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O que será tratado nesta aula

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Academic year: 2022

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O que será tratado

nesta aula

Esta aula reflete sobre as

ciências naturais e humanas, partindo dos movimentos

históricos do Iluminismo e Romantismo, e analisa seus impactos na sociedade atual.

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Iluminismo e Romantismo

A modernidade se erigiu a partir do projeto de iluminar o mundo com as luzes da razão científica. O Iluminismo, movimento que surgiu no séc. XVIII, é

muito importante para entendermos a crise cultural, científica e moral em que estamos.

Nossa época atribui à ciência a

possibilidade de desvendar o mundo.

Em um âmbito especifico da realidade, a ciência tem êxito; por exemplo, na

Medicina, telecomunicações, Engenharia Civil, indústria, etc. A tecnologia extrai da natureza tudo o que ela tem para nos dar, desenvolve e aperfeiçoa a vida humana pela ciência.

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O Iluminismo tem uma dimensão cognitiva e uma dimensão moral: a ciência poderia desenvolver-se ao infinito e deveria

servir à sociedade. Aparentemente, esse projeto estava sendo bem-sucedido.

Mas, principalmente a partir da 2ª.

Guerra Mundial, houve uma grande crise na aplicação política e moral da

ciência, que até então reivindicava certa neutralidade. A busca do conhecimento passou a ter o objetivo da dominação,

como as experiências totalitárias de Hitler e Stálin, que eram fundamentadas em

pseudociências. Um dos aspectos do drama da civilização ocidental, portanto, é a crise da ciência: afinal, ela é boa ou má? Ajuda ou piora?

No séc. XIX, surgiu uma espécie de ressaca do Iluminismo, como se a civilização tivesse se embriagado de ciência, o que gerou um

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ressentimento de perder algo que não cabe na medida da ciência. Surge, portanto, um retorno ao passado, ao Romantismo. Tudo o que hoje chamamos de sentimentalismo, cultura da afetividade, relativismo

subjetivista, espetacularização do que é belo e impactante está ligado a ele.

Nossa civilização é extremamente

romântica, no sentido técnico e filosófico.

As pessoas tendem a atribuir grande importância aos sentidos, às emoções,

como se elas revelassem uma verdade que a inteligência não revela.

Na aula anterior, abordamos a integração entre corpo e alma. Na modernidade, isso se desmembrou, como se por um lado

houvesse a razão técnica e, por outro, a razão moral. Isso gera uma desconfiança diante da afirmação de que a Ética é uma ciência moral, de que a Psicologia alcança a

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verdade sobre o homem. No entanto, se não houver possibilidade de conceituar o que se passa na alma, é melhor não haver ciência a respeito do homem – e essa é a crise da ciência.

Por um lado, temos as ciências naturais, que crescem vertiginosamente, cujo domínio só prospera. Por outro lado, as ciências ditas humanas foram tachadas de ideológicas, devido aos acontecimentos históricos.

Poderíamos dizer que a população russa que acreditou na Revolução Comunista era pouco escolarizada e supersticiosa, portanto, tratou-se de uma substituição da religião por uma ideologia. No entanto, a sociedade alemã da década de 1930 era culta, as crianças tinham uma educação tipicamente iluminista e, ainda assim, não resistiram à ideologia nazista. Essa reflexão sobre a crise das ciências humanas gerou um grande ceticismo.

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Conflito

entre ciências naturais e

humanas

Tudo isso pode ser resumido em uma frase do escritor francês François

Rabelais: “ciência sem consciência é a ruína da alma”. Ou seja, não se trata de ser contra a ciência, mas de perceber que ela depende da consciência moral. O cientificismo é um erro profundo, pois divinizou a ciência. A partir da Revolução Francesa, atribuiu-se à ciência um poder político e intelectual de dominar a sociedade.

Mas a alma humana precisa de disciplinas altamente elaboradas, que não passam pelo

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crivo da ciência moderna, ou seja, precisa de ciências tradicionais como Filosofia, História, Literatura, Simbologia e Religião.

Nesse sentido, o Existencialismo é uma corrente muito importante, pois resgatou alguma sabedoria da existência subjetiva.

No momento em que todo mundo cultivava a ciência, Kierkegaard afirmou a irredutível complexidade da alma humana, afirmando que ela só pode ser pensada pela religião.

Por isso, o terapeuta está em uma fronteira complexa entre o corpo, a alma e o espírito, que exige um conhecimento que a ciência empírica tende a descartar. A ciência

empírica também desconsidera o papel subjetivo do terapeuta, tentando mantê-lo em uma neutralidade, o que é uma ilusão.

Não se pode lidar com uma pessoa de modo impessoal. Isso não significa trabalhar

de forma enviesada; é possível buscar a

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objetividade, mas não a impessoalidade.

Muitas ciências humanas foram marcadas ou pelo extremo do cientificismo, tratando as pessoas como objetos e desprezando o conhecimento humanístico (Literatura, História, Filosofia, Religião), que foi

considerado supersticioso. Mas o ser

humano não é apenas um ser positivo, ou seja, palpável, tangível. Auguste Comte queria dar à sociologia o mesmo rigor e precisão da geometria, mas o resultado foi um fracasso: sua sociologia tornou-se uma ideologia, porque não é possível mensurar a alma humana individual, nem a variedade da vida social, que é marcada pela relação de pessoas livres.

Aristóteles começa Ética a Nicômaco dizendo que a ciência do ethos, do

comportamento humano, não é cognoscível

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como as ciências matemáticas; e isso é uma coisa óbvia. Mas como atualmente o ideal cognitivo é a ciência da natureza, em que tudo é objetivo, para as humanidades resta o ceticismo, o relativismo, o Romantismo, tudo é subjetivo.

Esse é um paradoxo extremo de nossa época; por um lado, se afirma a ciência da natureza; por outro, a impossibilidade de uma ciência humana. Se alguém

se apresenta como cientista político,

cientista da alma, a primeira reação é de desconfiança: qual é o partido, a religião, a perspectiva dele? A ciência foi esvaziada em discurso, local de fala, poder de fala.

Com isso, a verdade objetiva e a busca de conhecimento real também são esvaziadas.

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Outro aspecto importante é a barbárie da especialização (barbárie é o oposto de civilização e cultura, é a violência). A

especialização é a abstração das partes que compõem o todo para a concentração em um de seus elementos, a fim de aprofundar- se nele e aguçar o conhecimento. Por outro lado, o especialista se aliena do todo da

realidade. O homem é um microcosmo, porque condensa em si a complexidade do Universo, participa de todos os seus níveis.

Quando se perde de vista o corpo como um todo, a relação entre corpo e alma, a unidade entre o indivíduo e sua família e

comunidade, há uma crise, perde-se de vista a unidade do mundo.

A barbárie da especialização

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O símbolo é o oposto disso: ele reúne, condensa, sintetiza. Por isso precisamos resgatar o pensamento simbólico tradicional da Literatura, da Religião, da Filosofia.

Quando a ciência se subtrai do todo, torna- se um fator de desordem e desorientação – essa é a crise da ciência. Para se ter um conhecimento efetivo sobre o ser humano, não se pode ser um especialista excludente, mas ter, para além da especialidade, a

sabedoria acumulada pela tradição.

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Referências

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