RBEn 19 : 70-74, 1976
PADRõES DE ASSEPSIA UTILIZADOS NA UNIDADE DE
INTERNAÇÃO E SALA CIRúRGICA DOS PACIENTES
DESTINADOS
Á
ARTROPLASTIA DE QUADRIL
Autores :
Ana Maria Palermo da Cunha
(1)
Carlos Solé-Vernin (2)Isabel Amélia Costa Mendes
(1)
Maria Aparecida Teixeira Roque(3)
Maria Ignez R. O. Ciconelli (4)RBEn/08
CUNHA, A . M . P . e colaboradores - Padrões de ssepsia utilizados na unidade de inter nação e sala cirúrgica dos pacientes destinados à artroplastia de quadril . Rev. B. Enf.; DF, 29 : 70-74, 1976.
o preparo do paciente e da equipe ci rúrgica não é suficiente para assegurar mos o êxito de qualquer procedimento cirúrgiCO.
Não podemos realizar o prparo do paciente para o ato cirúrgico sem preo cupamo-nos com detalhes inerenes ao preparo do ambiente hospiaar, unida de de intenação do paciene e sala si rúrgica.
MAESTRE e colaboradores ( 1972) em seus trabalhos já recomendavam me didas que pudessem prevenir a infecção
pós-operatória, como: limitar o número de colaboradores na Sala de Operação ; controlar a renovação de ar da sala; eliminar conversas desnecessárias.
HERRERO ( 1972) confirmou em seus esudos o rigor da assepsia Cirúrgica tanto na saa de operação como em do o ambiente cirúrgico que acolha o pa ciente. Preconizou uma assepsia cuida dosa e sem meio termos exigindo da strumentadora da equipe que executas
e a tarefa de advertir com firmeza as
(1) Profssor -ssistente do Departamento de Enfermgem Geral e Especializada da Escola de Enfemagem de Ribeirão Preto da Universidde de São Paulo.
(2) Profeor-Titular de MicrObiologia do Departamento de Parsiologia, Microbiologia e Imunologia da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto.
(3) Enfermeira responsável pelo Centro Cirúrgico do Hospital das Clinicas de Ribeirão Preto.
(4) Professora rsonsável pela disciplina de Enfermagem Cirúrgica do Departamento de nfermagem Geral e seCializada da Escola de Enfemager.l de Ribeirão Preto,
A, A , M . P . e colaboradores - Padrões de ssepsia utilizados na unidade de inter nação e sala cirúrgica dos pacientes destinados à artroplastia de quadril. Rev. Bra. Enf.; DF, 29 : 70-74, 1976.
Irregularidades involuntárias que pu dessem prejudicar o padrão de assepsia desejado nas artroplastlas de quadril
CRNY ( 1964) chegou a idealizar uma correne laminar de ar estéril, que passando por hiperpressão através de flltros capazes de reter partículas de até um micron de tamanho, que impediria a veiculação ds bactérias.
O meio ambiente pode tornar-se ele mento desancadeane na propagação da infecção, 'se for descuidada a forma de tratmento que receber concomitante com assistência de enfermagem presta da ao paciente.
Nese trabalho padronizamos técnicas de limpeza e desinfecção para o meio ambiente, de mdo a proporcionar maior segurança para atendimento do pacien te cirúrgico.
AERL E MÉTODO
Ambiente :
Para receber os pacientes a serem submetidos à artroplastia do quadril, foi organizada uma unidade especial de in ternação. Neste cal os pacienes per maneceram durante todo o período de hospitalização que, em média, foi de 15 dias : 3 de pré e 12 de pós-operatório.
O acesso à enfermaria era rigorosa mente controlado, sendo obrigatório o uso de avenal e proteção para os pés no seu interior.
A unidade de intenação era composta de um quarto com dois leitos, um ba nheiro privativo e uma ante-sala. Pos suir ventilação e iluminação adequadas, oxigênio e vácuo com sistema central. Tanto a unidade de intenação como a sala cirúrgica receberam a lmpeza diária, desinfecção e sempre antes da entrada do paciente receberam trata mento do ar ambiente.
A equipe médica e de enfermagem SOu composto quaernário de anônio
como antisséptico para degemar s
mãos antes de qulquer' tratamento do paciente.
