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Woodrow Whidden, Jerry Moon e John W. Reeve - A Trindade

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Academic year: 2021

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A Trindade

Como entender os mistérios

da pessoa de Deus

na Bíblia e na história do cristianismo

Woodrow Whidden, Jerry Moon e John W. Reeve

Tradutor: Hélio Luiz Grellmann

Casa Publicadora Brasileira

Tatuí, SP

(3)

Título do original em inglês:

THE TRINITY

Direitos de tradução e publicação para

o território brasileiro reservados à

Casa Publicadora Brasileira

Rodovia SP 127 - km 106

Caixa Postal 34

18270-970 -Tatuí, SP

Fone: (15) 250-8800

Fax: (15) 250-8900

Atendimento ao Cliente: (15) 250-8888

Segunda edição

Três mil exemplares

Tiragem acumulada: 6.000

2003

Editoração: Marcos De Benedicto e Paulo R. Pinheiro

Programação Visual: M. J. Bienemann Barbosa

Capa: Alexandre Rocha

Fotos: PhotoDisc

IMPRESSO NO BRASIL

Printed in Brazil

7728/11686

r.

Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução total ou parcial, incluídos tex- f J p |p \ tos, imagens e desenhos, por qualquer meio, quer por sistemas gráficos, reprográ- ficos, fotográficos, etc., assim como a memorização e/ou recuperação parcial, ou inclusão deste trabalho em qualquer sistema ou arquivo de processamento de da-

e d h o r a a f i l i a d a dos, sem prévia autorização escrita do autor e da editora, sujeitando o infrator

às penas da lei disciplinadora da espécie.

Os textos bíblicos, exceto quando

indicados de outra forma, foram

extraídos da Versão Almeida Re­

vista e Atualizada no Brasil.

■ djB ria* - -“T a

(4)

Otto H. Christensen,

que se preocupou profundamente

com o assunto da Trindade.

(5)
(6)

Introdução

PRIMEIRA SEÇAO

Evidências Bíblicas da Plena Divindade de Cristo,

da Personalidade do Espírito Santo

e da Unidade e Unicidade da Divindade

Glossário da Primeira Seção

20

Capítulo 1: A Evidência Bíblica Mais Forte da Trindade

25

Capítulo 2: A Plena e Eterna Divindade de Cristo: Ia Parte

As Epístolas do Novo Testamento, o Antigo

Testamento e os Evangelhos

43

Capítulo 3: A Plena e Eterna Divindade de Cristo: 2a Parte

O Evangelho de João

60

Suplemento ao Capítulo 3: Exposição

Gramatical de João 1:1: “O Verbo Era Deus” 70

Capítulo 4: A Personalidade e a Divindade do Espírito

e a Unicidade Triúna da Divindade

76

Capítulo 5: Evidências Trinitarianas no Livro

de Apocalipse

89

Capítulo 6: Objeções Bíblicas à Trindade

105

Suplemento ao Capítulo 6: Outros

Textos Utilizados Contra a Trindade

122

Capítulo 7: Objeções Lógicas à Trindade

128

(7)

SEGUNDA SEÇÃO

A História da Doutrina da Trindade de 100 a 1500 d.C.

Glossário da Segunda Seção

138

Capítulo 8: A Trindade no Primeiro e Segundo Séculos 140

Capítulo 9: A Trindade no Terceiro e Quarto Séculos 153

Capítulo 10: A Trindade na Idade Média

171

Bibliografia da Segunda Seção

182

TERCEIRA SEÇÃO

Trindade e Antitrinitarianismo

da Reforma ao Movimento Adventista

Glossário da Terceira Seção

184

Capítulo 11: A Trindade na Era da Reforma: Quatro

Pontos de Vista

188

Capítulo 12: Trindade e Antitrinitarianismo nos Primórdios

dos Estados Unidos

207

Capítulo 13: Trindade e Antitrinitarianismo na História

Adventista

216

Capítulo 14: O Papel de Ellen White no Debate da

Trindade

231

Suplemento ao Capítulo 14: Ellen White e a

Trindade: Os Documentos Primários Básicos 250

(8)

Para a Prática e o Pensamento Cristãos

Glossário da Quarta Seção

270

Capítulo 15: Por Que a Trindade é Importante: Ia Parte

O Amor de Deus e a Divindade de Cristo

273

Capítulo 16: Por Que a Trindade é Importante: 2® Parte

O Espírito Santo e a Unicidade Triúna

da Divindade

288

Capítulo 17: Implicações Práticas e Conclusões

306

Bibliografia da Quarta Seção

316

índice Geral

317

(9)
(10)

Jk lguma vez uma inesperada batida à porta interrompeu a

sua tranqüila tarde de domingo? Você deixa o quer que es-

JL JL teja fazendo e vai atender. De repente, percebe que não

\c trata de um velho amigo fazendo-lhe uma visita de surpresa.

/\o contrário, é uma ardorosa dupla de representantes locais do

Salão do Reino e da Sociedade de Tratados Torre de Vigia - o bra­

ço editorial das testemunhas de Jeová.

Você engole saliva, sabendo que, se convidá-los a entrar, será

submetido a um teste difícil de seus conhecimentos da doutrina

bíblica básica. Além disso, geralmente basta um só encontro para

descobrir que um dos primeiros itens da discussão será um inten­

so desafio à doutrina da Trindade.

A maior surpresa de meu ministério, entretanto, não é ter de

lidar com as zelosas testemunhas de Jeová na questão da Trinda­

de; é o fato de ter de enfrentar essencialmente os mesmos argu­

mentos antitrinitarianos provindo de companheiros adventistas

do sétimo dia. E tais argumentos estão sendo apresentados com

uma intensidade não muito inferior ao zelo dos representantes da

Torre de Vigia.

Por Que um Novo Livro Sobre a Trindade?

Alguns poderiam questionar a necessidade de um novo livro

sobre o tema da Divindade, ou Trindade, no momento. Uma vez

que a igreja aparentemente definiu o assunto com posições clara­

mente trinitarianas em suas 27 crenças fundamentais, por que

reabrir a questão?' A resposta pode desdobrar-se em três.

Reavivamento das Posições Antitrinitarianas

Em primeiro lugar, como já mencionado, novos desafios à

doutrina da Trindade têm surgido tanto dentro como fora do

(11)

ad-1 0 ad-1A Trindade

ventismo. Comentários diversos e observações sugerem que a mi­

nha experiência pessoal com o assunto reflete de modo muito

adequado a situação corrente.

Ao lidar com a questão da Divindade e da Trindade, sempre

apresentei a minhas congregações adventistas do sétimo dia e às

classes da Escola Sabatina algo como o que segue:

Embora o arianismo2 e o antitrinitarianismo fossem muito

fortes entre os líderes adventistas pioneiros,3 a visão trinitariana da

Divindade veio a tornar-se o ponto de vista padrão pelo menos a

partir da década de 1940, se não antes. De fato, essa visão é agora

a posição formalmente votada e expressa nas Crenças Fundamen­

tais dos Adventistas do Sétimo Dia. O voto mais recente ocorreu

na sessão da Associação Geral realizada em Dallas, Texas, em 1980.

Eu havia ouvido falar de importantes professores e líderes deno-

minacionais que viveram nas décadas de 1950 e 1960 e que susten­

tavam fortes posições antitrinitarianas.4 Contudo, ao longo de

meus anos de faculdade e seminário, no final da década de 1960,

eu também me comprazia em afirmar diante de minhas audiências

adventistas: “Nunca encontrei ao longo de minha vida um adven­

tista antitrinitariano ou ariano.” Aquilo não constituía retórica

dramática de minha parte, antes representava a verdade honesta.

Eu realmente falava a verdade — quero dizer, até o início da dé­

cada de 1990. Lembro perfeitamente de uma agradável tarde em

que caminhava pelo campus da Universidade Andrews, quando

dois jovens que entregavam panfletos nas escadarias da Bibliote­

ca James White repentinamente me cumprimentaram. Sendo eu

uma pessoa muito curiosa, aceitei o material, comecei a

examiná-lo e perguntei: “O que vocês estão promovendo?”

