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Caracterização do potencial energético de Trás-os-Montes e Alto Douro

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO

ESCOLA DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECÂNICA

CARACTERIZAÇÃO DO POTENCIAL

ENERGÉTICO DE TRÁS-OS-MONTES

E ALTO DOURO

João Costa Angélico Afonso

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Dissertação apresentada à Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro para obtenção do grau de Mestre em Engenharia Mecânica, realizada sob a orientação científica do Professor Doutor Amadeu Duarte da Silva Borges do Departamento de Engenharias da Escola de Ciências e Tecnologia da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro.

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Dedico este trabalho aos meus pais, Henrique e Isabel, Pois a vocês, devo tudo o que sou hoje… Aos meus avós, Orlando e Conceição… Obrigado por todo o carinho e dedicação… À minha namorada Sara, Obrigado por toda a paciência, dedicação e compreensão… Obrigado por seres especial… A todos o meu Muito Obrigado!!!

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I

Agradecimentos

Em primeiro lugar gostaria de agradecer ao meu orientador, Professor Amadeu Borges pela sua inteira disponibilidade na orientação desta Dissertação, pela confiança em mim depositada, por todo o interesse demonstrado e toda a ajuda ao longo do decurso deste trabalho.

Gostaria de agradecer à minha Família por todo o apoio, motivação e inspiração, que foram chave do meu sucesso para conseguir aqui chegar.

A todos os Professores do Departamento de Engenharia Mecânica, pelo exemplo e pela sua excelente relação com os alunos.

A todos os colegas e amigos que ajudaram de forma directa ou indirecta na realização do presente trabalho.

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II

Resumo

As políticas energéticas adoptadas pela União Europeia e mais concretamente por Portugal demonstram sérias preocupações devido ao excessivo consumo de energia fóssil e respectivos impactes resultantes desse mesmo consumo, sendo por isso fundamental a aposta na redução do consumo de energia, ou seja, na implementação de medidas que conduzam à eficiência energética de modo a poupar os mais diversos recursos do planeta bem como a promover a utilização de fontes de energia renovável.

Portanto, apresentam-se como principais metas definidas pelo nosso país junto da União Europeia a redução do consumo de energia primária em 20% (meta da eficiência energética), o aumento do recurso a energias renováveis para 20% do mix europeu (sendo a meta indicativa para Portugal de 31%), e ainda a incorporação de 20% dos biocombustíveis nos carburantes até 2020.

Como tal, de forma a definir prioridades para intervenções, investimentos ou correcções, torna-se fundamental a realização da caracterização energética de qualquer região. A caracterização energética de uma determinada região passa essencialmente pela avaliação da capacidade instalada de produção de energia, pela previsão da capacidade produtiva futura da região bem como pela evolução do consumo de energia e impactes resultantes.

Para tal, é essencial caracterizar a região quanto aos factores que influenciam directamente o potencial energético e perceber se estes influenciam positiva ou negativamente as diversas fontes de produção de energia da região sendo igualmente essencial avaliar os recursos endógenos de aproveitamento energético da região.

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III

Abstract

The energy policies adopted by the European Union and specifically for Portugal demonstrate serious concerns due to excessive consumption of fossil fuels and their impacts, and it is vital to focus in reduction of energy consumption, or, in the implementation of measures that leading to energy efficiency in order to save the most diverse planet's resources and to promote the use of renewable energy.

Therefore appear as major targets set by our country to the European Union to reduce primary energy consumption by 20% (target energy efficiency), the increased use of renewable energy to 20% of the European mix (with the goal indicative for Portugal, 31%), and also the incorporation of 20% of biofuels in fuels by 2020.

As such, in order to set priorities for interventions, investments or corrections, it becomes essential to achieving energy characterization of any region. Energy characterization of a region shall mainly for assessing the capacity of energy production, the forecast of the future productive capacity of the region as well as the evolution of energy consumption and resulting impacts.

To this end, it is essential to characterize the region on the factors which directly influence the energy potential and realize if they positively or negatively influence the various sources of energy production in the region and it is also essential to assess the endogenous resources of energy use in the region.

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IV

Índice

Agradecimentos ... I Resumo ... II Abstract ... III Índice ... IV Índice de Figuras ... VI Índice de Tabelas ... IX

Capítulo 1 – Introdução à Dissertação ... 1

1. Introdução ... 1

1.1. Objectivos da Dissertação ... 3

1.2. Conteúdo da Dissertação ... 3

Capítulo 2 – Caracterização da região de Trás-os-Montes e Alto Douro ... 5

2.1. Clima ... 5 2.2. Relevo ... 8 2.3. Geologia e geomorfologia ... 12 2.4. Hidrologia ... 14 2.5. Flora ... 16 2.6. Fauna ... 16 2.7. Vento ... 17 2.8. Radiação solar... 18 2.9. Demografia ... 20

Capítulo 3 – Evolução do mercado da energia ... 21

3.1. Implementação da Energia Eléctrica ... 22

3.2. Implementação do Gás Natural ... 24

3.3. Evolução do consumo de energia na região de Trás-os-Montes e Alto Douro 26 3.4. Impactes resultantes do consumo de energia ... 31

3.5. Evolução das Fontes de Energia Renovável ... 33

Capítulo 4 – Aproveitamento energético na região de Trás-os-Montes e Alto Douro ... 36

4.1. Energia proveniente dos Resíduos ... 36

4.1.1. Aterros na região de Trás-os-Montes e Alto Douro ... 38

4.1.2. ETAR na região de Trás-os-Montes e Alto Douro ... 47

4.2. Energia proveniente da Biomassa... 57

4.3. Energia Solar ... 70

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V

4.5. Energia Eólica... 104

Capítulo 5 – Aproveitamento energético total na região de Trás-os-Montes e Alto Douro ... 120

5.1. Potencial total estimado de aproveitamento energético da região de Trás-os-Montes e Alto Douro e aumento de potência estimado de cada fonte de energia da região ... 120

5.2. Potencial total estimado de aproveitamento energético da região de Trás-os-Montes em comparação com a potência actualmente instalada de cada fonte em Portugal ... 124

5.3. Análise de aumentos de potência já programados na região de Trás-os-Montes e Alto Douro ... 128

Capítulo 6 – Conclusões e trabalho futuro ... 133

6.1. Conclusões ... 133

6.2. Trabalho futuro ... 135

(9)

VI

Índice de Figuras

Figura 1 – Regimes climáticos da região de Trás-os-Montes e Alto Douro. ... 6

Figura 2 – Mapa hispométrico da região de Trás-os-Montes e Alto Douro. ... 9

Figura 3 – Distribuição das formações geológicas na região de Trás-os-Montes e Alto Douro. ... 12

Figura 4 – A rede hidrográfica da região de Trás-os-Montes e Alto Douro. ... 14

Figura 5 – Insolação média anual nas estações de Vila Real e de Bragança. ... 18

Figura 6 – Insolação na região de Trás-os-Montes e Alto Douro. ... 19

Figura 7 – Evolução da população residente na região na última década. ... 20

Figura 8 – Evolução da potência instalada (MW) em grandes aproveitamentos hidroeléctricos. ... 23

Figura 9 – Evolução da potência instalada (MW) em pequenos aproveitamentos hidroeléctricos. ... 24

Figura 10 – Área de concessão da Dourogás. ... 25

Figura 11 – Evolução do número de consumidores de energia (por tipo de consumo). 27 Figura 12 – Evolução do consumo de energia eléctrica em kWh por sector de actividade económica. ... 28

Figura 13 – Evolução do consumo de energia eléctrica em kWh por tipo de consumo. 29 Figura 14 – Evolução do consumo de gás natural em Nm3. ... 30

Figura 15 – Evolução da venda de combustíveis para consumo. ... 31

Figura 16 – Evolução do tipo de operações dos resíduos urbanos. ... 36

Figura 17 – Destino dos resíduos. ... 37

Figura 18 – Sistemas de Gestão de RU em Portugal Continental. ... 39

Figura 19 – Aterro sanitário de Urjais. ... 40

Figura 20 – Quantidade de resíduos depositados, em toneladas, entre os anos de 2008 e 2012. ... 41

Figura 21 – Caracterização dos resíduos sólidos urbanos depositados durante o ano de 2012. ... 42

Figura 22 – Quantidade de resíduos depositados, por cliente e em toneladas, no ano de 2012. ... 43

Figura 23 – Estação de Tratamento de Águas Lixiviantes. ... 44

Figura 24 – Central de Valorização Energética de Biogás do Aterro Sanitário de Urjais. ... 45

Figura 25 – Grupo Gerador da Central de Valorização Energética de Biogás do Aterro Sanitário de Urjais. ... 46

(10)

