RBn, 29 : 38-41, 1976
NECESSIDADE DE ORIENTAÇÃO
À
SAODE DO
PACIENTE BIABnlCO
• oange Maria amos
Bn/04
AMOS, S . M . - Necessidade de orientaço à "aúde do pciente diabético. v. Bras. Ef.; DF, 29 : 38-41, 1976.
RODUÇAO :
A orientação para a saúde consise no conjunto de ensinamentos que viam à mudança de atitudes, de comportamento, e o desenvolvimeno de habiliddes úeis à prmção, à anuenção e à recupe ração da saúde.
ssm, a orientação para a saúde é de particular importância para o paCiene diabético, uma vez que esse necessita de cuidados especifics, imprescindiveis à sua seg.nça fsica, emocionaI e scial.
A ingestão de uma dieta adequada, a verificação regular da glicsúria, da gli cemia, e outros cuidados igualmene vol tados para a manuenção do conrole do equllibrio do paciene diabético, asegu rm-lhe a vida normal, prticipnte nas atividades diárias, livre ds possi veis complicações dessa deficiência. Essa participação efetiva na escola, no tra balho e nos esportes leva à modificação do conceio do diabetes na sciedade.
Na situação do paciene dependente do uso diário de insulina, a dificuldade de aprendizagem amenta na razão inversa do seu grau de instrução.
. Levando-se em consideração as difi culdades de algumas estudanes de en fermagem para a aprendizagem dos cál culos para a dosagem de insulina nas diverss concentrações, compreende-se a necessidade de proramação e avaliação do ensino que deve ser continuamente oferecido a sucesivos grups de pa cienes.
Outros fatores como a idade, a acui dade visual e a condição scial influen ciam a aprendizagem e devem ser leva dos em conideração pelos responsáveis por esses prgramas de orienação.
A participação no ensino ao paciente, dentro das possiblldades de cada um, é função de tdos aqueles que o assistem. A enfermeira, como lider da equipe de enfermagem, e como cordenadora da ssistência de enfemagem prestda ao
• ofssora ssistente do Departameno de nfermagem undamntal a scola de nfeagem da J.
AMOS, S . M . - Necesidade de orientaç.o à saúde do paciente diabético. Rv. r. Enr.; DF, 29 : 38-41, 1976.
paciene, assume um pael de importân cia decisiva nesse programa.
á portanto três aspectos a serem con siderados na orienação para a saúde: a necessidade que do indivíduo em de preservar sua saúde, a valorização dessa necessiade no caso de diabético, pelas impUcações da dença, e ma tomada de consciência por parte da enfermeira, no sentido de asumir o ensino do paciene, como parte integrante de suas funções, inserindo-o na própria assistência de en femagem. O problema é que há uma evidência do desempenh9 dessa função : observm-se idas e vindas constanes de pacienes diabéticos a unidades de iner nação, cada vez em situação mais pre cária, em vista do cuidado irregular e de ficiente que o paciene se disensa ou recebe de algum membro da família.
1 . 1 . RECENTES DISCUSSõES DO PROBMA NO NOSSO MEIO
RDUINO, 1973 (1) , aconselha que a instrução do paciente deve ser iniciada a partir da primeira cnsulta médica, o que, de certo modo, contribui para o ajustameno do paciente à sua condição de diabéico. Acrescenta que não é pos sível que se exija a efetiva cooperação do paciene, se ele desconhece, não sabe como fazer para corresponder à exec tativa da equipe de saúde quanto ao seu desempenho e se, inclusive, desconhece as possíveiS consequências de sua omis são.
MEDES, 1975 (2) , relata, após pes quisa realizada em domicílio de pacien tes diabéticos, em Ribeirão Preto, haver constaado que eses cometiam erros dede a aquisição do produto na farmá cia, em relação ao que lhe fora prescrito, situação que se agravava durane o pre paro da dose indicada. Embora esses pa cientes tivessem afirmado, durante a en trevista no ambulaório, que sabim ad quirir, preparar e administrar a
suli-na, conforme a prescrição médica, ao observá-los no desempenho dessas ativi dades, concluiu que dos cinquenta visi tados aens dois (4% ) haviam agido corretamene.