Para minha enorme surpresa, eles informaram que haviam

conseguido uma recuperação maravilhosa de uma verdade especial

— haviam descoberto aquilo que afirmavam ter sido os ensina­

mentos dos pioneiros adventistas no tocante à Divindade. Pro­

moviam agora idéias que negavam a plena e eterna preexistência

de Jesus e a divindade pessoal do Espírito Santo.

(12)

Mais tarde, conversando com pessoas conhecidas em outras

partes do país, constatei que os dois jovens não constituíam um

Icnômeno isolado. Não apenas estão ocorrendo crescentes relatos

de locos de reavivamento de antitrinitarianismo em várias regiões

da América do Norte, como também através da Internet sua

mlluência tem-se espalhado por todo o mundo. À medida que

esses pequenos movimentos arianos e antitrinitarianos ganham

lerreno, igrejas locais se encontram crescentemente envolvidas

nos debates acerca dessas questões.

A Relativa Negligência Teológica da Divindade

O segundo fator que fez despertar nosso interesse pela questão

cia Divindade é uma negligência universal do assunto, embora be­

nigna, por parte dos eruditos adventistas5 e das lideranças de asso­

ciações e igrejas locais, em todas as partes do mundo. A igreja aceitou

amplamente a Trindade, mas pouco refletiu sobre este ensinamento

durante muitas décadas. Como resultado, acreditamos haver che­

gado o tempo de se obter uma visão revigorada do assunto.

Nova Compreensão da Visão dos Pioneiros

O terceiro e último fator no presente reavivamento do interesse

pelo assunto da Divindade é a convergência do conselho de Ellen

White no sentido de reimprimir e estudar as obras dos pioneiros

adventistas e sua disponibilidade em CD-ROM. A explosão de tec­

nologias eletrônicas possibilitou o acesso imediato (com pequeno

investimento de tempo e dinheiro) dos leigos a todas as declarações

dos pioneiros da igreja, ao tão-somente digitarem as palavras ou

frases apropriadas. Expressando-o em termos mais simples, temos

agora uma renovada consciência da amplitude do antitrinitarianis­

mo prevalecente entre os pioneiros do movimento adventista.

Nosso Público-alvo

Os autores deste livro tentam falar a membros de igrejas locais,

assim como a pastores ou administradores ocupados e a estudantes

(13)

12

/

A Trindade

de nível superior que se têm defrontado com a questão da Trin­

dade. De fato, embora procuremos falar a partir das melhores

bases eruditas nesta matéria, é nosso propósito apresentá-la de

uma forma tal que apele a todos os crentes, jovens e idosos, nas

classes da Escola Sabatina, classes escolares e púlpitos e bancos de

igrejas ao redor do mundo.

Como Responderemos às Questões Suscitadas pela Trindade?

Poderemos responder às questões relacionadas com a Trindade

que estão no ar a partir das Escrituras (nossa fonte primária de au­

toridade), dos escritos de Ellen White, da razão santificada e da

experiência cristã? E adequado que o adventista do sétimo dia

avance em direção contrária ao pensamento da ampla maioria dos

pioneiros, que eram claramente antitrinitarianos? Sobre quais ba­

ses podemos oficialmente prosseguir abraçando e professando um

ensinamento que possui uma ampla história de apoio e desenvol­

vimento na ortodoxia oriental, no catolicismo romano e no pro­

testantismo? Não seria isso o equivalente a aceitar as tradições

que formam a grande apostasia identificada como “Babilônia”?

Não seria melhor seguirmos a direção indicada por nossos corajo­

sos pioneiros, que sempre eram dirigidos pela busca da verdade?

A Bíblia, Nossa Fonte Primária de Autoridade

No espírito dos pioneiros adventistas, os autores deste livro

têm a seguinte firme convicção: se não pudermos sustentar bi­

blicamente qualquer ensinamento, não queremos saber dele.6

Assumimos humildemente este projeto no espírito de John Ne-

vins Andrews (1829-1883), um os mais capacitados dentre nos­

sos eruditos pioneiros, o qual exclamou: “Eu trocaria mil erros

por uma verdade!”

Como, entretanto, saberemos o que é a verdade acerca da Di­

vindade e dos reclamos trinitarianos da maioria da cristandade?

Em primeiro lugar, a verdade emergirá de uma pesquisa cuidadosa

e guiada por oração da Palavra Escrita de Deus.

(14)

Além disso, reclamamos a promessa de Jesus de que “se alguém

i|uiser fazer a vontade de Deus, há de saber se a doutrina é dEle, ou

se falo por Mim mesmo” (João 7:17, versão da Imprensa Bíblica

Brasileira). Ele promete que os que desejam seguir obedientemente

a Deus reconhecerão a “doutrina” de Deus. Para onde nos dirigire­

mos para definir o assunto? Uma vez mais, Jesus é muito claro:

“Santifica-os na verdade; a Tua palavra é a verdade” (João 17:17).

Os leitores igualmente precisam reconhecer que a convicção

dos autores deste livro é que, qualquer que seja a amplitude da

expressão “Tua palavra”, deve incluir pelo menos os 66 livros ca­

nônicos da Bíblia Sagrada. Acreditamos que a Palavra Escrita

contém mensagens reveladas suficientes para dar-nos clareza dou­

trinária diante de qualquer questão controvertida - o que inclui

o assunto da Trindade.

Seremos muito sinceros com os leitores: se algo não for bíbli­

co, não o queremos, ainda que a vasta maioria das autoridades do

mundo religioso o endosse (o que inclui os pioneiros adventistas

e os teólogos de “Babilônia”). Portanto, este livro começará com

as evidências bíblicas.

A Organização do Livro

O primeiro capítulo abrirá a discussão ao apresentar as mais

fortes evidências que fomos capazes de localizar sobre: (1) a natu­

reza plenamente divina e eterna de Cristo; (2) a personalidade e a

divindade do Espírito Santo; e (3) a profunda unidade e unicidade

daquilo a que Ellen White se refere como “as três pessoas viventes

do trio celestial” (Ellen G. White, Evangelismo, pág. 615).*

Depois da apresentação inicial das mais fortes e diretas evi­

dências bíblicas (o autor é Woodrow Whidden), prosseguiremos

nos capítulos sucessivos com apresentações mais detalhadas das

evidências bíblicas do Antigo e do Novo Testamento (uma vez

mais, o autor será Whidden).

Após as evidências bíblicas, as próximas seções traçarão a histó­

ria do desenvolvimento da doutrina da Trindade e os ensinamentos

(15)

141A Trindade

de seus oponentes ao longo da história da igreja. A pesquisa histó­

rica se enquadrará em duas seções principais: (1) desenvolvimentos

desde o começo do segundo século até o século 16 (o autor é John

Reeve); e (2) desdobramento das idéias desde a Reforma do século

16 até a história do pensamento trinitariano e antitrinitariano no

adventismo (o autor é Jerry Moon).

Depois da pesquisa histórica, o livro refletirá sobre as implica­

ções teológicas de nossas descobertas bíblicas e históricas (o autor

é Woodrow Whidden). Em outras palavras, a seção de abertura

discutirá qual é a doutrina bíblica. As duas próximas seções prin­

cipais lidarão com o modo como os cristãos chegaram a expressar

essa doutrina. Finalmente, porém, teremos de abordar a questão

de por que ela é importante para o pensamento e a experiência do

cristão. Em outros termos, quais são as implicações cruciais das

crenças que sustentamos acerca da natureza do Pai, do Filho e do

Espírito Santo e o relacionamento entre essas Pessoas.

Questóes-chaves a Serem Abordadas

Quais são, pois, as questões fundamentais com as quais tere­

mos de lidar? Quais os pontos que têm colocado em oposição

aqueles que aceitam a doutrina da Trindade e os que a negam?