Limpeza de Ambiente : (Pessoal serviçal) Compreendemos por mbiente : Uni dade de Internação do paciente, Salas de Operações, corredores e vestíbulos do hospitl, Posto de Enfermagem, Salas de Atendimento de Paciente etc.
Diariamente Lhnpar: Foi lavado com água e sabão, enxaguado e enxuto cui
dadosamente as paredes de aZule10, parapeitos e janelas e o chão.
Nota : Exaguor-se principalmente can tos, rdapés e pés do mobiliário.
Semanalmente : Além da limpeza diá ria, limpou-se globo de luz, portas, j a neas e vitrôs, amários, etos e pare des sem azulejO.
Nota : Para a limpeza de tetos e pa redes usamos um pano limpo e úmido enrolado em vassoura própria a fim de remover a poeira.
O balde, os panos e a água com sabão usados estavam sempre limpos. Quando a água apresentava-se turva e o pano sujo, foi substituída a água e lavado o pano para prosseguir a limpeza.
Limpeza dára de ambiente : (Pesol
de Enfermagem)
Foi lavado com água e sabão, enxa guado e enxuto todo o mob1liárlo e eqUipamentos que compunham a Uni dade de Internação do Paciente, Sala de Operações e Sala de Atendimento de pacientes.
Desinfecção e Ambiente (Pessoal de Enfermagem)
Material :
1 avental com mangs compridas, 1 par de botas, 1 par de luvas, 1 balde, 1 rodo, 1 pano, 1 cálice graduado LM POS e o desinfetane · .
CA, A . M . P . e colabOradores - Padres de sesia utilidos na unidade de nr nação e sala cirrgica dos pcientes d�os à artroplastia de quadril. v.
. Enf. ; DF, 29 : 70-74, 1976.
Preparou-se uma solução a 2% do de sinfetane usado, foi pssado nas pare des de azlejO, parapeios de janels, mobiliário e chão.
Nota: Sempre que a solução desinte tante apresenou-se turva foi subsituída.
Desinfetante sado
Fómula: Fomaldeido-álcool, Cloreto de Benzeio, so-octl-fenoxi-po.e oxietanol; Veiculo aquoso.
Tratamento do Ar Ambente
Foi feito semnalmente com remoção do paciente ou sempre que a situação exigiu.
Materil: Solução desinfetante usada: Vaporizador para ambiente Cálice Gra duado.
Uso: Para cada m3 de mbiene 5 mI
da solução desinfetane usada.
O raameno do ar ambiente foi feio após a meza e desinfecção do mes mo. Após vaporização da quantidade de desnfeane determinada pra o am biente, foi fechado por sesena minu
s. Decorrido ese tempo, foi arej ado e usado o ambiene.
Notas: Gavetas, portas de amários, permaneceram aberts totalmene para pemitir exposição de suas superficies. Foi vaporizado o ambiene em mo vimentos circulares, cada circulo passou sucesivamente de ma parede a outra, em ma área próxima ao eto, abran gendo todo o ambiene e pe. lei da gravidade as goticulas pulverizas che gavam a áreas mais baixas e até o chão. Na ausência de uma bomba adequada para vaporizar, poderão ser ut1zados vários vaporizadores, colocados o mais próxmo possivel do e, de modo a abranger todo o ambiene.
Mateal para colheita
Foram utilizadas placas Rodac · com meio de cutura agar-infusão-sngue (coelho) para cultura de material co lhido ns diversas áreas do ambiene.
Para neutraizar o efeio bactei8á tico-bacericida dos residuos
o
dsn fetante, adicionmos aos meios de cul tura: ween, 80 a 1 % e Gema de ovo a 0,5% no meio de Agar-Sangue.Após a colheita do maerial, as pacas cm Agar-Sangue foram incubadas em estufa a 35° C por 24 horas, aps este tempo foi realizada a leitura das placs contando-se o número de colônias cres cidas nas superficies dos meios.
Ténica ara colheita de matal
Cohemos maerial do mbiene m
dus Fases:
1 Fase : - A unidade de intenação
ou sala cúrgica encontrava-se sUja, ou seja, após o uso dos mbienes.
1 Fase : - A unidade de ineação
ou sala Cirúrgica esava pronta para uso, ou eja, após limpeza, desinfecção e tratmento do ar mbiente.
Locais determindos para colheita o
material.