RMOS, 1975 (3) , em estudo realizado m see hospitas gerais e especializads em diabetes, revela que há um compro vado interesse por parte ds pacientes em receber informações sobre a origem, o tatameno, o prognóstiCO e os prová veis prejuízos fisicos e/ou scias dessa deficiência orgânica. Acrescenta que s enfermeiras reponsáveis pela asisên cia desses pacienes esão conscientiza das da mporância de suprir essa ne cessidade de aprenizagem por eles re velada. Corre que o desenvolvimento da ssistência a esse problema de enfema gem, identificado em um grupo comum de pacientes, revelOu-se falho, não sendo encontrados registros de prescrições de enfermagem viando a solução desse pr blema, e as unidades que desenvolviam esse tipo de assistência revelaram defi ciência, ora por atingirem apenas a um grupo previamene selecionado, ora por não haver um planejamento, uma met dolgia própria, ou ainda uma avaliação devidamene registrada para estudos posteriores.
1 . 2 . OBJETIVOS
Em relação às enfermeirs foram de terminados os seguintes objetivos:
• Verificar se as enfemeiras direa mente responsáveis pela assistência de
enfermagem aos pacienes estão ine grando atividades de orientação para a saúde nessa assistência.
• Determinar a partiCipação da en fermeira nos programs de orientação dos pacientes diabéticos.
• Verificar se após a orientação é feita a avaliação da aprendizagem ds pa cienes.
MOS, S . M . - Nceidade de ino à saúde do paciente dl.étlo. Y. . f.; DF, 29 : 38-41, 1976.
. relação aos paienes:
• Verificar quem os pacienes perce
m como participans da orientação
para o seu autcuidado.
OOLGA:
o estudo foi realizado em onze uni dades de clinlca médica e especialzada em diabetes. Foram utUizads dois tipos de questionário, m para pacienes e outro para efe'meiras(s) .
O ds pacientes foi preenchido duran te entreviss c. 36 deles. A escolha re caiu sobre aqueles encontrados nas en femarias ou nos ambulaóris, nos ias do levantameno de dads. Quanto ao questionário das(8) enfermeiras (os) , form distribui dos entre s(as) chefes dessas Unidades, respectivs superviso ras e substitutas eventuais, perfazendo o total de quatorze os que nos foram de volvids.
3 . RESULTADOS
Entre as enfermeiras respondenes ve rifica-e que 10 (71,5% da amostra) eram chefes das Unidades estudads, e 4 (28,5%) , supervisoras das mesms. Es ses dados revelaram-se importanes por coresponderem ao objetivo do trabalho, no que diz reseito à ver1f1cação do en volmeno profissional da enfermeira em relação ao paciente. Das que em sua maioria se identificarm como chefes de unidde era de se esperar que fsem responsáveis pela aência de enfer magem presadas . eses pcienes, no que deviam ser apoiada elas supeviso rs. De foma significante, 11 (78,5%) s enfemeiras ercebiam a orientação io paciente diabético para o seu auo cuidado, como parte inegrante da s sistência de enfemagem, e apens 3 (21,5%) , sm não o consideravam. Da do o registo acma, era de se esperar
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que exst1ssem nss unidades pra ms estabelecids para l orientação,
porém, as respsts revelarm que
-mene 5 (5,7 % ) osm esses prora mas, o que não oa com as 9 res postas (64,3 % ) :
Ressalta-se a seguir que des 5 pro gramas, apens um deles foi elabordo por enfemeira. Esse dado fica mais sig nificativo quando se ver1f1ca que entre 14 enfermeiras(os) apens 1 ssumiu a elaboração de proams de orientação para pacienes.
Obseva-se empenho na avallação da aprendizagem, quando 9 (64,3% ) das
resposas fimam haver a avaliação
teminal após o prcesso ensino-apen
dizagem. sa �fomação revela que
quatro enfermeiras orientm e avallam
s pacienes eventualmente, ou partici pam de progrmas elaborados em con juno com outros elements da equipe de saúde. Dessa foma 5 (35,7%) das enfemeiras não estão ntegrdas nesa at1v1dade.