VII

Figura 27 – ETA e ETAR na região do Alto Tâmega. ... 53

Figura 28 – ETA e ETAR na região da Terra Fria/Terra Quente. ... 53

Figura 29 – ETA e ETAR na região do Vale Douro Norte. ... 54

Figura 30 – ETA e ETAR na região do Douro Superior / Terra Quente. ... 54

Figura 31 – ETA e ETAR na região do Vale Douro Sul. ... 55

Figura 32 – Tipos de biomassa para produção de energia. ... 57

Figura 33 – Formas de transformação de biomassa em energia. ... 58

Figura 34 – Vantagens e implicações do uso da biomassa para produção de energia. .. 59

Figura 35 – Centrais dedicadas e centrais de co-geração actualmente em operação em Portugal. ... 62

Figura 36 – Evolução da potência total instalada em biomassa em Portugal (MW). ... 63

Figura 37 – Valores previstos para a potência instalada em Portugal entre 2014 e 2020 (MW) em biomassa. ... 64

Figura 38 – Evolução das exportações Portuguesas de biomassa. ... 66

Figura 39 – Espécies florestais na região de Trás-os-Montes e Alto Douro. ... 67

Figura 40 – Produção estimada de biomassa residual dos povoamentos florestais na região de Trás-os-Montes e Alto Douro. ... 68

Figura 41 – Ciclo termodinâmico (ciclo de Rankine – ciclo base). ... 70

Figura 42 – Casa Solar do Porto Santo, na Madeira. ... 72

Figura 43 – Aplicação de um Sistema Termosifão... 73

Figura 44 – Aplicação Típica de um Sistema de Circulação Forçada. ... 74

Figura 45 – Representação de sistema fotovoltaico. ... 76

Figura 46 – Evolução da potência da energia solar térmica instalada em Portugal. ... 77

Figura 47 – Evolução da potência total instalada em energia fotovoltaica em Portugal (MW). ... 78

Figura 48 – Valores previstos para a potência instalada em Portugal entre 2014 e 2020 (MW) em energia fotovoltaica. ... 79

Figura 49 – Representação de Central Hidroeléctrica. ... 83

Figura 50 – Representação da barragem Gravítica. ... 84

Figura 51 – Representação da barragem em Arco ou Abobadada. ... 84

Figura 52 – Representação da turbina Pelton. ... 85

Figura 53 – Representação da turbina Turgo... 85

Figura 54 – Representação da turbina Crossflow (Banki). ... 86

Figura 55 – Representação da turbina Hélice (Kaplan). ... 87

Figura 56 – Representação da turbina Francis... 87

Figura 57 – Diagrama para selecção da turbina indicada para o aproveitamento hidroeléctrico. ... 88

Figura 58 – Curvas de rendimento de turbinas hidráulicas. ... 89

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VIII

Figura 60 – Representação de aproveitamentos por derivação. ... 90 Figura 61 – Representação de aproveitamentos por retenção. ... 91 Figura 62 – Evolução da potência total instalada em energia hidroeléctrica em Portugal (MW). ... 95 Figura 63 – Valores previstos para a potência instalada em Portugal entre 2014 e 2020 (MW) em energia hidroeléctrica. ... 97 Figura 64 – Potência actualmente instalada e potência estimada para os aproveitamentos hidroeléctricos da região de Trás-os-Montes e Alto Douro. ... 102 Figura 65 – Representação de Aerogerador. ... 105 Figura 66 – Relação aproximada do aumento de potência em função do aumento do diâmetro das pás. ... 106 Figura 67 – Torre Tubulares. ... 109 Figura 68 – Torre Entrelaçadas. ... 109 Figura 69 – Evolução da potência total instalada em energia eólica em Portugal (MW). ... 110 Figura 70 – Valores previstos para a potência instalada em Portugal entre 2014 e 2020 (MW) em energia eólica. ... 111 Figura 71 – Potencial eólico da região de Trás‐os‐Montes e Alto Douro. ... 112 Figura 72 – Potencial eléctrica em função da velocidade do vento (aerogerador de 660

kW). ... 117

Figura 73 – Velocidade média horizontal na região de Trás-os-Montes e Alto Douro. ... 118 Figura 74 – Relação entre a potência actualmente instalada e a potência estimada de cada fonte de energia na região de Trás-os-Montes e Alto Douro. ... 122 Figura 75 – Aumento de potência estimado de cada fonte de energia e relação com o aumento total da região... 123 Figura 76 – Relação entre o potencial estimado para cada fonte de energia da região e respectiva potência instalada em Portugal de cada fonte. ... 126 Figura 77 – Potencial estimado para cada fonte de energia da região de Trás-os-Montes e Alto Douro e do peso do potencial estimado no contexto nacional... 127 Figura 78 – Relação entre o aumento de potência estimado e aumento de potência programado para cada fonte de energia da região de Trás-os-Montes e Alto Douro. .. 130 Figura 79 – Potência estimada não programada para cada fonte de energia da região de Trás-os-Montes e Alto Douro. ... 131

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IX

Índice de Tabelas

Tabela 1 – Principais bacias secundárias da bacia hidrográfica do Douro. ... 15 Tabela 2 – Principais emissões causadas pelo consumo de energia. ... 32 Tabela 3 – Evolução da energia eléctrica produzida através de energias renováveis. ... 34 Tabela 4 – Evolução histórica da Potência Instalada total de energias renováveis. ... 35 Tabela 5 – Dados relativos à floresta portuguesa e à disponibilidade de biomassa. ... 60 Tabela 6 – Evolução da potência total instalada em biomassa em Portugal (MW). ... 62 Tabela 7 – Valores previstos para a potência instalada em Portugal entre 2014 e 2020 (MW) em biomassa. ... 64 Tabela 8 – Classificação das centrais mini-hídricas quanto à potência. ... 92 Tabela 9 – Classificação das centrais mini-hídricas quanto à altura de queda. ... 93 Tabela 10 – Evolução da potência total instalada em energia hidroeléctrica em Portugal (MW). ... 94 Tabela 11 – Valores previstos para a potência instalada em Portugal entre 2014 e 2020 (MW) em energia hidroeléctrica. ... 96 Tabela 12 – Centrais hidroeléctricas na região de Trás-os-Montes e Alto Douro. ... 98 Tabela 13 – Potência actualmente instalada e potência estimada para os aproveitamentos hidroeléctricos da região de Trás-os-Montes e Alto Douro. ... 101 Tabela 14 – Evolução da potência instalada em energia eólica (MW). ... 110 Tabela 15 – Valores previstos para a potência instalada em Portugal entre 2014 e 2020 (MW) em energia eólica. ... 111 Tabela 16 – Parques eólicos na região de Trás-os-Montes e Alto Douro. ... 114 Tabela 17 – Potencial estimado para cada fonte de energia e aumento de potência estimado de cada fonte da região. ... 121 Tabela 18 – Potencial estimado para cada fonte de energia da região e respectiva

potência instalada em Portugal de cada fonte. ... 125 Tabela 19 – Aumento de potência estimado de cada fonte na região e aumento de potência já programado para cada fonte na região. ... 129

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Capítulo 1 – Introdução à Dissertação

1. Introdução

Com a realização deste trabalho, pretende-se essencialmente, e tal como o próprio tema indica, caracterizar a região de Trás-os-Montes e Alto Douro no que diz respeito ao seu potencial energético, passando a caracterização pela avaliação da capacidade instalada de produção de energia bem como pela previsão da capacidade produtiva futura da região.

Para tal, começa-se por caracterizar a região quanto aos factores que influenciam directamente o seu potencial energético. Posteriormente surge a abordagem ao mercado da energia na região no que diz respeito à implementação da Energia Eléctrica e do Gás Natural, evolução do consumo de energia, impactes resultantes bem como a evolução das fontes de energia renovável. De seguida, identifica-se e analisa-se as vertentes endógenas de aproveitamento energético da região e é ainda determinado o potencial das diversas fontes de energia. Por último, analisa-se o potencial total de aproveitamento energético da região tendo em conta as vertentes endógenas de aproveitamento energético bem como o potencial de cada fonte de energia da região.

Este trabalho surge devido à necessidade, por um lado, da avaliação da capacidade instalada de produção de energia e, por outro, da previsão da capacidade produtiva futura nesta região e em Portugal, visto que estão assumidos compromissos e metas para 2020 pelo nosso país, junto da União Europeia, no que diz respeito ao aumento do recurso a energias renováveis, sendo para tal fundamental a realização deste tipo de trabalho para definir quais as fontes de energia que devem ser reforçadas e em que regiões.

