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Métodos de Previsão de Sinistros

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Academic year: 2021

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Ana Cl´

audia da Rosa Pinto

etodos de Previs˜

ao de Sinistros

Departamento de Matem´

atica

Faculdade de Ciˆ

encias da Universidade do Porto

setembro de 2013

(2)

Ana Cl´

audia da Rosa Pinto

etodos de Previs˜

ao de Sinistros

Tese submetida `a Faculdade de Ciˆencias da Universidade do Porto para obten¸c˜ao do grau de Mestre

em Engenharia Matem´atica

Orientador: Prof.a Margarida Brito

Coorientadores: Prof.a Maria do Carmo Guedes Dr. Lu´ıs M. Maranh˜ao

Departamento de Matem´atica

Faculdade de Ciˆencias da Universidade do Porto setembro de 2013

(3)

Agradecimentos

A realiza¸c˜ao deste estudo s´o foi poss´ıvel devido ao apoio e incentivo de v´arias pessoas `as quais gostaria de agradecer particularmente, passando a destacar:

Ao Dr. Lu´ıs Maranh˜ao por ter tornado poss´ıvel a realiza¸c˜ao deste est´agio, pela disponibi-lidade imediata para qualquer tipo de esclarecimento e pela experiˆencia que me permitiu adquirir.

`

A Prof.a Margarida Brito pela orienta¸c˜ao prestada ao longo do ´ultimo ano, pelas corre¸c˜oes deste trabalho, pelo apoio que sempre me concedeu e por tudo o que me ensinou.

`

A Prof.a Maria do Carmo Guedes por ter tornado poss´ıvel a realiza¸c˜ao deste est´agio e pelas corre¸c˜oes deste trabalho.

`

A minha fam´ılia e amigos pelo apoio e por toda a paciˆencia demonstrada durante a realiza¸c˜ao deste trabalho. Um agradecimento especial aos meus pais pelos sacrif´ıcios que tiveram de suportar ao longo desta caminhada, pela ternura inestim´avel, pelas palavras de apre¸co que sempre prestaram e pelo constante incentivo.

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(5)

Resumo

No setor segurador, as reservas representam grande parte do passivo das Seguradoras do Ramo N˜ao Vida, sendo de extrema importˆancia efetuar uma previs˜ao das mesmas.

Deste modo, este trabalho tem dois objetivos principais, o primeiro prende-se com o c´alculo do capital (reserva) necess´ario que a seguradora dever´a guardar para regularizar todos os sinistros ocorridos no per´ıodo de 1996 a 2012 para o seguro habita¸c˜ao e autom´ovel e o segundo ´e relativo ao estudo da volatilidade a um ano.

Para cumprir o primeiro objetivo, s˜ao estudados diversos m´etodos, tanto determin´ısticos como estoc´asticos. Dos modelos determin´ısticos, destaca-se o modelo Chain Ladder que devido `a sua simplicidade, ´e dos mais utilizados. No entanto, devido `as necessidades das Se-guradoras, a aplica¸c˜ao dos modelos estoc´asticos tem vindo a aumentar, sendo que a principal vantagem ´e que, para al´em do c´alculo da melhor estimativa, permitem ao atu´ario possuir mais informa¸c˜ao acerca das reservas, quer sob a forma do erro associado `a sua previs˜ao, quer atrav´es da sua distribui¸c˜ao emp´ırica. Como tal, neste trabalho s˜ao estudados os modelos Mack, Sobredispers˜ao de Poisson, bem como a t´ecnica de reamostragem Bootstrap associada a estes m´etodos estoc´asticos. S˜ao tamb´em estudados m´etodos que tˆem em considera¸c˜ao a dependˆencia entre os triˆangulos constiu´ıdos pelos pagamentos e pelas cargas, como o Munich Chain Ladder e a t´ecnica Bootstrap conjugada com este m´etodo. Verificou-se que todas estas metodologias apresentam estimativas para os montantes finais por ano de acidente muito pr´oximas, mesmo nos ´ultimos anos de acidente, onde costuma existir mais divergˆencias. Al´em disso, verificou-se que tanto as cargas como os pagamentos convergem para o montante final estimado e que os anos mais recentes contribuem para um maior valor da reserva. Sob o ponto de vista da regula¸c˜ao do setor segurador, o projeto Solvˆencia II ´e o projeto estruturante de maior importˆancia atualmente em curso, sendo por isso um dos temas mais debatidos nesta ´area. Este projeto surge associado `a necessidade de proteger os segurados, pelo que estabelece um capital que esteja mais adequado aos riscos a que uma Seguradora se encontra exposta.

Deste modo, sob a nova regulamenta¸c˜ao do sistema Solvˆencia II, as seguradoras ter˜ao de se concentrar numa vis˜ao a curto prazo, sendo bastante importante o estudo da volatilidade a um ano. Assim, para cumprir com o segundo objetivo ´e estudada uma metodologia que tem como base esta vis˜ao. Verificou-se que a incerteza associada ao pr´oximo ano de contabilidade representa grande parte da incerteza total para os dois tipos de seguros. Comparando a incerteza associada ao ano de contabilidade [2011,2012] com a estimativa da reserva total, verificou-se que essa margem de risco ´e menor para o seguro autom´ovel.

Palavras-chave: BOOTSTRAP, CHAIN LADDER, DISTRIBUIC¸ ˜AO EMP´IRICA,

MO-DELO DE MACK, MUNICH CHAIN LADDER, RESERVAS, SOBREDISPERS ˜AO DE

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Abstract

In the insurance sector, the claims reserve represent a large part of the liabilities of the Non-Life Insurers, being extremely important to make an estimate of the same.

Thus, this work has two main objectives, the first is related to the calculation of the required capital (reserves) that the insurer should keep for settling all claims incurred in the period from 1996 to 2012 for home and auto insurance and the second is relative to the study of one year volatility.

To meet the first objective, are studied different methods, both deterministic and stochastic. Among the deterministic models, stands out the Chain Ladder model that due to its simplicity, is the most used. However, due to the needs of insurance companies, the application of stochastic models has increased, and the main advantage is that, in addition to calculating the best estimate, they provide more information about the reserve, either in the form of error associated with its forecast, or through its empirical distribution. In this work are studied the models of Mack, Overdispersed Poisson, as well as the Bootstrap technique associated with these stochastic methods. We also study methods that take into account the dependency between the paid and incurred data, like the Munich Chain Ladder and bootstrap technique associated with this method. It was found that all these methods have estimates for the ultimate claims amount of each accident year very close, even in recent accident years, where there is usually more differences. Furthermore, it was found that paid and incurred claims stabilize to the estimated ultimate claims amount and the most recent years contribute to an increased amount of the reserve.

From the point of view of regulation of the insurance industry, the Solvency II project is the most important structuring project currently underway, and is therefore one of the most debated issues in this area. This project comes with the need to protect policyholders by establishing a capital that is more appropriate to the risk an insurer is exposed.

Under the new regulation of the system Solvency II, insurers will have to focus on a short-term view and is very important to study the one year volatility. Thus, to meet the second objective we study a methodology that is based on this vision. It was found that the uncertainty in the next accounting year contributes substantially to the total uncertainty for the two types of insurance. Comparing the uncertainty associated with the accounting year [2011,2012] with the estimated total reserve, it was found that the risk margin is inferior for auto insurance.

Keywords: BOOTSTRAP, CHAIN LADDER, CLAIMS RESERVE, EMPIRICAL DIS-TRIBUTION, MACK’S MODEL, MUNICH CHAIN LADDER, ONE YEAR VOLATI-LITY, OVERDISPERSED POISSON, SOLVENCY II.

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(9)

Conte´

udo

Agradecimentos iii

Resumo v

Abstract vii

´Indice de Tabelas xiv

´Indice de Figuras xvi

1 Introdu¸c˜ao 1

1.1 Objetivos . . . 2

1.2 Estrutura . . . 3

2 Contextualiza¸c˜ao 5 2.1 Atividade Seguradora . . . 5

2.1.1 Atividade Seguradora em Portugal . . . 6

2.2 Sistema de Solvˆencia . . . 9

2.2.1 Solvˆencia I . . . 10

2.2.2 Principais Diferen¸cas entre o sistema Solvˆencia I e Solvˆencia II . . . . 10

2.2.3 Solvˆencia II - Objetivos e Estrutura . . . 11

2.3 Sinistros . . . 12

2.3.1 Evolu¸c˜ao do processo do sinistro . . . 12

2.3.2 Provis˜ao para sinistros . . . 14

3 M´etodos de Previs˜ao de Reservas 15 3.1 Nota¸c˜ao e tipo de dados . . . 15

3.1.1 Exemplo . . . 17

3.2 Efeito cauda . . . 18

3.3 Modelos determin´ısticos e modelos estoc´asticos . . . 19

3.4 M´etodos Determin´ısticos . . . 20

3.4.1 Chain Ladder . . . 21

3.4.1.1 Exemplo . . . 22

3.4.2 Grossing Up . . . 24

3.4.3 Link Ratio . . . 27

3.5 M´etodos Estoc´asticos . . . 29

(10)

3.5.2 Modelos no contexto dos Modelos Lineares Generalizados . . . 33

3.5.2.1 Modelo de sobredispers˜ao de Poisson . . . 34

3.5.2.2 Erro de previs˜ao . . . 36

3.5.3 Bootstrap . . . 37

3.5.3.1 Modelo de sobredispers˜ao de Poisson . . . 38

3.5.3.2 Modelo de Mack . . . 42

3.6 M´etodos que relacionam o triˆangulo dos pagamentos com o triˆangulo das cargas 47 3.6.1 Munich Chain Ladder . . . 48

