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Sumário. Texto Integral. Tribunal da Relação de Évora Processo nº 1907/19.7T8EVR.E1

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Tribunal da Relação de Évora Processo nº 1907/19.7T8EVR.E1 Relator: TOMÉ DE CARVALHO Sessão: 25 Fevereiro 2021 Votação: UNANIMIDADE

LITIGÂNCIA DE MÁ FÉ ADVOGADO

Sumário

1 – Relativamente à litigância de má-fé, o actual código de processo civil não permite a exoneração da pessoa colectiva (incluindo a sociedade) da

responsabilidade por custas, multa ou indemnização, por motivo de acto do seu representante.

2 – É indiscutível que a pessoa colectiva responde directamente pelos actos ilícitos dos titulares dos seus órgãos, designadamente em sede de litigância de má-fé.

(Sumário do Relator)

Texto Integral

Processo n.º 1907/19.7T8EVR.E1

Tribunal Judicial Comarca de Évora – Juízo Central Cível e Criminal de Évora – J4

*

Acordam na secção cível do Tribunal da Relação de Évora: I – Relatório:

Na presente acção de condenação proposta pela sociedade “(…), SA” contra a sociedade “(…) e (…), Lda.”, a Autora e (…) vieram interpor recurso da

sentença proferida, na parte em que o legal representante da Autora (…) foi condenado como litigante de má-fé, no pagamento da multa correspondente de 10 (dez) UC´s.

*

A Autora “(…), SA” pediu a condenação da Ré “(…) e (…), Lda.” no pagamento da quantia de e 650.000,00 (seiscentos e cinquenta mil euros), acrescidos de juros de mora, à taxa legal, contabilizados desde a data da citação da Ré.

(2)

*

Como fundamento do pedido, a Autora alegou, em síntese, que:

Por escritura pública de compra e venda celebrada no dia 11/05/2018, e pelo preço de € 1.650.000,00 (um milhão e seiscentos e cinquenta mil euros), adquiriu à Ré as fracções A e B que compõem o “Hotel (…)”.

Nas inspecções técnicas realizadas às referidas fracções verificou-se que as mesmas apresentavam graves falhas estruturais, que não eram conhecidas da Autora e lhe diminuíam o valor em e 650.000,00 (seiscentos e cinquenta mil euros).

A Autora pretende assim que o preço da compra e venda seja reduzido, tanto por via dos custos da reparação e de execução da obra de remodelação/

reconversão, como pela perda de receita da exploração do hotel, reduzindo-se, por conseguinte, o preço da compra e venda para o valor de € 1.000.000,00 (um milhão de euros).

*

A sociedade “(…) e (…), Lda.” foi citada para a acção, mas não apresentou contestação.

*

No dia 13/12/2019, as partes remeteram aos autos uma transacção, com os seguintes termos:

F0

D8 A Ré reconhece que as fracções que compõem o “Hotel (…)”, seguidamente

descritas:

(i) Fracção autónoma designada com a letra “A”, destinada a serviços, do prédio urbano, em regime de propriedade horizontal, sito na Rua (…), n.º 49 e 51, freguesia de Sé e São Pedro, concelho de Évora, descrito na Conservatória do Registo Predial de Évora sob o número (…), da referida freguesia, inscrito na matriz da união das freguesias de Évora (São Mamede, Sé, São Pedro e Santo Antão), sob o artigo (…).

(ii) Fracção autónoma designada com a letra “B”, destinada a serviços, do prédio urbano, em regime de propriedade horizontal, sito na Rua (…), n.º 41, 43, 45, 47, freguesia de Sé e São Pedro, concelho de Évora, descrito na

Conservatória do Registo Predial de Évora sob o número (…), da referida freguesia, inscrito na matriz da união das freguesias de Évora (São Mamede, Sé, São Pedro e Santo Antão), sob o artigo (…).

Apresentam diversas falhas estruturais, nomeadamente e sem excluir outras, corrosão da respectiva estrutura na área dos anexos e pátios, situações graves de infiltrações decorrentes de fissurações, defeitos na rede eléctrica e de distribuição de gás resultante das infiltrações, corrosão e deterioração das canalizações de água com infiltrações, desaprumo de paredes, e falta ou deficiente aplicação de isolamento térmico e acústico em paredes, coberturas

(3)

e pavimentos.

F0

D8 A Ré reconhece que a reparação das falhas estruturais referidas fará a

Autora incorrer em custos avultados de reparação, e que esta reparação terá repercussão na execução das obras de remodelação/reconversão já

anteriormente previstas para as fracções em causa, do hotel, implicando o encerramento total ou pelo menos parcial do hotel para execução das obras estruturais, com a consequente perda de receita.

F0

D8 As partes fixam o valor necessário para a realização das reparações das

falhas estruturais referidas na quantia certa, líquida, exigível e irrevogável de € 650.000,00 (seiscentos e cinquenta mil euros).

F0

D8 Consequentemente, as partes obrigam-se a corrigir o valor de aquisição das

fracções acima referidas para o valor de € 1.000.000,00 (um milhão de euros), mediante a celebração da respectiva escritura pública de rectificação, no Cartório Notarial do Dr. (…), sito na Av. (…), n.º 72, 7.º-B, em Lisboa, no prazo de 15 (quinze dias) contados da data de homologação da presente transacção.

F0

D8 A escritura pública de rectificação será agendada pela Autora, que fica

obrigada a notificar a Ré por correio electrónico com antecedência não

inferior a 5 (cinco) dias sobre a data para qual seja agendada a sua realização.

F0

D8 Na data de celebração da escritura pública de rectificação do preço de

aquisição, a Ré obriga-se a restituir à Autora o montante de € 650.000,00 (seiscentos e cinquenta mil euros), através de cheque bancário à ordem da Autora ou por transferência bancária a realizar para o IBAN a indicar pela Autora.

F0

D8 Considerando que os presentes autos não passaram da fase dos articulados,

que a Ré não apresentou contestação e não foi exigida do tribunal uma actividade judicial relevante, e ainda em face da simplicidade da causa, as partes requerem muito respeitosamente a V. Exa. se digne dispensá-las do pagamento da taxa de justiça remanescente, ao abrigo do disposto no artigo 6.º, n.º 7, do Regulamento das Custas Processuais.

F0

D8 Sem prejuízo do disposto no número anterior, as custas eventualmente em

dívida a juízo serão suportadas pela Ré, prescindido ambas de custas de parte».

*

Por despacho de 16/12/2019, determinou-se a notificação das partes para juntarem os autos, respectivamente, cópia certificada do título constitutivo da sociedade em questão e, bem assim, certidão permanente do registo

comercial, o que foi cumprido.

Mais foi determinado à Autora a junção aos autos do relatório técnico a que aludiu no artigo 4.º da petição inicial.

(4)

Por requerimento de 31/01/2020 a Autora remeteu ao processo o aludido relatório de peritagem.

*

Por despacho de 04/03/2020, determinou-se a notificação das partes para se pronunciarem, querendo, sobre a eventual inexistência de interesse em agir por parte da Autora e, bem assim, a possibilidade de os autos revelarem o preenchimento, pelas partes, da previsão do artigo 542.º, nºs 1 e 2, alíneas a) e d), do Código de Processo Civil.