Antes de mais nada, parece não existir uma única pessoa en­

volvida no debate atual que negue a plena e eterna divindade de

Deus o Pai, a primeira pessoa da Divindade. Logo, as áreas em

que a contenda persiste e que requerem respostas bíblicas são:

A Divindade de Cristo

Esta questão diz respeito a se Cristo possuía uma natureza

divina que era, em essência, igual à de Deus o Pai. Em outras

palavras, era Jesus, o Filho de Deus, tão Deus quanto o Pai? Ou

era Ele uma espécie de semidivindade, possuindo divindade

qualificada ou parcial? Será que Ele realmente existiu como pes­

soa divina desde toda a eternidade passada? Era Ele não apenas

o preexistente, como ainda o “auto-existente” Filho de Deus,

(16)

acerca de quem a Bíblia assegura que “nunca houve tempo em

que Ele não estivesse em íntima comunhão com o eterno Deus”

(ibid.)? Tal “auto-existência” significa que Ele realmente possuía

natureza divina, cuja vida era “original, não emprestada, não

derivada” (White, O Desejado de Todas as Nações, pág. 530)?

A Personalidade e a Divindade do Espírito

A segunda questão central lida com os problemas da perso­

nalidade e plena divindade do Espírito Santo como sendo uma

“pessoa divina” específica (White, Evangelismo, pág. 617). E o

Espírito Santo “uma pessoa como o próprio Deus” (ibid., pág.

616)? Ele realmente “anda” entre a humanidade como uma

“pessoa” que “dá testemunho com o nosso espírito de que so­

mos filhos de Deus” (ibid.)? Será que o testemunho do Espírito

Santo manifesta o “poder de Deus”, capaz de manter “em xeque”

o “poder do mal”, e realiza essa grande tarefa como “a terceira

pessoa da Divindade” (ibid., pág. 617)?

A Unicidade da Divindade

Finalmente, existem “três pessoas viventes no trio celestial”

(também mencionadas por Ellen White como “os três grandes

poderes - o Pai, o Filho e o Espírito Santo” [ibid., pág. 615]), em

cujo “nome” aqueles que recebem a Cristo pela fé viva são bati­

zados? Adicionalmente, são esses “três grandes poderes” verdadei­

ramente seres divinos e pessoais, que cooperam “com os súditos

obedientes do Céu em seus esforços para viver a nova vida em

Cristo” (ibid.)? Podemos honestamente confessar que Cristo “era

igual a Deus, infinito e onipotente” (ibid.)? Ousaremos declarar

que Jesus, o Filho, é “eterno, existente por Si mesmo” (ibid.)? São

esses “poderes” (“os três poderes mais altos no Céu” [ibid., pág.

617]), também mencionados como “os eternos dignitários celestes”

(ibid., pág. 616), verdadeiramente um em Sua natureza divina,

possuindo “toda a plenitude da Divindade” (Col. 2:9)? O que di­

zem as Escrituras?

(17)

16 1A Trindade

Nota Útil Para os Leitores

No começo de cada seção colocamos um glossário de termos-

chaves utilizados na seção. Entendemos que parte da terminologia

por nós utilizada é um tanto técnica. Assim, desejamos ajudar os

leitores a esclarecerem rapidamente o que estamos querendo dizer

ao empregarmos tais palavras e termos especializados, freqüente­

mente encontrados em discussões sobre a Divindade. Tanto quanto

possível, procuramos empregar o mínimo de termos ou jargões

técnicos. Além disso, o contexto explanará muitos desses termos;

caso não o faça, ofereceremos breves explicações nas notas finais

de cada capítulo.

Notas

*A declaração-chave sobre o trinitarianismo aparece nas Crenças Funda­

mentais dos Adventistas do Sétimo Dia, número 2. As doutrinas 3 a 5

provêem posições adicionais a respeito do Pai, do Filho e do Espírito

Santo. A declaração número 2 reza: “A Trindade: Há um só Deus: Pai,

Filho e Espírito Santo, uma unidade de três Pessoas coeternas”. As 27

doutrinas podem ser encontradas no Manual da Igreja Adventista do Sé­

timo Dia (publicado pela Casa Publicadora Brasileira) e em Nisto Cremos

(também publicado pela Casa Publicadora Brasileira). Este volume, pro­

duzido pela Associação Ministerial da Associação Geral dos Adventistas

do Sétimo Dia, constitui uma excelente exposição concisa de cada uma

das 27 crenças fundamentais.

2 Ariana é uma pessoa que, seguindo os ensinos de Ário de Alexandria, que

viveu no começo do quarto século da era cristã, nega a eterna preexistên­

cia de Jesus. Ario declarou: “Houve um tempo em que Jesus não era.”

Em outras palavras, Ário e seus seguidores defendiam que Cristo não

existia antes que o Pai O trouxesse à existência. Além disso, os arianos

têm negado regularmente a personalidade do Espírito Santo. Mais tarde,

exploraremos melhor este aspecto, quando discutirmos a história dos de­

bates relacionados com a Divindade na igreja primitiva.

3 Dentre os arianos ou semi-arianos notáveis, encontravam-se Tiago Whi-

te (1821-1881), José Bates (1792-1872), J. H. Waggoner (1820-1889),

Uriah Smith (1832-1903) e E. J. Waggoner (1855-1916). Tiago White

chegou a confessar a plena divindade e eternidade de Cristo, e Uriah

(18)

Smith evoluiu da posição ariana para uma semi-ariana. E. J. Waggoner,

semi-ariano, chegou muito perto de confessar a plena divindade de Cristo.

Vários de seus admiradores do século 20 negam fortemente que ele hou­

vesse sido um semi-ariano. A evidência, contudo, parece indicar com

bastante clareza que ele o era. Abordaremos mais plenamente o arianis­

mo dos “pioneiros” mais adiante, na terceira seção.

4 Provavelmente os mais conhecidos dentre os arianos preeminentes de

épocas posteriores foram W. R. French, por muito tempo professor

universitário de religião e advogado da liberdade religiosa, e o editor

Charles Longacre (1871-1958). Roger Coon conta a história de um en­

contro de alunos num final de semana no Pacific Union College, em

meados da década de 1960, quando o jubilado W. R. French, ao qual

fora solicitada uma breve meditação bíblica vespertina, prontamente

avançou por cerca de uma hora e meia, com um forte discurso em de­

fesa de seus pontos de vista antitrinitarianos.

5 Embora artigos ocasionais sobre a Divindade tenham aparecido em

revistas e livros da igreja dedicados às crenças adventistas básicas

(normalmente, exposições das 27 crenças fundamentais), até recente­

mente não existia nenhuma abordagem do assunto na extensão de um

livro desde que Otto H. Christensen publicou seu Getting Acquain-

ted With God (Washington, D.C.: Review and Herald, 1970).

6 Entre os “pioneiros” temos de incluir Ellen White. A forte ênfase quanto

à autoridade final da Bíblia, por nós defendida, de forma alguma dimi­

nui a importância da contribuição de Ellen White ao nosso pensamento

sobre o assunto. Se formos levá-la a sério como a mais autorizada dentre

nossos escritores pioneiros, temos de obedecer-lhe quando ela nos orienta

a testarmos todos os ensinamentos pela Bíblia.

“ Nota dos editores:

Devido ao caráter técnico desta obra, a tradução de

algumas citações de Ellen White foi refeita para refletir mais literalmente

o original em inglês. Os textos se encontram em Evangelismo, págs. 615

e 617 (citados em A Trindade, págs. 13, 15, 69 e 261), O Desejado de

Todas as Nações, pág. 671 (citado em A Trindade, págs. 225 e 238), e Para

Conhecê-Lo, pág. 338 (citado em A Trindade, pág. 261).

(19)
(20)

PRIMEIRA SEÇÃO

Evidências Bíblicas da Plena

Divindade de Cristo,

da Personalidade do Espírito Santo

e da Unidade e Unicidade da Divindade

(21)

20

/

A Trindade

GLOSSÁRIO DA PRIMEIRA SEÇÃO

Apocalipse - aquilo que é revelado ou desvendado. Também re­

presenta a transliteração grega do título do último livro do

Novo Testamento.