3.6.1.1 Nota¸c˜ao e Pressupostos . . . 48

3.6.1.2 Estimativas n˜ao enviesadas dos parˆametros . . . 49

3.6.2 Bootstrap - Munich Chain Ladder . . . 51

3.6.2.1 Res´ıduos . . . 53

3.6.2.2 Procedimento da T´ecnica Bootstrap . . . 54

4 An´alise da volatilidade a um ano 59 4.1 Introdu¸c˜ao . . . 60

4.2 Metodologia . . . 61

4.2.1 Nota¸c˜ao . . . 61

4.2.2 Modelo de Mack . . . 62

4.2.3 Erro Quadr´atico M´edio Condicional de Previs˜ao . . . 64

4.2.4 Desenvolvimento do Montante de Indemniza¸c˜oes Final . . . 64

4.2.5 Erro Quadr´atico M´edio de Previs˜ao do CDR . . . 66

5 Componente Pr´atica 71 5.1 Apresenta¸c˜ao e an´alise dos dados . . . 71

5.1.1 Seguro Habita¸c˜ao . . . 71

5.1.2 Seguro Autom´ovel . . . 77

5.2 Estima¸c˜ao da reserva . . . 83

5.2.1 M´etodo Chain Ladder . . . 84

5.2.2 M´etodo Grossing Up . . . 86

5.2.3 M´etodo Link Ratio . . . 88

5.2.4 Modelo de Mack . . . 92

5.2.5 Modelo de sobredispers˜ao de Poisson . . . 94

5.2.6 M´etodo Bootstrap - Mack . . . 100

5.2.7 M´etodo Bootstrap - Sobredispers˜ao de Poisson . . . 103

5.2.8 M´etodo Munich Chain Ladder . . . 106

5.2.9 M´etodo Bootstrap - Munich Chain Ladder . . . 109

5.2.10 Escolha da Melhor Estimativa . . . 112

5.3 An´alise da volatilidade a um ano . . . 117

5.3.1 Seguro Habita¸c˜ao . . . 117

5.3.2 Seguro Autom´ovel . . . 120

6 Considera¸c˜oes Finais 123

(11)

Anexos i

A Bornhuetter-Fergunson iii

B Desenvolvimento dos pagamentos e das cargas vii

C M´etodo Mack xiii

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(13)

Lista de Tabelas

3.1 Representa¸c˜ao dos pagamentos incrementais num triˆangulo runoff . . . 16 3.2 Triˆangulo runoff constitu´ıdo por pagamentos acumulados de indemniza¸c˜oes

desde 2008 at´e 2012 . . . 18 3.3 Triˆangulo runoff tendo em considera¸c˜ao o fator cauda . . . 19 3.4 Triˆangulo runoff constitu´ıdo por pagamentos acumulados de indemniza¸c˜oes . 22 3.5 Triˆangulo runoff completo - previs˜ao dos montantes acumulados de

indem-niza¸c˜oes por liquidar . . . 23 3.6 C´alculo da reserva . . . 23 4.1 Declara¸c˜ao de rendas de uma companhia fict´ıcia (fonte: (Merz and W¨uthrich,

2008)) . . . 60 4.2 Triˆangulo runoff no tempo t = I . . . 62 4.3 Triˆangulo runoff no tempo t = I + 1 . . . 62 5.1 Triˆangulo run-off constitu´ıdo pelos pagamentos acumulados - seguro Habita¸c˜ao 72 5.2 Triˆangulo run-off constitu´ıdo pelas cargas acumuladas - seguro Habita¸c˜ao . . 73 5.3 Triˆangulo run-off constitu´ıdo pelos pagamentos acumulados - seguro Autom´ovel 78 5.4 Triˆangulo run-off constitu´ıdo pelas cargas acumuladas - seguro Autom´ovel . 79 5.5 Estimativas dos fatores de desenvolvimento ˆfj . . . 85

5.6 Estimativas dos montantes de indemniza¸c˜oes totais Ci,n para cada ano de

acidente i - m´etodo Chain Ladder . . . 85 5.7 Estimativas dos fatores Grossing Up ˆγj para cada ano de desenvolvimento j

- M´etodo Ar´abico: M´edia . . . 86 5.8 Estimativas dos pagamentos finais Ci,n para cada ano de acidente i - M´etodo

Grossing Up: M´edia . . . 87 5.9 Estimativas dos fatores Grossing Up ˆγj para cada ano de desenvolvimento j

- M´etodo Ar´abico: Pior Caso . . . 87 5.10 Estimativas dos pagamentos finais Ci,n para cada ano de acidente i - M´etodo

Grossing Up: Pior Caso . . . 88 5.11 Estimativas das taxas de liga¸c˜ao finais ˆrj para cada ano de desenvolvimento

j - M´etodo Link Ratio: Pior Caso . . . 89 5.12 Estimativas dos pagamentos finais Ci,n para cada ano de acidente i - M´etodo

Link Ratio: Pior Caso . . . 89 5.13 Estimativas das taxas de liga¸c˜ao finais ˆrj para cada ano de desenvolvimento

j - M´etodo Link Ratio: M´edia . . . 90 5.14 Estimativas dos pagamentos finais Ci,n para cada ano de acidente i - M´etodo

(14)

5.15 Estimativas das taxas de liga¸c˜ao finais ˆrj para cada ano de desenvolvimento

j - M´etodo Link Ratio: M´edia Ponderada . . . 91

5.16 Estimativas dos pagamentos finais Ci,n para cada ano de acidente i - M´etodo Link Ratio: M´edia Ponderada . . . 92

5.17 Reservas, erro de previs˜ao e o mesmo em percentagem para os pagamentos -m´etodo Mack . . . 93

5.18 Triˆangulo run-off constitu´ıdo pelos pagamentos incrementais - seguro Habita¸c˜ao 95 5.19 Triˆangulo run-off constitu´ıdo pelos pagamentos incrementais - seguro Au-tom´ovel . . . 96

5.20 Montantes de indemniza¸c˜oes totais, reservas, erros de previs˜ao e os mesmos em percentagem (seguro habita¸c˜ao) - Modelo de Sobredispers˜ao de Poisson . 99 5.21 Montantes de indemniza¸c˜oes totais, reservas, erros de previs˜ao e os mesmos em percentagem (seguro autom´ovel) - Modelo de Sobredispers˜ao de Poisson . 99 5.22 Estimativas dos pagamentos finais - Bootstrap Mack . . . 100

5.23 Resultados obtidos - Bootstrap Mack . . . 102

5.24 Medida de risco VaR - Bootstrap Mack . . . 103

5.25 Resultados obtidos (seguro habita¸c˜ao) - Bootstrap Sobredispers˜ao de Poisson 105 5.26 Resultados obtidos (seguro autom´ovel) - Bootstrap Sobredispers˜ao de Poisson 105 5.27 Medida de risco VaR - Bootstrap Sobredispers˜ao de Poisson . . . 106

5.28 Resultados obtidos para o seguro habita¸c˜ao - MCL . . . 108

5.29 Resultados obtidos para o seguro autom´ovel - MCL . . . 108

5.30 Resultados obtidos para o seguro habita¸c˜ao - Bootstrap MCL . . . 109

5.31 Resultados obtidos para o seguro autom´ovel - Bootstrap MCL . . . 110

5.32 Medida de risco VaR - Bootstrap MCL . . . 112

5.33 Estimativas dos montantes finais obtidos pelos v´arios m´etodos para o triˆangulo dos pagamentos do seguro habita¸c˜ao . . . 112

5.34 Estimativas dos montantes finais obtidos pelos v´arios m´etodos para o triˆangulo dos pagamentos do seguro autom´ovel . . . 113

5.35 Estimativas dos montantes finais obtidos pelos v´arios m´etodos para o triˆangulo das cargas do seguro habita¸c˜ao . . . 113

5.36 Estimativas dos montantes finais obtidos pelos v´arios m´etodos para o triˆangulo das cargas do seguro autom´ovel . . . 114

5.37 Intervalo formado pelas estimativas dos montantes finais obtidas pelos v´arios m´etodos para os anos de acidente 2010, 2011 e 2012 . . . 115

5.38 Triˆangulo run-off constitu´ıdo pelos pagamentos acumulados - seguro habita¸c˜ao117 5.39 CDR estimado no tempo t = I + 1 - seguro habita¸c˜ao . . . 118

5.40 Volatilidades das estimativas - seguro habita¸c˜ao . . . 119

5.41 Triˆangulo run-off constitu´ıdo pelos pagamentos acumulados - seguro autom´ovel120 5.42 CDR estimado no tempo t = I + 1 - seguro autom´ovel . . . 121

(15)

Lista de Figuras

2.1 Evolu¸c˜ao do Setor Segurador Portuguˆes entre 2009 e 2011 (Fonte: (Associa¸c˜ao Portuguesa de Seguradores, 2012a)) . . . 7 2.2 Setor Segurador na Uni˜ao Europeia entre 2010 e 2011 (Fonte: (Associa¸c˜ao

Portuguesa de Seguradores, 2012b))) . . . 8 2.3 Evolu¸c˜ao temporal do processo do sinistro . . . 13 5.1 Desenvolvimento dos pagamentos acumulados (`a esquerda) e das cargas

acu-muladas (`a direita) relativos ao Seguro Habita¸c˜ao (ano 0: 1996, ..., ano 9: 2005, ano a: 2006, ..., ano e: 2012) . . . 74 5.2 Desenvolvimento dos pagamentos acumulados e das cargas acumuladas

rela-tivos a sinistros ocorridos nos anos de acidente 2002 (`a esquerda) e 2005 (`a direita) no Seguro Habita¸c˜ao . . . 76 5.3 Desenvolvimento dos pagamentos acumulados e das cargas acumuladas

rela-tivos a sinistros ocorridos nos anos de acidente 2002 e 2006 no Seguro Habita¸c˜ao 77 5.4 Desenvolvimento dos pagamentos acumulados (`a esquerda) e das cargas

acu-muladas (`a direita) relativos ao Seguro Autom´ovel (ano 0: 1996, ..., ano 9: 2005, ano a: 2006, ..., ano e: 2012) . . . 80 5.5 Desenvolvimento dos pagamentos acumulados e das cargas acumuladas

rela-tivos a sinistros ocorridos nos anos de acidente 2002 (`a esquerda) e 2005 (`a direita) no Seguro Autom´ovel . . . 81 5.6 Desenvolvimento dos pagamentos acumulados e das cargas acumuladas

relati-vos a sinistros ocorridos nos anos de acidente 2002 e 2006 no Seguro Autom´ovel 83 5.7 An´alise dos pagamentos finais por ano de acidente para os pagamentos do

seguro habita¸c˜ao (`a esquerda) e do seguro autom´ovel (`a direita) - Mack (pacote ChainLadder do R) . . . 94 5.8 Desenvolvimento dos pagamentos por ano de acidente e erro de previs˜ao

respetivo para os pagamentos do seguro habita¸c˜ao (`a esquerda) e do seguro autom´ovel (`a direita) - Mack (pacote ChainLadder do R) . . . 94 5.9 An´alise dos res´ıduos ajustados dos pagamentos do seguro habita¸c˜ao - Modelo

de Sobredispers˜ao de Poisson . . . 97 5.10 Representa¸c˜ao gr´afica das reservas totais obtidas pelo m´etodo Bootstrap