Assim sendo, a realização deste trabalho é motivante visto que permite analisar, por um lado, os factores que influenciam o potencial energético e perceber se estes influenciam positiva ou negativamente as diversos fontes de produção de energia da região. Por outro lado, permite também investigar o consumo de energia pela região e respectivos impactes, avaliar as vertentes endógenas de aproveitamento energético da

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região e ainda estimar o potencial das diversas fontes de energia, sendo por isso muito interessante e motivante, para alguém que conhece a região e os seus recursos endógenos, realizar este tipo de trabalho.

No que diz respeito à região de Trás-os-Montes e Alto Douro, esta apresenta-se como uma das onze províncias tradicionais portuguesas criadas em 1936, mas formalmente extintas em 1976, situando-se no Nordeste de Portugal continental, correspondendo aos distritos de Vila Real e Bragança, bem como a quatro concelhos do distrito de Viseu e a um concelho do distrito da Guarda. A região, cuja área total é de 12970 km2 e representa 14% da área nacional portuguesa, faz fronteira com a Espanha, a norte e a leste, e confina com as províncias da Beira Alta, a sul, e do Douro Litoral e do Minho, a oeste.

Esta região apresenta, para além da vinha - em especial a vinha da Região Demarcada do vinho do Porto, onde a paisagem se individualiza com as suas imensas encostas e quintas -, produção de culturas como o centeio, a cevada e a batata em larga escala.

No que diz respeito à gastronomia, a região apresenta, nos seus principais pratos típicos, o pão e as bolas; bacalhau, alheiras, presunto, cabrito e vitela, com destaque para a posta mirandesa; peixes de rio, como a truta; grelos, feijão, cogumelos e castanhas; folares, queijadas e bolos de mel, entre outros.

Trás-os-Montes e Alto Douro foi, desde muito cedo, objecto de explorações mineiras. O ouro foi o primeiro metal a ser explorado, depois o estanho e o chumbo. Deficientemente servida por vias de comunicação (principalmente no passado) e outras infra-estruturas, esta zona não tem sido um polo atractivo para a implementação de indústrias.

A região de Trás-os-Montes é uma das mais ricas em achados arqueológicos de toda a ordem e de todas as épocas. São de assinalar as estações do paleolítico da serra do Brunheiró e Bóbeda, bem como dólmenes e povoados do período Neo-eneolítico. A famosa ponte de Trajano (Chaves), por sua vez, é um dos melhores exemplares da arquitectura romana em Portugal.

Esta região possui um folclore muito rico, patente, por exemplo, nos seus dialectos (sendinês, mirandês, guadramilês e riodonorês). A música tradicional é uma das mais relevantes do país. São de um lirismo extremamente sóbrio e penetrante, quer os hinos sagrados e cânticos de trabalho, quer os poemas de amor e de morte em que se expande a alma do povo duriense e transmontano.

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Trás-os-Montes e Alto Douro tem, também, sido cenário e temática, berço e musa inspiradora de algumas individualidades notáveis, como, por exemplo, Guerra Junqueiro, Miguel Torga, Trindade Coelho e Camilo Castelo Branco, entre outros. (Infopédia, 2013)

1.1. Objectivos da Dissertação

Os principais objectivos desta dissertação baseiam-se em:

• Caracterizar a capacidade instalada de produção de energia, nas diversas formas, dentro da região;

• Avaliar a capacidade produtiva futura, bem como as previsões, em termos de recursos endógenos, que ainda não estejam a ser alvo de transformação energética, mas que de alguma forma possuam esse potencial;

• Analisar a vertente de consumo de energia, sob as diferentes formas, na região, de modo a estudar a eficiência com que a energia é consumida; • Perceber que tipo de intervenções podem ser realizadas com vista à

indicação de metas que conduzam a uma melhoria da eficiência energética.

1.2. Conteúdo da Dissertação

O presente trabalho encontra-se dividido em seis Capítulos, incluindo este, de Introdução, e os dois últimos onde se apresentam as conclusões com base nos conteúdos do trabalho realizado e algumas propostas de trabalho futuro, surgindo ainda a Bibliografia onde estão descritas e consideradas todas as fontes consultadas para a realização deste trabalho.

Assim sendo, no Capítulo 2 pretende-se caracterizar a região de Trás-os-Montes e Alto Douro sendo abordados aspectos como o clima, o relevo, a geologia e geomorfologia, a hidrologia, a flora, a fauna, o vento, a radiação solar e a demografia.

No Capítulo 3 pretende-se analisar a evolução do mercado da energia em Portugal e na região de Trás-os-Montes e Alto Douro, sendo abordados a implementação da Energia Eléctrica, implementação do Gás Natural, evolução do

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consumo de energia, impactes resultantes do consumo de energia bem como a evolução das fontes de energia renovável.

Por sua vez, no Capítulo 4 pretende-se identificar e analisar as vertentes endógenas de aproveitamento energético da região bem como determinar o potencial das diversas fontes de energia: resíduos, biomassa, solar, hídrica e eólica.

No que diz respeito ao Capítulo 5, neste pretende-se analisar o potencial total de aproveitamento energético da região de Trás-os-Montes e Alto Douro tendo em conta as vertentes endógenas de aproveitamento energético da região bem como o potencial de cada fonte de energia.

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Capítulo 2 – Caracterização da região de

Trás-os-Montes e Alto Douro

Neste Capítulo pretende-se caracterizar a região de Trás-os-Montes e Alto Douro sendo abordados aspectos como o clima, o relevo, a geologia e geomorfologia, a hidrologia, a flora, a fauna, o vento, a radiação solar e a demografia.

2.1. Clima

No que diz respeito ao clima, a região de Trás-os-Montes e Alto Douro é uma região interior, longe do mar e isolada de certo modo das suas influências pela barreira montanhosa do Gerês, Cabreira, Padreia, Alvão e Marão. O facto de ser uma zona planáltica e montanhosa, cortada de vales profundos, multiplica os contrastes climatéricos. Domina aqui um clima exposto às influências continentais mas em que a variedade de condições topográficas e de exposição gera oposições muito acentuadas. (Taborda, 2011)

Assim, o clima da região é fortemente marcado pelo contraste Terra Quente – Terra Fria, designações que, na realidade, correspondem a regimes climáticos claramente distintos, como é demonstrado na Figura 1.

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Figura 1 – Regimes climáticos da região de Trás-os-Montes e Alto Douro. (Fonte: Rodrigues, Orlando, et al., 2006)

A Terra Quente Transmontana corresponde aos concelhos do Douro Superior e adjacentes, ou seja: Valpaços, Murça, Alijó, Torre de Moncorvo, Mirandela, Carrazeda de Ansiães, Vila Flor, Alfândega da Fé e Freixo de Espada-à-Cinta, a norte do rio Douro. A sul, também se identificam com esta região os concelhos de Vila Nova de Foz Côa e S. João da Pesqueira.

A designação de Terra Quente Transmontana surge ligada, fundamentalmente, às enormes disponibilidades energéticas e ao grande défice hídrico na estação quente. Isto é, regionalmente, a Terra Quente é uma área de Verões muito quentes, longos e secos, para o que concorre a fisiografia da região, com o cordão montanhoso litoral, a subtraí-la às influências atlânticas.

Além dos Concelhos indicados, há ainda áreas significativas dos concelhos de Macedo de Cavaleiros, Mogadouro e parte do de Vinhais que ainda detêm aspectos típicos da terra Quente. Por outro lado, há áreas incluídas nos concelhos de Alijó,

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Carrazeda de Ansiães, Alfândega da Fé e Torre de Moncorvo que estão mais próximas da Terra Fria do que da Terra Quente.

Portanto, a Terra Quente situa-se na zona interior de Trás-os-Montes que, grosso modo, fica a leste da linha de alturas que se desenvolve ao longo do Marão, Padrela, Alto de Justes e Serra de S. Domingos, a norte do Douro, e as alturas de Penedono a Sul do Douro.

Por outro lado, a Terra Fria identifica-se com os concelhos de Montalegre, Vila Pouca de Aguiar, Vinhais, Bragança, Vimioso, Miranda do Douro e Mogadouro. Já a sul do rio Douro, Moimenta da Beira tem o mesmo regime climático.

Estão ainda incluídos tipicamente na Terra Fria grande parte dos concelhos de Vila Real e Chaves, no entanto, Chaves está associada ao seu vale fértil com um clima tipicamente de transição, enquanto que, ao concelho de Vila Real, imprime um carácter específico a zona do Baixo e Cima Corgo, mais identificadas com a Produção do vinho do Porto. A sul do Douro, Lamego e Tabuaço também têm enormes áreas de montanha, mas aqui maioritariamente marcadas pelas características mediterrânicas imprimidas pelo vale do Douro.

