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Rev. paul. pediatr. vol.34 número1

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Academic year: 2018

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RevPaulPediatr.2016;34(1):3---4

www.rpped.com.br

REVISTA

PAULISTA

DE

PEDIATRIA

EDITORIAL

Em

tempo:

deficiência

da

Vitamina

D:

quem

precisa

de

suplementac

¸ão?

In

time:

vitamin

D

deficiency:

who

needs

supplementation?

Tania

Winzenberg

a,b,∗

e

Graeme

Jones

a

aInstitutoMenziesdePesquisaMédica,UniversidadedaTasmânia,Hobart,Tasmânia,Austrália bFaculdadedeSaúde,UniversidadedaTasmânia,Hobart,Tasmânia,Austrália

Recebidoem25deagostode2015

A vitamina D temum papel fundamental nometabolismo

decálcioenasaúdeósseadascrianc¸as.Acredita-seainda

que ela seja benéfica em doenc¸as não ósseas, tais como

doenc¸as respiratórias,atopiaeesquizofrenia.1 Existeuma

relac¸ãoclaraentreadeficiênciadevitaminaDeraquitismo ehipocalcemianeonatal,masavitaminaDtambémfacilitaa aquisic¸ãodemassaósseanainfância.2Assim,anecessidade

de suplementac¸ão dessa vitamina precisa serconsiderada sobumasériedeperspectivas.

Raquitismo

Oraquitismopodesercausadoporbaixosníveisséricosde

vitamina D e/ou por ingestão dietética de cálcio

insufici-ente;e,menoscomumente,pordistúrbiosnometabolismo

defosfato.Éimportantediferenciaressascausas,jáquea

suplementac¸ãodevitaminaDdeformaisoladanãocurao

raquitismo,amenosqueessadeficiênciasejaacausaúnica

ouprincipal dadoenc¸a.Isso foi observado em umestudo

clínico randomizado (ECR) com crianc¸as nigerianas com

raquitismo,noqualapenas19%daquelastratadas

exclusi-vamentecomvitaminaDtiveramresoluc¸ãoquasecompleta

doquadro,comparadascom61%e58%dastratadascom

cál-cioecálcio evitamina D,respectivamente.3O raquitismo

hipocalcêmicoémaiscomumenteobservadoempaísesem desenvolvimento.OusodevitaminaDcombinadacomcálcio paraotratamentoderaquitismohipocalcêmicotraz resul-tadosmelhoresdoqueousodecálcioisoladamente.4

DOIserefereaoartigo:

http://dx.doi.org/10.1016/j.rppede.2015.10.003

Autorparacorrespondência.

E-mail:tania.winzenberg@utas.edu.au(T.Winzenberg).

Quandoabaixaingestãodecálciocontribuiparao raqui-tismo, o nexo de causalidade pode ser incorretamente atribuídoaosníveisdevitaminaD,oqueresultana superes-timativadolimiardevitaminaD,acimadoqualoraquitismo pordeficiênciadevitaminaDnãoocorreria.Noentanto,em umECRqueanalisouasuplementac¸ãodessavitaminapara a prevenc¸ão de raquitismo em crianc¸as chinesas, mesmo combaixasconcentrac¸õesséricasde25-hidroxi-vitaminaD (25[OH]D;cercade30nmol/L),adoenc¸anãofoiobservada.5

Assim, o raquitismo dependente de vitamina D pode ser maiscomumabaixodessenível.Issoé consistentecomos dadosdepaísesdesenvolvidos,nosquaisoraquitismoocorre predominantementeem populac¸ões sabidamente em alto riscoparadeficiênciadevitaminaDmoderadaagrave,tais comopopulac¸õesAfro-Americanas---nosEstadosUnidos6

---epopulac¸õesdeimigrantesdepeleescura---naAustrália.7,8

Emestudosmaisrecentes,observaram-seníveisséricosde 25(OH)D<20mmol/Lem 73% doscasose em88% doscasos comidadeinferioraseismeses,7emboraraquitismotenha

sidoobservadoempacientescomaté50nmol/L.8Porisso,

nospaísesdesenvolvidosénecessáriaaintervenc¸ãonesses gruposdealtorisco,sejaportriagemecorrec¸ão deficiên-ciassignificativasdevitaminaDsejaporsuplementac¸ãode vitaminaDderotinaemlactentesdealtorisco.

Suplementac

¸ão

de

vitamina

D

para

aumentar

o

pico

de

massa

óssea

Evidênciasobservacionaisrelacionamadeficiênciade

vita-minanoúteroenainfânciaàreduc¸ãodadensidademineral

ósseaem crianc¸as,2 mas osdados de ECRssão limitados.