Mack: Histograma (`a esquerda) e fun¸c˜ao de distribui¸c˜ao emp´ırica (`a direita) - seguro habita¸c˜ao . . . 101 5.11 Representa¸c˜ao gr´afica das reservas totais obtidas pelo m´etodo Bootstrap

Mack: Histograma (`a esquerda) e fun¸c˜ao de distribui¸c˜ao emp´ırica (`a direita) - seguro autom´ovel . . . 101

(16)

5.12 Representa¸c˜ao gr´afica das reservas totais obtidas pelo m´etodo Bootstrap: Histograma (`a esquerda) e fun¸c˜ao de distribui¸c˜ao emp´ırica (`a direita) - seguro habita¸c˜ao . . . 104 5.13 Representa¸c˜ao gr´afica das reservas totais obtidas pelo m´etodo Bootstrap:

Histograma (`a esquerda) e fun¸c˜ao de distribui¸c˜ao emp´ırica (`a direita) - seguro autom´ovel . . . 104 5.14 Boxplot para cada ano de acidente dos pagamentos finais simulados para o

seguro habita¸c˜ao (`a esquerda) e seguro autom´ovel (`a direita) (pacote Chain-Ladder do R) . . . 106 5.15 An´alise gr´afica dos res´ıduos para os pagamentos (`a esquerda) e para as cargas

(`a direita) do seguro habita¸c˜ao - MCL (pacote ChainLadder do R) . . . 107 5.16 An´alise gr´afica dos res´ıduos para os pagamentos (`a esquerda) e para as cargas

(`a direita) do seguro autom´ovel - MCL (pacote ChainLadder do R) . . . 107 5.17 Compara¸c˜ao dos resultados obtidos pelo modelo de Mack e pelo m´etodo MCL

para o seguro habita¸c˜ao (`a esquerda) e para o seguro autom´ovel (`a direita) (pacote ChainLadder do R) . . . 109 5.18 Representa¸c˜ao gr´afica das reservas totais obtidas pelo m´etodo Bootstrap para

os pagamentos (em cima) e cargas (em baixo) - seguro habita¸c˜ao . . . 111 5.19 Representa¸c˜ao gr´afica das reservas totais obtidas pelo m´etodo Bootstrap para

os pagamentos (em cima) e cargas (em baixo) - seguro autom´ovel . . . 111 5.20 Desenvolvimento dos pagamentos e das cargas no ano de acidente 1997 com

o montante final estimado no seguro habita¸c˜ao (`a esquerda) e no seguro autom´ovel (`a direita) . . . 116 B.1 Desenvolvimento dos pagamentos acumulados e das cargas acumuladas para

os ano de acidente 1996 a 2003 relativos ao Seguro Habita¸c˜ao . . . viii B.2 Desenvolvimento dos pagamentos acumulados e das cargas acumuladas para

os ano de acidente 2004 a 2012 relativos ao Seguro Habita¸c˜ao . . . ix B.3 Desenvolvimento dos pagamentos acumulados e das cargas acumuladas para

os ano de acidente 1996 a 2003 relativos ao Seguro Autom´ovel . . . x B.4 Desenvolvimento dos pagamentos acumulados e das cargas acumuladas para

os ano de acidente 2004 a 2012 relativos ao Seguro Autom´ovel . . . xi C.1 An´alise do ajustamento aos pagamentos do seguro habita¸c˜ao - Mack . . . xiii C.2 An´alise do ajustamento `as cargas do seguro habita¸c˜ao - Mack . . . xiv C.3 An´alise do ajustamento aos pagamentos do seguro autom´ovel - Mack . . . . xiv C.4 An´alise do ajustamento `as cargas do seguro autom´ovel - Mack . . . xv C.5 An´alise dos res´ıduos ajustados para os pagamentos do seguro habita¸c˜ao - Mack xv C.6 An´alise dos res´ıduos ajustados para as cargas do seguro habita¸c˜ao - Mack . . xvi C.7 An´alise dos res´ıduos ajustados para os pagamentos do seguro autom´ovel - Mack xvi C.8 An´alise dos res´ıduos ajustados para as cargas do seguro autom´ovel - Mack . xvii D.1 An´alise dos res´ıduos ajustados dos pagamentos do seguro autom´ovel - Modelo

(17)

Cap´ıtulo 1

Introdu¸

ao

O contrato de seguro ´e um acordo atrav´es do qual o segurador assume a cobertura de determinados riscos, comprometendo-se a liquidar as indemniza¸c˜oes em caso de ocorrˆencia de sinistro, nos termos acordados.

Em contrapartida, a pessoa ou entidade que celebra o seguro (o tomador do seguro) fica obrigada a pagar ao segurador o pr´emio correspondente, ou seja, o custo do seguro.

As principais obriga¸c˜oes de uma companhia de seguros correspondem `a angaria¸c˜ao destes contratos de seguros e `a obriga¸c˜ao de regularizar os pagamentos das indemniza¸c˜oes devido `a ocorrˆencia de sinistros relativos a esses contratos durante o seu per´ıodo de vigˆencia. Como tal, ´e necess´ario garantir a solidez financeira das companhias de seguros para que sejam capazes de honrar os compromissos assumidos perante os segurados e terceiros.

O est´agio realizado na seguradora AXA surge assim desta necessidade. Naturalmente, ´e bastante importante para a AXA garantir, com elevada probabilidade, que o seu capital seja suficiente para liquidar as perdas resultantes de situa¸c˜oes adversas, assegurando as garantias e os direitos dos segurados.

A atividade seguradora ´e dividida em dois grandes ramos: ramo vida e ramo n˜ao vida. Devido `as grandes diferen¸cas entre eles, estes ramos s˜ao usualmente estudados em separado. Nesta tese, ser˜ao abordados os seguros habita¸c˜ao e autom´ovel, do ramo n˜ao vida.

Os mais recentes desenvolvimentos em torno do mercado europeu ´unico, a ocorrˆencia de diversos escˆandalos financeiros e a volatilidade dos mercados financeiros criaram novas exigˆencias regulamentares para os servi¸cos financeiros. O seu principal objetivo ´e o es-tabelecimento de elevados n´ıveis de prote¸c˜ao ao consumidor. No mercado segurador essa prote¸c˜ao ao consumidor foi implementada em duas fases: Solvˆencia I, que entrou em vigor em Janeiro de 2004, e Solvˆencia II, que atualmente se encontra a ser desenvolvido. Dito de uma forma ligeira, o sistema de Solvˆencia I baseia-se apenas em fatores quantitativos, n˜ao sendo sens´ıvel aos v´arios fatores de risco que influenciam a estabilidade das seguradoras. O projeto Solvˆencia II pretende adotar uma abordagem econ´omica mais baseada no risco comparativamente ao projeto Solvˆencia I. Este novo sistema de solvˆencia ´e um projeto de revis˜ao das garantias financeiras para a atividade seguradora.

O Projecto Solvˆencia II surge assim associado `a necessidade de assegurar as garantias e os direitos dos segurados, bem como de determinar o requisito de capital suficiente para fazer

(18)

face aos compromissos assumidos pelas Seguradoras, tendo em conta os diversos riscos a que estas se encontram expostas.

Existem diversos m´etodos, tanto determin´ısticos como estoc´asticos, para prever o valor das reservas que corresponde ao valor total das indemniza¸c˜oes que ter˜ao de ser liquidadas, relativas a sinistros ocorridos no exerc´ıcio e em anos anteriores. Os m´etodos determin´ısticos, devido `a sua simplicidade e efic´acia, s˜ao os mais utilizados pelas seguradoras, apesar da sua antiguidade. No entanto, da aplica¸c˜ao deste tipo de m´etodos resulta apenas uma estimativa pontual para as reservas, sendo esta estimativa muito sens´ıvel a qualquer altera¸c˜ao nos dados. Os m´etodos estoc´asticos surgiram da necessidade de uma medida que traduzisse a variabilidade das estimativas da reserva produzindo maior flexibilidade e rigor na inter-preta¸c˜ao dos resutados. Assim, a grande vantagem destes m´etodos ´e a obten¸c˜ao de erros de previs˜ao que ´e uma medida de variabilidade bastante importante na an´alise estat´ıstica da adequabilidade dos estimadores das reservas.

Algumas destas metodologias ser˜ao abordadas neste trabalho, como ´e o caso dos m´etodos Chain Ladder e Grossing Up, ambos m´etodos determin´ısticos. No caso dos modelos es-toc´asticos, ser˜ao estudados o modelo de Mack, vers˜ao estoc´astica do m´etodo Chain Ladder e o modelo de sobredispers˜ao de Poisson. Nesta vertente estoc´astica, tamb´em ser´a aplicada a t´ecnica de reamostragem Bootstrap em conjunto com estes dois modelos, permitindo obter, al´em do erro de previs˜ao, uma aproxima¸c˜ao da distribui¸c˜ao preditiva das reservas.

De modo a comparar os resultados provenientes da utiliza¸c˜ao destes modelos, onde a cor-rela¸c˜ao entre o triˆangulo dos pagamentos e o das cargas ´e ignorada, com os resultados obtidos usando um modelo especialmente concebido para lidar com esta dependˆencia, ser´a estudado e analisado o modelo MCL (Munich Chain Ladder). Tamb´em ser´a aplicado o procedimento Bootstrap a este m´etodo.

Neste trabalho s˜ao comparados v´arios m´etodos, tendo como objetivo principal a escolha de uma estimativa adequada para a reserva.

A maioria dos m´etodos estoc´asticos existentes na literatura concentram-se numa vis˜ao a longo prazo. Apesar do estudo destes m´etodos apresentar grandes vantagens, a vis˜ao a longo prazo comporta alguns riscos, da´ı ser essencial o estudo a curto prazo (um ano) da incerteza total associada ao c´alculo das reservas.