Colhemos maeri.l do pso e mobiliá rio dos ambientes obsevados.
Ut1zamos as pacas Rdac cmo ca rimbo de superficie para colher mael dos locais referidos.
RESLTOS
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resulados referem-se aos primei ros 10 pacientes observados no pré e pós operaóriO, durane o perido de 7me-• dac plates 15 m Style. 6 cm de diâmeto. Falcon plstics Division of B-D ao
ratoris De. - Los Angels - Clfóa. Sua cofomação ermite que s tmpas
ds msms formem m encaixe, não cando na superfície do Agar. So rcue rados por lavagm e dsinfecção qa a fio (deergene, glutaraldeido 2% e álool
CA, A . M . P . e colaboradors - Ps de sesia utdos na unidade de nr nação e sala cirúrgica ds pacientes dess à arroplastia de qudrl. ev. Br. Ef.; DF, 29 : 70-74, 1976.
ses consecutivos, em que procuramos, de ma forma sisematizada, padronizar a desinfecção do ambiente.
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Brs. Enf. ; DF, 29 : 70-74, 1976.
nISCUSSAO
Com a realização deste controe bac teriológico do ambiente pudemos cons
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atar situações, como mostra também aTabela I, que após o uso de um. sala �e operação e ambém de uma unidade de intenação estas apresentaram-se com número incontável de colôniaS bac
terianas para S; albus e B. subtiZis, no
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Bo. O mobiliário de uma saa de operação, apesar da assepsia mantida no 'seu inerior, após horas de exposião para a realização das cirurgias progra madas tmbém apresentou-se com nú
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ero de cOlônias elevado confoi
e po�e-se observar na Tabela I.
: Com a realização deste trabalh
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con cluímos que a população bacteriana de Um ambiene amenta cada vez mais com as correntes de ar proporcionad; pela abertura da portae
entrada da unidade observada.Outro fator que contribuiu muito pa ra aumento de população bacteriana nos ambientes estudados foi o grande nú mero de pessoas da equipe médicá e de enfermagem que entravam para prestar
ssistência ao paciene. Na sala .cirúr.
gica restringimos ao máximo o número de vezes em que a porta de entrada
de-veria abrir-se, procurando equipar su ficientemene a sala de operação, antes do ato cirúrgiCO e do tratmento do ar ambiente. Limitamos o número de cola boradores da equipe médica e da equipe de enfermagem para atuar durante o ato operaório. Conversas desnecessárias durante o ato Cirúrgico ficaram proibi das. Tqda a equipe médica e de enfer magem que movimentava-se na sala de operação, fazia-o com calma e tranqüi ldade evitando o deslocamento brusco de correntes de ar.
Na unidade de internação todos os
eementos que tinham aceso à mesma
para prestar assistência ao paciente, colcaram, sobre seus uniformes, um avental com mangas compridas, além de bots limpas proegendo o sapato. A degemação das mãos foi cuidadosa e o antisséptico empregado foi um com posto quaternário de mônio · .
CONCLUSAO
o método de limpeza, desinfecção e
tratamento do ar ambiene realizado foi suficiente para tratar convenienemente o ambiente cirúrgico, oferecendo segu
rança no pré, trans e pós-operatório ds
pacientes submetidos à artroplastia do
quadril.
REFE�NéIAS BBLIGRAFICAS
1 . CHARN:, J. - Clean a'r operating .
room enclosure. British Jonal of Surgey. 51 - 1964.
2 .. Gula para controle de Infeçõs em
Hspitais - Tract. New York State Department of Health. Porto Alegre, 1973.
3 . STRE, J., Caías, J., Vivs, J. &
Sachez. Cra, V. - Astroplastla de cadera por endoprótses total ence mentada n "Técnics Actuals en
Ciurgia Ortopédica y Taumatoló gia". Mastre Rerrero, J. y colabo radores. Artes Grancs Soler - Va lencia - 1972.
4 . MsTRE, Herrero, J. - Eficlecla y rentabl11dad qulrurglca en un depar tamento de ortopedia y traumato logia ln "Técnics Actuls en Ci rurga Ortopédica y raumatologia". Maestre Herrero, J. y colaboradores. Artes Grafis Soler, Valencia -1972.
• GemHandDarrow Labora�rls S.A. Dlvo de Antiséptics, "Marca Registrada
-io de Janeiro, J.