Apocalíptico (a) — o tipo de literatura melhor representado pelos

livros bíblicos de Daniel e Apocalipse. Essa forma literária re­

trata o simbolismo pictórico, um conflito cósmico entre as

forças do bem e do mal e abrange grandes extensões de tem­

po, culminando com o fim do mundo.

Arianismo - ênfase teológica que dá apoio aos ensinamentos bá­

sicos de Ário e seus seguidores.

Ariano(a) - qualquer pessoa ou posição que basicamente subs­

creve os ensinamentos de Ário de Alexandria, pensador e

escritor do início do quarto século d.C., o qual negava a

eterna preexistência de Jesus Cristo. “Houve um tempo em

que Jesus não existiu”, foi a clássica declaração de Ário. Em

outras palavras, Ário e seus seguidores sustentavam que

Cristo não existia antes de o Pai trazê-Lo à existência. Os

arianos também têm negado regularmente a personalidade

do Espírito Santo.

Auto-existente - termo que descreve qualquer ser que é divino

e cuja existência é entendida como não dependendo de qual­

quer outro ser divino.

Cânon e canônico(a) — termos técnicos referente aos livros

que vieram a constituir a lista autorizada de obras conhe­

cidas como a Bíblia. Protestantes, católicos romanos e or­

todoxos orientais discordam quanto a quais livros devem

ser incluídos no “cânon” autorizado. O principal ponto de

controvérsia tem a ver com os livros “apócrifos” do Antigo

Testamento.

Caso - a expressão gramatical que procura identificar se a pala­

vra em questão funciona em determinada frase como sujeito,

objeto direto, objeto indireto ou com outra função.

(22)

Divindade - termo teológico freqüentemente utilizado em refe­

rência ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo. Pode ser usado

no sentido trinitariano ou não-trinitariano, dependendo se a

pessoa que emprega o termo é trinitariana ou não.

Divino(a) - que possui a natureza de Deus. Transcendente, em

oposição ao que é terreno, infinito em oposição ao finito. A

questão-chave nas discussões trinitarianas é se estamos li­

dando com a divindade plena ou apenas com algumas de

suas características selecionadas. Refere-se a todo “ser” de

quem se declara que possui a natureza da divindade. Estes

seres devem ser auto-existentes desde a eternidade passada

até à eternidade futura, possuindo existência não emprestada

e não derivada.

Emanação - mensagem codificada, enviada de outros mundos

aos seres humanos; normalmente, envolve conhecimento se­

creto de natureza mágica ou espiritualista. Os gnósticos da

igreja primitiva pretendiam possuir conhecimento especial

do mundo dos espíritos. Tais pontos de vista constituíram a

especial preocupação do apóstolo Paulo em sua epístola aos

Colossenses.

Encarnação - a experiência de Deus tornar-Se homem. O termo

provém de duas palavras latinas que literalmente significam

“na carne”. E normalmente utilizado teologicamente para

referir-se a Cristo, o divino Filho, ao vir à Terra e tomar sobre

Si a natureza humana.

Inanimado(a) - algo que se encontra num estado inerte, sem comu­

nicação ou sem vida. Muitas vezes o termo é usado para destacar

o inorgânico em oposição ao orgânico. Neste livro, o termo se

aplica principalmente a coisas ou substâncias sem vida.

Lexicógrafo — pessoa que estuda o significado das palavras. Cos­

tuma ser utilizado nos estudos bíblicos a fim de descrever

um erudito que desenvolve dicionários gregos e hebraicos,

de modo que os que não conhecem os idiomas antigos con­

sigam compreender melhor qual o significado de determinada

(23)

22

/

A Trindade

palavra em linguagem moderna. No mundo de fala portu­

guesa, um lexicógrafo grego ou hebraico será um erudito que

procura definir com clareza palavras gregas ou hebraicas

quanto ao sentido que elas possuem em português.

Magistral - a verdadeira autoridade ou mais influente líder em

qualquer campo de empreendimento. O termo normalmente

é empregado para referir-se à obra assinada pelo erudito.

M odalismo - antigo ensinamento cristão que sustentava existir

apenas um Deus, que Se manifestara sucessivamente como o

Pai, depois o Filho e finalmente o Espírito Santo. Tal ensina­

mento nega a Trindade composta por três Pessoas coeternas,

que sempre existiram numa profunda unicidade pessoal em

termos de natureza, caráter e propósito.

Monoteísta - crença em e adoração de um Deus, em oposição ao

politeísmo (muitos seres divinos).

“Omega” — termo utilizado por Ellen White para descrever o

grande engano final de Satanás antes do fim do mundo. Muito

provavelmente tem algo a ver com pontos de vista filosó­

ficos que despersonalizam quase totalmente a Deus.

Onipotente — a habilidade de exercer poder ilimitado, um traço

que os cristãos acreditam ser exclusivo de Deus.

Onipresente — a habilidade de estar em toda parte ao mesmo

tempo. Também é uma característica que os cristãos vêem

como aplicando-se exclusivamente a Deus.

Onisciente - a habilidade de saber todas as coisas, um traço tra­

dicionalmente interpretado pelos cristãos como aplicando-se

exclusivamente a Deus.

, Oratório - composição musical sacra similar a uma ópera, mas

que não se desenvolve com ação. O mais famoso oratório é o

Messias, de George F. Handel.

Panteão — termo grego que significa literalmente “todos os deu­

ses”. Era originalmente utilizado pelos antigos gregos e romanos

para referir-se às construções nas quais guardavam em expo­

sição as imagens de todos os seus deuses.

(24)

Paródia — peça musical ou literária que imita outra de modo a

gracejar ou zombar da original.

Pessoa - ser racional, autoconsciente, capaz de realizar escolhas e

distinções morais, de construir relacionamentos afetivos e de

comunicar-se através de formas concretas e abstratas.

“Pioneiros” - termo utilizado nos estudos adventistas para

referir-se aos líderes do adventismo sabatista que ajudaram a

estabelecer a Igreja Adventista do Sétimo Dia e a moldar sua

mensagem doutrinária. O arcabouço temporal dos pioneiros

geralmente é considerado como indo de 1844 até à morte de

Ellen G. White, em 1915.

Polêmica - atividade de qualquer pessoa que procura defender

aquilo que acredita ser a verdade, em contraposição à percebida

ou real falsidade de um companheiro de crença. A apologética

envolve a atividade de cristãos que defendem sua compreensão

da verdade em contraposição aos questionamentos conflitantes

de não-cristãos.

Politeísmo — crença de que existe mais de um Deus. Pessoas

ou grupos politeístas adoram muitos seres divinos; que

habitam o Universo e afetam a vida neste mundo. O po­

liteísmo se opõe ao monoteísmo, a crença em um único

Deus verdadeiro.

Preexistente - o foco deste termo é se Jesus possuía existência

divina antes de assumir a natureza humana, ou encarnar.

Quase todos os cristãos que possuem base bíblica assumem

que Jesus possuía existência autoconsciente antes de vir à Terra,

mas a discussão principal tem a ver com a questão de haver

Ele sido coeterno com o Pai em Seu estado preexistente.

Reforma e reformadores - termos normalmente usados pelos

protestantes e católicos para se referirem aos principais movi­

mentos de reforma religiosa do século 16, na Europa, e às suas

figuras principais. Os protestantes com freqüência utilizam o

termo “reformador” para referir-se aos seus principais líderes

fundadores, como Lutero, Calvino e Zuínglio, entre outros.

(25)

2 4 1A Trindade

Sabelianismo - importante variante do antigo ensinamento do

modalismo.