Deste modo, ser´a abordada uma metodologia proposta por (Merz and W¨uthrich, 2008) que tem como base esta vis˜ao a curto prazo, sendo que esta tem consequˆencias diretas para efeitos de solvˆencia, uma vez que o sistema de Solvˆencia II pretende uma modifica¸c˜ao, por completo, no modo como as seguradoras devem abordar as garantias das perdas, sendo que estas devem ser pensadas a curto prazo.

Todos os m´etodos supra citados foram aplicados atrav´es da implementa¸c˜ao de v´arias rotinas no software R (vers˜ao 2.12.1), algumas delas constru´ıdas especificamente para este efeito.

1.1

Objetivos

Este trabalho cumpre dois objetivos principais, o primeiro prende-se com o c´alculo do capital (reserva) necess´ario que a seguradora dever´a guardar para regularizar todos os sinistros ocorridos no per´ıodo de 1996 a 2012 para o seguro habita¸c˜ao e autom´ovel e o segundo ´e

(19)

relativo ao estudo da volatilidade a um ano.

Para cumprir o primeiro objetivo, s˜ao estudadas diversos modelos e m´etodos como o modelo de Mack (dos mais utilizados pelas seguradoras), o modelo de sobredipers˜ao de Poisson, bem como a t´ecnica de reamostragem Bootstrap associada a estes modelos estoc´asticos. S˜ao tamb´em estudados m´etodos que tˆem em considera¸c˜ao a dependˆencia entre os triˆangulos constitu´ıdos pelos pagamentos e pelas cargas, como o Munich Chain Ladder e a t´ecnica Bootstrap conjugada com este m´etodo.

Sob a nova regulamenta¸c˜ao do sistema Solvˆencia II, as seguradoras ter˜ao de se concentrar numa vis˜ao a curto prazo, sendo bastante importante o estudo da volatilidade a um ano. Assim, para cumprir o segundo objetivo ser´a estudada a metodologia desenvolvida por (Merz and W¨uthrich, 2008) que tem como base esta vis˜ao a curto prazo.

1.2

Estrutura

Este trabalho, resultante do est´agio na AXA, encontra-se segmentado em v´arios cap´ıtulos, sendo que no in´ıcio de cada um ´e apresentada uma descri¸c˜ao do seu conte´udo, permitindo obter uma ideia geral do trabalho efetuado.

A introdu¸c˜ao e os objetivos desta disserta¸c˜ao s˜ao apresentados no cap´ıtulo 1.

Ap´os uma breve contextualiza¸c˜ao de car´ater introdut´orio relativamente `a tem´atica em estudo, no cap´ıtulo 2 ser´a efetuado um enquadramento da atividade seguradora em Por-tugal, bem como uma an´alise geral do projeto Solvˆencia II, apresentando os seus principais objetivos e as melhorias que este pretende introduzir no setor segurador.

Por fim, ser´a tamb´em referido neste cap´ıtulo, a evolu¸c˜ao do processo de sinistro e os tipos de provis˜oes para sinistros (reservas) existentes, sendo que ´e essencial que estas sejam suficientes para que as companhias de seguros garantam a sua existˆencia.

O cap´ıtulo 3 inclui a nota¸c˜ao e a estrutura dos dados utilizados nesta disserta¸c˜ao, bem como os fundamentos te´oricos das diversas metodologias consideradas na estima¸c˜ao da reserva. Numa primeira parte s˜ao apresentados os m´etodos determin´ısticos e estoc´asticos que igno-ram a correla¸c˜ao existente entre os triˆangulos dos pagamentos e das cargas e numa segunda parte s˜ao apresentados os m´etodos que tˆem em considera¸c˜ao a dependˆencia entre estes dois conjuntos de dados.

No cap´ıtulo 4 ´e analisada uma metodologia que tem como base a volatilidade a um ano, uma vez que esta margem de risco ´e bastante importante para efeitos de solvˆencia.

A an´alise cr´ıtica dos resultados obtidos ´e efetuada no cap´ıtulo 5. Inicialmente, ´e descrita a base de dados, bem como as suas caracter´ısticas, e posteriormente, ´e efetuada uma an´alise explorat´oria dos dados e dos resultados obtidos derivados da aplica¸c˜ao dos modelos abordados nos cap´ıtulos 3 e 4.

De acordo com os objetivos gerais deste estudo, no ´ultimo cap´ıtulo s˜ao apresentadas con-sidera¸c˜oes finais referentes a todo o trabalho desenvolvido, limita¸c˜oes inerentes ao estudo e algumas propostas de trabalho futuro.

(20)
(21)

Cap´ıtulo 2

Contextualiza¸

ao

Neste cap´ıtulo ser´a efetuada uma breve descri¸c˜ao da Atividade Seguradora em Portugal, recorrendo a compara¸c˜oes pontuais com o panorama do Mercado Europeu, bem como do projeto Solvˆencia II e dos seus principais objetivos. Este surge associado `a necessidade de garantir a solidez financeira das companhias de seguros, para que elas sejam capazes de honrar os seus compromissos. Este sistema deve ser encarado pelo setor segurador como uma oportunidade para consolidar conhecimentos sobre os riscos inerentes `a actividade e para incorporar na gest˜ao corrente das Companhias as mais avan¸cadas pr´aticas ao n´ıvel da gest˜ao desses riscos.

´

E essencial que as provis˜oes t´ecnicas (custo total estimado que a seguradora ter´a que suportar para regularizar todos os sinistros ocorridos, declarados ou n˜ao, no horizonte temporal em estudo, ap´os redu¸c˜ao dos montantes pagos dos mesmos) sejam suficientes para garantir a solvˆencia de uma empresa de seguros. Dentro das provis˜oes t´ecnicas temos as provis˜oes para sinistros que representam grande parte do passivo das Seguradoras do Ramo N˜ao Vida e ser´a sobre elas que nos iremos focar, apresentando os tipos de provis˜oes em que estas se dividem. Neste cap´ıtulo ser´a tamb´em descrita a evolu¸c˜ao do processo do sinistro.

2.1

Atividade Seguradora

O mercado segurador teve um grande desenvolvimento entre a ´ultima d´ecada do s´eculo passado e o in´ıcio deste s´eculo.

Assim como em outros sectores de actividade econ´omica, tamb´em a gest˜ao e a estrat´egia das companhias de seguros est˜ao em constante mudan¸ca. O aumento da motiva¸c˜ao e a maior qualifica¸c˜ao dos recursos humanos necess´aria, o aumento da exigˆencia dos consumidores, a introdu¸c˜ao de novas tecnologias, os diferentes riscos e controlos internos aos quais devem estar alocados n´ıveis de capitais corretos, a exigˆencia da transparˆencia do mercado, a gest˜ao correta de ativos e passivos, os riscos nucleares, o terrorismo, a responsabilidade civil, entre muitos outros fatores, tornou a gest˜ao das seguradoras mais dif´ıcil, criando um grande desafio a todas as entidades envolvidas.

A ocorrˆencia de diversos atos terroristas, nomeadamente o 11 de Setembro de 2001, levou a que as sociedades mais desenvolvidas tivessem no¸c˜ao dos variados riscos a que est˜ao sujeitas. Contudo, estas tˆem diferentes preocupa¸c˜oes em como geri-los, enquanto que os Estados

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Unidos da Am´erica tentam compensar as consequˆencias de certos eventos, na Europa tenta-se sobretudo prevenir. Para tal, h´a que definir se os eventos s˜ao atos isolados ou n˜ao, repartir os riscos com outras entidades (resseguradoras), etc.

Uma das caracter´ısticas inerentes a esta actividade ´e o facto desta estar sujeita a uma entidade de supervis˜ao e regula¸c˜ao.

O produto deste setor ´e bastante distinto de outros setores de atividade econ´omica, uma vez que apresenta como caracter´ısticas a cria¸c˜ao de poupan¸cas significativas, o ciclo de produ¸c˜ao invertido (os pr´emios antecedem os pagamentos/indemniza¸c˜oes) e a responsabilidade a longo prazo (em alguns casos de sinistros f´ısicos, a seguradora pode ter que realizar pagamentos regulares para o resto da vida do segurado).

A atividade seguradora ´e dividida em dois grandes ramos: o ramo vida (seguros de vida, de nupcialidade/natalidade, seguros ligados a fundos de investimento e opera¸c˜oes de capi-taliza¸c˜ao) e o ramo n˜ao vida (seguros de responsabilidade civil, autom´ovel, habita¸c˜ao, ...). Devido `as grandes diferen¸cas entre eles, estes ramos s˜ao usualmente estudados em separado. Nesta tese, ser˜ao abordados os seguros habita¸c˜ao e autom´ovel do ramo n˜ao vida.

2.1.1

Atividade Seguradora em Portugal

Nesta sec¸c˜ao, irei ter em considera¸c˜ao os resultados expostos no Panorama do Mercado Segurador (11/12) e no Seguros em Portugal (11/12) disponibilizado pela APS (Associa¸c˜ao Portuguesa de Seguradores).

O setor segurador n˜ao permaneceu intacto `a conjuntura econ´omica muito desfavor´avel que atravessou a economia portuguesa. Em 2011, os tra¸cos marcantes do quadro evolutivo da atividade seguradora portuguesa foram o decr´escimo do volume de produ¸c˜ao e a deteriora¸c˜ao dos resultados de explora¸c˜ao.

Na figura 2.1, s˜ao apresentados os resultados do Setor Segurador Portuguˆes entre 2009 e 2011, onde se pode verificar que os efeitos referidos anteriormente n˜ao se fizeram sentir de igual modo no ramo Vida e no ramo N˜ao Vida.

Enquanto que o segmento Vida, mais sens´ıvel `a volatilidade dos mercados financeiros e `a concorrˆencia de outras institui¸c˜oes no mercado da poupan¸ca, registou uma quebra de mais de 38% no volume de produ¸c˜ao e um resultado negativo da sua conta t´ecnica de mais de 70 milh˜oes de euros (em contraste com os quase 400 milh˜oes de euros positivos em 2010), o segmento N˜ao Vida, embora mais sens´ıvel `a evolu¸c˜ao da dita economia real, registou um aumento dos resultados explora¸c˜ao apesar da ligeira quebra do volume de pr´emios (-0,9%).