Os concelhos da Régua, Mesão Frio e Santa. Marta de Penaguião, são os típicos concelhos do Baixo Corgo, embora Mesão Frio apresente áreas na Serra do Marão tipicamente da Terra Fria.

Assim sendo, a Terra Quente e a Terra Fria não são territórios homogéneos. Apresentam uma grande diversidade climática, decorrente da situação geográfica e fisiografia, sendo o seu clima mediterrânico com influência continental, mais agreste e frio nas áreas planálticas, mais quente nas áreas profundas encaixadas do Douro. (Rodrigues, Orlando, et al., 2006)

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2.2. Relevo

As variações hipsométricas verificadas na região de Trás-os-Montes e Alto Douro resultam da história geológica operada na região e na maior ou menor resistência que as formações litológicas revelam aos processos erosivos.

A altimetria exerce uma influência directa em diversos elementos naturais e no padrão de fixação e de desenvolvimento das actividades humanas. Desde logo, a hipsometria constitui um factor do clima, sendo que a influência mais saliente resulta da diminuição da temperatura com a altitude (em média, 0,65ºC / 100 metros, factor conhecido por gradiente térmico), relação que se deve à rarefacção do ar e à diminuição da radiação terrestre.

O aumento dos valores da precipitação é um outro reflexo que o relevo exerce em termos climáticos, porque a diminuição da temperatura, estimula a condensação do vapor de água e a ocorrência de situações de precipitação e de nevoeiros orográficos.

O aumento da intensidade do vento é um outro resultado climático que deriva do aumento da altitude, em virtude do efeito de atrito ser menor.

Por todos estes factores, a altimetria de uma região exerce um importante papel nos níveis de distribuição das formas de vida vegetal, animal e, naturalmente, do homem.

A altimetria na região de Trás-os-Montes e Alto Douro encontra-se representada na Figura 2.

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Figura 2 – Mapa hispométrico da região de Trás-os-Montes e Alto Douro. (Fonte: Rodrigues, Orlando, et al., 2006)

Como se pode constatar, a classe de altitude mais representativa situa-se entre os 400-700 metros, sendo especialmente incidente nas áreas central e oriental da região. Em concelhos como Vimioso, Miranda do Douro e Mogadouro, esta classe revela uma quase total homogeneidade, situação que deriva da existência de uma área de planalto, associada à Meseta Ibérica, que abrange o território dos referidos municípios.

Outros concelhos onde se verifica uma relativa regularidade hipsométrica são Mirandela e Macedo de Cavaleiros, embora interrompidos por algumas elevações e vales, como a serra de Bornes e o vale do Tua.

As áreas de menor altitude encontram-se nos vales dos principais cursos de água que atravessam a região, especialmente do Douro e alguns dos seus afluentes. As cotas mais baixas verificam-se no vale ocidental do rio Douro, onde surge a classe de valor inferior a 100 metros de altitude (Resende). O vale do troço final e a foz dos rios Côa, Sabor, Tua e Tâmega apresentam também baixas altitudes, comparativamente à área envolvente.

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As principais elevações dispõem-se, grosso modo, pela periferia da região, à excepção da área leste, onde a continuidade do planalto se prolonga para o interior de Espanha. Os pontos mais elevados, com uma altitude situada entre os 1300-1600

metros, estão reservados aos cumes das serras do Gerês e do Larouco (Montalegre), de

Montesinho (Bragança) e da serra de Montemuro (Resende). Este concelho destaca-se mesmo como aquele que evidencia a maior movimentação hipsométrica de toda a região.

A Sul do rio Douro, a marcar a continuidade da serra de Montemuro para nascente, surge uma linha de elevações que se prolonga até Penedono, sendo constituída pelas Serras das Meadas (Lamego), do Mouro (Lamego-Tarouca), de Santa Helena (Tarouca) e da Lapa (Sernancelhe).

A bordadura montanhosa da parte ocidental, que desempenha um papel importante de protecção em relação às massas de ar mais húmidas e frescas provenientes do Atlântico, exercendo portanto uma influência decisiva no regime climático da região, é constituída por dois sistemas montanhosos, a serra do Marão (Vila Real, com prolongamento para concelhos situados a Sul, Peso da Régua e Santa Marta de Penaguião) e pelo Alvão (Vila Real-Ribeira de Pena). Aliás, é da disposição paralela à costa deste sistema de montanhas, com extensão para Sul da região, que resulta a designação de “Trás-os-Montes”.

A Noroeste encontra-se também uma extensa área de montanha. Em Montalegre, os pontos mais elevados localizam-se no extremo Noroeste, associados ao sistema montanhoso da Peneda-Gerês e do Larouco, onde há pontos situados a uma cota superior a 1300 metros de altitude. Este concelho conta ainda com outras elevações importantes, nomeadamente, as serras das Toupeirinhas e da Cepeda, implantadas nas áreas Sudoeste e Este do concelho. Na sua extremidade Sul, com prolongamento para Boticas emerge a serra do Barroso, a sexta mais elevada de Portugal, sendo ainda de destacar neste concelho as serras do Leiranco e das Melcas.

Um pouco mais para o interior, em Vila Pouca de Aguiar, a serra da Padrela constitui o ponto culminante (1146 metros) de um sistema montanhoso que se prolonga para Nordeste, até Chaves, e para Sul, em direcção a Vila Real.

Na sub-região do Nordeste, os cumes da serra de Montesinho, com quase 1500

metros de altitude, marcam o ponto mais elevado (o quarto em termos nacionais). Esta

serra reparte-se pelos concelhos de Vinhais e de Bragança, onde está implantado o Parque Natural de Montesinho. Estes dois concelhos afirmam-se como os de relevo

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mais movimentado na sub-região, contabilizando outras elevações importantes. São os casos das serras da Coroa e do Coelho nas áreas central e Norte de Vinhais e das serras da Nogueira e das Barreiras no interior e Sudeste do de Bragança.

Com 1200 metros de altitude, a serra de Bornes, localizada nos limites dos concelhos de Macedo de Cavaleiros e de Alfândega da Fé, destaca-se também como uma importante elevação.

Relativamente a outras formas de relevo, para além do referido planalto do extremo Nordeste (conhecido por planalto mirandês), que pela sua extensão e regularidade é o mais importante da região, nesta forma de relevo há ainda a destacar o planalto de Jales, em Vila Pouca de Aguiar. Nesta sub-região surge uma das mais importantes depressões de toda a região. A falha tectónica de Vila Real-Chaves-Verín motivou a existência de uma depressão, associada a um fosso tectónico e ao abatimento de diversos blocos.

No caso da bacia de Mirandela, a sua origem parece também dever-se à acção da neotectónica e não tanto à acção erosiva dos rios Tua e Rabaçal. A ocorrência de alguns episódios de sismicidade nesta área confirma o carácter activo da falha. Esta depressão estrutura-se fundamentalmente a partir de uma falha principal de direcção Norte-Sul, estendendo-se de Torre de D. Chama, passando por Carvalhais até Mirandela. Falhas subparalelas a Leste, delimitam blocos situados a altitudes diversas, até se fixarem ao nível médio da superfície transmontana, situado entre os 400-700 metros de altitude. (Rodrigues, Orlando, et al., 2006)

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2.3. Geologia e geomorfologia

A região de Trás-os-Montes e Alto Douro integra-se no Soco Hercínico peninsular, também designado por Maciço Antigo, por ser bastante individualizado e bastante representativo. Esta estrutura chegou a ser conhecida como micro-placa Ibérica, mas hoje é designada por Maciço Hespérico. Trata-se de um conjunto constituído por rochas ígneas, sedimentares e metamórficas ante-mesozóicas, consolidadas sobretudo aquando dos movimentos hercínicos. Estes foram responsáveis pelas suas orientações de conjunto e pela promoção de extensos fenómenos de granitização com o decorrente metamorfismo.

A distribuição simplificada das formações geológicas que ocorrem na região encontra-se representada na Figura 3.

Figura 3 – Distribuição das formações geológicas na região de Trás-os-Montes e Alto Douro. (Fonte: Rodrigues, Orlando, et al., 2006)

De uma forma geral, pode dizer-se que as formações granitóides e metassedimentares são aquelas que prevalecem claramente na região. São formadas por maciços eruptivos do tipo granitóide e por formações metamórficas, onde os xistos e os grauvaques são as rochas mais comuns.

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Os materiais detríticos estão muito menos representados, surgindo pontualmente em algumas áreas, associados a leitos de cursos de água, depressões e junto de zonas escarpadas.

