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O Evangelho Segundo João – H. E. Alexander

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Academic year: 2021

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H. E. A L E X A N D E R

0 EV ANG ELHO SEGUNDO JOÃO

A revelação

da P E SSO A do Filho de Deus,

de Sua D O U T R IN A e de Sua O BRA redentora, para que creiamos, e que, crendo,

tenhamos a vida em Seu Nome.

(2)

H. E. A L E X A N D ER

O autor dos Cadernos de Cultura Bíblica, D iretor da E'scola Bíblica de Genebra,

Suiga

Pelos “Cadernos” o leitor apro­ veitará da riquíssima experiência do autor, adquirida em mais de 40 anos de ensino da Palavra de Deus.

O objetivo é tornar o leitor “ . . .um ob reiro.. . que m aneje bem a Palavra da V erdade”.

2 Tim ó teo 2 :1 5

Êste novo Caderno de Cultura Bíblica, aguardado por muitos, com­ pletará a série dos 4 Evangelhos.

O alvo do Evangelho segundo João é, conduzir o leitor à fé, à salvação e à vida eterna pela revelação da divindade de Jesus Cristo. A men­ sagem poderia ser resumida neste ^ versículo:

“ E todos nós recebemos também da Sua plenitude e graça por graça.”

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H. E. A L E X A N D E R

0 EVANGELHO SEGUNDO JO ÃO

ou A revelação

da P E S S O A do Filho de Deus,

de Sua D O U T R IN A e de Sua O B R A redentora, para que creiamos, e que, crendo,

tenham os a vida em Seu Nome.

. “ Procura apresentar-te diante de Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, ' que maneja bem a Palavra da verdade.”

2 Timóteo 2:15

Traduzido do francês

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Publicações da Ação Bíblica

editada pela , Casa Brasileira da Bíblia, Ltda.

Rua Senador Feijó, 133 Caixa p. 2353 , SÃO PAULO Casa da Bíblia, Ltda.

Av. de Roma,, 14-B Lisboa (Portugal Rua Pé da Cruz, 14

Faro (Portugal) La , Maison de la Bible

Genève, 11 Rue de Rive Paris, 8 Rue du Val-de-Grâce

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DO M ESM O A U T O R Cadernos de Cultura Bíblica

1. , Introdução à leitura do Novo Testamento.

2. O >Evangelho segundo Mateus ou a grande rejeição.

3. O Evangelho segundo Marcos oü “o Filho do Homem que não veio para ser servido, mas para servir, e para dar a Sua vida em resgate de muitos”. 4. O Evangelho segundo Lucas ou “ O Filho do Homem que veio buscar e

salvar o que se havia perdido’’. 8. Introdução ao Velho Testamento.

9. Os Fundamentos da Fé que de uma vez para sempre foi confiada aos santos. &

Outras Obras

“ O Jovem Cristão” ou “ Um bom soldado de Jesus Cristo”

“ Onde está o Senhor, o Deus de Elias” ? .

“ Certezas. . . para vós uma pista segura”. .

" Filhinhos, escrevo-vos”. Pequena meditação para cada dia do mês. Pentecostismo ou Cristianismo f

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FR E F Á C IO

Recomendamos a todo o estudante do Caderno de C ultura Bíblica N .° 5, o estudo do Caderno N .° 1, Introdução à leitura do N ovo Tes­ tamento, bem como os Cadernos Nos. 2, 3 e 4, os Evangelhos segundo Mateus, Marcos e Lucas. Cada um dos quatro Evangelhos tem a sua mensagem respectiva, inspirada do alto. Quis Deus que a vida de Seu Filho nos fôsse revelada por êsses quadros tão diversos, mas que se completam admiràvelmente.

Revelando a divindade de Jesus Cristo, composto quase que exclu­ sivamente de palavras ditas pela Sua bôca, o Evangelho segundo João é o mais solene de todos. É também, de qerto modo, o mais triste, pois êle evidencia o contraste existente entre o amor perfeito do Filho de Deus manifestado em carne para expiar o pecado do mundo, e a incre­ dulidade dos homens, seu endurecimento progressivo, a ingratidão e a auto-justiça que caracterizam o coração humano.