(23)

Figura 2.1: Evolu¸c˜ao do Setor Segurador Portuguˆes entre 2009 e 2011 (Fonte: (Associa¸c˜ao Portuguesa de Seguradores, 2012a))

Na an´alise deste quadro, tamb´em ´e not´oria que a deteriora¸c˜ao do n´ıvel econ´omico em Portugal n˜ao deixou a estrutura do setor segurador imune que, apesar da estabilidade observada ao n´ıvel do n´umero de trabalhadores, registou um decr´escimo, quer do n´umero de companhias (de 84 para 79), quer do n´umero de mediadores de seguros (-1,9%).

Efetuando uma breve an´alise do setor segurador na Uni˜ao Europeia, real¸cando a posi¸c˜ao de Portugal no ranking europeu, apresenta-se, de seguida, um quadro relativo ao volume de pr´emios do mercado europeu, bem como o r´acio pr´emios sobre PIB (Produto Interno Bruto).

(24)

Figura 2.2: Setor Segurador na Uni˜ao Europeia entre 2010 e 2011 (Fonte: (Associa¸c˜ao Portuguesa de Seguradores, 2012b)))

Como se pode verificar, em 2011, o volume de pr´emios do mercado europeu registou um crescimento de cerca de 1,5%, atingindo valores muito perto dos 1,5 bili˜oes de USD (United States Dollar).

Contudo, este crescimento n˜ao foi uniforme entre os ramos Vida e N˜ao Vida, tendo sido registado um decr´escimo de cerca de 3% na produ¸c˜ao do primeiro e um aumento de mais de 8% na produ¸c˜ao do segundo. Ainda assim, o ramo Vida continua a dominar a produ¸c˜ao do setor segurador europeu, representando quase 60% da mesma.

Neste ranking, Portugal continua a ocupar um lugar interm´edio entre os 27 mercados da UE, com uma quota de 1,1%. No ramo Vida regista um maior peso relativo, onde a quota ascende a 1,2%, enquanto no segmento N˜ao Vida n˜ao chega a 1,0%.

Por outro lado, o significativo decr´escimo da produ¸c˜ao observado em 2011 relegou Portugal para uma posi¸c˜ao interm´edia a n´ıvel europeu no que respeita ao r´acio pr´emios sobre PIB, indicador em que, em 2010, era apenas superado por alguns dos principais mercados da europa (Inglaterra, Fran¸ca e Holanda - com o peso deste ´ultimo fortemente influenciado pelo papel que o setor segurador desempenha no sistema p´ublico de sa´ude). Ainda assim, Portugal, com um r´acio de 6,8%, apresenta neste indicador um valor muito idˆentico ao de outros grandes mercados europeus (It´alia e Alemanha) e superior ao de Espanha.

(25)

2.2

Sistema de Solvˆ

encia

As principais obriga¸c˜oes de uma companhia de seguros correspondem `a angaria¸c˜ao de contratos de seguros e `a obriga¸c˜ao de regularizar os pagamentos das indemniza¸c˜oes devido `

a ocorrˆencia de sinistros relativos a esses contratos durante o seu per´ıodo de vigˆencia. Para uma seguradora permanecer solvente, ´e necess´ario que esta tenha a capacidade de honrar todos os seus compromissos financeiros futuros. Contudo existem m´ultiplos fatores que influenciam a solvˆencia, como por exemplo:

• flutua¸c˜ao de sinistros; • insolvˆencia do ressegurador; • reservas mal calculadas; • volatilidade dos ativos;

• retornos inadequados nas aplica¸c˜oes financeiras; • gest˜ao ineficiente - custos, fraudes;

• riscos associados ao investimento de capital;

• falhas no underwriting ( ocorre quando uma companhia seleciona e contrata um in-termedi´ario financeiro, que ser´a respons´avel pela coloca¸c˜ao de uma subscri¸c˜ao p´ublica de a¸c˜oes ou obriga¸c˜oes no mercado);

• riscos pol´ıticos, macroecon´omicos e de mercado.

Um dos princ´ıpios inerentes `a Comunidade Europeia ´e a constru¸c˜ao e o desenvolvimento de um mercado ´unico dos servi¸cos de seguros que possibilite a elimina¸c˜ao de obst´aculos `a atividade seguradora.

Por forma a harmonizar e uniformizar os princ´ıpios gerais existentes em cada estado membro foi iniciado, ao n´ıvel do Sector Segurador, um processo legislativo comunit´ario, que visa sobretudo assegurar os direitos e as garantias dos segurados. Este processo come¸cou em 1973 para os Ramos N˜ao Vida.

Os mais recentes desenvolvimentos em torno do mercado europeu ´unico, a ocorrˆencia de diversos escˆandalos financeiros e a volatilidade dos mercados financeiros criaram novas exigˆencias regulamentares para os servi¸cos financeiros. O seu principal objetivo ´e o es-tabelecimento de elevados n´ıveis de prote¸c˜ao ao consumidor.

No mercado segurador essa prote¸c˜ao ao consumidor est´a a ser implementada em duas fases: Solvˆencia I, que foi aprovado em 2002 e entrou em vigor em Janeiro de 2004, e Solvˆencia II, que atualmente se encontra a ser desenvolvido.

(26)

2.2.1

Solvˆ

encia I

Na Uni˜ao Europeia, os requisitos de Solvˆencia utilizados pelas empresas de seguros tˆem vindo a revelar-se eficientes ao longo dos anos, assegurando uma defesa efetiva dos direitos e garantias dos segurados. Contudo, vivemos num mundo em constante mudan¸ca e sujeito a per´ıodos de grande tens˜ao, pelo que se torna essencial uma revis˜ao e adequa¸c˜ao das regras de mercado atuais, decorrendo assim o projecto Solvˆencia II, uma vez que no sistema de Solvˆencia I a medida do risco ´e vista de uma forma um pouco superficial.

O sistema de Solvˆencia I, caracterizado pela sua simplicidade e grande flexibilidade, ´e baseado num conjunto restrito de r´acios fixos aplicados a grandezas que representam a exposi¸c˜ao ao risco. O seu principal objectivo foi refor¸car as garantias das empresas de seguros. ´E considerado, no entanto, como um modelo de transi¸c˜ao, uma vez que apresenta v´arias limita¸c˜oes ao n´ıvel da sensibilidade ao risco, da inadequa¸c˜ao ao mercado ´unico, da clareza da solidez financeira de uma Companhia de Seguros, dos requisitos de capital e n˜ao atende `a diversifica¸c˜ao da carteira nem t˜ao pouco `a sua dimens˜ao.

Assim, com o intuito de melhorar e tentar colmatar as falhas deste modelo inicial, surge o Projecto Solvˆencia II que incide na prote¸c˜ao dos direitos dos segurados, tendo em conta os riscos efectivamente incorridos e as medidas de gest˜ao de uma Companhia de Seguros.

2.2.2

Principais Diferen¸

cas entre o sistema Solvˆ

encia I e Solvˆ

encia

II

O sistema Solvˆencia II ´e um projeto de revis˜ao das garantias financeiras para a atividade seguradora. Este projeto pretende adotar uma abordagem econ´omica mais baseada no risco comparativamente ao projeto Solvˆencia I.

Os principais princ´ıpios em que assenta o sistema Solvˆencia I s˜ao: • Prote¸c˜ao ao consumidor atrav´es de regulamenta¸c˜ao;

• Elevados requisitos de capital e insens´ıveis ao risco. O risco est´a implicitamente reflectido ao n´ıvel do provisionamento;

• Prote¸c˜ao para companhias existentes; • Supervis˜ao efetuada com discri¸c˜ao; • Evitar insolvˆencias a quase todo o custo;

• O valor das Provis˜oes T´ecnicas suficientemente adequado para cumprir com o paga-mento das indemniza¸c˜oes.

Em contrapartida, os principais princ´ıpios em que assenta o projeto Solvˆencia II s˜ao: • Prote¸c˜ao do consumidor atrav´es de disciplina de mercado;

• Requisitos de capital baseados no risco; • Supervis˜ao efetuada de modo transparente;

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• Interven¸c˜ao adequada quando surgem problemas;

• O valor das Provis˜oes T´ecnicas ´e o valor atual previsto das indemniza¸c˜oes futuras. Perante todas as limita¸c˜oes do projecto Solvˆencia I, ´e o projecto Solvˆencia II que d´a continuidade ao trabalho iniciado na primeira fase do projeto. Este novo sistema estabelece um novo quadro global de solvˆencia, tendo por base, quer o risco quer uma supervis˜ao eficaz que proteja os direitos dos segurados. Este projeto n˜ao tem como obrigatoriedade o aumento do capital, mas sim a adequa¸c˜ao ao risco efetivamente incorrido e `as medidas de gest˜ao tomadas em v´arias ´areas.

2.2.3

Solvˆ

encia II - Objetivos e Estrutura

Sob o ponto de vista da regula¸c˜ao do setor segurador, o projeto Solvˆencia II ´e o projeto estruturante de maior importˆancia atualmente em curso. Este projeto visa a revis˜ao global e profunda do modelo de solvˆencia aplic´avel, revestindo-se de especial importˆancia, em particular no atual contexto de turbulˆencia dos mercados financeiros.

O objetivo principal deste projeto prende-se com o estabelecimento de um sistema de solvˆencia coerente, que capte adequadamente os riscos de todos os tipos de neg´ocios. Este novo sistema pretende proporcionar `as autoridades de supervis˜ao meios que lhes permitam identificar falhas ou situa¸c˜oes adversas das seguradoras atempadamente.

O sistema Solvˆencia II est´a a desenvolver uma f´ormula standard de determina¸c˜ao dos requisitos de capital das companhias de seguros, mas tamb´em lhes d´a a oportunidade de definirem o seu modelo interno de solvˆencia, incentivando-as a gerirem e a avaliarem os seus riscos.

Em mat´erias de cariz qualitativo, o novo sistema de solvˆencia d´a uma especial importˆancia a mat´erias como a governa¸c˜ao, os mecanismos de controlo interno e os sistemas de gest˜ao de riscos, bem como ao refor¸co da transparˆencia e da disciplina de mercado. Adicionalmente, pretende-se assegurar uma maior convergˆencia nos processos de supervis˜ao a n´ıvel europeu, especialmente no contexto de grupos de seguros e conglomerados financeiros.

Outro objetivo do projeto ´e o refor¸co da prote¸c˜ao dos tomadores e benefici´arios de contratos de seguros.