As duas formações mais presentes têm desde logo implicações directas na paisagem, pois os granitos originam formas de relevo em patamares ou em terraços, ao passo que nas áreas de xistos ocorrem variações mais bruscas na paisagem. (Rodrigues, Orlando, et al., 2006)

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2.4. Hidrologia

Os concelhos que constituem a região de Trás-os-Montes e Alto Douro incluem-se na totalidade ou parcialmente nas bacias dos cursos de água que fazem parte da bacia do rio Douro, com excepção da parte ocidental do concelho de Montalegre que faz parte da bacia do rio Cávado e da extremidade Sul do concelho de Sernancelhe, inserida no Plano de Bacia do Vouga.

Na Figura 4 apresenta-se a rede hidrográfica da região.

Figura 4 – A rede hidrográfica da região de Trás-os-Montes e Alto Douro. (Fonte: Rodrigues, Orlando, et al., 2006)

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Por sua vez, na Tabela 1 sintetizam-se as principais características ao nível das bacias secundárias do Douro.

Tabela 1 – Principais bacias secundárias da bacia hidrográfica do Douro.

Bacias principais Área da bacia em Portugal (km2) Bacias elementares (Nº) Comprimento do curso de água principal (km) Altitude da Bacia em Portugal (m) Máxima Mínima Corgo 469,1 7 43,0 1013 50 Pinhão 276,8 3 32,9 1132 40 Sabor 3312,8 32 132,2 1438 100 Tâmega 2649,2 26 123,8 1203 20 Távora 532,3 4 56,2 950 79 Tedo 172,0 3 23,6 900 79 Teja 201,7 2 38,6 912 100 Torto 218,2 2 45,2 946 80 Tua 3122,8 28 48,2 1049 80 Varosa 332,5 4 31,1 1013 40 Vale do Douro 1882,5 18 136,5 750 40 Douro Intern.(*) 706,7 7 122,0 814 125 Mosteiro (*) 205,4 2 12,0 920 125 Cávado 1109,0 26 119,1 1545 0

(*) Área portuguesa drenante entre Miranda e a confluência do Águeda (Barca d’Alva) (Fonte: Rodrigues, Orlando, et al., 2006)

A região de Trás-os-Montes e Alto Douro é sulcada por uma rede de vales profundos originando uma rede hidrográfica densa, bem hierarquizada. Apresenta, abundantes, vestígios de orientação tectónica de alguns segmentos, reticulares, com confluências em ângulos rectos e perfil transversal assimétrico.

Os leitos das linhas de água têm geralmente fundo rochoso, ocorrendo frequentemente marmitas de gigante (em especial nos granitos) e ressaltos no perfil longitudinal, sobretudo quando são atravessados por filões quartzíticos.

O vale do Douro é meandrante em toda a extensão e bastante encaixado. Dos processos de evolução fluvio-torrencial do relevo salienta-se o abarrancamento das vertentes muito inclinadas, patente na frequência de barrancos ao longo das margens das gargantas do Douro, Sabor, Tua, Tâmega e Távora. (Rodrigues, Orlando, et al., 2006)

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2.5. Flora

A flora de Trás-os-Montes e Alto Douro, contextualizada à escala nacional, pode ser considerada, de uma forma qualitativa, como elevada. Como exemplo, no Parque Natural de Montesinho, com cerca de 0,8% da área total do país, foram identificadas 1068 espécies de plantas vasculares, 7,5% das quais sinantrópicas (excluídos os apófitos), que representam 30% da flora vascular de Portugal continental.

Para a Região Demarcada do Douro assinala-se a presença de 1274 taxa (inc. espécies e subespécies). (Rodrigues, Orlando, et al., 2006)

2.6. Fauna

A região de Trás-os-Montes e Alto Douro apresenta uma elevada riqueza faunística. Várias áreas protegidas foram criadas, sendo um dos seus objectivos a conservação dos valores faunísticos que ocorrem nesta área.

Localizam-se integralmente em Trás-os-Montes e Alto Douro os Parques Naturais de Montesinho e do Douro Internacional, a Área de Paisagem Protegida da Albufeira do Azibo e parte do Parque Natural do Alvão e a região mais oriental do Parque Nacional da Peneda-Gerês.

São abrangidos também na região de Trás-os-Montes e Alto Douro os seguintes sítios classificados no âmbito das Directivas Habitats/Aves: Montesinho/Nogueira, Rios Sabor/Maçãs, Serra de Morais, Alvão/Marão, Vale do Côa e Montemuro.

Calcula-se que existam, na região, cerca de 281 espécies de vertebrados, sendo 54 espécies de mamíferos, 182 espécies de aves, 23 espécies de répteis, 14 de anfíbios e 8 de peixes, não considerando as espécies exóticas. Destas espécies, apenas 17 são de ocorrência acidental, enquanto que as restantes passam parte ou a totalidade dos seus ciclos biológicos nesta área. (Rodrigues, Orlando, et al., 2006)

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2.7. Vento

Por sua vez, no que diz respeito ao vento, a região de Trás-os-Montes e Alto Douro está numa boa posição no “ranking” dos distritos com maior número de horas de vento a nível nacional.

O elemento climático vento depende de um conjunto de factores. Para além das próprias razões de índole climática que determinam a frequência, a intensidade e a direcção dos ventos numa dada região, há um conjunto de factores que definem a variabilidade e a intensidade deste recurso.

De entre os factores mais condicionantes destaca-se a orografia do terreno e a existência de barreiras naturais. O vento sofre diversos efeitos quando estamos perante terrenos de orografia complexa, quer por propiciar diferentes condições térmicas, que influenciam as camadas de ar subjacentes, quer por criar canais de escoamento atmosféricos específicos.

Regra geral, nos terrenos de montanha (frequentes na região de Trás-os-Montes e Alto Douro), os locais mais propícios situam-se nas cumeadas, onde o regime do vento não está sujeito a variações tão acentuadas ao longo do ano, sendo que nestas áreas, em média, a intensidade do vento é mais elevada no Inverno do que no Verão, e mesmo em dias calmos, nas cumeadas pode-se registar vento com apreciável velocidade. Estas razões tornam particularmente atractivas as áreas de cumeada para a instalação de unidades eólicas ou aerogeradores.

Um outro factor prende-se com a existência de barreiras naturais ou artificiais que exerçam uma função de atrito sobre o vento, desacelerando a sua velocidade e distribuindo a sua direcção. Os locais mais favoráveis caracterizam-se por uma menor perturbação e por uma rugosidade homogénea e reduzida. (Rodrigues, Orlando, et al., 2006)

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2.8. Radiação solar

Por sua vez, no que diz respeito à radiação solar, a insolação, definida pelo período médio de exposição solar anual, em Portugal varia entre as 1800 e as 3100

horas. Para se ter uma noção mais realista desta mais‐valia, refira‐se que nos países da

Europa Central essa incidência não ultrapassa as 1200 a 1700 horas. (Ferreira, Helena, 2007)

De acordo com as normais climatológicas do Instituto Nacional de Meteorologia e Geofísica (para o período de 1961-1990), na região de Trás-os-Montes e Alto Douro, verifica-se um número total anual de horas de insolação mais elevado na área correspondente ao distrito de Bragança, especialmente na zona Sudeste. Para a estação meteorológica de Bragança o número médio de horas de insolação ronda as 2500h/ano, sendo este valor ligeiramente mais baixo para a estação de Vila Real, tal como é visível na Figura 5.

Figura 5 – Insolação média anual nas estações de Vila Real e de Bragança. (Fonte: Rodrigues, Orlando, et al., 2006)

Por conseguinte e à excepção de algumas áreas sujeitas a regimes microclimáticos, a região de Trás-os-Montes e Alto Douro apresenta condições adequadas a um maior aproveitamento do recurso solar, tal como é visível na Figura 6 que apresenta a insolação na região. (Rodrigues, Orlando, et al., 2006)

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Figura 6 – Insolação na região de Trás-os-Montes e Alto Douro. (Fonte: Rodrigues, Orlando, et al., 2006)

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2.9. Demografia

Por sua vez, no que diz à demografia da região de Trás-os-Montes e Alto Douro, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística, apresenta-se na Figura 7 a evolução da população residente na região na última década.

Figura 7 – Evolução da população residente na região na última década.

De acordo com a Figura 7 podemos constatar que o número de habitantes na região tem vindo a diminuir ao longo da última década sendo que no ano de 2002 o número de habitantes situava-se, aproximadamente, nos 441000 habitantes ao passo que no ano de 2012 o número de habitantes situava-se, aproximadamente, 402000 habitantes, correspondendo assim a uma diminuição de cerca de 39000 habitantes.

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Capítulo 3 – Evolução do mercado da

energia

Neste Capítulo pretende-se analisar a evolução do mercado da energia em Portugal e na região de Trás-os-Montes e Alto Douro, sendo abordados a implementação da Energia Eléctrica, implementação do Gás Natural, evolução do consumo de energia, impactes resultantes do consumo de energia bem como a evolução das fontes de energia renovável.