N este Evangelho encontram-se as palavras que definem o estado de espirito que convém a todo aquele que deseja estudar a Bíblia para nela encontrar o Salvador: " Respondeu-lhes Jesus: A Minha doutrina não ê Minha, mas dAquele que M e enviou. S e alguém quiser fa ser a vontade de Deus, há de saber se a doutrina é dÊle, ou se E u falo por M im m esm o”, João 7:17. “Se vós permanecerdes na Minha Palavra, verdadeiramente sois M eus discípulos; e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”, João 8:31,32.

C O N S E L H O S P A R A O V O SSO E S T U D O

O método usado nos Cadernos de Cultura Bíblica mantém o estu­ dante no próprio terreno da P alavra divina, descobrindo-lhe o que a Bíblia diz da Bíblia.

O estudante deve possuir uma Bíblia com referências. Cada tra ­ dução da Bíblia tem as suas qualidades, e consultá-las-á sempre com proveito aquêle que as estudar.

Os textos bíblicos indicados nos Cadernos, de Cultura Bíblica devem ser lidos cuidadosamente e meditados. Seu alvo é conduzir o estudante a um estudo pessoal da P alavra de Deus. O autor tomou

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O Evangelho segundo João

i a tarefa de indicar tôdas as passagens de outros livros da Bíblia possam iluminar o texto sagrado do Evangelho' segundo João, as trinas que exprime, as questões que levanta. É por isso que, para :gurar ao estudante todo o benefício espiritual de seu estudo, a lei-i dessas referênclei-ias é lei-indlei-ispensável. Êsse slei-istema de referênclei-ias é prio do autor dos Cadernos de C ultura Bíblica.

A s margens são para apontar outras referências e notas relacio- as com o assunto estudado; assim, o estudante conseguirá, pouco ouco, form ar o seu próprio sistema de referências. O mesmo se :ende com as páginas em branco.

Tendo como tema um livro da Bíblia, os Cadernos de Cultura lica contêm notas dando testemunho do conjunto das E scrituras re o assunto tratado, assim como a sua aplicação prática.

Abreviaturas

f

Cp. = Caderno de Cultura Bíblica C . C . B . == Comparai- com

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O E V A N G E L H O SE G U N D O JOÃO

1. IN T R O D U Ç Ã O

1. A Revelação Divina

“Então lhes abriu o entendimento para compreenderem as Escri­ turas” , Lucas 24:45. É de propósito que êsse ato do Senhor para com Seus discípulos está mencionado no fim do Evangelho segundo L u cas; porque, sem esta experiência, como poderíamos entregarmo-nos com proveito à leitura do Evangelho segundo João, que revela, desde a prim eira página, a P alavra encarnada como sendo inseparável da P alavra escrita ?

Somente Jesus Cristo podia e pode ainda abrir o espírito privado de luz dos discípulos”, néscios e tardos de coração para crerem ” , Lucas 24:25. e assim abrir-lhes as Escrituras — o que significa literalmente “ tira r um véu”, e permitir, dêsse modo, ver o que está , atrás, numa

palavra: dar revelação! , .

No tem plo de Jerusalém , teria sido impossíível ra sg a r o véu de alto a baixo, Mateus 27:51, em prim eiro lu g ar p o r causa de sua altura, depois por causa de sua espessura; e, em terceiro lugar, ninguém se atreveria-a fazê-lo dada a sua importância e significado solene. Somente a mão de Deus pôde rasgá-lo, quando a expiação de nossos pecados foi cumprida por nosso Salvador. Do mesmo modo, ninguém pode rasgar o véu que encobre o próprio entendimento. N in­ guém pode abrir o nosso espírito ou a nossa compreensão das coisas espirituais a não ser Deus, Êle próprio. E isso se opera unicamente pelo novo nascim ento e 'd o m do espírito de revelação, João 3:1— 13; E fésios 1 :17.

T ô d a a ciência h u m an a é estu d ad a pelos m eios h u m anos de que dispõe o hom em ; o re su ltad o depende de seu trab a lh o , e ca­ pacidade. M AS O E S T U D O D A S S A N T A S E S C R IT U R A S É U M A C IÊ N C IA D IV IN A .; O H O M E M SE C H EG A ÀS CO I­ SAS E S P IR IT U A IS Q U E S ó P O D E M SE R D IS C E R N ID A S E S P IR IT U A L M E N T E . L er 1 Corintios 2: 7— 15.

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O Evangelho segundo João

O p rim eiro e tam b ém um dos m aiores erros do hom em consis­ te em chegar-se à B íblia còm os p ró p rio s m eios de estudo, sem a a ju d a d A quele que é o único a d a r're v e la ç ã o . É-lhe en tão im ­ possível a tin g ir o u tro re su ltad o senão, com o o sabem os, o da crí­ tica bíblica que conduz à g ra n d e ap o stasia da fé.