Semi-arianismo - ensinamento segundo o qual o Pai e o Filho

não são pessoas coeternas. Não compartilham a divindade no

sentido de que o Filho foi “gerado” pelo Pai, sendo Jesus pro­

duzido a partir da natureza divina do Pai, numa espécie de

“partição amebiana”. Portanto, embora houvesse um tempo

em que Jesus não existia como pessoa separada e identificável,

Sua natureza divina alegadamente derivou da do Pai.

Septuaginta - tradução grega do Antigo Testamento hebreu, da­

tada do segundo século a.C. A palavra significa, literalmente,

“versão dos setenta”, supostamente produzida por 70 judeus

helenistas (que falavam o grego) na cidade egípcia de Alexandria.

Os autores do Novo Testamento a citaram com freqüência.

Te tr agram a - termo técnico usado pelos eruditos bíblicos para se

referirem ao nome ou título mais freqüentemente utilizado

em aplicação a Deus no Antigo Testamento: YFIWH, muito

provavelmente pronunciado “Yahweh” e normalmente tra­

duzido como Senhor ou Jeová.

Transliterar - tomar as letras de palavras de um idioma e expres­

sá-las nas letras equivalentes do alfabeto de outro idioma. Por

exemplo, a palavra grega para “deus” é transliterada como theos.

Trindade — crença cristã de que a Divindade consiste de três pes­

soas divinas e coeternas (Pai, Filho e Espírito Santo), que são

“um” em natureza, caráter e propósito. Não existem três

Deuses, e sim um Deus manifesto em três pessoas.

Trinitariano(a) - pessoa, grupo, escola ou igreja que confessa a

doutrina da Trindade.

Unitariano(a) - qualquer pessoa ou grupo que nega a doutrina

da Trindade, sugerindo que existe apenas um Deus, o Pai. Os

unitarianos regularmente negam a plena divindade do Filho

e a personalidade do Espírito Santo.

(26)

A Evidência Bíblica

Mais Forte da Trindade

U

ma pessoa que recentemente compartilhou via Internet

suas dificuldades quanto à versão trinitariana da Divin­

dade sentiu-se tão perturbada diante das alegadas origens

pagãs e papais desta doutrina que chegou a concluir que sua acei­

tação por parte do adventismo possivelmente fosse o “ômega” da

apostasia mortal antecipada por Ellen White.

Contudo, ele apelou aos companheiros adventistas no sentido

de uma abordagem do assunto com a seriedade e a sinceridade

dos bereanos “nobres” ou de “mente aberta” descritos no livro de

Atos. Aqueles “receberam a palavra com toda a avidez, examinan­

do as Escrituras todos os dias para ver se as coisas eram, de fato,

assim” (Atos 17:11).

No espírito dos “nobres” bereanos, este primeiro capítulo pro­

curará a mais clara e direta resposta escriturística para as seguin­

tes questões:

Existe suficiente evidência bíblica em apoio às reivindicações

trinitarianas da vasta maioria da tradição cristã e do adventismo

contemporâneo, pelo menos em um nível que mereça a conside­

ração séria de tais reivindicações? Ou são as evidências tão escassas

a ponto de sugerir que a doutrina representa simplesmente uma

(27)

26

/

A Trindade

grande peça de engano provinda do politeísmo e erroneamente

“batizada” pelo cristianismo apóstata (e a partir daí, despercebi-

damente, pelos adventistas)?

Convidamos os leitores a seguirem cuidadosamente as linhas

bíblicas de evidência trazidas à luz nas páginas seguintes, fazendo

depois a si mesmos a pergunta: São as evidências suficientes para

que consideremos honestamente as pretensões trinitarianas da

cristandade em geral e do adventismo contemporâneo em particular?

Em outras palavras, o que estamos tentando empreender é a

apresentação das mais óbvias e convincentes evidências bíblicas

em favor da Trindade. Sob o risco de repetição desnecessária,

desejamos tornar claro aos leitores que não estamos querendo

que qualquer pessoa engula o pacote todo de uma vez. Apenas

insistimos que você honestamente se pergunte se a evidência é

suficiente para prosseguir examinando o assunto com oração, re­

flexão e estudo adicional da Bíblia.

Assim, continuemos com as Escrituras. Tente imaginar-se

como candidato (a) ao batismo que participou de uma classe ba­

tismal com o pastor a fim de preparar-se para se tornar membro

da igreja. O pastor está agora apresentando as melhores evidências

bíblicas em apoio à declaração de fé trinitariana da igreja. Deve­

mos relembrar aos leitores que as questões básicas a serem testa­

das biblicamente são:

• A plena e eterna divindade de Cristo.

• A personalidade e plena divindade do Espírito Santo.

• A unidade em natureza e caráter das alegadas três pessoas da

Divindade.

Dois Esclarecimentos Importantes

1. Antes de iniciarmos a interpretação direta dos dados bíbli­

cos, os leitores deveriam saber o que estamos querendo dizer

quando usamos as expressões “natureza divina” ou “plenamente

divino em natureza”. Todos os cristãos bíblicos, tanto trinitarianos

quanto antitrinitarianos, parecem concordar que, quando a Bíblia

(28)

descreve o Deus Criador (em contraste com os falsos deuses ou

seres criados), Ele possui os seguintes aspectos distintivamente

divinos:

Por natureza, Deus é:

a. Pessoal, mas presente em toda parte (onipresente) de Seu Uni­

verso criado (Sal. 139:7-12).

b. Conhecedor de todas as coisas (onisciente) (Sal. 139:1-4).

c. Todo-poderoso (onipotente) (Mat. 19:26).

d. Existente “de eternidade a eternidade” (eterno) (Sal. 90:2).

e. Imutável em Sua natureza e caráter (imutável) (Mal. 3:6).

f. Totalmente justiça e bondade (bondoso) (Sal. 145:9; 19:7-9).

g. Um ser de amor (amor perfeito, desinteressado) (I João 4:8).

Portanto, se algum desses traços divinos faltar, certamente não

estamos falando a respeito do grande Deus da Bíblia.

2. O Antigo Testamento utiliza vários nomes e títulos (tais

como “El”, “Elohim”, “Adonai” e o tão usado “Yahweh”) para re-

ferir-se a Deus. Parece claro que, ao a Bíblia desejar falar acerca

do Deus verdadeiro, qualquer um desses nomes pode ser apro­

priadamente aplicado a Ele. Porém, conforme veremos, por vezes

o Novo Testamento torna evidente que certas passagens do Antigo

Testamento têm em mente especificamente tanto o Filho quanto

o Pai ou o Espírito Santo. Portanto, qualquer um dos nomes de

Deus usados no Antigo Testamento pode falar de Deus em sua

unicidade conjunta (Deut. 6:4) ou mais especificamente das

pessoas distintas do Pai, do Filho ou do Espírito Santo.

Alguns antitrinitarianos (as testemunhas de Jeová) tentam

restringir o termo “Senhor” (YHWH, Yahweh ou Jeová) apenas

a Deus o Pai, ao passo que outros (sentindo a força das evidências

que estamos prestes a apresentar) tentam limitar o uso de “Senhor”

apenas ao Filho. A evidência, no entanto, claramente oferece apoio

ao fato de que, da perspectiva do Novo Testamento, o termo

“Senhor” no Antigo Testamento tanto pode referir-se a um dos

membros da Trindade quanto a todos os três, em Sua profunda

unicidade.

(29)

28

/

A Trindade

Por exemplo, João 8:58 claramente interpreta o Senhor de

Êxodo 3:14 e 15 como sendo Jesus Cristo. Entretanto, Apocalip­

se 4:8 considera o “Senhor dos Exércitos” de Isaías 6:3 como o

Pai “que era e que é, e que há de vir”. Portanto, Senhor (Yahweh)

pode referir-se tanto ao Pai quanto ao Filho.1

A Plena Divindade de Jesus Cristo

A questão-chave com a qual se confrontou a igreja primitiva

foi: poderiam eles conservar sua forte compreensão acerca de uni­

cidade de Deus (herdada do judaísmo) e, ainda assim, afirmar a

plena e eterna divindade de Jesus Cristo?