*

As partes deram entrada aos requerimentos datados de 16/03/2020 e 19/03/2020.

*

Por sentença datada de 03/06/2020, o Tribunal «a quo» concluiu:

a) «pela inexistência de necessidade justificada e razoável do recurso à via judicial e, assim, pela falta de interesse em agir da Autora, o que constitui uma excepção dilatória inominada, de conhecimento oficioso (cfr. artigos 577.º e 578.º do Código de Processo Civil), conducente à absolvição da instância, como previsto no artigo 278.º, n.º 1, alínea e), do Código Processo Civil.

Por conseguinte, o Tribunal julga verificada a excepção dilatória da falta de interesse em agir da Autora, e, em consequência, absolve a Ré da presente instância.

Custas pela Autora, que se fixam em 3 UC. Registe e notifique».

*

b) «ao abrigo do disposto nos artigos 542.º, n.º 1 e 2, alínea a) e 543.º, ambos do Código de Processo Civil, em conjugação com o artigo 27.º, n.º 1 e 2, do Regulamento das Custas Processuais, condeno o legal representante da Autora, (…), como litigante de má-fé, no pagamento da multa correspondente de 10 UC´s».

*

Os recorrentes não se conformaram com a referida decisão e as alegações de recurso continham as seguintes conclusões[1] [2] [3] [4].

a) O presente recurso tem por objecto a condenação, a título pessoal, do

Recorrente como litigante de má-fé e ao pagamento de uma multa de 10 UC, e assenta na discordância quanto à interpretação e aplicação das normas que sancionam a conduta processual que faça um uso indevido do processo, com a qual aquele não se pode conformar.

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enviesados, fruto de um erro grosseiro verificado desde logo no plano da fundamentação da resposta dada à matéria de facto provada, nomeadamente, na que foi dada ao Ponto 6 dos factos provados.

c) A resposta dada ao facto provado 6 é fundamentada no documento de fls. 6 a 9 dos autos, que corresponde à escritura pública na qual o Recorrente

interveio em representação da Autora e da Ré, datada de 11 de Maio de 2018. d) Estava vedado ao Mm.º Juiz “a quo” fundamentar a resposta a matéria de facto em decisão proferida em Junho de 2020 num documento datado de 11 de Maio de 2018, pois aquela escritura pública não lhe permite aferir se poderes do Recorrente de representação da sociedade “(…) e (…), Lda.”, ainda se mantinham à data da prolacção da decisão.

e) Tão acentuado desfasamento temporal não constituiu, erradamente, obstáculo para que o Mmº. Juiz “a quo” desse por provado um facto de particular relevância para a decisão ora recorrida, e que ele próprio faz sobressair da restante matéria de facto.

f) Uma escritura pública outorgada mais de ano e meio antes da data em que é proferida decisão sobre matéria de facto que com ela se pretende sustentar, não constitui meio de prova idóneo de poderes de representação, pois as situações não se mantêm necessariamente imutável para todo o sempre, e pode deixar – como no caso concreto deixou – de ter actualidade.

g) O erro assume ainda maior gravidade quando foi o Mmº. Juiz “a quo” a determinar a junção aos autos da certidão comercial permanente da sociedade “(…) e (…), Lda.”, e somente pela sua consulta poderia verificar, querendo, os poderes de representação do Recorrente relativamente àquela sociedade. h) Ao fundar a sua convicção na resposta dada ao facto 6 da matéria de facto com base no documento correspondente a fls. 6 a 9 dos autos, o Mm.º Juiz “a

quo” deu como provado um facto com base num documento inidóneo para o

efeito, em clara violação do disposto no artigo 607.º, n.º 5, do CPC.

i) Resulta da sentença em apreço que essa resposta errada tem uma influência decisiva na condenação do Recorrente como litigante de má-fé, pois se a

certidão comercial fosse devidamente analisada, como se impunha, ter-se-ia necessariamente formado convicção diferente.

j) Nomeadamente, o Mmº. Juiz “a quo” poderia ter apreendido que o Recorrente foi nomeado gerente da sociedade “(…) e (…), Lda.”, em

20/12/2017 e que renunciou à gerência da sociedade em 17/10/2018, e bem assim que, em virtude dessa renúncia, foi nomeada gerente da sociedade (…), em resultado da deliberação tomada em 19/10/2018.

k) Poderia ainda o Mmº. Juiz “a quo” ter verificado que o registo da prestação de contas relativas a 2018 apenas foi, tardiamente, realizado em 2/12/2019, e concluído que essa circunstância impediu que o registo da renúncia à gerência

(6)

do Recorrente simultaneamente com a data da efectiva renúncia, tal como impediu o registo da nomeação da gerente (…) na data da respectiva

deliberação.

l) Pese embora, em termos formais, a renúncia à gerência da sociedade “(…) e (…), Lda.” pelo Recorrente apenas tenha produzido efeitos (externos) oito dias após o respectivo registo, em termos materiais, essa renúncia produziu efeitos (internos) na sociedade na data em que a mesma foi comunicada.

m) A decisão errada e profundamente mal fundamentada quanto à fixação da matéria de facto provada contaminou o juízo incorrectamente formulado sobre uma pretensa conduta processual à margem da lei.

n) A tese sustentada na sentença de que o Recorrente domina, através da gerência, as sociedades Autora e Ré cai pela base, porque assente num erro primário de fundamentação da resposta à matéria de facto, sem

correspondência com a realidade.

o) Mas mesmo que o Recorrente fosse efectivamente gerente de facto e de direito da Autora e da Ré – e não é – é errado confundir a esfera jurídica e patrimonial da(s) sociedade(s) com a do(s) seu(s) gerente(s).

p) Essa circunstância não determinaria que as sociedades deixassem de ter personalidade jurídica autónoma e individual, interesses económicos próprios e, por vezes, que se pudessem encontrar em situação de conflito.

q) A sentença em apreço oblitera por completo a distinção entre as sociedades Autora e Ré, e procede a uma inexplicável desconsideração da personalidade jurídica colectiva das partes, apenas para se centrar no putativo gerente comum, sem fundamento.

r) Mas ao fazê-lo, incorre numa contradição insanável nos seus próprios

termos, pois por um lado sustenta que o Recorrente domina Autora e Ré, mas por outro lado – inexplicavelmente – apenas condena a Autora (na pessoa do Recorrente) como litigante de má-fé, não levando até às últimas

consequências a tese que está na base da condenação.

s) É incorrecta e infundada a afirmação de que o Recorrente podia fazer aprovar, na qualidade de administrador único da Autora, as deliberações que «…entenda convenientes aos seus interesses…» em assembleia geral da Ré, pois resulta de modo claro do disposto no artigo 406.º do Código das

Sociedades Comerciais que é definido um espectro limitado de matérias reservadas à decisão da administração das sociedades anónimas, sendo as demais matérias reservadas à assembleia geral dos accionistas.