Quanto à metdologia utulzada para a avaliação da aprendzagem, apresena se defsada, por não haver egistro dos resultads, o que posib1l1ta eajuses no programa. s informantes que asegu ram avaliar os resultados, 3 (33,3%) os registram em ficns especiais, e os de mais (66,7% ) consideram as afirmai vas verbais do paciente, de que haviam aprendido, sem uma devolução da apren dizagem prática ou resposta a eses es crits.
Diante do levanmento da situação em relação s enfemeiras, busca-e s informações dos pacientes a decrição de como têm se considerado ssisido nesa
necesiade. Dos 6 espondenes, 20
RAMOS, S . M . - Ncesidade de orientação à saúde do paciente diaético. v. s. I.; DF, 29 : 38-41, 1976.
atuação dos profissionais de saúde em relação a essa atividade de ensino, e constaa-se que apenas 4 pacientes (11 % ) form orientados só por enfer meiras(os) , 16 (4,5%) receberam orien tação dessas(es) e de outros profssio nais, em trabalho de equipe e os demais
16 pacIentes (4,5%) não tIveram opor tunidade de serem orientados.
4. DSUSAO :
Diante dos resultados acima descritos, percebe-se o quanto é .. válida a observa ção de BARNES (�) quando afina que os elementos responsáveis pela assistên cIa do pacIente deveriam ineresar-se em tomá-lo auto-suficiente para o seu cuidado após a assistência prestada du rante a intenação, quando o paciene é considerado dependene de alguém da equipe que o assiste, para atividades per feitmene passiveis de serem por ele as sumidas. Essa afinativa coincide com a atual filsofia da assistência de en femagem que considera a individuali dade do paciente, com suas potenciali dades, seus conhecmentos e suas d1f1-cúldades. Por que estariam interesadas as enfermeiras em considerá-los incapa es de aprender a se cuidar, quando in enados, e julgá-los capazes de assu mir o auto-cuidado após a alta? Se elas nfomaram reconhecer a necessIdade de ensinar aos pacientes e não a estão as sumindo, revelm, na verdade a dificul dade que sentem na forma de desenvol ver esse tipo de assistência.
4 . 1 . RECOMENDAÇõES:
Aos HspItais:
Conslderando-se que o ensino ao paci ene diabético para o seu auocuidado asegura-lhe a saúde, recomenda-se que em todos os hospItais haja progs permanentes de orientação.
Considerando-se o registro da avaia ção imprescindivel à sequênCia da pro gramação por outros elementos da equi pe de saúde, recomenda-se que após cada aprendizagem se faça o devido registro no prontuáriO do pacIene.
Considerando-se as possiveis mdifi cações que venham a ser feitas ns pro grmas, recomenda-se o registro, em fi chários, das facilldades e dificuldades sentids no desenvolvimento de cada método e/ou écnica de ensno.
s enfermeIras:
Considerando-se a dificuldade revela da na assistência aos pacienes depen dentes à nivel de orientação, recomen da-se que particIpem de cursos que pre parem profissionais da equipe de saúde para o ensino aos pacienes.
s escols de Enfermagem:
Considerando-se que as enfermeiras não vêm participando efetivamene a orientação aos pacientes, para o seu au tocuidado, recomenda-e que as estu dantes de enfemagem, baseads nos c nhecimenos de Clinica Médica e de Di dática planejem, desevolvam e avaliem a orientação a pacientes dIabéticos.
BIBLIOGRIA
1 . ARDUINO, F. - Diabets Mell1ts e sus omplicações. Editora Guna bara Koogan. Rio de Janeiro, 1973. 2. MNDES, I. A. C. -Observação da Ad
mdstração de sia em pcien
s diabéticos no domicilio. Tese de Mstrado em Enfermagem, Escola
Ana Néri. io de Jneiro, 1975.
3 . RAMOS, S. M. - A aprendizagem do
paciente diabético dependência de enfermagem a ivel de orientaço. Tese de Mestrado em Enfermagem, Escola de Enfermagem Ana Néri. Rio de Janeiro, 1975.
4 . BS, E . - s relações humans 0 hospital. ivraria mea. Coim bra, 1973.