Nenhum ECR abordou a suplementac¸ão de vitamina D na gravidez e sua associac¸ão com resultados de densidade

0103-0582/©2015SociedadedePediatriadeSãoPaulo.PublicadoporElsevierEditoraLtda.EsteéumartigoOpenAccesssobalicençaCC

(2)

4 WinzenbergT,JonesG.

ósseaem crianc¸as. De forma geral, lactentes amamenta-dos têm menor crescimento ósseo em comparac¸ão com aqueles alimentados com fórmula.9 Embora esse

défi-cit seja aparentemente temporário, já que observa-se a recuperac¸ão do crescimento, é possível que o desen-volvimento ósseo em crianc¸as amamentadas possa ser aumentado com suplementac¸ão de vitamina D. Essa pre-missa e as preocupac¸ões com o risco de raquitismo em crianc¸as em risco de deficiência de vitamina D levaram à recomendac¸ão generalizada de suplementac¸ão de vita-minaDparalactentes.2Infelizmente,osdadosdeECRssão

escassos e pouco convincentes. De três pequenos ensaios comsuplementac¸ãodiáriade400UIdevitaminaD,nenhum demonstrouquaisquerbenefíciosdasuplementac¸ãode vita-mina D na densidadeóssea noprimeiro anode vida.2 No

entanto,maisdametadedascrianc¸as estudadas apresen-tavam níveis de vitamina D provavelmente superiores a 50nmol/L;portanto,ECRscomcrianc¸ascomdeficiênciade vitaminaDsãonecessáriosurgentementeantesqueos bene-fíciosdesuasuplementac¸ão parataiscrianc¸aspossamser descartados. Isso é importante, já que é possível que a suplementac¸ãodevitamina Dsejabenéficaàmassa óssea apenasemcrianc¸asdeficientes.Emumametanálise10,11de

seisECRs,asuplementac¸ãodevitaminaDnãoteveefeitos estatisticamentesignificantesouclinicamenteimportantes sobreo conteúdo mineral ósseo total do corpo (CMO-TC) nem sobre a densidade mineral óssea (DMO) do quadril ou antebrac¸o, mas apresentou uma tendência para um pequeno efeito sobre a DMO da coluna lombar (DMO-CL; diferenc¸a médiapadronizada [DMP] +0,15; [IC95%:0,01 a 0,31];p=0,07),quandoosestudosforamanalisados inde-pendentementedamédia inicialde25(OH)D.Noentanto, quando agrupados por média inicial de 25(OH)D, foram observadosefeitos estatisticamente significantes no CMO--TCenaDMO-CLemestudoscommédiainicialde25(OH)D <35nmol/L.Amagnitudedosefeitosemtodososlocaisfoi nomínimo0,2DMPmaiordoqueemestudoscommédia ini-cialde25(OH)D≥35nmol/L.Mesmoemestudoscommédia deníveisséricosde25(OH)D<35nmol/L,cercade20%das crianc¸asteriamníveisdevitaminaDadequados.Portanto, paraestimarcorretamenteamagnitudedequaisquer bene-fícios,sãonecessáriosECRsdirigidosàscrianc¸asdeficientes.

A

vitamina

D

e

outras

doenc

¸as

crônicas

A sugestão de que os níveis de vitamina D na infância

estejamrelacionadoscomaocorrência deoutrasdoenc¸as

crônicas é baseada em dados observacionais limitados,1

com poucas evidências de ECR confirmatórias. A excec¸ão éopesoao nascer,noqualosdadosobservacionaiseECR sãocongruentescomumtamanhodeefeitoagrupadoentre ECRsde130g.12 Ainda queexistam associac¸ões

observaci-onais com doenc¸as respiratórias, ECRs nãodemonstraram benefício da suplementac¸ão de vitamina D na prevenc¸ão dapneumonia em crianc¸as oudasuplementac¸ão materna duranteagestac¸ão norisco dechiadona crianc¸aaostrês anosdeidade.1,13Emcrianc¸ascompneumoniaprovenientes

deumapopulac¸ãoem altoriscodedeficiência,avitamina Dnãoreduziuadurac¸ãodadoenc¸a,masdiminuiua proba-bilidadederecorrênciadentrode90dias(RR:0,78;IC95%: 0,64-0,94).14

Conclusão

Asuplementac¸ãodevitaminaDemgrávidasouemcrianc¸as

com altorisco paraníveis séricos de25(OH) muitobaixos

éclaramentenecessáriaparaevitaroraquitismoea

hipo-calcemianeonatal.Asuplementac¸ãotambéménecessária

paraotratamentodecrianc¸ascomraquitismoassociado à

deficiênciadevitaminaDe,potencialmente,parareforc¸ar

ossuplementosdecálcionoraquitismohipocalcêmico.Não

existecomprovac¸ãodequeopicodemassaósseapodeser

aumentadocomacorrec¸ãodadeficiênciadevitaminaDem

crianc¸as ou na gestac¸ão. Portanto, a suplementac¸ão

roti-neiradessavitaminanãopodeserrecomendada paraessa

finalidade.Aevidênciadequeasuplementac¸ãodevitamina

Dmelhoraoutrosdesfechosdesaúdetambéméinsuficiente

parafundamentarasuplementac¸ãogeneralizada.

Fontes

de

financiamento

Esteestudonãorecebeufinanciamento.

Conflitos

de

interesse

Osautoresdeclaramnãohaverconflitosdeinteresse.

Referências

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Referências

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