M as o P ai celestial “ q u is ”, Lucas 10:21, re v elar essas coisas aos “ p eq u en in o s”, aos que com preendem sua v erd ad eira posição diante dÊle e recebem as g ra ças que lhes são oferecidas p a ra com ­ p re en d er a P a la v ra de D eus. P a ra todo aquêle que p reenche essas condições, a B íblia se abre como um a m ina de teso u ro s inex- g otáv es, de “ riquezas inco m p reen sív eis”, E fésios 3:8, cujo p ró ­ p rio c a rá te r p ro v a sua origem .

“ Compreender as Escrituras” é, p o rtan to , uma ciência que se

adquire por um dom da graça de Deus. É indispensável ao crente com preender, que entra num domínio espiritual, onde imperam as leis espirituais próprias aos documentos da revelação; que nêle penetra, sabendo que seus recursos próprios são insuficientes, mas infinitos aqueles que lhe são oferecidos pelo Senhor. Percebendo êsses dois fatos, êle descobrirá uma m aravilha após outra; a cada revelação su­ cederá outra revelação; uma verdade o conduzirá a outra, como um dia ao dia seguinte.

Aquêle que quer estudar a Bíblia com proveito deve saber que tem à frente um Livro que é a expressão exata do infinito: os pensamen­ tos de Deus para com os homens, um texto Cujas palavras originais foram inspiradas aos escritores sacros, 2 T im óteo 3:15, 16; 1 Co-

rintios 2:13.

jfc >K *

U m a com preensão ju s ta dos q u a tro E v an g elh o s depende, fo r­ çosam ente, do d iscernim ento do c a rá te r especial de cada um dêles. É preciso co n sid erar de que m odo se com pletam e com p reen d er, em seguida, a relação ín tim a e desejada ex isten te e n tre êles e tu d o o que foi an terio rm en te in sp irad o aos au to re s da B íb lia : a s E s c ritu ra s S ag rad as do V elho T estam en to .

A êsse respeito, um a só declaração do N ovo T e sta m e n to é su fic ie n te : “ H avendo D eus antigam ente falado m uitas vêzes, e de m uitas maneiras aos pais, pelos profetas, nestes últim os dias a n ó s falou pelo F ilh o ”, lit: “ Como Filho". H ebreus 1:1,2 D eus fa ­ lou a n tig am en te a nossos pais pelos p rofetas, e acen tu a que o fêz " m u ita s v êz es”, lit; “ em tem pos d iv erso s” e de “ m u itas m anei­ r a s ” . A d a p to u Seu m odo de fa la r aos hom ens à dispensação n a qual viviam . Seu m odo de revelar-S e nunca é uniform e, n u n ca é

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A revelação divina 9 m onótono, m as sim in fin ita m en te variado. T o d av ia é sem pre Êle a m esm a fonte divina, a m esm a inspiração, a m esm a sabedoria, em ­

b o ra a revelação que dá de Si m esm o seja progressiva.

À porta de entrada da Bíblia, encontram-se, portanto, estas três p a la v ra s: "D eus tem falado”. Êle pede ao homem que o reconheça. A Bíblia é a P alavra de Deus. O incrédulo nela quer penetrar para dizer o que pensa dela, para julgá-la; dêste modo inverte a ordem •estabelecida por Deus, já que é a Bíblia que o deve julgar dizendo-

lhe o que Deus pensa dêle.

H á uma lei na base de tôda a ciência divina, uma lei que é ne­ cessário afirm ar hoje, tanto mais que os homens estão cumprindo pre­ sentemente o que foi predito da apostasia da fé e que recusam crer n a in sp iração divina das S ag ra d as E sc ritu ra s, 2 Tim óteo 4:3,4. E s ta lei diz re sp eito ta n to á inspiração to ta l das S agradas' E s c ri­ tu ra s q u an to à encarnação, D eus m an ifestad o em carne, à expia- -ção pelo sangue, à re ssu rreição corporal do S enhor Jesu s, à Sua p re se n ç a a tu a l na glória, à S ua v o lta p ró x im a à te rra com o Ju iz e Rei, p a ra selar êsses aneis d um a m esm a co rren te de m anifes­ tações divinas. E s ta lei, p ela qual a fé h o n ra a D eus e D eus h o n ra a fé, resum e-se n a s p alav ras s e g u in te s : “ Para D eus tudo é p ossível”, Marcos 10:27; cp. Lucas 1:37; 18:27.

