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Foto 9 Rua Dr Pedro Ludovico, Setor Central de Corumbaíba (GO): localização da maior parte dos estabelecimentos comerciais e de prestação de serviços na cidade

1.3 Os rearranjos espaciais em Corumbaíba (GO) a partir da Italac Alimentos

1.3.1 O crescimento populacional e a produção do espaço urbano

A população, segundo Marx (2008), é uma abstração quando se deixa de lado as classes que a compõem. “[...] Por sua vez, torna-se sem sentido ao se ignorar os elementos sobre os quais repousam, por exemplo, o trabalho assalariado, o capital, etc. Nesse sentido, a população constitui uma rica totalidade de determinações e relações diversas [...]”. (MARX, 2008, p. 258). Com isso, a análise da população deve ser realizada a partir de um contexto geral da sociedade com o intuito de compreender a mudanças históricas.

Segundo o Censo Demográfico (2010) realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Corumbaíba (GO) tem uma população total de 8.181 habitantes, sendo: a população urbana de 6.307 habitantes; a população rural de 1.874 habitantes; a população feminina de 3.897 habitantes; e a população masculina de 4.284

habitantes. A Tabela 4 mostra a evolução populacional de Corumbaíba (GO) de 1980 a 2010, especificando a quantidade de homens e mulheres dos seus respectivos períodos período.

Tabela 4- População/homens-mulheres- Corumbaíba (GO) (1991-2010)

Ano População Homens (%) Mulheres (%)

1980 5.909 - - - - 1991 5.525 2.887 52,25 2.642 47,75 1996 5.970 3.146 52,69 2.824 47,31 2000 6.655 3.477 52,38 3.160 47,62 2005 7.360 - - - - 2010 8.181 4.284 52,32 3.897 47,68 Taxa de crescimento (%) 27,77 32,6 0,07 32,2 - 0,07 Fonte – SEPIN/GO (2012).

Organização - CARNEIRO, Janãine D. P. L., 2012.

Com base na Tabela 4 nota-se que população aumentou de 5.525 habitantes em 1991, para 8.181 em 2010. Nesse período, a quantidade de homens passou de 2.887 para 4.420, e a quantidade de mulheres passou de 2.642 para 3.897 também de 1991 para 2010. Nessa década a proporção de homens em relação às mulheres permaneceu praticamente a mesma, com 52,5% para os homens e 47,5% para as mulheres.

De acordo com o IBGE (2010) 20% da população corumbaibense é composta por homens com idade entre 15 e 39 anos, enquanto 19,5% das mulheres têm entre 15 e 19 anos, constituindo mão de obra disponível para o mercado de trabalho. Além de constituir força de trabalho disponível, o crescimento populacional constitui um atrativo para a instalação de indústrias, para a dinamização da agropecuária, o comércio e a prestação de serviços, ao mesmo tempo em que estes fatores também constituem um atrativo populacional para a cidade de Corumbaíba (GO).

A taxa de crescimento geométrico populacional é de 2,09% e a densidade demográfica, 4,34 hab/km². Vale destacar que esse crescimento tem sido atribuído ao aumento do número de migrantes que chegam, uma vez que o número de nascimentos vem decaindo nos últimos anos14. Esses migrantes são oriundos do campo, cidades vizinhas e de outras cidades brasileiras, tais como, Recife (PE), Uberlândia (MG) e Itumbiara (GO), conforme evidenciado pelos trabalhadores da Italac Alimentos, na pesquisa de campo. Esses trabalhadores foram atraídos pelas ofertas de emprego na agroindústria laticinista.

14 O número de nascimentos em Corumbaíba (GO), em 1996, 2002 e 2008 são respectivamente 93, 115 e 95. O

que demonstra uma queda de 17,3% no período de 2004 a 2008. Fonte: Situação da base de dados nacional

(SINASC) em 14/12/2009. Disponível em:

Em Corumbaíba (GO), no período de 1991 a 2000 e de 2000 a 2010 a taxa de crescimento populacional foi respectivamente de 16,69% e 18,87%. Percebe-se no Município uma elevada taxa de crescimento populacional, se comparada às demais cidades da Microrregião de Catalão, apresentando a terceira maior taxa de 1991/2000 e a quarta maior taxa em 2000/2010, perdendo para Catalão, que foi a que mais cresceu com 34,6%, Campo Alegre de Goiás e Ouvidor, como índice de crescimento de 33,8% e 27,5%, respectivamente. Conforme demonstra a Tabela 5.

Ao analisar o crescimento populacional de Catalão e dos municípios da Microrregião, Santana (2011) afirma que após da década de 1970 a população de Catalão teve um crescimento significativo e as demais cidades da Microrregião perdem população neste período, mas o total da população da Microrregião permanece estável, revelando a migração de pessoas destas cidades para Catalão, que já apresentava atrativos populacionais nesse período. Para o autor, entre 1980 e 1991 é possível perceber que o movimento migratório em direção à microrregião continua, mas ocorre o crescimento em Catalão e em outras cidades, mesmo que outras continuem a perder população (SANTANA, 2011).