t) Mas independentemente da impossibilidade de conformação da vontade das sociedades Autora e Ré, o que o Recorrente não aceita é que uma hipotética falta de interesse em agir signifique, necessariamente, a convolação da falta desse pressuposto numa condenação, a título pessoal, por litigância de má-fé,

(7)

não tendo ficado demonstrado que este tenha vindo a juízo para satisfazer interesses próprios distintos dos da(s) sociedade(s), com vista a recolher

benefícios para si mesmo, fazendo um uso indevido do processo e utilizando as sociedades em apreço para alcançar tal desiderato.

u) O Mmº Juiz “a quo” confundiu, pois, de modo inexplicável e de uma só penada, o Recorrente enquanto pessoa física e enquanto legal representante, e confundiu ainda a qualidade de gerente/administrador com a qualidade de sócio/accionista, para justificar uma decisão que não faz justiça e é apenas «justiceira», mesmo que tivesse concluído, no que não se concede, que existia falta de interesse em agir das partes.

v) Uma vez mais o Mmº Juiz “a quo” estabelece uma confusão indevida, misturando a posição processual do Recorrente com a sua formação académica, para justificar a condenação proferida.

w) O Recorrente actuou nos presentes autos na qualidade de pessoa singular e de legal representante, e não «nas vestes» de advogado, sendo por isso

irrelevante essa qualidade, defendendo a doutrina mais autorizada que a prudência exigida em sede de litigância de má-fé é a aplicável ao homem médio, tomando por padrão a diligência normal exigível a qualquer pessoa, sem valorizar especiais circunstâncias ou qualificações de modo a poder atribuir uma maior censura ao comportamento em apreço.

x) Não se verificam os pressupostos que permitem a condenação da Autora, na pessoa do Recorrente, como litigante de má-fé, pois estes sempre actuaram convictos de que a pretensão apresentada a juízo tinha razão de ser.

y) Não quis o Recorrente em momento algum actuar com leviandade ou de forma precipitada, sendo gratuita e infundada a afirmação plasmada na sentença de que actuou com profundo desprezo pelo Tribunal e pela Justiça. z) Mesmo perante uma eventual falta de interesse em agir das partes, o que por hipótese se coloca, sem conceder, não se vislumbra fundamento para que essa circunstância conduza inelutavelmente à sua condenação como litigante de má-fé, pois que aqueles sempre entenderam que actuavam ao abrigo do Direito e dentro dos limites do seu direito de acção.

Nestes termos e nos mais de Direito que doutamente serão supridos por V. Exas., deve essa Veneranda Instância revogar a sentença recorrida e substituí-la por outra que absolva o Recorrente da condenação como litigante de má-fé, com o que se fará a costumada Justiça!».

*

Não houve lugar a resposta. *

Admitido o recurso, foram observados os vistos legais. * II – Objecto do recurso:

(8)

É entendimento uniforme que é pelas conclusões das alegações de recurso que se define o seu objecto e se delimita o âmbito de intervenção do Tribunal

ad quem (artigos 635.º, n.º 4 e 639.º, n.º 1, do Código de Processo Civil), sem

prejuízo das questões cujo conhecimento oficioso se imponha (artigo 608.º, n.º 2, ex vi do artigo 663.º, n.º 2, do mesmo diploma).

Analisadas as alegações de recurso, o thema decidendum está circunscrito à apreciação de erro na aplicação da disciplina da litigância de má-fé.

*

III – Dos factos apurados:

3.1 – Matéria de facto provada:

Com relevo para a decisão, o Tribunal «a quo» considerou provados os seguintes factos:

1 – A sociedade “(…), SA”, com sede na Quinta do (…), Avenida (…), em Évora, tem a natureza jurídica de sociedade anónima e como objecto social a compra e venda de imóveis, urbanos e rústicos e a revenda dos adquiridos e a revenda dos adquiridos para esse fim; exploração e gestão de bens imóveis próprios ou alheios, incluindo o arrendamento dos mesmos; exercício da indústria

hoteleira e actividades conexas; exploração de estabelecimentos de

restauração, dentro ou fora do estabelecimento; prestação de serviços de consultoria económica, informática, na criação e desenvolvimento de empresas de âmbito internacional; marketing e publicidade;

2 – A sociedade “(…), SA” tem como administrador único (…).

3 – A sociedade “(…) e (…), Lda.”, com sede na Rua (…), n.ºs 47 e 49, em Évora, tem a natureza jurídica de sociedade por quotas, com o capital social de € 100.000,00, e como objecto social a indústria de hotelaria.

4 – A sociedade “(…), SA” é titular, desde o dia 12/10/2018, das quotas de € 25.000,00, € 15.000,00 e € 30.000,00 da sociedade “(…) e (…), Lda.”.

5 – A sociedade “Aldeia de (…) – Empreendimentos Turísticos, SA” é titular, desde o dia 12/10/2018, da quota de € 30.000,00 € da sociedade “(…) e (…), Lda.”.

6[5] – A sociedade “(…) e (…), Lda.” tinha como gerentes (…) e (…), dispondo o primeiro de poderes de representação, por si só, da dita sociedade. Todavia, o recorrente renunciou à gerência da sociedade em 17/10/2018 e,

nessa sequência, foi nomeada gerente da sociedade (…), em resultado de deliberação tomada em 19/10/2018.

7 – No dia 11/05/2018, (…) declarou perante notário que: na qualidade de gerente, em nome e representação da sociedade “(…) e (…), Lda.” e pelo preço global de € 1.650.000,00 (um milhão e seiscentos e cinquenta mil euros) vende à sociedade “(…), SA”, por si igualmente representada, os seguintes bens

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i) Fracção autónoma designada com a letra “A”, composta por Residencial correspondente ao nível dos 3 pisos, r/c, primeiro e segundos andares

interligados por corpos da referida freguesia, inscrito na matriz da união das freguesias de Évora (São Mamede, Sé, São Pedro e Santo Antão), sob o artigo (…).

(ii) Fracção autónoma designada com a letra “B”, destinada a serviços, do prédio urbano, em regime de propriedade horizontal, sito na Rua (…), n.º 41, 43, 45, 47, freguesia de Sé e São Pedro, concelho de Évora, descrito na

Conservatória do Registo Predial de Évora sob o número (…), da referida freguesia, inscrito na matriz da união das freguesias de Évora (São Mamede, Sé, São Pedro e Santo Antão), sob o artigo (…).

O preço da compra e venda foi de € 1.650.000,00 (um milhão e seiscentos e cinquenta mil euros) (…).

Sucede que, nas inspecções técnicas realizadas às referidas fracções, tendo em vista a respectiva remodelação / reconversão em hotel de categoria

superior, foi verificado pelos técnicos contratados que as fracções apresentam graves falhas estruturais, nomeadamente:

(i) corrosão da respectiva estrutura na área dos anexos e pátios; (ii) situações graves de infiltrações decorrentes de fissurações;

(iii) defeitos na rede eléctrica e de distribuição de gás (resultante das infiltrações);

(iv) corrosão e deterioração das canalizações de água com infiltrações; (v) desaprumo de paredes;

(vi) e falta ou deficiente aplicação de isolamento térmico e acústico em paredes, coberturas e pavimentos (…).