A Epístola aos Hebreus

Este livro desafiador obviamente tem como público-alvo

conversos enraizados no Antigo Testamento e no judaísmo. En-

contra-se saturado de citações do Antigo Testamento que assumem

que os leitores possuem íntima familiaridade com o templo/san­

tuário judaico e seus serviços.

O primeiro capítulo tem três marcantes linhas de evidências

(existem outras, porém apresentaremos apenas as mais fortes) que

poderosamente sugerem que o Jeová do Antigo Testamento in­

cluía em Sua identidade a pessoa de Jesus de Nazaré.

Um dos principais temas de toda a epístola é demonstrar, a

partir do Antigo Testamento, a superioridade de Cristo em re­

lação aos anjos, a Moisés e aos sacerdotes levíticos. Finalmente,

o autor demonstrará a superioridade do sacrifício de Cristo,

empreendido de uma vez por todas, quando comparado com as

numerosas e repetitivas ofertas apresentadas no santuário terrestre.

O capítulo 1 trata dos anjos, que constituem o primeiro parâ­

metro de comparação.

O argumento básico do autor é o de que os anjos são seres

muito importantes, “espíritos ministradores, enviados para servir

a favor daqueles que hão de herdar a salvação” (Heb. 1:14, Almeida

(30)

Revista e Corrigida). Eles, contudo, não podem ser comparados

em importância e dignidade ao Filho de Deus. A conclusão é que

Jesus é “melhor” que os anjos. Analisemos cuidadosamente os

argumentos do autor.

Nos versos 5 e 6, ele pergunta aos leitores se algum anjo, em

qualquer ocasião, foi constituído como objeto de adoração. O

Pai, que introduziu “no mundo o primogênito”, alguma vez ex-

pressou-Se em relação a qualquer anjo: “E todos os anjos de

Deus o adorem”? A resposta óbvia é um retumbante “não”! A

clara implicação é que Jesus, o “primogênito” e “gerado” Filho de

Deus,2 recebe adoração dos “anjos de Deus”.

O que isso sugere a respeito de Jesus? A inevitável conclusão

parece ser a de que o “Filho” (Jesus Cristo) é Deus, uma vez que

apenas Deus, no monoteísta Antigo Testamento, é digno de ado­

ração por parte dos seres criados (veja Exo. 20:2-4; confira Apoc.

19:9, 10 e 22:8 e 9). As implicações dos versos 5 e 6, entretanto,

tornam-se ainda mais explícitas nos versos seguintes.

Em Flebreus 1:7 e 8, o autor prossegue dizendo que, enquanto

Deus fez os anjos para serem “Seus ministros, labareda de fogo”

(verso 7), diz “acerca do Filho: ‘O Teu trono, ó Deus, é para

todo o sempre’” (verso 8). Aqui o autor de Hebreus inquestio­

navelmente faz uso do Salmo 45:6 para falar de Jesus Cristo, o

Filho de Deus. Na verdade, esta é a primeira de sete aplicações

neotestamentárias diretas do termo grego para “Deus” (theos) a

Jesus. As outras, com as quais lidaremos nos capítulos subse­

qüentes, ocorrem em João 1:1 e 18; 20:28; Romanos 9:5; Tito

2:13 e II Pedro 1:1 (Hatton, págs. 42 e 43).

Tais pensamentos devem ter ocorrido como uma estonteante re­

velação aos crentes judeus primitivos - de que poderiam dirigir-se a

Jesus como Deus! Ainda assim, não existe a mais leve indicação no

Novo Testamento de que qualquer cristão (judeu ou gentio converso)

alguma vez haja protestado contra esta chocante conclusão.

Uma vez mais, vamos ser absolutamente claros quanto ao que

ocorre aqui. Os autores do Novo Testamento estão se referindo a Jesus

(31)

3 0 1A Trindade

como “Deus” e interpretando o Antigo Testamento através da aplica­

ção a Jesus de um salmo originalmente dirigido ao Deus do Antigo

Testamento. E não existe qualquer equívoco no aspecto gramatical de

Hebreus 1:8 — a expressão “ó Deus” acha-se claramente no caso grego

de discurso direto (caso vocativo). Ou seja, os autores da Bíblia estão

explicitamente chamando o Filho de Deus pelo título “Deus”. O ar­

gumento, entretanto, ganha peso ainda maior.

Volvamos agora nossa atenção aos versos 10 a 12. Observe cui­

dadosamente que o autor bíblico prossegue exaltando o Filho acima

do já privilegiado status dos anjos. Ele o faz ao aplicar passagens do

Antigo Testamento ao Filho, textos que claramente louvam o sta­

tus divino do Filho. O próximo texto do Antigo Testamento usado

em aplicação ao Filho é o Salmo 102:25-27. A parte citada começa

assim: “No princípio, Senhor, lançaste os fundamentos da Terra, e

os Céus são obra das Tuas mãos” (Heb. 1:10).

O que faremos com a aplicação que os autores bíblicos fazem

do Salmo 102? A primeira coisa a destacar é que nesta passa­

gem o autor está novamente dizendo, como já o havia feito em

Hebreus 1:2, que Jesus é o Senhor Criador que fez os Céus e a

Terra. Isso, por si só, constitui certamente um poderoso apoio

à plena divindade do Filho. Porém, a evidência torna-se ainda

mais marcante quando nos dirigimos ao Salmo 102 e examina­

mos o primeiro versículo desse capítulo. Ali descobrimos que

o salmo, em sua inteireza, é uma prece dirigida ao “Senhor”.

Pense sobre isso por um momento. Este Senhor é ninguém

menos que o Deus Jeová do Antigo Testamento. Sempre que você

perceber o termo “Senhor” em letras maúsculas numa versão bí­

blica moderna, pode ter certeza de que se trata da tradução da

mais sagrada palavra hebraica para “Deus” - o tetragrama, que é

a transliteração do hebraico JHVH ou YHWH. Além disso, os

eruditos bíblicos normalmente traduzem o termo como “Senhor”

ou “Jeová”.3 Pois bem, o que faremos com essa informação?

O aspecto maravilhoso, nesse contexto, é que o autor da Epístola

aos Hebreus está utilizando uma oração do Antigo Testamento

(32)

dirigida ao Senhor (Jeová ou Deus Yahweh) e a aplica a ninguém

menos que Jesus Cristo! A questão parece ser um tanto direta - o

autor desta epístola extremamente judaica está sugerindo forte­

mente que o Deus Jeová do Antigo Testamento é ninguém menos

que o Jesus do Novo Testamento.

Evidências bíblicas como a que encontramos em Hebreus 1 pro­

vêem uma pronta resposta que os cristãos freqüentemente oferecem

às zelosas testemunhas de Jeová quando por elas abordados: “Posso

confessar com toda franqueza que também sou uma ‘testemunha de

Jeová’, uma vez que testemunho por e para Jesus, que é o ‘Senhor’

Jeová na mente dos escritores do Novo Testamento.”

O Livro de Apocalipse

O livro de Apocalipse também oferece evidências da plena divin­

dade de Cristo similares àquelas encontradas em Hebreus 1:8-12. Em

Apocalipse 1:12-17, temos uma visão de Jesus como o glorificado

sumo sacerdote no santuário celestial. Os leitores deveriam prestar

pardcular atenção ao verso 17, onde Jesus diz ao temeroso e vacilante

profeta: “Não temas; Eu sou o primeiro e o último.”

Uma rápida olhada às referências marginais ou notas de

qualquer Bíblia de estudo mostrará aos leitores que o apóstolo

João trabalha aqui com base nos textos de Isaías 41:4, 44:6 e

48:12. Isaías 44:6 declara: “Assim diz o Senhor, Rei de Israel,

seu Redentor, o Senhor dos Exércitos: ‘Eu sou o primeiro e o

último, e além de Mim não há Deus’.” Que uso faremos desta

terminologia que o revelador relata como provindo da boca de

nosso glorificado sumo sacerdote?