Especificamente no período entre 2000 e 2010, Santana (2011) afirma que ocorrem mudanças substanciais na Microrregião de Catalão que vão desde o crescimento populacional até uma alteração na relação cidade-campo, sobretudo, a partir de dois critérios: o primeiro, o crescimento populacional ocorre em termos absolutos em Catalão; o segundo, que ao contrário do que houve na década de 1970, grande parte das demais cidades da Microrregião não perde, mas ganha população. Isso pode ser relacionado ao incremento da atividade agroindustrial nestas cidades.

Ao analisar a Tabela 5 nota-se também que no período de 1991 a 2000 as cidades que perderam população foram Campo Alegre de Goiás (GO), Davinópolis (GO) e Goiandira (GO). No período entre 2000 e 2010 quem perdeu população foram Três Ranchos (GO), Cumari (GO) e Davinópolis (GO), pois Goiandira (GO) e Campo Alegre de Goiás (GO) voltaram a crescer, respectivamente, 6,1% e 33,8%. Os Municípios de Anhanguera (GO), Ipameri (GO), Ouvidor (GO), Nova Aurora (GO), Corumbaíba (GO) e Catalão (GO) são os Municípios que não apresentaram queda na taxa de crescimento populacional nesses vinte anos.

Tabela 5- População/habitante da Microrregião de Catalão (GO) (1991-2010)

Municípios População Residente (hab) Evolução da População

Residente (%)

1991 2000 2010 1991 a 2000 2000 a 2010

Anhanguera 869 884 1.017 3,0 13,6

Campo Alegre de Goiás 4.534 4.528 6.057 -0,1 33,8

Catalão 54.486 64.347 86.597 18,1 34,6 Corumbaíba 5.529 6.637 8.181 16,69 18,87 Cumari 2.888 3.105 2.961 7,5 -4,6 Davinópolis 2.119 2.109 2.050 -0,5 -2,8 Goiandira 5.374 4.967 5.268 -7,6 6,1 Ipameri 20.764 22.628 24.745 9,0 9,4 Nova Aurora 1.842 1.927 2.069 4,6 7,4 Ouvidor 3.702 4.271 5.446 15,4 27,5 Três Ranchos 2.262 2.831 2.817 25,2 -0,5 Total 104.430 118.089 147.208 13,08 19,68 Fonte - IBGE (2011).

Organização - CARNEIRO, Janãine D. P. L. (2012).

O índice de crescimento populacional de Corumbaíba entre 1991 e 2010 é de 32,4%. Essa taxa pode ser atribuída à presença da agroindústria laticinista, que se instalou no Município em 1996. Isso porque de 1980 a 1991 verificou-se um decréscimo da população passando de 5.909 habitantes para 5.529, um decréscimo de 6,44%. A partir de 1991 a taxa de crescimento populacional foi de 1,55%, passando para 2,08% de 1996 até 2000, e de 7,99% deste ano até 2004. Esses dados evidenciam a retomada do crescimento populacional a partir dos anos 1990, período em que a Italac Alimentos chega à Corumbaíba (GO). O crescimento se mantém de 2004 a 2010, pois a população aumentou 11,5% passando de 7.233 em 2004 para 8.181 habitantes em 2010. O Gráfico 03 mostra a evolução do crescimento populacional do Município de 1980 a 2011.

Gráfico 3 - Evolução do crescimento populacional de Corumbaíba (GO) (1980-2011)

*Estimativa.

Fonte - IBGE (2012).

Organização - CARNEIRO, Janãine D. P. L., 2012. 5.909 5.525 5.970 6.655 6.780 6.892 7002 7233 7360 7487 8181 8299 * 0 1.000 2.000 3.000 4.000 5.000 6.000 7.000 8.000 9.000 1980 1991 1996 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2010 2011Número de habitantes

A taxa geométrica de crescimento populacional de Corumbaíba, em 2010, foi de 2,9% estando acima da média nacional e da média estadual. Goiás no decênio 2000/2010 foi de 1,84% ao ano, estando acima da média nacional que foi de 1,17%. No decênio1990/2000 esta taxa em Goiás foi de 2,46% ao ano, contra 1,64% do Brasil (IBGE, 2010). Isso se deve ao desenvolvimento da atividade industrial no estado, sobretudo, a agroindústria e ao aumento da produção agrícola que se tornaram atrativos para os migrantes vindos do Nordeste em busca de melhores condições de vida e/ou da região metropolitana de São Paulo, fugindo dos altos índices de desemprego que atingem o local. Além disso, a posição geográfica do Município, por exemplo, a sua proximidade com Caldas Novas (GO) e Uberlândia (MG).