A relação de falhas estruturais acima indicada tem carácter provisório, uma vez que face à quantidade de falhas detectadas, a Autora solicitou uma verificação mais detalhada ao estado das fracções (…).

Pese embora a idade do prédio, nada faria prever a existência de falhas estruturais com a dimensão e quantidade verificadas (acima descritas), especialmente tendo em consideração que o “Hotel (…)” se encontrava a operar de forma normal e regular.

A reparação das falhas estruturais supra referidas fará a Autora incorrer em custos significativamente avultados, nomeadamente, custos de reparação das falhas estruturais detectadas, atraso na execução as obras de remodelação / reconversão do hotel, com a consequente perda de receita e encerramento total ou pelo menos parcial do hotel para execução das obras estruturais, com a consequente perda de receita (…).

É convicção da Requerente que as falhas estruturais acima referidas eram do conhecimento, ou não podiam ser ignoradas pela Requerida, verificando-se

(10)

assim uma clara situação de violação da boa-fé contratual, uma vez que, ao longo de todo o processo negocial nunca foram mencionadas (…).

Face às falhas estruturais detectadas, a requerente irá incorrer em custos de reparação e de execução da obra de remodelação/reconversão, e ainda em perda de receita, cujo montante total estima não ser inferior a € 650.000,00 (seiscentos e cinquenta mil euros) (…).

Entende, por isso, a Requerente que o preço da compra e venda deve ser reduzido nesse montante, para a quantia de € 1.000.000,00 (um milhão de euros) (…).

A requerente solicitou já à Requerida a restituição do montante que considera corresponder aos danos acima elencados e a correcção do valor de aquisição das fracções, mediante a celebração da respectiva escritura de rectificação (… ), o que não sucedeu até á presente data (…).

A requerente vem notificar a Requerida de que se a restituição do montante de € 650.000,00 (seiscentos e cinquenta mil euros) e a correcção do valor de aquisição das fracções, mediante a celebração da respectiva escritura de rectificação, não tiver lugar até ao próximo dia 15 de Agosto de 2019, será obrigada a recorrer à via judicial para assegurar os seus legítimos direitos (… ).

Termos em que requerer a notificação da requerida para, até ao próximo dia 16 de Agosto de 2019:

i) restituir à requerente o montante de € 650.000,00 (seiscentos e cinquenta mil euros).

ii) promover a celebração de escritura pública de rectificação do valor de aquisição das fracções exarado na escritura pública de compra e venda celebrada no dia 11/05/2018, no Cartório Notarial do Dr. (…)».

*

IV – Fundamentação:

4.1 – Da litigância de má-fé:

O processo é, hoje em dia, entendido como um conjunto de regras e de comandos normativos – destinados a permitir a aplicação do direito

substantivo ao caso concreto e a realização da Justiça – que acompanham a vida de uma acção em Tribunal, desde que ela é instaurada até ser proferida a decisão que lhe ponha termo[6].

E a litigância de má-fé configura uma entropia processual indesejada que pode condicionar o regular exercício da actividade jurisdicional.

A sentença proferida nos autos justifica a condenação de litigância de má-fé com o recurso à seguinte argumentação: «a sociedade Ré e a sociedade Autora têm o mesmo legal representante, (…), tendo sido este o único interveniente, em representação das partes, na alegada venda dos

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descritos imóveis no dia 11/05/2018. Além disso, a Autora é titular de 70% do capital social da Ré, sendo, por isso, as descritas sociedades representadas e “controladas” por (…), o qual, na qualidade de legal representante da Autora, não podia ignorar a falta de fundamento fáctico e jurídico para os presentes autos».

Em função disso, o Juízo Central Cível e Criminal de Évora avança que «

resulta, assim, manifesto que os presentes autos mais não traduzem do que um litígio ficcionado de (…) consigo próprio, enquanto legal

representante das referidas sociedades».

Por isso, após debater alguns pormenores relacionados com a emissão das procurações forenses, a formação jurídica do legal representante e a

desnecessidade de recurso ao Tribunal, por a questão poder ser resolvida por intermédio dos órgãos vinculativos societários em sede de assembleia geral, o Meritíssimo Juiz de Direito conclui que se afigura «manifesto que a Autora litiga com má fé, tendo deduzido pretensão consciente da sua falta de fundamento fáctico e jurídico, revelando profundo desprezo pelo órgão de soberania Tribunal e pela Justiça, impondo-se, por isso, a sua

condenação».

Termina, condenando o legal representante da Autora, (…), como litigante de má-fé, no pagamento da multa correspondente de 10 (dez) UC´s.

*

A propósito da litigância de má fé pronunciam-se entre outros Vaz Serra[7], Paulo Cunha[8], Hernâni Lencastre[9], José Alberto dos Reis[10] [11], João de Castro Mendes[12], António Menezes Cordeiro[13] [14], Miguel Teixeira de Sousa[15], José Lebre de Freitas[16] e Isabel Alexandre[17], Paula Costa e Silva[18] [19], Fernando Cunha Sá[20], Abrantes Geraldes[21], Pedro de Albuquerque[22], Maria Olinda Garcia[23], Augusto Penha Gonçalves[24], Luso Soares[25], António Júlio Cunha[26], Fernando Pereira Rodrigues[27], Cecília Sousa Ribeiro[28], Marta Frias Borges[29] e Fredie Didier Júnior[30], bem como outros tratadistas como Planiol[31], Francesco Carnelutti[32], Piero Calamandrei[33] ou Michele Taruffo[34] [35] [36].

Como diz Planiol[37] o direito cessa onde começa o abuso.

Menezes Cordeiro salienta que «o acto abusivo só formalmente pode parecer como praticado no âmbito do direito: uma vez que extravasa o sentido

axiologicamente fixado para o direito em causa, é um acto “extradireito”, logo ilegítimo»[38].

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«diz-se litigante de má-fé quem, com dolo ou negligência grave:

a) Tiver deduzido pretensão ou oposição cuja falta de fundamento não devia ignorar;

b) Tiver alterado a verdade dos factos ou omitido factos relevantes para a decisão da causa;

c) Tiver praticado omissão grave do dever de cooperação;

d) Tiver feito do processo ou dos meios processuais um uso manifestamente reprovável, com o fim de conseguir um objetivo ilegal, impedir a descoberta da verdade, entorpecer a acção da justiça ou protelar, sem fundamento sério, o trânsito em julgado da decisão».

No Código de Processo Civil de 1967, era pacífico que só quem agisse com dolo poderia ser condenado como litigante de má fé, não se sancionando a lide temerária, entendida como a litigância violadora com culpa grave ou erro grosseiro das regras de conduta conformes com a boa fé.

Todavia, atentas as alterações introduzidas ao artigo 456.º do Código de

Processo Civil, operadas pelos Decreto-Lei nºs 329-A/95, de 12/12 e 180/96, de 25/09, deve entender-se que a punição como litigante de má fé abrange quer as condutas dolosas, quer as condutas gravemente negligentes, numa patente tentativa de maior responsabilização das partes. Esta disciplina mantém

exactamente os mesmos traços no Novo Código de Processo Civil.