Segundo dados da Direcção-Geral de Geologia e Energia, de Setembro de 2013, no final de Setembro de 2013, Portugal Continental tinha 10907 MW de capacidade instalada para produção de energia eléctrica a partir de fontes renováveis (FER). Neste mês entraram em funcionamento cinco centrais fotovoltaicas nos distritos de Lisboa e Setúbal e um aterro no distrito de Santarém. A potência instalada, excluindo a grande hídrica, está concentrada nos distritos de Viseu, Coimbra, Castelo Branco, Vila Real, Lisboa, Viana do Castelo, Guarda, Leiria, Faro e Braga correspondendo a 85% do total.

A produção a partir de FER nos nove meses de 2013, quando comparada com o período homólogo de 2012, cresceu 67% (de 13,6 TWh para 22,7 TWh). No mesmo período, a componente hídrica cresceu 187%. Cerca de 69% desta produção situa-se no Norte, nomeadamente nos distritos de Bragança, Braga, Porto, Viana do Castelo, Vila Real e Viseu.

A incorporação de FER no consumo bruto de energia eléctrica, para efeitos da Directiva 2009/29/CE de 23 de Abril, a qual fixa os objectivos nacionais obrigatórios para a quota global de energia proveniente de fontes renováveis no consumo final bruto de energia, estabelecendo também a metodologia de contabilização da electricidade produzida a partir da energia hídrica e eólica, foi de 45,5% em 2012, considerando apenas o Continente.

Assim, Portugal foi, em 2012, o quarto país da União Europeia (UE15) com maior incorporação de energias renováveis. Portugal desceu uma posição relativamente a 2011, devido à forte quebra na produção hídrica (-45%).

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Por outro lado, até Setembro de 2013 foram licenciados aproximadamente 13280

MW de instalações electroprodutoras a partir de FER (+22% relativamente à potência

instalada actualmente).

No final 2005, o licenciamento no sector eólico era de 2508 MW. De 2006 até 2012 o licenciamento médio anual rondou os 297 MW. No final de 2012, estavam licenciados 4586 MW.

O licenciamento no sector hídrico passou de 4901 MW em 2005 para 7547 MW em 2011, sendo as grandes centrais hídricas responsáveis por 2555 MW deste aumento.

O licenciamento na tecnologia fotovoltaica sofreu no último ano um grande incremento, tendo passado de 139 MW, no fim de 2011, para 250 MW.

O total de potência licenciada renovável está concentrada no norte do país, essencialmente devido à localização das grandes hídricas e de um número significativo de parques eólicos. Os distritos de Lisboa, Leiria, Faro, Castelo Branco e Viseu apresentam uma forte componente eólica, superior a 50% da potência renovável desses distritos.

A nível internacional existem os seguintes compromissos até 2020: (ADENE, 2010)

• Redução do consumo de energia primária em 20% (meta da eficiência energética);

• Aumento do recurso a energias renováveis para 20% do mix europeu (meta indicativa para Portugal: 31%);

• Incorporação de 20% dos biocombustíveis nos carburantes até 2020.

3.1. Implementação da Energia Eléctrica

A utilização da água como força motriz para produção de energia eléctrica, nomeadamente para alimentar pequenas instalações de iluminação pública e industriais, iniciou-se em Portugal, na última década do século XIX. A primeira central hidroeléctrica portuguesa, para aproveitamento da então chamada “hulha branca”, entrou em exploração em 31 de Março de 1894 e turbinava as águas do rio Corgo, mais precisamente no Poço do Aguieirinho, junto a Vila Real, apresentando a modesta potência instalada de 120 kW (na altura dizia-se 161 Hp).

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Há pois 120 anos de história na produção hidroeléctrica em Portugal. A efectiva electrificação do País desenvolve-se a partir de 1920, através de sistemas regionais e de centrais hidroeléctricas de média dimensão (de que na altura relevava a do Lindoso, com 28 MW), adquirindo uma dimensão expressiva na década de 1950, com o início da construção das grandes centrais hidroeléctricas (entre as quais avultam as de Venda Nova, Castelo do Bode, Belver, Caniçada, Cabril, Picote e Miranda). O grande impulso foi dado pelo Prof. Ferreira Dias, através da publicação da Lei n.º 2002, de 26 de Dezembro de 1944, verdadeira mola da electrificação do País, na qual se afirma:

“… (Base II) a produção de energia eléctrica será principalmente de origem hidráulica. As centrais térmicas desempenharão as funções de reserva e apoio, consumindo os combustíveis pobres na proporção mais económica e conveniente.”

Nessa linha de orientação entraram em exploração em Portugal, de 1951 a 1960, mais de 1040 MW, fundamentalmente com a construção dos grandes aproveitamentos nas bacias hidrográficas dos rios Cávado e Zêzere e no trecho internacional do rio Douro reservado para Portugal, cuja contribuição para o consumo total de energia eléctrica (então cerca de 3260 GWh) chegou a atingir os 95%. Na Figura 8 pode-se observar a evolução temporal da potência instalada na grande hídrica, até ao final da última década.

Figura 8 – Evolução da potência instalada (MW) em grandes aproveitamentos hidroeléctricos. (Fonte: Leitão, António, 2012)

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Por sua vez, na Figura 9 pode observar-se a evolução, no mesmo período, da potência instalada na pequena hídrica, onde se observa o claro incremento registado a partir do final da década de 80 do Século XX, com a entrada em cena dos produtores independentes de electricidade. (Leitão, António, 2012)

Figura 9 – Evolução da potência instalada (MW) em pequenos aproveitamentos hidroeléctricos. (Fonte: Leitão, António, 2012)

3.2. Implementação do Gás Natural

A decisão de introduzir gás natural em Portugal visava dar ao país o acesso a uma nova fonte de energia competitiva, cómoda e limpa. Simultaneamente, criou um projecto estruturante da economia portuguesa e diversificador do abastecimento de hidrocarbonetos. Em resumo, o país passou a poder aumentar a competitividade da sua indústria, principalmente a de maior intensidade energética, a facilitar o desenvolvimento social e o bem-estar das populações e a melhorar a segurança do abastecimento energético.

Sendo um mercado emergente e não liberalizado, a componente empresarial do sector do gás natural foi organizada através de contratos de concessão. De facto, não havendo liberdade de comércio e, portanto, de concorrência, o Estado Concedente tem a obrigação de proteger o Estado lato sensu contra qualquer abuso relativo aos clientes do mercado objecto da concessão. Enquanto o Estado permite um período de consolidação

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e dá condições para uma saudável vida económica das empresas concessionárias, não descura nem muito menos prejudica a futura liberalização do mercado.

A estrutura empresarial criada foi baseada, por um lado, na Transgás – encarregue da aquisição no estrangeiro, do transporte e do fornecimento a grandes clientes – e, por outro, nos Distribuidores Regionais responsáveis pela exploração do mercado doméstico e dos serviços, bem como do da pequena indústria.

Na região de Trás-os-Montes e Alto Douro operaram inicialmente dois distribuidores regionais: Dourogás e Duriensegás. Contudo, posteriormente, surgiu a Sonorgás S.A que faz parte do Grupo Dourogás SGPS, grupo este que incorpora outras três empresas sendo elas a Dourogás SGPS (que tutela o Grupo), a Dourogás Propano e a Goldenergy, sendo que estas empresas resultaram da cisão da Dourogás.

Assim, constituída por capitais públicos e privados, em 1994, a Dourogás apresentava como objectivo promover a distribuição de gás propano e gás natural em Trás-os-Montes e Alto Douro.

Em 2003, a Dourogás apresentou um pedido de licença para a distribuição e fornecimento de gás natural, através da exploração de redes autónomas locais nos pólos de Macedo de Cavaleiros, Régua, Mirandela, Arcos de Valdevez/Ponte da Barca e Póvoa de Lanhoso. Desta forma, a Dourogás foi designada como licenciada e autorizada a implantar UAG nos pólos de consumos anteriormente designados, iniciando a construção das infra-estruturas em 2004. Em 2005 iniciou-se o fornecimento de gás natural a clientes no pólo de consumo de Macedo de Cavaleiros.

Na Figura 10 pode observar-se a área de concessão da Dourogás.

Figura 10 – Área de concessão da Dourogás.

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Por sua vez, a Duriensegás, constituída em 1999 com sede em Bucelas, é detentora de licença de distribuição de gás natural, por 20 anos, nas cidades de Chaves, Bragança, Vila Real, Amarante e Marco de Canavezes. Estas concentrações urbanas têm alguns serviços de relevo (hospitais, hotéis, etc.) e pequena indústria nas zonas de Chaves, Vila Real e Bragança. Esta empresa é detida a 75% pelo Grupo Galp Energia (GDP Distribuição SGPS com 65% e a Transgás SGPS com 10%) e 25% pela Dourogás.

