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Outros Textos

Utilizados Contra a

Trindade

I Timóteo 2:5 e 6

O

s primeiros seis versos de I Timóteo 2 apresentam um dos maiores testemunhos acerca do escopo universal dos propósitos redentivos de Deus. Observe estas frases, tão familiares aos cristãos agradecidos: “Deus nosso Salvador, o qual deseja que todos os homens sejam salvos” (versos 3 e 4); “Cristo Je­ sus, homem, o qual a Si mesmo Se deu em resgate por todos” (versos 5 e 6). Entretanto, alguns têm usado os versos 5 e 6 para negar a plena divindade de Cristo Jesus: “Porquanto há um só Deus e um só Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem, o qual a Si mesmo Se deu em resgate por todos” (I Tim. 2:5 e 6).

Os antitrinitarianos interpretam essa passagem como signifi­ cando que, desde que existe “um só Deus” e Jesus é identificado como “Cristo, homem”, Jesus não é plenamente Deus, apenas um mediador humano. Neste contexto, entretanto, Paulo natu­ ralmente deveria enfatizar o componente humano do ser que efetua o papel de “Mediador entre Deus e os homens”. Observe cuida­ dosamente que nos versos 1, 2 e 8 o apóstolo salienta a necessi­ dade de “súplicas, orações, intercessões ... por todos os homens” (verso 1), de modo que “todos os homens” possam “ser salvos”

(verso 4). Portanto, não nos deveríamos surpreender que, no contexto do tema da oração intercessória humana por “todos os homens”, o ofício mediatório de Cristo em Sua humanidade re­ cebesse ênfase. /

Lembre-se de que em Hebreus o tema de Cristo como me­ diador e intercessor (na qualidade de nosso sumo sacerdote ce­ lestial) sublinha a necessidade de que Ele seja plenamente hu­ mano e divino. Hebreus 2:14-18 acentua o Cristo humano, ao passo que Hebreus 7:3 claramente enfatiza o Jesus divino. Nes­ te último texto, Cristo (tal como Melquisedeque, que foi “feito semelhante ao Filho de Deus”) é declarado como “sem pai, sem mãe, sem genealogia, não tendo começo de dias nem fim de existência ... [permanecendo] sacerdote para sempre”.

Em I Timóteo 2, contudo, Paulo, sem excluir a divindade de Cristo, ressalta Sua profunda identidade com aqueles em favor dos quais é mediador diante de Deus. Alguém observou sabia­ mente que “sendo Deus, Jesus pode representar perfeitamente a Deus diante dos homens, e sendo homem, pode representar perfeitamente o homem diante de Deus”. Hatton comenta que “somente sendo Deus pode Jesus compreender as reivindicações de Deus, e somente sendo homem pode compreender plena­ mente as necessidades dos homens” (Hatton, pág. 79).

I Coríntios 15:24-28

Ansiando pelo “reino” de “Deus o Pai”, Paulo descreve o fi­ nal triunfante da obra de Cristo: “E então virá o fim, quando Ele [Cristo] entregar o reino ao Deus e Pai, quando houver destruí­ do todo principado, bem como toda potestade e poder. Porque convém que Ele reine até que haja posto todos os inimigos de­ baixo de Seus pés. O último inimigo a ser destruído é a morte. Porque todas as coisas sujeitou debaixo dos Seus pés’ [citação de Sal. 8:6], E quando diz que todas as coisas Lhe estão sujeitas’, certamente exclui Aquele que tudo Lhe subordinou. Quando, porém, todas as coisas Lhe estiverem sujeitas, então o próprio Filho

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também Se sujeitará Àquele que todas as coisas Lhe sujeitou, para que Deus seja tudo em todos.”

Os que se opõem ao ensinamento trinitariano que ensina a igualdade entre a natureza divina do Pai e a do Filho citam esta passagem para provar que Cristo possui uma natureza inferior à do Pai. O que dizer de tal interpretação?

Em primeiro lugar, é óbvio que temos aqui algum tipo de su­ bordinação “funcional” de Cristo ao Pai “no fim”. Cristo estará claramente “sujeito Àquele que todas as coisas Lhe sujeitou, para que Deus seja tudo em todos” (verso 28). A questão-chave, con­ tudo, é se esta passagem ensina que a divindade de Cristo é de al­ guma forma inferior, ou derivada, quando comparada com a do Pai. Mas a questão aqui abordada não é esta.

Anteriormente, ressaltamos ser importante diferenciar entre a natureza de Cristo e Sua posição, ou função, durante a encarna­ ção. Poder-se-ia corretamente dizer que aqui Paulo está ensinando uma posição eterna, mas funcional, de subordinação do Filho ao Pai. Essa subordinação provavelmente estará baseada no fato de que Jesus reterá para sempre a Sua humanidade.

Quanto às razões por que Cristo o fará, podemos apenas especu­ lar. A mais provável, contudo, é que nosso encarnado Senhor Deus manterá por toda a eternidade a solidariedade com os seres humanos aos quais veio comprar com Seu sangue derramado. Assim, Cristo sempre será sujeito ao Pai de maneira muito semelhante à Sua subor­ dinação ao Pai durante a Sua peregrinação terrestre. Isso, porém, de modo algum significa que Sua natureza divina seja inferior à do Pai.

Além disso, este não é o único quadro que temos do eterno governo de Cristo em relação ao reino do Pai. Apocalipse 22:1 e 3 identifica o trono de Deus como “o trono de Deus e do Cor­ deiro”. Enquanto Paulo, ao falar da ressurreição em I Coríntios

15, pode retratar a Cristo (“o primogênito dentre os mortos” [Col. 1:18]) como estando em subordinação funcional ao Pai, em Apocalipse 22:1 e 3 o Pai e o Filho aparecem compartilhando o trono como plenamente co-regentes iguais do reino eterno.