A este propósito, ensina Alberto dos Reis que «se a parte procedeu de boa fé, sinceramente convencida de que tinha razão, a sua conduta é perfeitamente lícita; por isso, em caso de insucesso, suporta unicamente o peso das custas, como risco inerente à sua actuação. Mas, se procedeu de má fé ou com culpa, se sabia que não tinha razão ou se não ponderou com prudência as pretensas razões, a sua conduta assume o aspecto de conduta ilícita. Demandado ou contestando em tais condições, pratica um facto ilícito, um facto contrário à ordem jurídica; daí a sua responsabilidade subjectiva, emergente

precisamente do seu estado de consciência – do dolo ou da culpa»[39]. A inobservância desses deveres (transparência, lealdade, informação, protecção e confiança) acarreta, entre outras consequências, sanções processuais de tipo repressivo.

*

Quid juris.

A primeira questão é de conhecimento oficioso e está relacionada com a circunstância do recurso ter sido interposto pela sociedade “(…), SA” e pelo interessado (…) e existir claramente um fenómeno de legitimidade ou de falta de interesse em agir da pessoa colectiva. Efectivamente, a Autora não foi alvo de qualquer condenação a título de litigante de má fé e, como tal, não deveria ter interposto recurso.

(13)

Manuel Andrade define o interesse processual como o de «utilizar a arma judiciária – em recorrer ao processo»[40]. Por seu turno, afastando-se da tese do pressuposto processual, Anselmo de Castro assume que tal interesse

«surge da necessidade em obter do processo a protecção do interesse

substancial, o que supõe a lesão desse interesse e a idoneidade da providência requerida para a sua reintegração ou, tanto quanto possível, integral

satisfação»[41]. E nesta posição é acompanhado por Castro Mendes[42]. Transpondo tais visões para a impugnação recursal em apreciação isso significa que, por força da vinculação contida no artigo 631.º do Código de Processo Civil, de acordo com Abrantes Geraldes[43], existe um cenário de falta de legitimidade para interpor recurso. De acordo com o referido Juiz Conselheiro a legitimidade para recorrer afere-se através de um critério formal, «verificando se o recorrente é parte no processo e conferindo o resultado da lide».

E na presente hipótese a pessoa colectiva não é directa e efectivamente prejudicada pela decisão, pois não ficou vencida. E apenas o terceiro tem interesse recursivo, por força da cláusula de salvaguarda presente na segunda parte do n.º 2 do artigo 631.º[44] do Código de Processo Civil. Fica assim limitado subjectivamente o objecto do recurso.

*

Noutro plano, é invocado o argumento da diferença de tratamento

relativamente à não condenação da sociedade Ré e esta linha argumentativa convoca de imediato a figura da má-fé bilateral dolosa. Quanto à parte passiva, o Tribunal «a quo» decidiu que como «a mesma não deduziu contestação, entende-se não ser aplicável o regime em apreço».

Nesta linha, julgamos poder afirmar que a actuação processual dolosa

assumirá, quase invariavelmente, uma de duas formas: (i) o litigante de má-fé poderá dirigir a conduta dolosa directamente contra o juiz, pretendendo ludibriar o seu convencimento e obter sentença favorável (dolo directo relativamente ao juiz), acabando por adoptar uma conduta que

necessariamente implicará um prejuízo para a parte contrária (dolo necessário em relação à contraparte); (ii) ou, ao invés, pretender com a propositura da acção judicial causar um prejuízo à contraparte, nomeadamente provocando-lhe ofensas ao bom nome e ao crédito (dolo directo em relação à contraparte), acabando por forçosamente ludibriar a vontade do Tribunal (dolo necessário em relação ao juiz)[45].

Cecília Ribeiro afirma que o juiz é sempre sujeito passivo necessário do dolo, mas «umas vezes, comporta-se como sujeito passivo imediato – quando a actividade enganosa se dirige à sua vontade – e, então, será o único sujeito

(14)

passivo do dolo, outras vezes, como sujeito passivo mediato – quando tal actividade visa directamente o adversário, e só através dele, o juiz»[46].

De harmonia com os ensinamentos de Paulo Cunha a má-fé bilateral pressupõe o acordo entre os litigantes, tendente a ludibriar o juiz e a submeter à sua apreciação um litígio meramente ficcionado, com vista à prática de ato simulado ou à obtenção de resultado contrário à lei. Na má-fé bilateral ou colusão assistimos a um daqueles casos a que supra atribuímos a designação de «abuso macroscópico», uma vez que se assiste a uma funcionalização do processo, globalmente considerado, a um fim diverso daquele a que se encontra destinado[47] [48].

É indiscutível que, face aos dados objectivos carreados para o processo, na sua aparência e resultado final, estamos perante um comportamento

processual malicioso. Todavia, o recurso ao argumento da má-fé bilateral não seria um fundamento atenuador da responsabilidade no caso de má-fé, mas sim agravativo da mesma. E, na hipótese, não existia, nem há de momento qualquer motivo para punir a Ré como litigante de má-fé.

*

Na nossa perspectiva, a questão nuclear é outra e corresponde a saber se o legal representante da sociedade Autora pode ser pessoalmente

responsabilizado pelo pagamento da multa fixada pelo Tribunal e esta questão teórica pode até assumir um efeito prejudicial ao do conhecimento do erro sobre a matéria de facto, invertendo-se assim a ordem lógica do respectivo conhecimento.

Baptista Machado define, deste modo, a operação de interpretação da lei: «a disposição legal apresenta-se ao jurista como um enunciado linguístico, como um conjunto de palavras que constituem o texto. Interpretar consiste

evidentemente em retirar desse texto um determinado sentido ou conteúdo de pensamento»[49], adiantando ainda que há quatro elementos de interpretação ou factores hermenêuticos, assim sintetizados: a) elemento gramatical e b) elemento lógico. Este último, por seu turno, aparece-nos subdividido em três elementos: racional, sistemático e histórico.

É incontroverso que ocorreu uma alteração legal ao conceito da

responsabilidade do representante na aplicação do instituto da litigância de má-fé, que se traduziu na edição do artigo 544.º[50] do Código de Processo Civil, em substituição da disciplina que era prescrita no artigo 458.º[51] do diploma entretanto revogado, que dispunha igualmente sobre a

responsabilidade das pessoas colectivas e sociedades.

Efectivamente, na legislação do pretérito, existia uma corrente jurisprudencial que defendia que as sociedades comerciais não podiam, elas próprias, ser

(15)

condenadas como litigantes de má fé[52], enquanto outros arestos advogavam que era possível a condenação de entes colectivos e sociedades comerciais nessa dimensão[53], realizando assim interpretação actualista e correctiva da norma habilitadora.

Esta última posição estava sustentada no ensino de Menezes Cordeiro[54], de Pedro de Albuquerque[55] e de Paula Costa e Silva[56]. No entanto, na

actualidade, não sobeja qualquer dúvida sobre a matéria, tanto no plano jurisprudencial[57] [58], como na doutrina.