No que se refere aos Municípios que fazem divisa territorial com Corumbaíba, com base nos dados da Tabela 6, nota-se que Água Limpa (GO) teve crescimento populacional de 1991 até 2000, no entanto teve perca populacional entre os anos 2000 e 2010, tendo taxa de crescimento geométrico populacional de -1,27% neste período. Já Buriti Alegre (GO), Cumari (GO), Ipameri (GO), Marzagão (GO) e Nova Aurora (GO) apresentaram crescimento no número de habitantes no período de 2000 a 2010 de 0,44%, 0,68%, 0,85%, 0,33% e 0,69%, respectivamente. O Município com maior taxa de crescimento populacional foi Caldas Novas (GO) que em 1991 tinha 24.159 habitantes, em 2000 49.660 habitantes, saltando para 73.616 habitantes em 2010. A dinâmica populacional de Caldas Novas (GO) difere dos demais municípios da região por se tratar de um polo turístico hidrotermal. Com exceção de Caldas Novas (GO), Corumbaíba (GO) apresenta o maior índice de crescimento geométrico populacional, ou seja, uma taxa de 3,5% entre 2000 e 2010.

Tabela 6 – População/habitante de Corumbaíba (GO) e municípios goianos limítrofes (1991-2010)

População Residente (hab) Taxa de Crescimento Geométrico

Populacional * (%) Municípios 1991 2000 2010 2000 – 2010 Água Limpa 1.937 2.200 2.111 -1,27 Buriti Alegre 8.742 8.718 8.454 0,44 Caldas Novas 24.159 49.660 73.616 3,6 Cumari 2.888 3.105 2.961 0,68 Ipameri 20.764 22.628 24.745 0,85 Marzagão 1.405 1.920 2.095 0,33 Nova Aurora 1.842 1.927 2.069 0,69 Corumbaíba 5.529 6.637 8.181 3,5

*A Taxa de Crescimento Geométrico Populacional é o crescimento da população de um local considerando duas datas sucessivas e o intervalo de tempo entre essas datas, medido em ano.

Fonte - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE); Secretaria de Estado do Planejamento e

Desenvolvimento/Superintendência de Estatística, Pesquisa e Informação (SEPLAN/SEPIN).

Organização - CARNEIRO, Janãine D. P. L., 2012.

O crescimento populacional evidenciado na Tabela 6, ao mesmo tempo em que foi impulsionado pela territorialização da empresa no Município, garante força de trabalho

disponível para o Laticínio, tanto de homens quanto de mulheres. Entretanto, o índice maior de homens, demonstrado pelos dados evidenciados está relacionado ao fluxo de pessoas que chegam à cidade em busca de trabalho na empresa. Isso porque a maior parte da população é formada por homens e a maior quantidade de trabalhadores na empresa e demais indústrias são homens (PESQUISA DE CAMPO, 2012).

O crescimento populacional alcançado por Corumbaíba é incentivado pela presença da agroindústria. Tal crescimento promove, dentre outros aspectos, a dinamização do comércio e da prestação de serviços que por sua vez constitui importante fonte de emprego para a população local. Segundo a Secretaria de Gestão e Planejamento do Estado de Goiás (SEGPLAN) o número de empregos, ou seja, postos de trabalho ativos em Corumbaíba em 1999 foi de 586, enquanto em 2005 foi de 694,34 e em 2011 foi de 1.129,11, com crescimento de 48% entre 1999 e 2011. Do total de postos de trabalho em 2011, 622 eram diretamente da Italac Alimentos, daí a importância da agroindústria como fonte de trabalho e para os trabalhadores.

No que se refere ao índice de rendimento médio em 1999 a renda média em Corumbaíba era de R$ 328,20, em 2005 era de R$ 694,34 e em 2011 foi de R$ 1.129,11, ou seja, teve um aumento de 48%.15 Essa é uma tendência em todas as regiões brasileiras, conforme publicou o IBGE, de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) uma vez que o rendimento médio do trabalhador ocupado passou de R$ 1.242 em 2009 para R$ 1.345 em 2011, com aumentos registrados em todas as regiões.Esse crescimento na renda dos trabalhadores aumenta o índice de consumo e dinamiza o comércio e a prestação de serviços, demanda maior produção, e assim, promove desenvolvimento econômico, ou melhor, dinamiza a economia local. Ao analisar o índice de renda média é preciso se atentar para o fato de se tratar de uma média entre os maiores rendimentos e os menores, escondendo as desigualdades sociais. Além disso, não considera os inúmeros empregos informais que também são postos de trabalho para muitos de seus habitantes. Um exemplo dessa realidade está na Foto 10 que mostra trabalhadores em atividade no “lixão” da cidade.

15

A renda média de um município é calculada a partir do Produto Interno Bruto (PIB) dividido pela população. O resultado é a renda média naquele período. Por se tratar de uma média, o dado é apenas uma referência, pois camufla a acentuada desigualdade social, estrutural na sociedade capitalista.

Foto 10 - Trabalhadores no lixão em Corumbaíba (GO): o trabalho informal no