Não parece óbvio que João se sente confortável ao falar-nos

que Cristo, nosso sumo sacerdote, é ninguém menos que o Se­

nhor (YHWH, Yahweh ou Jeová) citado pelo profeta Isaías no

Antigo Testamento? Não seria, então, lícito concluir de forma

razoável que o Senhor que é o “Primeiro” e o “Último” para

Isaías é o “Senhor Jesus” que constitui o assunto central do livro

de Apocalipse?

(33)

3 2 1A Trindade

Além disso, é interessante que a designação de Cristo como “o

Primeiro e o Ultimo” faz eco a um título similar claramente apli­

cado a Deus o Pai nesse mesmo capítulo de abertura do Apoca­

lipse. No capítulo 1, verso 4, Ele é descrito como “Aquele que é,

que era e que há de vir”; no verso 8, Ele Se autoproclama como

“o Alfa e o Ômega” (o Primeiro e o Último), “Aquele que é, que

era e que há de vir, o Todo-Poderoso”.

Quando títulos similares referentes a YHWH no Antigo Tes­

tamento são aplicados tanto ao Pai quanto ao Filho no livro de

Apocalipse, não encontramos neste fato uma forte evidência de

que o Filho é igual ao Pai em natureza divina? Isso, contudo, não

representa o fim do assunto no tocante à expressão “o primeiro e

o último” no livro de Apocalipse.

Em Apocalipse 22:12 e 13, encontramos João relatando a se­

guinte declaração: “E eis que venho sem demora, e comigo está o

galardão que tenho para retribuir a cada um segundo as suas

obras. Eu sou o Alfa e Ômega, o Primeiro e o Último, o Princípio

e o Fim.” Qual das pessoas da Divindade está falando aqui: o Pai

ou o Filho?

Não é absolutamente claro, no contexto, mas parece mais pro­

vável que as palavras estejam vindo da boca de Jesus. Por bondade,

observe cuidadosamente aquilo que precede, em termos imediatos,

o conteúdo dos versos 12 e 13; trata-se de uma declaração, nos

versos 9 a 11, do anjo diante do qual João equivocadamente caiu

de joelhos para o adorar (verso 8). A citação do anjo termina, e

imediatamente - sem clara identificação de quem está a falar - apa­

rece a grande declaração do “Primeiro e Ultimo” dos versos 12 e

13. Certamente, a declaração, utilizando títulos que somente po­

deriam ser aplicados a Jesus ou ao Pai, não poderia provir da boca

do anjo, o qual no momento anterior reprovara a João por haver

tentado tratá-lo como “Deus” (a quem somente é devida a adoração)!

Certamente, Aquele que nestes versos afirma vir “sem demora” e

ser “o Alfa e o Ômega, o Primeiro e o Último, o Princípio e o Fim”

é ninguém menos que Jesus!

(34)

Além disso, embora não seja claro que os versos seguintes (14 e 15)

se originam com Jesus, o contexto sugere fortemente que assim o seja,

e então aparece no verso 16 uma dica fundamental no tocante à iden­

tidade dAquele que está falando. Ali Jesus é abertamente identificado

como a pessoa que fala, ao dizer: “Eu, Jesus”. Mais que isto, no verso

20 torna-se absolutamente claro que Aquele que diz “Eis que venho

sem demora” não é Deus o Pai, e sim o “Senhor Jesus”! “Aquele que

dá testemunho destas coisas diz: ‘Certamente, venho sem demora.”

Aparece então o relato de um efusivo “Amém”, seguindo de um sincero

e profundo apelo: “Vem, Senhor Jesus” (verso 20).

O que faremos com o uso destes notáveis títulos, “Alfa e

Omega”, “o Princípio e o Fim”, os quais, até este ponto do últi­

mo capítulo de Apocalipse, haviam sido aplicados apenas ao Pai?4

Desejamos simplesmente sugerir aos leitores que essa terminologia

constitui clara evidência de que aquilo que é comum à natureza

divina do Pai, o divino Filho também possui.

Além disso, deveríamos observar que essas expressões são al­

guns dos mais poderosos veículos utilizados pela Bíblia para ex­

pressar a eterna preexistência tanto do Pai quanto do Filho.

Por fim, devemos destacar que a mais provável razão de Jesus

empregar “Alfa e Omega” e “Princípio e Fim” como títulos autodes-

critivos é que aqui pela primeira vez o livro de Apocalipse descreve

ambos, “Deus e o Cordeiro”, como compartilhando plenamente o

“trono”. Observe com muita atenção o modo como Apocalipse

22:1 e 3 claramente rotula o “trono de Deus” como sendo o “trono

de Deus e do Cordeiro”. Agora Cristo não mais é retratado como o

“Cordeiro” diante do trono de Deus (veja, por exemplo, Apoc. 5:6

e 7); agora Ele acha-Se sentado no trono com o Pai, como pleno e

igual co-regente de todo o Universo redimido.

O Evangelho de João

Muitos entendem que este Evangelho contém o mais forte

dentre todos os testemunhos possíveis quanto à plena e eterna di­

vindade de Cristo no Novo Testamento.

(35)

34

/

A Trindade

Uma das passagens mais citadas como prova da divindade plena

de Cristo é João 1:1, especialmente a última frase do verso: “e o

Verbo era Deus”. Eu gostaria de sugerir que o verso realmente

provê forte apoio para se considerar o Verbo (Jesus) como uma

pessoa divina. Entretanto, considerando que uma interpretação

abalizada requer algumas considerações gramaticais de ordem

técnica, lidaremos com este verso, de modo mais demorado, no

capítulo 3. Por enquanto, é suficiente dizer que o verso, em sua

gramática detalhada, claramente testifica que Jesus, o Verbo, é

um ser plenamente divino. A mais clara e incontroversa evidência,

contudo, encontra-se em João 8:58.

João 8 relata um sério diálogo com os líderes judaicos, no qual

Jesus lhes diz: “Em verdade, em verdade vos digo: antes que

Abraão existisse, EU SOU” (verso 58). Alguns pontos assombro­

sos ressaltam desta declaração.

Primeiro, a esmagadora maioria dos estudiosos da Bíblia reco­

nhece que, ao Jesus dizer “EU SOU”, Ele Se refere claramente a

Êxodo 3:14, e aplica o texto a Si próprio. Nessa famosa passagem

do Antigo Testamento, Moisés pergunta a Deus o que deveria dizer

aos filhos de Israel quando eles lhe perguntassem acerca do nome

do Deus que o enviara para livrá-los do cativeiro egípcio (versos

11 a 13). Deus responde com toda clareza a Moisés: “EU SOU

O QUE SOU”. E acrescenta: “Assim dirás aos filhos de Israel:

‘EU SOU me enviou a vós’.” Deus disse ainda a Moisés: “Assim

dirás aos filhos de Israel: ‘O SENHOR, o Deus de vossos pais, o

Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó, me enviou

avós outros’” (versos 14 e 15).

A aplicação que Jesus faz desses versos a Si mesmo oferece con­

vincente evidência de Sua plena divindade. Cristo estava claramente

apropriando-Se das exatas expressões usadas para Deus no Exodo do

Antigo Testamento, quando Se identificou com o escravizado povo

de Israel. Além disso, Jesus não apenas Se apresenta como o Deus

que a Si mesmo Se identifica como o EU SOU, mas também como

a divindade que a Si mesmo Se identifica como “o Deus de Abraão,

(36)

o Deus de Isaque e o Deus de Jacó”, Aquele que é “o Deus de vos­

sos pais” (verso 15). Obviamente, Jesus está Se apresentando como

ninguém menos que o Deus do Êxodo, o Senhor Deus (YHWH,

Jeová) dos grandes patriarcas fundadores da nação israelita.