As duas passagens não se contradizem. É justo que em I Corín­ tios 15 Paulo busque comunicar a solidariedade de Cristo com os seres humanos redimidos e ressuscitados, salvos no reino, ao passo que João, o revelador, deseje mostrar que o Pai e o Filho finalmen­ te triunfarão na Nova Jerusalém, como co-regentes do reino eter­ no. Assim, enquanto encontramos uma subordinação funcional em I Coríntios 15, Apocalipse 22 retrata o pleno compartilhar do governo no reino eterno.

Apocalipse 3 :14

A controvertida expressão-chave na saudação de abertura aos laodiceanos refere-se a Cristo como “o princípio da criação de Deus”. Os arianos têm interpretado os termos “princípio da criação” como significando que Cristo foi o primeiro, ou o princípio, das criaturas trazidas à vida por Deus o Pai. Embora certo número de versões confiáveis utilizem essas palavras, a pa­ lavra grega na verdade significa “origem ou fonte”, em vez de primeiro ou “princípio” das criaturas resultantes dos atos cria­ dores de Deus. A palavra grega em questão é arche, e várias ver­ sões modernas a traduzem como “governo” ou “origem”.

Essas versões contemporâneas refletem os avanços realizados no estudo do grego do Novo Testamento durante o último sécu­ lo, um progresso na compreensão refletido nos comentários do amplamente respeitado autor A. T. Robertson: “O princípio da criação de Deus” (he arche tes ktiseos tou theori). Não a primeira das criaturas, como sustentam os arianos ... [,] mas sim a fonte originadora da criação através da qual Deus opera” (citado em Hatton, pág. 93). Para ser extremamente claro a respeito do as­ sunto, essa expressão proclama a Jesus como a causa primária da criação, aquele de quem se originaram todas as coisas criadas. Ele não é o primeiro produto dos esforços criadores de Deus.

Provérbios 8:22

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obra, antes de Suas obras mais antigas.” Os arianos interpretam este verso como afirmando que Jesus, aqui personificado como a sabedoria, foi criado. Muitos comentaristas cristãos têm entendido o verso como se aplicando a Jesus. Os adventistas compartilham desta interpretação. Contudo, está o verso dizendo que Jesus foi criado?

A palavra hebraica qana (traduzida como “possuía”) pode, de fato, ser traduzida como “criado”. Mas o seu sentido mais bási­ co e comum não é o de “criado”, e sim o de “apresentado” ou “possuído” para uma missão especial de bênção ao mundo. Em outros termos, Jesus Cristo, como a “sabedoria de Deus” (I Cor. 1:24), foi possuído pelo Senhor ou “apresentado” diante de nos­ so rebelde e ignorante mundo, a fim de manifestar a sabedoria e o conhecimento de Deus.

Adicionalmente, é bastante evidente que não podemos tradu­ zir a palavra qana no contexto de Provérbios 8 como “criado”, pois isso “criaria” uma descrição impossível do Deus infinito: “Se a sabedoria foi literalmente criada, teremos de chegar à difícil si­ tuação de ter existido um tempo em que Deus não possuía sabe­ doria. Obviamente, não pode ter sido esse o intento. ... Sugerir que houve um tempo em que Deus não possuía sabedoria ... é um absurdo” (ibid., págs. 94 e 95). Foi dito o suficiente!

Notas

1 M ax Hattop, em seu livro recém-lançado Understanding the Trinity (Com ­ preendendo a Trindade), apresenta um tratamento mais extensivo dos textos utilizados contra a Trindade e a plena divindade de Cristo. Este seu volume, de fácil leitura, se encontra agora disponível nos centros de lite­ ratura adventista da América do Norte. Veja especialmente o capítulo 9 de H atton, “Answers to Objections to the Deity of C hrist” (Respostas às Objeções à Divindade de Cristo), págs. 75-98. Seu capítulo 12 apresen­ ta o tema “Answers to Objections to the Personality and D eity of the H oly Spirit” (Respostas às Objeções Quanto à Personalidade e à Divin­ dade do Espírito Santo), págs. 109-120.

2 Conforme os leitores irão perceber, utilizamos várias observações de H at­ ton no decorrer deste capítulo e seu suplemento.

3 Um desses textos é João 14:28, onde Jesus declara: “[Vou] para o Pai, pois o Pai é maior do que Eu”. Se Jesus fosse algum tipo de ser humano ou deus derivado, Ele “teria representado um papel de tolo ao repetir algo óbvio. Não pode existir qualquer dúvida de que neste ponto Jesus Se re­ feria à Sua posição, e não à Sua natureza” (H atton, pág. 77).

4 Expressão similar, “gerado”, tirada do Salmo 2:7, aparece no livro de Atos e se refere à ressurreição de Cristo. Paulo afirma que Deus ressuscitou “a Jesus, como também está escrito no Salmo segundo: ‘Tu és M eu Filho, Eu hoje te gerei’” (Atos 13:33). Paulo claramente emprega a palavra “ge­ rar”, neste verso, para falar de Deus trazendo Jesus para fora da tumba, e não no sentido de gerá-Lo como deus. Discutiremos o texto de Salmo 2:7 mais tarde, quando examinarmos o modo como o autor de Hebreus (1:4-6 e 5:5-10) o utiliza para indicar a encarnação e a qualificação de Cristo para ser sumo sacerdote segundo a ordem de M elquisedeque.

Objeções Lógicas à