Neste último campo, é perfeitamente impressiva a posição de José Lebre de Freitas e de Isabel Alexandre, quando assinalam que o actual código

«diversamente do anterior, que por elas responsabilizava o representante, não permite a exoneração da pessoa colectiva (incluindo a sociedade) da

responsabilidade por custas, multa ou indemnização, por motivo do acto do seu representante. Tal explica-se porque, em outros domínios sancionatórios, a má-fé do representante não acarreta a desresponsabilização da pessoa

colectiva, além de que a representação orgânica visa justamente permitir a actuação da pessoa colectiva ou sociedade». Assim sendo, só no caso do incapaz se justifica a exoneração da sua responsabilidade por motivo de acto do representante (porque a actuação do representado é dissociável da

actuação do representante)»[59].

É indiscutível que a pessoa colectiva responde directamente pelos actos ilícitos dos titulares dos seus órgãos e no actual quadro normativo não está prevista para a litigância de má-fé, na modalidade de abuso de direito de acção, a responsabilidade cumulativa ou substitutiva do representante legal, salvo, como é óbvio, nas situações de litisconsórcio, coligação ou, porventura, de ilegalidade de representação onde poderá existir a penalização individual do administrador ou gerente. Por conseguinte, face à alteração da lei

processual, não existe qualquer motivo para justificar a transferência da responsabilidade da sociedade para o representante que aja de má-fé.

Todavia, mesmo que assim se não entendesse – não pelo prazo de validade da certidão junta aos autos, mas pelo respectivo conteúdo –, a matéria integrada no ponto 6[60] dos factos provados está viciada por erro interpretativo. Na verdade, resulta da certidão emitida pela Conservatória do Registo Comercial que o recorrente renunciou à gerência da sociedade em 17/10/2018 e, que nessa sequência, foi nomeada gerente da sociedade (…), em resultado de deliberação tomada em 19/10/2018[61].

Recorde-se que a petição inicial deu entrada em juízo em 31/10/2019, a citação da Ré ocorreu em 15/11/2019 e a sentença tem aposta a data de

(16)

06/05/2020, tal como consta do registo informático no sistema Citius,

enquanto à cessação de funções corresponde a inscrição 6, Ap. …/20200219. A responsabilidade aqui em apreciação teve ainda como fundamento associado a circunstância de o recorrente ser profissional forense[62]. E é indiscutível que, no domínio dos critérios de apreciação e graduação da culpa, a doutrina se tem debruçado sobre a temática do dever de especial diligência exigido a um profissional qualificado na sua actividade[63] ou relativamente ao critério do profissional razoável, tomando como medida da diligência exigível a do profissional medianamente diligente[64].

E, neste parâmetro, inclusivamente, já foi editada jurisprudência que acentua a justificação da condenação como litigante de má-fé do autor, «que era

advogado em causa própria, por falta de fundamento da pretensão,

justificando que se tal falta de fundamento se poderia ter por “aceitável da parte de qualquer comum cidadão, se não pode, nem deve, desculpar em titulares de profissões – como a de advogado – que, no fundo, se enquadram no amplo conceito de operadores judiciários, colaboradores na administração da justiça e que, como tal, não devem ignorar as condições penosas com que os Tribunais tentam levar a cabo a espinhosa missão de julgar»[65].

No entanto, na situação judicanda, o condenado não actuou na qualidade de mandatário da parte e não lhe é assim aplicável a estatuição provisionada no artigo 545º[66] do Código de Processo Civil, não sendo suficiente para a referida finalidade a outorga de uma procuração a favor de sociedade de advogados em que supostamente está integrado.

A aplicação da sanção em discussão exigia que se demonstrasse que o legal representante da sociedade tivesse, na qualidade de advogado, tido

responsabilidade pessoal e directa nos actos que integram a má-fé processual. Aqui não se basta a lei com uma culpa objectiva que possa ser dirigida a todos aqueles que podem exercer o mandato em representação legal da parte, mas apenas àqueles que, no âmbito da relação de mandato, têm intervenção na tramitação, na subscrição de peças processuais directa e na participação em diligências ou noutros actos representativos do interesse e da vontade do representado.

Gabriel Catarino afiança que «toda a decisão judicial deflui ou é gerada numa causa que tem na sua origem uma situação factual a que, conceptualmente, corresponderá uma hipótese suposta numa norma»[67].

Nesta equação, a sentença comporta um silogismo em que a premissa maior é a lei, a premissa menor corresponde aos factos apurados no caso concreto e a conclusão é a decisão. Num silogismo, as premissas são os juízos que

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precedem a conclusão e dos quais ela decorre como consequente necessário. No silogismo judiciário as premissas – ou juízos – são os fundamentos e a conclusão é a decisão propriamente dita, devendo esta inferir-se daqueles como seu corolário lógico.

E aqui essa responsabilidade directa não encontra eco na matéria de facto assente, o que impede a construção do silogismo judiciário que permitiria a aplicação desta regra ao caso concreto. Tudo isto, para além da circunstância, de se ter demonstrado que, à data da entrada da petição inicial, o aludido (…) já não era gerente da “(…) e (…), Lda.”, o que constituiria um facto impeditivo da prevalência do raciocínio formulado na decisão recorrida relativamente à desconsideração da personalidade colectiva.

Assim sendo, julga-se procedente o recurso interposto, revogando-se a decisão recorrida. * V – Sumário: (…) * VI – Decisão:

Nestes termos e pelo exposto, tendo em atenção o quadro legal aplicável e o enquadramento fáctico envolvente, decide-se julgar procedente o recurso interposto, revogando-se a decisão de condenação de (…) como litigante de má-fé, no pagamento da multa correspondente de 10 (dez) UC´s.

Sem tributação, atento o disposto no artigo 527.º do Código de Processo Civil. Notifique.

*

(acto processado e revisto pelo signatário nos termos e ao abrigo do disposto no artigo 138.º, n.º 5, do Código de Processo Civil).

*

Évora, 25/02/2021

José Manuel Costa Galo Tomé de Carvalho Mário Branco Coelho

Isabel Matos Peixoto Imaginário

__________________________________________________

[1] Abrantes Geral, Recursos no Novo Código de Processo Civil, 3ª edição, Almedina, Coimbra 2016, página 130, afirma que «as conclusões serão

complexas quando não cumpram as exigências de sintetização a que se refere o n.º 1 (prolixidade) ou quando, a par das verdadeiras questões que interferem na decisão do caso, surjam outras sem qualquer interesse (inocuidade) ou que

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constituem mera repetição de argumentos anteriormente apresentados». [2] No acórdão do Tribunal Constitucional nº137/97, de 11/03/1997, processo n.º 28/95, in www.tribunalconstitucional.pt, é realçado que «a concisão das conclusões, enquanto valor, não pode deixar de ser compreendida como uma forma de estruturação lógica do procedimento na fase de recurso e não como um entrave burocrático à realização da justiça».