O projeto solvˆencia II foi estruturado tendo em conta trˆes objetivos estrat´egicos (`a seme-lhan¸ca do projeto Basileia II no setor banc´ario), dando origem aos conhecidos trˆes pilares, sendo estes:

• Pilar I - Requisitos Quantitativos de Capital • Pilar II - Processo de Revis˜ao da Supervis˜ao • Pilar III - Conduta de Mercado

O primeiro pilar (quantitativo), tem como objetivo determinar o montante de capital ne-cess´ario para cada companhia de seguros, utilizando medidas sens´ıveis aos riscos assumidos por parte das seguradoras. Este pilar inclui a avalia¸c˜ao dos ativos, das provis˜oes t´ecnicas e

(28)

do capital, tendo ainda em aten¸c˜ao o efeito das estrat´egias de atenua¸c˜ao do risco (como por exemplo, o resseguro e a utiliza¸c˜ao de instrumentos financeiros derivados).

O pilar II (supervis˜ao) pode ser considerado como um complemento ao pilar I, no sentido em que o processo de supervis˜ao ir´a verificar se o capital exigido neste pilar ´e adequado para que determinadas situa¸c˜oes de risco n˜ao aconte¸cam e caso se verifiquem, sejam facilmente detetadas. Desta forma, o ajuste no requisito de capital permite traduzir com maior veracidade o perfil de risco de uma companhia espec´ıfica. Sendo assim, o pilar II inclui medidas mais qualitativas e princ´ıpios relativos ao processo de supervis˜ao, na medida em que a complexidade dos neg´ocios das seguradoras e das t´ecnicas de gest˜ao do risco no futuro nem sempre permitem que as f´ormulas e os modelos internos detetem determinadas situa¸c˜oes de risco.

Por fim, o pilar III (Divulga¸c˜ao), visa estabelecer a informa¸c˜ao que as entidades e a super-vis˜ao dever˜ao divulgar, quer para com o p´ublico em geral, quer para efeitos de coopera¸c˜ao entre supervisores, no sentido de aumentar a transparˆencia e disciplina de mercado.

Perante todos estes factos, a implementa¸c˜ao do projeto Solvˆencia II ser´a, sem d´uvida, um dos maiores desafios com que o setor segurador europeu se deparou nas ´ultimas d´ecadas. Para mais detalhes acerca do projeto Solvˆencia II, consultar (Vicente, 2007) e (Novo, 2008).

2.3

Sinistros

Como j´a referido, nesta tese, ser˜ao abordados os seguros habita¸c˜ao e autom´ovel do ramo n˜ao vida. Os seguros deste ramo s˜ao contratos celebrados entre a seguradora e o segurado, onde a seguradora se compromete a pagar as indemniza¸c˜oes em caso de ocorrˆencia do sinistro e em contrapartida, o segurado ter´a de pagar o pr´emio correspondente `a seguradora. Ao assumir a responsabilidade de liquidar as indemniza¸c˜oes relativas `a ocorrˆencia de sinistros, a seguradora deve provisionar os custos associados no final de cada exerc´ıcio. Estes custos s˜ao designados de provis˜oes t´ecnicas e ´e essencial que sejam suficientes para garantir a solvˆencia de uma empresa de seguros.

As provis˜oes t´ecnicas dividem-se em: provis˜oes para sinistros, provis˜oes para pr´emios n˜ao adquiridos, provis˜oes para desvios de sinistralidade e provis˜oes para riscos em curso. As provis˜oes para sinistros detˆem o maior peso e ser´a sobre elas que nos iremos focar.

Nesta sec¸c˜ao ser´a descrita a evolu¸c˜ao do processo do sinistro, bem como os tipos de provis˜oes para sinistros.

2.3.1

Evolu¸

ao do processo do sinistro

Antigamente, todas as indemniza¸c˜oes de um ano particular eram pagas pelos pr´emios arrecadados nesse mesmo ano, n˜ao sendo importante o ano de origem em que ocorreu o sinistro. O balan¸co financeiro de um portf´olio era realizado assegurando que haveria uma equivalˆencia entre os pr´emios coletados e as indemniza¸c˜oes pagas num determinado ano. Contudo, as indemniza¸c˜oes relativas a sinistros ocorridos num ano particular, normalmente,

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n˜ao s˜ao finalizadas nesse mesmo ano, ou seja, n˜ao s˜ao totalmente liquidadas nesse ano. Este atraso deve-se a dois fatores:

• Atraso em reportar o sinistro

• Atraso em finalizar indemniza¸c˜oes relativas aos sinistros reportados

Para uma melhor compreens˜ao da evolu¸c˜ao do processo do sinistro desde a sua ocorrˆencia at´e ao seu encerramento, segue-se a seguinte figura.

Figura 2.3: Evolu¸c˜ao temporal do processo do sinistro

Conforme se pode verificar, a dura¸c˜ao total dos atrasos que ocorrem desde que surge um sinistro at´e este ser encerrado pode variar de alguns dias at´e v´arios anos. Tais atrasos resultam de longos processos jur´ıdicos, atrasos administrativos, altera¸c˜oes na legisla¸c˜ao, entre outros fatores. Por exemplo, indemniza¸c˜oes de propriedades, onde as d´ıvidas a pagar s˜ao ”claras”, tendem a ser reportadas quase que imediatamente `a ocorrˆencia do sinistro e, geralmente, s˜ao finalizadas assim que a seguradora concluir a parte burocr´atica. Mas nem sempre ´e assim, ou seja, alguns casos podem levar anos desde a data de ocorrˆencia do sinistro at´e este ser reportado `a companhia de seguros e ainda pode levar mais anos para as indemniza¸c˜oes relativas a esses sinistros serem liquidadas, principalmente se a d´ıvida ´

e ”duvidosa”. Em alguns casos de sinistros f´ısicos, a seguradora pode ter que realizar pagamentos regulares para o resto da vida do segurado.

Assim, o tempo total do atraso divide-se entre a ocorrˆencia do sinistro (instante t1), a

parti-cipa¸c˜ao do mesmo `a seguradora (instante t2), os pagamentos das indenmiza¸c˜oes associadas

a esses sinistros (instantes t3 e t4); ap´os a regulariza¸c˜ao desses pagamentos (podem ser

efetuados em v´arios instantes), o processo ´e encerrado (instante t5); este encerramento pode

n˜ao ser definitivo, pois pode surgir a necessidade de reabrir o processo (instante t6); s˜ao

efetuados novos pagamentos resultantes dessa reabertura do processo (instante t7); este ´e

encerrado novamente (instante t8); e assim sucessivamente. Este ciclo pode repetir-se v´arias

vezes, ou seja, o processo pode ser reaberto mais do que uma vez, o que leva a que o tempo total do atraso seja desconhecido desde o momento em que ocorre o sinistro.

A reabertura do processo pode resultar da existˆencia de informa¸c˜oes incompletas e incoe-rentes `a data de encerramento.

Al´em disso, o valor total das indemniza¸c˜oes tamb´em ´e desconhecido at´e que elas sejam fina-lizadas. Entretanto, as companhias precisam realizar uma previs˜ao adequada das reservas para poderem fazer face a estas indemniza¸c˜oes, ou seja, h´a uma necessidade por parte das

(30)

seguradoras de prever o valor das reservas para liquidar indemniza¸c˜oes relativas a sinistros ocorridos em anos anteriores.

2.3.2

Provis˜

ao para sinistros

A provis˜ao para sinistros (reservas) representa grande parte do passivo das Seguradoras do Ramo N˜ao Vida e corresponde ao custo total estimado que a Empresa de Seguros ter´a que suportar para regularizar todos os sinistros ocorridos, declarados ou n˜ao, no horizonte temporal em estudo, ap´os redu¸c˜ao dos montantes pagos dos mesmos.

Deste modo, esta provis˜ao encontra-se subdividida em dois tipos: provis˜oes para sinistros ocorridos mas ainda n˜ao reportados (IBNR - Incurred But Not Reported) e provis˜oes para sinistros reportados mas n˜ao liquidadas as indemniza¸c˜oes respetivas na sua totalidade (IBNER - Incurred But Not Enough Reported).

Assim, as provis˜oes para sinistros tˆem como principal objectivo estimar o custo dos sinistros at´e ao momento em que estes se encontrem totalmente participados e regularizados, ou seja, sem que existam novas aberturas, reaberturas e reavalia¸c˜oes, nem processos por encerrar. Estes tipos de provis˜oes s˜ao muitas vezes tratados individualmente pelas seguradoras. A provis˜ao para sinistros ocorridos mas ainda n˜ao reportados (IBNR) deve ser calculada de acordo com a experiˆencia passada da companhia de seguros em quest˜ao relativamente ao n´umero de sinistros reportados ap´os o encerramento do ano. A provis˜ao para sinistros reportados mas n˜ao liquidadas as indemniza¸c˜oes respetivas na sua totalidade (IBNER), reflete os custos estimados para regularizar os sinistros pendentes ou que possam vir a ser reabertos.

Neste trabalho, as provis˜oes para sinistros (reservas) correspondem `a soma destes dois tipos de provis˜oes, IBNR e IBNER.

No pr´oximo cap´ıtulo ir´a ser efetuado um breve resumo dos m´etodos utilizados na estima¸c˜ao da provis˜ao para sinistros (reserva).

(31)

Cap´ıtulo 3

etodos de Previs˜

ao de Reservas

Este cap´ıtulo encontra-se dividido em v´arias sec¸c˜oes. Na primeira ´e apresentada a nota¸c˜ao e a estrutura dos dados utilizados nesta disserta¸c˜ao. Depois, na segunda sec¸c˜ao, ´e explicada a importˆancia do fator cauda e quais as consequˆencias relativas `a n˜ao aplica¸c˜ao deste fator quando a natureza dos triˆangulos runoff obriga `a sua utiliza¸c˜ao.

Na terceira sec¸c˜ao s˜ao descritas as vantagens e desvantagens dos m´etodos determin´ısticos e estoc´asticos utilizados para o c´alculo da estimativa da reserva, bem como as principais dife-ren¸cas entre este tipo de m´etodos. Nas sec¸c˜oes seguintes s˜ao apresentados os fundamentos te´oricos destas metodologias.

