea que se lig

am entr e si: como o ex cesso de pr oduç ã o e o hiper consumo , o desg a st e do trabalho e f alta de cont empla ç ã o , a fug a cida de da s coisa s ou banaliz a çã o da s r ela ções.

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4

1

D a L ei tu ra à Re p re se n ta çã o - Pr á ti ca E xpe ri m en ta l

4

1

D a L ei tu ra à Re Re p re se n ta ç ta ç ã o ã o ã o - P - P t t t ic a ic a ic a E x E x E x pe r pe r pe r im e im e im e n ta n ta ll D a L ei tu r a à Re p re se n ta ç ta ç ã o - P - P t t ic a ic a E x E x pe r pe r pe r im e im en ta n ta l Car ta z Ó cio , inspira do nos t ex tos sobr e a vita cont emplativ a . E st e c ar ta z o fer ece v ales gratuit os de ócio . O objectiv o é que a pessoa a dquira o v

ale e usufrua do mesmo como bem ent

ender

, por t

empo

indefinido e sem pra

zo de v alida de , no fundo que pr ocur e compr eender a impor tância de pratic ar um t empo cont emplativ o .

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42

43

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O c olec tiv o de ar tistas O ficina Ar ar a , sedia do no P or t o , faz das pr á tic as oficinais e da pot ência das a c tivida des c olabor a tiv as um meio par a produzir um tr abalho difícil de c ar a c t erizar , que viv e nas mar g ens da ar t e , do design e da in t er v enç ã o polític o -cultur al. Usando t écnic as e f err amen tas pouc o c on v encionais t em vindo a criar um c orpo de tr abalho que , pelas suas c ar a c t erístic as div ersific a das e c on tr a -c orren t e , se c onstituír am c omo um ma t

erial de pesquisa rele

v an t e par a pensar / pesquisar /e xplor ar modos alt erna tiv os par a a pr á tic a do design gr á fic o . O s c ar taz

es, impressos em serigr

a fia , sã o os objec t o/ t écnic a pelo quais sã o mais c onhecidos, funcionam c omo uma ‘mon tr a ’ par a pr á tic as gr á fic as que f omen tam um diálog o en tre e xpressã o cria tiv a , espa ç o públic o e in t er v enç ã o c olec tiv a . Embor a hist oric amen t e a visibilida de do c ar

taz seja a sua c

ondiç ã o c en tr al, os c ar taz es da O ficina Ar ar a enc enam e permit em um olhar crític o sobre o c ar taz de in t er v enç ã o numa perspec tiv a c on t empor ânea , t ornando o c

aso de estudo rele

v

an

t

e

par

a o estudo do design por

tuguês. Em con ver sa com o Joã o Alv es, ele per gunt ou-me , “ c omo está a c orrer o tr abalho ?” , rapidament e r espondi “ seria mais f á cil escre v er sobre v oc ês se nã o v os c onhec esse ”.

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A O fi ci n a A ra ra - C on te xtu al iz ão T ri ca A O ficina Ar ar a , funda da em 2010 por um grupo de ar

tistas, designers e um eng

enheiro (Miguel Carneiro

, D a y ana Luc as, V

on Calhau! E Luís Silv

a) , é um estúdio de ar tes gr á fic as equipa do par a tr abalhar em serigr a fia . É projec ta do c omo um espa ç o aut ónomo e aber to de e xperimen ta ç ã o em t orno da produç ã o de c ar taz es, livros e outr as ediç ões, t en tando estabelec er uma rela ç ã o direc ta , c on tínua e inin terrupta en tre o a c to de desenhar e a impressã o de múltiplos. 1 É desta f

orma que a Oficina Arara se descr

e ve na sua pá gina o ficial. Entr e outr os ar tig os que apar ecem pela s pá gina s da int erne t (e nã o só ), t odos fa zem questã o de r ef

erir que o colectiv

o está sedia do , pr oduz e a g e , de forma aut ónoma e independent e , na cida de do Por to . T orna -se ób vio que é nest e pont

o do mapa que eles se sent

em bem, e a c ada opor tunida de tentam mant er um vínculo , dentr o e f

ora do seu espa

ço de trabalho , pelo modo como f a zem cir cular a s sua s pr oduções, muita s v e zes a par tir de uma int er venç ã o polític a lig a da à s rua s da ‘sua ’ cida de . Contudo , a s sua s a ctivida des criativ as est

endem-se para outr

os loc ais do país e at é mesmo fora dele . 1 Disponív el em ht tp:/ /w w w .o ficina -arara .or g/ about / [Data de a cesso: 12/ 0 7/ 2 018]

1.1. E

stu

do d

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as

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Img . 1 - ‘Colectiv o de Arara s’ .

Referências

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