[3] Acórdão do Supremo Tribunal de Justiça de 18/06/2013, in www.dgsi.pt é sublinhado que «o recorrente deve terminar as suas alegações de recurso com conclusões sintéticas (onde indicará os fundamentos por que pede a alteração ou anulação da decisão recorrida)».

[4] As conclusões apresentadas são extensas e assumem uma complexidade não compatível com a questão a decidir, mas relator entendeu que não devia convidar o recorrente a sintetizá-las ao abrigo do disposto no n.º 3 do artigo 639.º do Código de Processo Civil, dado que, infelizmente, a prática judiciária, acaba por ditar que tal apenas teria reflexos importantes no tempo de

resposta do próprio Tribunal da Relação de Évora.

[5] A alteração da redacção do facto resulta da avaliação da certidão do registo comercial junta em 23/06/2020.

[6] António Montalvão Machado e Paulo Pimenta, O Novo Processo Civil, 7.ª ed., Almedina, Coimbra, 2005, pág. 11.

[7] Vaz Serra, Em Abuso do Direito (Em matéria de responsabilidade civil), in Boletim do Ministério da Justiça, n.º 85, Abril, 1959.

[8] Paulo Cunha, Simulação Processual e Anulação do Caso Julgado, Minerva, Lisboa, 1935.

[9] Hernâni Lencastre, Indemnização por má fé, in Scientia Ivridica, 1961, 474-476.

[10] José Alberto dos Reis, Comentário ao Código de Processo Civil, Vol. III, Coimbra Editora, Coimbra, 1946.

[11] José Alberto dos Reis, Código de Processo Civil Anotado, Volumes II e V, 3ª edição, reimpressão, Coimbra Editora, Coimbra, 2012.

[12] João de Castro Mendes, O Direito de Acção Judicial: Estudo de Processo Civil, in «Revista da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa»,

Suplemento, 1957.

[13] António Menezes Cordeiro, Da Boa Fé no Direito Civil, 4ª reimpressão, Almedina, Coimbra, 2011.

[14] Litigância de Má-Fé, Abuso do Direito de Acção e Culpa “In Agendo”, 3.ª edição, aumentada e atualizada, à luz do Código de Processo Civil de 2013, Almedina, 2014.

[15] Miguel Teixeira de Sousa, Introdução ao Processo Civil, 2ª edição, Lex, Lisboa, 2000.

(19)

[16] José Lebre de Freitas, Introdução ao Processo Civil – Conceito e

Princípios Gerais à Luz do Novo Código, 3.ª edição, Coimbra Editora, Coimbra, 2013.

[17] José Lebre de Freitas e Isabel Alexandre, Código de Processo Civil Anotado, vol. II, 3.ª edição, Almedina, Coimbra, 2017.

[18] Paula Costa e Silva, A Litigância de Má Fé, Coimbra Editora, Coimbra, 2008.

[19] Paula Costa e Silva, O abuso do direito de acção e o artigo 22.º do CIRE, in «Direito e Justiça», Vol. III, 2011.

[20] Fernando Augusto Cunha de Sá, Abuso do Direito, 2.ª reimpressão, Almedina, Coimbra, 2005.

[21] António Santos Abrantes Geraldes, Temas Judiciários, Vol. I, Almedina, Coimbra, 1998.

[22] Pedro de Albuquerque, in Responsabilidade Processual por Litigância de Má Fé, Abuso de Direito e Responsabilidade Civil em virtude de Actos

praticados no Processo, na Revista da Ordem dos Advogados, Ano 2006, Ano 66, Vol. II, Set. 2006.

[23] Maria Olinda Garcia, A Responsabilidade do Exequente e de Outros Intervenientes Processuais – Breves Considerações, Coimbra Editora, Coimbra, 2004.

[24] Augusto da Penha Gonçalves, O Abuso do Direito, in Revista ad Ordem dos Advogados, Vol. II, 1981.

[25] Fernando Luso Soares, A Responsabilidade Processual Civil, Almedina, Coimbra, 1987.

[26] António Júlio Cunha, A Propósito da Responsabilidade Processual, in «Estudos jurídicos em homenagem ao Prof. Doutor António Motta Veiga», Almedina, Coimbra, 2007.

[27] Fernando Pereira Rodrigues, O Novo Processo Civil – Os Princípios Estruturantes, Almedina, Coimbra, 2013.

[28] Cecília da Silva de Sousa Ribeiro, Do dolo em geral e do dolo instrumental em especial no Processo Civil, in Revista da Ordem dos Advogados, n.º 3 e 4, 1949.

[29] Marta Alexandra Frias Borges, Algumas Reflexões em Matéria de Litigância de Má-Fé, Coimbra, 2014.

[30] Fredie Didier Júnior, Fundamentos do Princípio da Cooperação no Direito Processual Civil Português, Coimbra Editora, 2010.

[31] Traité Élémentaire de Droit Civil, 3.ª edição, 1903.

[32] Francesco Carnelutti, Contro il processo fraudolento, in RDPC., Parte II, 1926.

(20)

[34] Michele Taruffo, Elementos para una definición de «Abuso del Processo», in «Páginas sobre Justicia Civil», Marcial Pons, 2009.

[35] Michele Taruffo, Abuso dos direitos processuais: padrões comparativos de lealdade processual (relatório geral), in «Revista de Processo», n.º 177, Ano 34, novembro, 2009.

[36] Michele Taruffo, L’abuso del processo: profili generali, in RTDPC, n.º 1, 2012.

[37] Traité Élémentaire de Droit Civil, 3.ª Edição, 1903, pág. 284.

[38] Direitos Reais, Reprint, Lex Edições Jurídicas, Lisboa 1993, pág. 414). [39] “Código de Processo Civil Anotado”, volume II, 3.ª edição, págs. 260 e 261.

[40] Manuel de Andrade, Noções Elementares de Processo Civil, Coimbra Editora, Coimbra, 1976, págs. 79-83.

[41] Anselmo de Castro, Direito Processual Civil Declaratório, vol. II, Almedina, Coimbra, 1982, pág. 251-255.

[42] Castro Mendes, Processo Civil, vol. II, AAFDL, 1987, págs. 160-161

[43] António Santos Abrantes Geraldes, Recursos no Novo Código de Processo Civil, 3.ª edição, Almedina, Coimbra, 2016, págs. 71-78.

[44] Artigo 631.º (Quem pode recorrer):

1 - Sem prejuízo do disposto nos números seguintes, os recursos só podem ser interpostos por quem, sendo parte principal na causa, tenha ficado vencido. 2 - As pessoas direta e efetivamente prejudicadas pela decisão podem recorrer dela, ainda que não sejam partes na causa ou sejam apenas partes acessórias. 3 - O recurso previsto na alínea g) do artigo 696.º pode ser interposto por qualquer terceiro que tenha sido prejudicado com a sentença, considerando-se como terceiro o incapaz que interveio no processo como parte, mas por

intermédio de representante legal.

[45] Marta Alexandra Frias Borges, Algumas Reflexões em Matéria de Litigância de Má-Fé, Coimbra, 2014, pág. 77.