As tentativas de responder `as necessidades das seguradoras s˜ao dificultadas pela dualidade de triˆangulos que existem para o mesmo tipo de seguro. Normalmente, os triˆangulos dos pagamentos e das cargas s˜ao estudados em separado, ignorando a correla¸c˜ao existente entre eles (caso dos m´etodos que ir˜ao ser apresentados nas sec¸c˜oes 3.4 e 3.5). Como tal, na ´ultima sec¸c˜ao deste cap´ıtulo, ´e apresentada a base te´orica de m´etodos especialmente concebidos para lidar com a dependˆencia entre estes dois conjuntos de dados (triˆangulo constitu´ıdo pelos pagamentos e triˆangulo constitu´ıdo pelas cargas).

3.1

Nota¸

ao e tipo de dados

Atualmente, existem diversos m´etodos estat´ısticos que s˜ao bastante utilizados pelos atu´arios com o intuito de estimar o montante da reserva relativa aos sinistros. Para tal, baseiam-se no hist´orico da Companhia de Seguros e atrav´es dessa proje¸c˜ao da sinistralidade e dos m´etodos existentes, obtˆem uma estimativa do valor esperado dos montantes de indemniza¸c˜oes por liquidar (custos futuros) resultantes dos sinistros j´a ocorridos at´e `a data do exerc´ıcio. Como ´

e ´obvio, estes m´etodos est˜ao condicionados pela qualidade e dimens˜ao do hist´orico.

Usualmente, o conjunto de dados dispon´ıveis ´e anual e ser´a esse tipo de dados que ser´a abordado nesta tese. Contudo, os m´etodos que ser˜ao estudados podem ser aplicados a outros per´ıodos, nomeadamente semestral.

Neste tipo de problemas, o conjunto de observa¸c˜oes ´e agrupado numa matriz incompleta, designada por triˆangulo runoff. Sendo assim, este formato organiza os pagamentos das indemniza¸c˜oes de acordo com o ano em que o sinistro ocorreu (ano de acidente) e o ano cuja respetiva indemniza¸c˜ao foi liquidada (ano de desenvolvimento). V´arios dos modelos

(32)

abordados poder˜ao ser aplicados aos n´umeros de sinistros ou a outro tipo de dados. Sem perda de generalidade, considera-se:

• Xi,j: montante de indemniza¸c˜oes incremental relativo a sinistros que ocorreram no ano

de acidente i, 1 ≤ i ≤ n, e que foi liquidado no ano de desenvolvimento j, 1 ≤ j ≤ n; • Ci,j: montante de indemniza¸c˜oes acumulado relativo a sinistros que ocorreram no

ano de acidente i, 1 ≤ i ≤ n, e que foi liquidado at´e ao ano de desenvolvimento j, 1 ≤ j ≤ n.

Portanto, o conjunto de dados a considerar ´e {Xi,j : 1 ≤ i ≤ n, 1 ≤ j ≤ n − i + 1} se

trabalharmos com os pagamentos incrementais e {Ci,j : 1 ≤ i ≤ n, 1 ≤ j ≤ n − i + 1} para

os pagamentos acumulados.

Os montantes de indemniza¸c˜oes acumulados s˜ao obtidos a partir dos montantes de indem-niza¸c˜oes incrementais atrav´es de:

Ci,j = j

X

k=1

Xi,k (3.1)

Consideramos que os montantes de indemniza¸c˜oes incrementais Xi,j s˜ao observa¸c˜oes se i +

j ≤ n + 1. Ent˜ao, os pagamentos incrementais observados s˜ao organizados num triˆangulo runoff do seguinte modo:

Tabela 3.1: Representa¸c˜ao dos pagamentos incrementais num triˆangulo runoff

Ano de Acidente Ano de Desenvolvimento

1 2 · · · j · · · n − 1 n

1 X1,1 X1,2 · · · X1,j · · · X1,n−1 X1,n

2 X2,1 X2,2 · · · X2,j · · · X2,n−1

..

. ... ... ... ... ...

i Xi,1 Xi,2 · · · Xi,j

..

. ... ... ...

n − 1 Xn−1,1 Xn−1,2

n Xn,1

Consequentemente, consideramos que os montantes de indemniza¸c˜oes acumulados Ci,j s˜ao

observa¸c˜oes se i + j ≤ n + 1. Como tal, os pagamentos acumulados observados s˜ao apresentados num triˆangulo runoff semelhante ao da tabela 3.1.

A parte inferior do triˆangulo ´e constitu´ıda por valores que ainda n˜ao s˜ao conhecidos, ou seja, corresponde aos montantes de indemniza¸c˜oes por liquidar. Como tal, o objetivo ´e preencher os valores em falta do triˆangulo de modo a que este fique completo. ´E neste sentido que se recorre aos m´etodos estat´ısticos, pois tˆem como finalidade estimar os valores Xi,j ou Ci,j,

com 2 ≤ i ≤ n e n − i + 2 ≤ j ≤ n, conforme usarmos os pagamentos incrementais ou acumulados, respetivamente.

(33)

As reservas (outstanding claims reserve) para cada ano de acidente i s˜ao dadas por: Ri =

n

X

k=n−i+2

Xi,k ou, de forma equivalente, Ri = Ci,n− Ci,n−i+1 (3.2)

com i ∈ {2, ..., n}, onde Ci,n representa o montante de indemniza¸c˜oes final (ultimate claims

amount ) para cada ano de acidente e Ci,n−i+1 representa o montante de indemniza¸c˜oes

liquidado at´e ao final do exerc´ıcio para cada ano de acidente. A reserva total ´e dada por:

R = n X i=2 n X k=n−i+2

Xi,k ou, de forma equivalente, R = n

X

i=2

Ri. (3.3)

Note-se que ´e recomendado um tratamento pr´evio dos dados de modo a que estes sejam homog´eneos, uma vez que as pol´ıticas e decis˜oes de gest˜ao podem alterar os triˆangulos constitu´ıdos pelos pagamentos de indemniza¸c˜oes, comprometendo a qualidade da previs˜ao quando os m´etodos s˜ao aplicados.

´

E ainda de extrema importˆancia salientar que o facto do hist´orico ser reduzido compromete a significˆancia estat´ıstica dos m´etodos utilizados e caso os dados sejam excessivos, pode ocorrer um enviesamento dos resultados. Contudo, esta ´ultima op¸c˜ao n˜ao ´e vi´avel, uma vez que neste tipo de problemas, o conjunto de dados ´e reduzido. Assim, a maior adversidade ´

e relativa aos resultados n˜ao serem, eventualmente, estatisticamente significativos.

A escolha de um modelo estat´ıstico para estimar o valor da reserva deve recair no facto dos dados serem homog´eneos ou n˜ao, uma vez que ´e necess´ario recorrer a modelos de maior complexidade `a medida que aumenta a heterogeneidade dos dados. Atualmente, os modelos estat´ısticos existentes para a previs˜ao de reservas s˜ao divididos em dois conjuntos: modelos determin´ısticos e modelos estoc´asticos.

3.1.1

Exemplo

O triˆangulo runoff ´e constitu´ıdo pelos pagamentos das indemniza¸c˜oes e s˜ao organizados de acordo com o ano em que o sinistro ocorreu (ano de acidente) e o ano em que a respetiva indemniza¸c˜ao foi liquidada (ano de desenvolvimento). Para uma melhor compreens˜ao das ca-racter´ısticas deste formato, apresenta-se um exemplo meramente acad´emico de organiza¸c˜ao de dados num triˆangulo runoff.

(34)

Tabela 3.2: Triˆangulo runoff constitu´ıdo por pagamentos acumulados de indemniza¸c˜oes desde 2008 at´e 2012

Ano de Acidente Ano de Desenvolvimento

1 2 3 4 5 2008 1434 1845 1986 2156 2424 2009 1310 1765 1943 2118 2010 1587 2004 2816 2011 1230 1480 2012 1809

Acerca deste triˆangulo runoff conhece-se o seguinte:

1. Est˜ao representados os montantes acumulados das indemniza¸c˜oes que foram liquidadas relativas a sinistros que ocorreram entre 2008 e 2012;

2. As indemniza¸c˜oes relativas a sinistros que ocorreram em 2008 foram liquidadas no pr´oprio ano, mas tamb´em nos anos seguintes, at´e 2012;

3. As indemniza¸c˜oes relativas a sinistros ocorridos no ano de 2008 tˆem de ser liquidadas com os pr´emios arrecadados em 2008;

4. Dos acidentes ocorridos em 2009, 1310, 1765, 1943 e 2118 correspondem aos valores das indemniza¸c˜oes que foram pagas at´e 2009, 2010, 2011 e 2012, respetivamente; 5. Das indemniza¸c˜oes relativas a sinistros que ocorreram em 2009, tem-se conhecimento

dos pagamentos que foram efetuados desde 2009 a 2012 e n˜ao se tem conhecimento do que ter´a de ser pago em 2013;

6. Sup˜oe-se que os pagamentos at´e ao momento desconhecidos desenvolvem um padr˜ao semelhante aos j´a conhecidos desde 2008 at´e 2012.

O objetivo principal dos m´etodos estat´ısticos ´e completar os dados em falta no triˆangulo runoff, ou seja, preencher o canto inferior direito da tabela que corresponde `as indemniza¸c˜oes que ter˜ao de ser liquidadas, ou arquivadas, nos futuros anos civis ao ano de contabilidade, logo, estes valores ser˜ao estimados, visto at´e ao momento n˜ao haver qualquer tipo de informa¸c˜ao relativa a esses montantes.

O total dos valores em falta corresponde ao valor total das indemniza¸c˜oes que ter˜ao de ser liquidadas no futuro, ou seja, `a reserva a ser mantida pela companhia de seguros em 2013 para cobrir os pagamentos de indemniza¸c˜oes at´e 2016 relativas a sinistros ocorridos entre 2008 e 2012.