Será que a audiência de Jesus captou o profundo significado

daquilo que Ele pretendia dizer? Com toda certeza! Entenderam

claramente que Ele estava Se identificando como ninguém menos

que o Deus do Antigo Testamento, o Senhor dos patriarcas e do

Êxodo. Como podemos afirmar que eles entenderam a reivindi­

cação de Jesus? O verso seguinte relata que as pessoas “pegaram

em pedras para atirarem nEle” (João 8:59). Por quê? Porque esta

era a resposta apropriada de um judeu a qualquer ser humano

que fizesse declarações consideradas blasfemas! E o que é blasfê­

mia? É o ser humano pretender ser Deus (ver João 5:18).

Temos de reconhecer que algumas pessoas consideram que o

uso da expressão EU SOU por parte de Jesus, em João 8:58, fala

apenas de uma preexistência limitada, e não de uma eterna pree­

xistência. Sobre isso, Max Hatton tem alguns comentários úteis:

“Deve-se salientar que, se Jesus houvesse pretendido sim­

plesmente dizer que Ele existia antes de Abraão, deveria ter dito

Ego En (Eu era). Em vez disso, Ele utilizou o termo EU SOU

no sentido absoluto. A expressão é utilizada com um substanti­

vo de esclarecimento em outros lugares. Por exemplo: Eu sou o

Bom Pastor. Aqui, entretanto, Jesus diz abruptamente: EU

SOU, sem qualquer esclarecimento adicional.

“Êxodo 3:14 - ‘EU SOU O QUE SOU... Assim dirás aos filhos

de Israel: Eu Sou me enviou a vós outros.’

“Deve tornar-se evidente que o segundo EU SOU constitui

uma abreviação do nome apresentado no primeiro momento. ‘EU

SOU O QUE SOU’, na Septuaginta, tradução grega do Antigo

Testamento, é ‘EGO EIMI HO ON’. Referindo-se a João 8:58, o

grande erudito helenista Archibald Thomas Robertson diz: ‘Indu­

bitavelmente, aqui Jesus reclama eterna preexistência com uma

frase absoluta, utilizada para Deus”’ (ibid., págs. 45 e 46).

(37)

36

/ A Trindade

Colocando a questão do modo mais claro possível: ou Jesus era

o que afirmava ser em João 8:58, ou estava fora de Seu são juízo,

ou foi uma das mais blasfemas pessoas em toda a história humana!

O Evangelho de João contém evidências adicionais em favor

da plena divindade de Jesus como alguém igual ao Pai em natureza.

Contudo, deixaremos a análise delas para o capítulo 3.

A Personalidade e a Divindade do Espírito Santo

O testemunho das Escrituras não é tão extenso sobre a perso­

nalidade e a divindade do Espírito Santo quanto o é no tocante

à plena divindade de Cristo. A evidência, contudo, é no mínimo

muito sugestiva, se não absolutamente persuasiva. O apoio mais

notável aparece em Atos 5.

Atos 5

A primeira parte deste capítulo lida com a trágica experiência

de Ananias e sua esposa Safira. Os cristãos primitivos haviam feito

um voto a Deus, no sentido de doarem o pleno resultado da venda

de suas propriedades para suprir as necessidades da emergente e

necessitada igreja. A história salienta o fato de que o casal secreta­

mente “reteve parte do preço” para uso pessoal. Quando foram

depositar sua oferta parcial aos pés dos apóstolos, morreram.

Observe com muita atenção o modo como Pedro explica a su­

mária execução do casal em virtude do poder de Deus: “Então

disse Pedro: Ananias, por que encheu Satanás o teu coração, para

que mentisses ao Espírito Santo, reservando parte do valor do

campo? ... Como, pois, assentaste no coração? Não mentiste aos

homens, mas a Deus’” (versos 3 e 4).

Reflitamos por uns instantes sobre esse relatório bastante direto.

Primeiro, parece bastante óbvio que somente se pode mentir a

uma “pessoa” ou personalidade. Não é possível mentir a um ser ina­

nimado, apenas a seres autoconscientes, que possuam a habilidade

de pessoalmente comunicar-se e relacionar-se de modo responsivo

com outras pessoas. Eu posso mentir a meu computador durante o

(38)

dia inteiro, mas isso não o afetará em nada, no sentido em que os

leitores seriam afetados se eu lhes apresentasse um proverbial monte

de mentiras. Apenas a seres pessoais, capazes de relacionamentos e

de comunicação significativa com outros seres, é que se pode men­

tir no sentido de este ato gerar conseqüências morais.

Em segundo lugar, Pedro afirma a Ananias que este mentiu ao

“Espírito Santo” e prossegue assegurando que ele não mentiu

“aos homens, mas a Deus” (verso 4). A implicação óbvia é que o

Espírito Santo é Deus! Pergunto aos leitores: existe aqui qualquer

outra conclusão possível, a não ser não a mencionada?

Efésios 4:30

Evidência similar em favor da personalidade do Espírito Santo

aparece em Efésios 4:30. Paulo admoesta seus leitores: “Não en­

tristeçais o Espírito de Deus, no qual fostes selados para o dia da

redenção.” Poderíamos entristecer um objeto ou um ser inanimado,

uma coisa? Claro que não! Apenas pessoas podem ser entristecidas.

Aqui, entristecer refere-se a levar alguém ao ponto de profundo

pesar ou desapontamento. Trata-se de uma sensação que apenas

seres pessoais, com sentidos, sentimentos e propensão a cuidar de

outros, podem experimentar. Seres inanimados ou coisas impes­

soais não possuem a capacidade de serem “entristecidos”.

A Triunidade do Deus Único

Aqui nos deparamos com um dos mais profundos mistérios

acerca de Deus. Embora tenhamos ilustrações humanas de po­

derosas unidades que podem se estabelecer entre personalidades

distintas (casamento, amizades, times, etc.), o conceito subjacente

à visão trinitariana de Deus é o mais profundo. Qual a melhor evi­

dência de que a Divindade não é apenas unitária, mas consiste

de uma pluralidade unida de Pessoas divinas?

Mateus 28:19

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38 / A Trindade

ocorra na famosa comissão evangélica, dada por Jesus à igreja

através da fórmula batismal: uIde, portanto, fazei discípulos de

todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do

Espírito Santo” (Mat. 28:19). Observe que esta fórmula declara

que os três membros da Divindade possuem um nome (singular,

não plural), o que sugere fortemente que Eles são um em caráter

pessoal e natureza. Na Bíblia, o conceito de “nome” inclui caráter

e natureza. Aqui as Sagradas Escrituras sugerem que o Santo Trio

é um em nome, uma vez que Eles compartilham o próprio caráter

da divindade.

Esse verso, ao lado de II Coríntios 13:13, oferece marcante vis­

lumbre acerca da vida da igreja apostólica primitiva. As passagens

apresentam a saudação apostólica e a fórmula oferecida pelo pró­

prio Cristo para o rito da iniciação (batismo) à família de Deus

numa forma triúna. Ambos os textos sugerem a unidade das três

grandes Pessoas que operam a redenção e a vida da igreja.

Mateus 3:16 e 17

Outra interessante evidência da unidade da Divindade surge a

partir da presença dos Três no batismo de Cristo. Observe cuida­

dosamente Mateus 3:16 e 17: “Batizado Jesus, saiu logo da água,

e eis que se lhe abriram os céus, e viu o Espírito de Deus descendo

como pomba, vindo sobre Ele. E eis uma voz dos céus, que dizia:

‘Este é o Meu Filho amado, em quem Me comprazo’.”

O que constitui um fato realmente notável nesse incidente é

que, ao Jesus iniciar formalmente o Seu ministério público de re­

denção, todos os três membros do Trio Celestial se encontravam

presentes. Jesus, recém-batizado, está em pé às margens do Jordão,

o Espírito desce sobre Ele como uma pomba e o Pai profere do céu

audivelmente palavras de identidade e divina aprovação. A cena re­

trata poderosamente a unicidade de propósito da Divindade. Além

disso, o texto evidencia com clareza o caráter distinto de cada ser

divino. Mateus não apresenta o Filho e o Espírito Santo como sim­

plesmente manifestações diferentes ou personificações do Pai, e

Referências

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