Dadas as características específicas do seu sistema de distribuição, a Duriensegás não possui postos de redução de pressão, fluindo directamente o gás natural das três UAG para a rede de distribuição a uma pressão inferior a 4 bar.

Estão ainda em projecto mais duas UAG na área de concessão da Duriensegás em Marco de Canavezes e Amarante, com conclusão prevista para Junho de 2006.

Por outro lado, para assegurar a viabilidade económica, minimizando o risco do projecto, associou-se-lhe, desde o início, o sector da produção de electricidade. Por um lado deram-se boas condições de preço e de alívio da carga poluidora que o sector termoeléctrico tem e, por outro, asseguravam-se os volumes de gás natural contratados ao fornecedor externo. (Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos, 2007)

3.3. Evolução do consumo de energia na região de

Trás-os-Montes e Alto Douro

No que diz respeito à evolução do consumo de energia, foi realizada uma recolha de dados na base de dados online PORDATA.pt. Nesta, consideraram-se, para recolha de dados, 2 grupos de municípios: por um lado, o grupo Douro que incluí Alijó, Armamar, Carrazeda de Ansiães, Freixo de Espada à Cinta, Lamego, Mesão Frio, Moimenta da Beira, Penedono, Peso da Régua, Sabrosa, Santa Marta de Penaguião, São João da Pesqueira, Sernancelhe, Tabuaço, Tarouca, Torre de Moncorvo, Vila Flor, Vila Nova de Foz Côa e Vila Real; Por outro lado, o grupo Alto Trás-os-Montes que incluí, Alfândega da Fé, Boticas, Bragança, Chaves, Macedo de Cavaleiros, Miranda do Douro, Mirandela, Mogadouro, Montalegre, Murça, Valpaços, Vila Pouca de Aguiar, Vimioso, Vinhais.

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Assim sendo, comecemos por analisar a evolução do número de consumidores de energia por tipo de consumo, que é apresentada na Figura 11, sendo considerada a evolução desde o ano de 1994 até ao ano de 2011.

Fontes de Dados: DGEG/MEE; Fonte: PORDATA – Última actualização: 2013-02-08 11:11:39

Figura 11 – Evolução do número de consumidores de energia (por tipo de consumo).

Tal como podemos constatar pela Figura 11, o número de consumidores domésticos é o mais representativo sendo que apresenta uma evolução crescente ao longo dos anos analisados, tendo sido registados, aproximadamente, 214601 consumidores em 1994 enquanto em 2011 foram registados 262797 consumidores.

Quanto ao número de consumidores industriais, que é o menos representativo, este apresenta uma evolução decrescente ao longo dos anos analisados, tendo sido registados, aproximadamente, 7057 consumidores em 1994 enquanto em 2011 foram registados 6285 consumidores.

Para o número de consumidores não-domésticos este apresenta uma evolução crescente ao longo dos anos analisados, tendo sido registados, aproximadamente, 23278 consumidores em 1994 enquanto em 2011 foram registados 35706 consumidores.

Quanto ao número de consumidores agrícolas este apresenta uma evolução crescente ao longo dos anos analisados, tendo sido registados, aproximadamente, 6388 consumidores em 1994 enquanto em 2011 foram registados 8728 consumidores.

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Por sua vez, no que diz respeito ao consumo de energia eléctrica em kWh por sector de actividade económica, apresenta-se na Figura 12 a evolução desde o ano de 1994 até ao ano de 2011.

Fontes de Dados: DGEG/MEE; Fonte: PORDATA – Última actualização: 2013-02-07 16:26:44

Figura 12 – Evolução do consumo de energia eléctrica em kWh por sector de actividade económica.

Pela análise da Figura 12 podemos destacar que o sector de actividade mais representativo, entre o período analisado, foi o sector de actividade económica outros que por indicação da base de dados PORDATA.pt inclui o consumo doméstico. Assim, este sector registou uma evolução crescente do consumo sendo que em 1994 este foi de, aproximadamente, 345,6GWh enquanto em 2011 o consumo registado foi de, aproximadamente, 859,3GWh.

Quanto aos outros sectores de actividade económica, pela análise da Figura 12 podemos constatar que registaram evoluções crescentes do consumo, entre aproximadamente 0GWh e 50GWh mas muito menos representativa que a evolução crescente registada para o sector que inclui o consumo doméstico.

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Por outro lado, quanto ao consumo de energia eléctrica em kWh por tipo de consumo, apresenta-se na Figura 13 a evolução desde o ano de 1994 até ao ano de 2011.

Fontes de Dados: DGEG/MEE; Fonte: PORDATA – Última actualização: 2013-02-08 16:12:52

Figura 13 – Evolução do consumo de energia eléctrica em kWh por tipo de consumo.

Através da Figura 13 podemos concluir que o consumo doméstico, que é o mais representativo, apresenta uma evolução crescente do consumo de energia desde o ano de 1994 onde foi registado um consumo de, aproximadamente, 234,8GWh enquanto em 2011 o valor registado foi de, aproximadamente, 473,4GWh.

Por sua vez, o consumo não-doméstico, que é o segundo mais representativo, apresenta uma evolução igualmente crescente do consumo de energia desde o ano de 1994 onde foi registado um consumo de, aproximadamente, 115,0GWh enquanto em 2011 o valor registado foi de, aproximadamente, 306,6GWh.

Quanto ao consumo industrial, que se revela como o terceiro mais representativo, apresenta uma evolução igualmente crescente do consumo de energia desde o ano de 1994 onde foi registado um consumo de, aproximadamente, 99,1GWh enquanto em 2011 o valor registado foi de, aproximadamente, 195,4GWh.

Por sua vez, o consumo da iluminação das vias publicas, que é o quarto mais representativo, apresenta uma evolução igualmente crescente do consumo de energia desde o ano de 1994 onde foi registado um consumo de, aproximadamente, 43,1GWh enquanto em 2011 o valor registado foi de, aproximadamente, 106,0GWh.

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Quanto ao consumo de edifícios públicos, que se revela como o quinto mais representativo, apresenta uma evolução igualmente crescente do consumo de energia desde o ano de 1994 onde foi registado um consumo de, aproximadamente, 37,7GWh enquanto em 2011 o valor registado foi de, aproximadamente, 93,2GWh.

Por último e como menos representativo surge o consumo agrícola que apresenta uma evolução igualmente crescente do consumo de energia desde o ano de 1994 onde foi registado um consumo de, aproximadamente, 13,5GWh enquanto em 2011 o valor registado foi de, aproximadamente, 33,2GWh.

Por outro lado, no que diz respeito ao consumo ou volume de gás natural em

Nm3, apresenta-se na Figura 14 a evolução desde o ano de 2001 até ao ano de 2011.

Fontes de Dados: DGEG/MEE; Fonte: PORDATA – Última actualização: 2013-02-05 17:57:44

Figura 14 – Evolução do consumo de gás natural em Nm3.

Pela Figura 14 podemos concluir que o consumo de gás natural na região de Trás os Montes e Alto Douro registou um aumento exponencial nesta última década visto que em 2001 o consumo de gás natural situava-se, aproximadamente, nos 3086

Nm3 enquanto em 2011 o consumo de gás natural situava-se, aproximadamente, nos 19067 Nm3. Este valor revela efectivamente o investimento e crescimento de redes de gás natural na região e a sua comercialização, tal como foi abordado anteriormente no ponto 3.2.

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Por último, no que diz respeito à venda de combustíveis para consumo, apresenta-se na Figura 15 a evolução desde o ano de 1990 até ao ano de 2011.

Fontes de Dados: DGEG/MEE; Fonte: PORDATA – Última actualização: 2013-03-04 14:35:47

Figura 15 – Evolução da venda de combustíveis para consumo.

Pela Figura 15 podemos concluir que a venda e respectivo consumo de combustíveis das mais diversas fontes, mas maioritariamente fóssil, apresenta uma evolução crescente ao longo do período considerado, visto que as necessidades energéticas também aumentaram, tal como analisámos anteriormente.

Assim sendo e visto que a evolução da produção de energia proveniente de fontes de energia renovável não acompanhou o aumento das necessidades energéticas, foi necessário recorrer a combustíveis fosseis que acarretam os mais diversos impactes negativos tal como vamos analisar no capítulo seguinte.

3.4. Impactes resultantes do consumo de energia

A transformação, transporte e uso final da energia causam impactos negativos no meio-ambiente, quer seja a nível local, quer seja a nível global.