3.2

Efeito cauda

Em determinados ramos de seguros, caso a informa¸c˜ao utilizada por parte da seguradora para calcular a reserva num determinado instante de tempo seja baseada apenas nas ob-serva¸c˜oes acumuladas correspondentes `as apresentadas na Tabela 3.1 (estas sob a forma

(35)

incremental), a seguradora corre o risco de entrar em processo de insolvˆencia, no sentido em que poder´a estar a subestimar o valor real da reserva. Neste caso, a companhia de seguros estaria a assumir que n˜ao existe nenhuma indemniza¸c˜ao a ser liquidada relativa a acidentes que ocorreram na i-´esima linha mas que apenas ser˜ao reportados ou liquidados em n + 1 instantes de tempo (anos, meses, ...) ou mais de atraso. Isto significa que a seguradora ter´a de se precaver com este tipo de problemas atrav´es da previs˜ao de indemniza¸c˜oes por liquidar relativas aos anos de desenvolvimento de n + 1 at´e I + k, onde k representa um instante de tempo qualquer.

O c´alculo da soma deste valores, correspondentes a uma ”extrapola¸c˜ao `a direita”, s˜ao designados por efeito cauda ou fator cauda ou, de forma mais direta, por cauda. Este efeito encontra-se representado na Tabela 3.3.

Tabela 3.3: Triˆangulo runoff tendo em considera¸c˜ao o fator cauda

Ano de Acidente Ano de Desenvolvimento

1 2 · · · j · · · n − 1 n n + 1, ..., n + k 1 C1,1 C1,2 · · · C1,j · · · C1,n−1 C1,n Pn+k l=n+1Cˆ1,l 2 C2,1 C2,2 · · · C2,j · · · C2,n−1 Cˆ2,n Pn+kl=n+1Cˆ2,l .. . ... ... ... ... ... ... ... ...

i Ci,1 Ci,2 · · · Ci,j · · · Cˆi,n−1 Cˆi,n Pn+kl=n+1Cˆi,l

.. . ... ... ... ... ... ... ... ... n − 1 Cn−1,1 Cn−1,2 · · · Cˆn−1,j · · · Cˆn−1,n−1 Cˆn−1,n Pn+k l=n+1Cˆn−1,l n Cn,1 Cˆn,2 · · · Cˆn,j · · · Cˆn,n−1 Cˆn,n Pn+kl=n+1Cˆn−1,l

Este fator deve ser aplicado a triˆangulos cuja natureza obriga `a sua utiliza¸c˜ao. Nesta tese, ambos os triˆangulos fornecidos pela seguradora AXA pertencentes aos seguros habita¸c˜ao e autom´ovel do ramo n˜ao vida, n˜ao necessitam da implementa¸c˜ao do fator cauda. S˜ao v´arias as raz˜oes que levam `a n˜ao aplica¸c˜ao deste fator, sendo que estas ser˜ao abordadas com mais detalhe num cap´ıtulo posterior.

3.3

Modelos determin´ısticos e modelos estoc´

asticos

Os modelos determin´ısticos, como por exemplo, o m´etodo Chain Ladder (m´etodo bastante difundido no mercado), s˜ao aqueles que apenas efetuam suposi¸c˜oes sobre o valor esperado dos montantes de indemniza¸c˜oes por liquidar (pagamentos futuros), ou seja, calculam uni-camente uma estimativa da reserva.

Estes modelos partem do pressuposto que o comportamento dos montantes de indemniza¸c˜oes liquidados (hist´orico) se mant´em no futuro. Para al´em disso, n˜ao envolvem uma medida de erro relativa `a previs˜ao, n˜ao quantificando o grau de incerteza nem a variabilidade das estimativas obtidas.

Os modelos estoc´asticos produzem estimativas n˜ao apenas do valor esperado dos montantes de indemniza¸c˜oes por liquidar, mas tamb´em da varia¸c˜ao sobre esse valor esperado, permi-tindo associar um erro `a previs˜ao efetuada.

(36)

´

E com bastante frequˆencia que os modelos determin´ısticos s˜ao usados, mas nem sempre s˜ao claros os pressupostos que est˜ao a ser utilizados por estes tipos de modelos. Um dos principais benef´ıcios de um modelo estoc´astico ´e que este ´e totalmente expl´ıcito sobre as hip´oteses a serem consideradas. Al´em disso, permite que estes pressupostos possam ser avaliados atrav´es do erro associado `a previs˜ao.

Como em qualquer modelo estoc´astico (ou outro tipo de modelo), os seus pressupostos s˜ao um pouco irrealistas, n˜ao tendo em considera¸c˜ao fatores externos ao modelo, como por exemplo, o julgamento (judgement ).

O julgamento ´e um processo cognitivo que se usa para chegar a uma decis˜ao ou tirar conclus˜oes. Em termos simples, implica uma capacidade de avaliar uma situa¸c˜ao com ast´ucia e retirar conclus˜oes s´olidas dessa avalia¸c˜ao. Apesar do julgamento ser subjetivo, no sentido em que varia de pessoa para pessoa e ´e fundamentado na pr´evia experiˆencia e conhecimento do indiv´ıduo, tamb´em ´e utilizado tendo em conta factos s´olidos. Na atividade seguradora, acontece o mesmo, e como tal, o atu´ario com base na sua experiˆencia e em determinados factos, toma uma decis˜ao, como por exemplo, considerar uma observa¸c˜ao de um triˆangulo como tomando o valor zero ou um valor mais baixo caso esse montante seja demasiado elevado. Casos como este aplicam-se ao exemplo das torres g´emeas, o atu´ario sabe que nesse ano as indemniza¸c˜oes tomaram valores muito mais elevados relativamente aos restantes anos e quando calcula a reserva utilizando determinados m´etodos vai ter em considera¸c˜ao que o esperado para os anos seguintes ´e que as indemniza¸c˜oes n˜ao tenham o mesmo comportamento que nesse ano, visto que se espera que esta cat´astrofe seja expor´adica, ou seja, ir´a presumir-se que n˜ao ocorra com frequˆencia nos pr´oximos tempos.

Outra desvantagem de um modelo estoc´astico, ´e que, eventualmente, podem ser muito com-plexos de executar, exigindo um maior conhecimento de estat´ıstica e uma maior capacidade computacional relativamente a alguns modelos determin´ısticos mais simples. Pode tamb´em subsistir alguma dificuldade na obten¸c˜ao dos resultados.

Os modelos estoc´asticos podem ainda ser divididos em modelos param´etricos, assumindo desta forma que os dados seguem uma determinada distribui¸c˜ao de probabilidade, e modelos n˜ao param´etricos.

Como exemplo de um modelo estoc´astico n˜ao param´etrico, temos o modelo proposto por (Mack, 1993) - modelo de Mack - onde a cada reserva ´e associado um erro de previs˜ao sem existir qualquer tipo de suposi¸c˜ao acerca da distribui¸c˜ao da reserva.

3.4

etodos Determin´ısticos

Os m´etodos determin´ısticos, apesar da sua antiguidade, continuam a ser bastante utilizados. De uma forma geral, este tipo de m´etodos recorrem a um determinado algoritmo para estimar os custos dos pr´oximos anos associados a sinistros j´a ocorridos, utilizando as m´edias, ponderadas ou n˜ao, dos anos anteriores.

No entanto, como apenas consideram a m´edia das estimativas das reservas e uma vez que a sua variabilidade ´e fundamental, recorre-se aos m´etodos estoc´asticos, de modo a compreender se os resultados obtidos s˜ao est´aveis, sendo esta a grande desvantagem dos modelos determin´ısticos.

(37)

Por vezes, as seguradoras s´o recorrem a outros m´etodos de estima¸c˜ao quando estes n˜ao produzem resultados satisfat´orios ou, ent˜ao, para determinar os erros de previs˜ao das estimativas das reservas.

Nesta sec¸c˜ao, s˜ao v´arios os m´etodos determin´ısticos abordados, entre eles, o Chain Ladder, onde a teoria subjacente ´e utilizada na formula¸c˜ao de outros m´etodos.

De seguida, passa-se a enunciar, de forma sucinta, alguns dos m´etodos determin´ısticos existentes, remetendo sempre que necess´ario para uma bibliografia adequada.

3.4.1

Chain Ladder

O m´etodo Chain Ladder foi dos primeiros m´etodos de previs˜ao de reservas a ser desenvolvido, sendo que os resultados obtidos devido `a utiliza¸c˜ao desta t´ecnica, na maioria das vezes, s˜ao muito pr´oximos da realidade.

Este m´etodo, devido `a sua simplicidade e efic´acia, est´a bastante difundido no mercado, sendo dos mais utilizados e dos mais pr´aticos. Como o seu pr´oprio nome indica, o m´etodo produz uma sequˆencia (”Chain”) de fatores de desenvolvimento, sendo que os montantes de indemniza¸c˜oes liquidados em cada ano de desenvolvimento representam um novo degrau na escada (”Ladder”) dos pagamentos acumulados. Atrav´es destes fatores e a partir do conjunto de dados, s˜ao obtidas estimativas para as reservas.

Partindo da suposi¸c˜ao que existe um padr˜ao consistente nos atrasos dos pagamentos de indemniza¸c˜oes (proporcionalidade entre os anos de desenvolvimento), ou seja, os fatores de desenvolvimento s˜ao os mesmos ao longo dos anos de acidente dos sinistros, s˜ao estimados os fatores de desenvolvimento, sendo estes utilizados para projetar os montantes de indem-niza¸c˜oes por liquidar. Assim, apesar dos resultados obtidos serem ´uteis na medida em que permitem `a seguradora conhecer valores plaus´ıveis para as reservas, com a utiliza¸c˜ao deste m´etodo n˜ao ´e poss´ıvel avaliar o n´ıvel de incerteza intr´ınseco ao processo de estima¸c˜ao. Este modelo tem os seguintes pressupostos:

• A frequˆencia da sinistralidade pode variar ao longo do tempo;

• Os montantes de indemniza¸c˜oes para os diferentes anos de acidente s˜ao independentes; • Os fatores de desenvolvimento s˜ao os mesmos ao longo dos anos de acidente /

Propor-cionalidade entre os anos de desenvolvimento.

A partir desta ´ultima hip´otese do modelo, podemos definir ˆfj como a raz˜ao dos pagamentos

acumulados no final do ano de desenvolvimento j + 1 e os pagamentos acumulados no final do ano de desenvolvimento j, isto ´e:

ˆ fj = Pn−j k=1Ck,j+1 Pn−j k=1Ck,j para 1 ≤ j ≤ n − 1 (3.4)

Os montantes de indemniza¸c˜oes acumulados para os anos de desenvolvimento interm´edios s˜ao estimados atrav´es de:

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Referências

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