[46] Cecília da Silva de Sousa Ribeiro, Do dolo em geral e do dolo instrumental em especial no Processo Civil, in Revista da Ordem dos Advogados, n.º 3 e 4, 1949, págs. 83-113.

[47] Paulo Cunha, Simulação Processual e Anulação do Caso Julgado, Minerva, 1935, pág. 191.

[48] No mesmo sentido, pode ser consultado José Alberto dos Reis, Código de Processo Civil Anotado, vol. V, 3ª edição, reimpressão, Coimbra Editora,

Coimbra, 2012, págs. 100-101.

[49] João Baptista Machado, Introdução ao Direito e ao Discurso Legitimador, Almedina, Coimbra, 2004, pág. 175.

(21)

Quando a parte for um incapaz, a responsabilidade das custas, da multa e da indemnização recai sobre o seu representante que esteja de má-fé na causa. [51] O artigo 458.º do Código Civil, na anterior redação, regulava a

responsabilidade do representante de incapazes, pessoas colectivas ou sociedades nos seguintes termos:

Quando a parte for um incapaz, uma pessoa colectiva ou uma sociedade, a responsabilidade das custas, da multa e da indemnização recai sobre o seu representante que esteja de má fé na causa.

[52] Acórdãos do Supremo Tribunal de Justiça de 16/05/2000, in Colectânea de Jurisprudência (STJ) VIII-2-64, de 13/05/2004, de 11/10/2007, do Tribunal da Relação de Lisboa de 17/03/2009, de 06/10/2010, de 12/10/2010, do

Tribunal da Relação de Coimbra de 10/11/2009 e do Tribunal da Relação do Porto de 17/01/2006, todos disponibilizados em www.dgsi.pt.

[53] Acórdãos do Supremo Tribunal de Justiça de 13/05/1997, 25/09/2003, 25/03/2004, 01/07/2004, 30/09/2004, 09/12/2004 e 23/02/2005 e do Tribunal da Relação de Lisboa de 05/12/2012, todos consultáveis em www.dgsi.pt, que consideravam que, tratando-se de pessoa colectiva, a conduta processual que conta é a do representante, assenta num manifesto erro de apreciação.

[54] António Menezes Cordeiro, Tratado de Direito Civil, Parte Geral – Pessoas, vol. IV, 4ª edição (revista e actualizada), Almedina, Coimbra, 2017, pág. 687, assume que «a culpa – um juízo de censura – é-lhe directamente imputada. Tudo isto aplica-se naturalmente à má fé. Os gerentes e

administradores são órgãos das pessoas colectivas. Logo, os actos por eles praticados nessa sua qualidade são actos do ente colectivo, por sua vez pessoa jurídica. Donde, ela pode integrar de modo directo a expressão “tendo litigado de má fé: ela será condenada em multa e numa indemnização à parte

contrária, se esta pedir”».

[55] Pedro de Albuquerque, Pedro de Albuquerque, in Responsabilidade

Processual por Litigância de Má Fé, Abuso de Direito e Responsabilidade Civil em virtude de Actos praticados no Processo, na Revista da Ordem dos

Advogados, Ano 2006, Ano 66, Vol. II, Set. 2006, sublinhava que «a

responsabilização do representante pressupunha a demonstração de que houve má fé directa e pessoal deste. O artigo 458.º do Código de Processo Civil é menos explícito. Mas nem por isso é, a nosso ver, outra a doutrina que daí resulta. Só haverá condenação do representante se a má fé for deste. (…) Trata-se, portanto, de uma norma com natureza preventiva destinada a

condicionar o representante que esteja de má fé na causa. Mas este, insista-se, só será responsabilizado se tiver actuado com culpa pessoal e na medida dessa culpa. E naturalmente a má fé do representante é diversa daquela da pessoa colectiva ou do incapaz. Por isso, se a má fé for do próprio ente

(22)

colectivo e não do representante será aquele o responsável. E o mesmo valerá em princípio para o incapaz na medida da sua imputabilidade. Mais, se se demonstrar a existência de má fé, e se não se provar ser ela do representante, a responsabilidade deve ser imputada à parte, por ser ela o sujeito da relação jurídica processual».

[56] Paula Costa e Silva, A Litigância de Má Fé, Coimbra Editora, Coimbra, 2008, págs. 593-596.

[57] No acórdão do Supremo Tribunal de Justiça de 21/11/2019, disponível em www.dgsi.pt, que se refere implicitamente à questão, alerta que «a aplicação do regime da condenação por litigância de má-fé anterior à reforma do CPC (introduzida pela Lei n.º 41/2013, de 26/06), de acordo com o qual, quando a parte for uma pessoa colectiva, a responsabilidade pelas custas, multa e indemnização inerentes à condenação recai sobre o representante legal da mesma».

[58] No acórdão do Tribunal de Guimarães de 15/10/2015, publicitado em www.dgsi.pt, expressamente dita que «neste novo Código de Processo Civil – artigo 544.º – relativamente à litigância de má fé, deixou de estar prevista a responsabilização do legal representante da sociedade, em vez desta, que passou a ser responsabilizada nos termos da regra geral do artigo 542.º». [59] José Lebre de Freitas e Isabel Alexandre, Código de Processo Civil Anotado, vol. II, 3ª edição. Almedina, Coimbra, 2017, pág. 464.

[60] (6) A sociedade “(…) e (…), Lda.” tem como gerentes (…) e (…), dispondo o primeiro de poderes de representação, por si só, da dita sociedade.

[61] A referida alteração será realizada directamente no texto dos factos provados e introduzida a negrito, a fim de viabilizar um melhor visionamento da operação de reavaliação da prova.

[62] A este propósito, ficou consignado no acto recorrido que «como é público (bastando uma consulta num qualquer motor de pesquisa de internet), o

mesmo tem formação jurídica, tratando-se de um ilustre advogado, com escritório na Rua (…), 23, 2.º Andar, em Lisboa, integrando a sociedade de advogados a quem outorgou a procuração forense em nome e representação da Autora».

[63] Luís Manuel Teles de Menezes Leitão, Direito das Obrigações, vol. I, 5ª edição, Almedina, Coimbra, 2006, pág. 318

[64] Calvão da Silva, Responsabilidade civil dos administradores não

executivos, da Comissão de Auditoria e do Conselho Geral e de Supervisão, in «Revista O Direito», Vol. III, 2007, pág. 588.

[65] Acórdão do Supremo Tribunal de Justiça de 30/04/2003, disponibilizado pela plataforma electrónica www.dgsi.pt.

(23)

Quando se reconheça que o mandatário da parte teve responsabilidade pessoal e directa nos actos pelos quais se revelou a má fé na causa, dar-se-á conhecimento do facto à Ordem dos Advogados ou à Câmara dos

Solicitadores, para que estas possam aplicar as sanções respectivas e

condenar o mandatário na quota-parte das custas, multa e indemnização que lhes parecer justa.

[67] Gabriel Catarino, Decisões Judiciais/Sentença. Aspectos da sua formação, A Reforma do Processo Civil, Revista do Ministério Público, Cadernos II, 2012, pág. 104.

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