Inicialmente, durante a fase de exploração produzem-se resíduos, contaminam-se as águas e os solos, além de contaminam-se gerarem emissões para a atmosfera. Também o transporte e distribuição da energia afecta o meio-ambiente através dos impactos das

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redes eléctricas ou oleodutos e gasodutos e até as chamadas marés negras, com dramáticas consequências para os ecossistemas e economias das zonas afectadas.

Paralelamente, o consumo energético a partir de energias fósseis, necessita sempre de um processo de combustão, tanto nas centrais eléctricas para produzir electricidade, como localmente em caldeiras ou motores de veículos.

Esta combustão dá lugar à formação de CO2, o principal gás causador do efeito de estufa, e a outros gases e partículas poluentes que prejudicam a saúde.

Há que ter em conta que a produção de energia e o seu uso, tanto na indústria como nas habitações e meios de transporte, é responsável pela maioria das emissões de CO2 causadas pelo Homem.

Devemos saber também que a geração de electricidade com centrais nucleares não produz CO2, criando resíduos radioactivos de difícil e dispendioso tratamento.

Na Tabela 2 sintetizam-se os principais poluentes, a sua origem e efeitos.

Tabela 2 – Principais emissões causadas pelo consumo de energia.

Poluente Origem Efeitos

CO2 (Dióxido de

carbono)

Reacções de combustão

Contribui para o efeito de estufa ao reter a radiação infravermelha que a Terra emite

para o espaço CO (Monóxido de carbono) Produz-se na combustão incompleta da mistura combustível-ar

Altamente tóxico para o Homem NOX

(Óxido de Nitrogénio)

Reacções de alta temperatura entre o nitrogénio e o oxigénio

presentes no ar, nos processos de combustão

Chuva ácida, alterações de ecossistemas florestais e aquáticos. Irrita os brônquios SO2

(Dióxido de enxofre)

Resulta da combustão dos combustíveis fósseis, devido ao

enxofre que contêm

Chuva ácida, alterações de ecossistemas florestais e aquáticos. Doenças do tipo alérgico, irritação dos olhos e

vias respiratórias COV

(Compostos Orgânicos

Voláteis)

Gases de escape originários de uma combustão deficiente ou da

evaporação de combustível

Efeitos cancerígenos, doenças do tipo alérgico, irritação dos

olhos e vias respiratórias Partículas e fumo

Resulta da má combustão dos combustíveis (especialmente

motores Diesel)

Sujidade ambiental, visibilidade reduzida e afectam as vias

respiratórias (Fonte: ADENE, 2010)

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Por outro lado, o efeito estufa é o processo natural responsável pela regulação da temperatura na Terra. A radiação directa do sol é absorvida à superfície, existindo uma quantidade de calor que é reflectida pelo próprio Planeta. Esta última é por sua vez devolvida pelas moléculas de determinados gases existentes na atmosfera.

Quando artificialmente se aumenta a concentração destes no ar, rompe-se o equilíbrio natural e é devolvida uma quantidade maior de radiação, a qual produz um aumento artificial da temperatura. Este acto conduz a fenómenos como a desertificação, diminuição das massas de gelo nos pólos ou inundações. Por isso, a atmosfera actua como o vidro de uma estufa: permite a passagem de luz, mas não deixa escapar o calor recolhido junto da superfície. Este fenómeno conduz ao aquecimento do planeta Terra.

A consequência mais importante do aumento do efeito de estufa são as alterações climáticas. Para diminuir ao máximo as suas consequências, 36 países industrializados assinaram em 1997 o Protocolo de Quioto, cujo principal objectivo é a redução global de emissões de gases que provocam o efeito de estufa.

Para que o Protocolo de Quioto entrasse em vigor deveria ser assinado por um número suficiente de países, que em conjunto fossem responsáveis por 55% das emissões dos países industrializados. Depois da assinatura da Rússia em 2004, o protocolo entra em vigor em Fevereiro de 2005, e, para o período de 2008-2012, prevê a redução global acordada de 5,2%. A redução seria de 8% para o conjunto da UE comparativamente às emissões de 1990. (ADENE, 2010)

3.5. Evolução das Fontes de Energia Renovável

A estratégia da região de Trás-os-Montes e Alto Douro para a energia deverá apoiar-se no aproveitamento das energias renováveis, nomeadamente para aquelas que a região apresenta potencialidades, mediante soluções técnicas adequadas e a selecção de áreas de instalação que não ponham em causa a salvaguarda dos valores naturais e patrimoniais. (Rodrigues, Orlando, et al., 2006)

Segundo dados da Direcção-Geral de Geologia e Energia, de Setembro de 2013, a produção de energia eléctrica a partir de fontes renováveis em 2012 está concentrada no Norte, em especial no distrito de Bragança com 1731GWh correspondendo a 8,8% da

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produção nacional, enquanto o distrito de Vila Real apresentou 1834GWh correspondendo a 9,3% da produção nacional.

Como se pode concluir da Tabela 3 (onde não constam alguns concelhos integrados nos distritos de Viseu e da Guarda), os dois principais distritos da região de Trás-os-Montes e Alto Douro têm tido um papel muito relevante na produção de energia eléctrica a partir de fontes renováveis. Em média, para o período em análise, os dois distritos produziram 26,7% da energia eléctrica nacional a partir de recursos renováveis.

Tabela 3 – Evolução da energia eléctrica produzida através de energias renováveis. Ano Região 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 Continent e (GWh) 12588 8667 16160 16421 14890 18611 28235 24014 19683 Distrito Bragança (GWh) 3308 1745 3214 3351 2098 2674 4612 3610 1731 % Distrito Bragança 26,3 20,1 19,9 20,4 14,1 14,4 16,3 15,0 8,8 Distrito Vila Real (GWh) 1601 918 1459 1541 1167 1432 2628 2277 1834 %Distrito Vila Real 12,7 10,6 9,0 9,4 7,8 7,7 9,3 9,5 9,3 % (Bragança + Vila Real) 39,0 30,7 28,9 29,8 21,9 22,1 25,6 24,5 18,1 (Fonte: DGEG, 2013)

Ao longo dos últimos oito anos, a produção de electricidade nos dois distritos sofreu algumas oscilações importantes, tendo-se registado uma contribuição máxima de 39% em 2004 e um valor mínimo de 18,1% no ano de 2012. A estas flutuações não será alheia a produção hidroeléctrica verificada na região, que depende muito do regime pluviométrico.

Por outro lado, comparando os dois distritos, nota-se que a produção eléctrica em Bragança tem sido maioritariamente superior à de Vila Real, para o período em análise.

No que diz respeito à potência instalada total para a produção de electricidade a partir de fontes renováveis, verifica-se que os dois distritos de Trás-os-Montes e Alto

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Douro se têm mantido entre os 20 e os 25% de potência instalada em relação do resto do continente, tal como é visível na Tabela 4.

Tabela 4 – Evolução histórica da Potência Instalada total de energias renováveis. Ano Região 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 Continent e (MW) 6264 6959 7719 8331 8977 9379 10277 10476 10784 Distrito Bragança (MW) 992 992 992 1001 1061 1064 1493 1493 1493 % Distrito Bragança 15,8 14,3 12,9 12,0 11,8 11,3 14,5 14,3 13,8 Distrito Vila Real (MW) 585 627 629 690 738 902 970 1023 1033 %Distrito Vila Real 9,3 9,0 8,1 8,3 8,2 9,6 9,4 9,8 9,6 % (Bragança + Vila Real) 25,2 23,3 21,0 20,3 20,0 21,0 24,0 24,0 23,4 (Fonte: DGEG, 2013)

A este facto não será alheio o maior investimento que tem sido direccionado para outras regiões do país,

Estamos, então, perante um claro subaproveitamento do potencial da região. Basta referir, por exemplo, que Bragança, em 2005, foi o segundo distrito a nível nacional a dispor mais abundantemente do recurso vento, somando um total de 2728

horas.

Também ao nível da produção de electricidade a partir de biomassa, a região de Trás-os-Montes e Alto Douro apresenta um bom potencial, atendendo à enorme quantidade de biomassa vegetal existente (que pode ser combinada com outros resíduos, nomeadamente urbanos).

Por outro lado, o maior investimento que deve ser direccionado para as energias renováveis deve inserir-se numa estratégia de afirmação regional do elevado valor ambiental, assente no património natural, mas também num modelo de desenvolvimento sustentado. (Rodrigues, Orlando, et al., 2006)

Imagem

Figura 1 – Regimes climáticos da região de Trás-os-Montes e Alto Douro.
Figura 2 – Mapa hispométrico da região de Trás-os-Montes e Alto Douro.
Figura 3 – Distribuição das formações geológicas na região de Trás-os-Montes e Alto  Douro
Figura 4 – A rede hidrográfica da região de Trás-os-Montes e Alto Douro.
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