O u D eus não existe de m odo algum , como o p reten d e o ateu, apesar das mil provas contrárias, ou D eus existe, e, por conseguinte, Êle falou e tôdas as coisas L he são possíveis. É necessário afirm ar -estas leis elementares da verdade em nossos tempos de < materialismo, «m que as pretensões intelectuais dos homens no que respeita às coi­

sas de Deus não têm limites. De fato, suas profanações das coisas s a n ta s acum ulam -se d ian te dA quele que ouve e que espera, João 12:48; H ebreus 10:29— 31; Salmo 14.

"D eus tem falado” e nesse domínio, tôdas as coisas Lhe são pos­ síveis. É assim que o crente aceita o fato da encarnação, como o anjo a anunciou à virgem M aria: “ N ada é impossível a D eus” .” Que felicidade para a f é ! Deus pode tudo, mesmo o que o homem não pode fazer, e mais a in d a : pode fazer o que o homem nem sequer po­ de conceber. Não poder fazer o que se deseja é próprio das limi­ tações humanas. É coisa diferente acharmo-nos perante fatos que

ultrapassem o nosso entendimento e reconhecermos que êsses fatos são possíveis a Deus.

É por isso que o estudo da Bíblia reserva sempre surprêsas, h u ­ milhações e boas e santas lições; mas ao mesmo tempo anima, inspi­ ra , alegra, acalenta o coração, abre os olhos, estimula a fé e produz, pouco a- pouco, no crente, aquilo que é o fim do estudo da Bíblia ; « imagem do Filho de Deus form a-se em seu coração.

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10 O Evangelho segundo João

“ H av en d o D eus an tig am en te falado m uitas vêzes e de m ui­ tas m aneiras, aos pais, pelos profetas, n estes ú ltim os dias a nós falou como F ilh o ”, Hebreus 1:1,2, lit.

E de que m odo falou como F ilh o P Isto nos leva a exam i­ n a r as ca rac te rístic as dos E v an g elh o s e sua relação com o V elho

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O Evangelho segundo João 11

2. A relação dos E vangelhos com o V elho Testam ento,

N a B íblia, n ad a é deixado ao acaso ; n ada pode ser objeto de in te rp re ta ç ã o p artic u la r. O apóstolo P ed ro o diz expressam ente,

.2 Pedro 1:20, 21. .

É preciso nu n ca esquecer de que, se os desígnios de D eus são insondáveis p ara o hom em n atu ra l, Romanos 11:33, Seu E sp irito Santo foi dado ao crente p ara que com preenda aS “ profundezas •da sabedoria e da ciência de D e u s” , 1 Coríntips 2:9, 10; cp. João 16:13. A s E s c ritu ra s b rilhãm com lüz p róp ria, possuem suas leis ■e princípios de interpretação; elas abrem seus tesouros de verdade aos

que lhes são obedientes, João 7:16,17; A tos 5:32.

A quêle que é a P a la v ra en carn ad a houve por bem com unicar a cada um dos E v an g elh o s um a revelação ca rac te rístic a de Sua P e s­ soa divina, de Sua hum ilhação v o lu n tária, de Suas atitu d es e de Seus discursos que refletem cada um de Seus a trib u to s divinos, cada tím de Seus sen tim en to s hum anos. E m tudo, Êle Se ap re­ se n to u aos hom ens da fo rm a que fôra p re d ita a Seu respeito. U m dos Seus prim eiros discípulos, Filipe, dá, desde logo, êste te ste m u ­ n h o : "Acabamos de achar Aquêle de Quem escreveram Moisés na lei, e os profetas” João 1 :45.

D eus anunciou a vin d a de Seus F ilho ém todos os livros do V elho T estam e n to . A revelação de Sua vida e o bra e stá in tim a ­ m ente ligada às E s c ritu ra s que O anunciavam . A s profecias de S ua v inda seguem, trêis linhas de rev elação ;

1 .' A linha típica: Certos episódios, os sacrifícios ou ceremô-nias levíticas prefiguram diversos aspectos da vida ou da obra de Je ­

sus Cristo. •

2 . A linha histórica: O encadeamento dos fatos, nas vidas de certos p ersonagens bíblicos pren u n cia o que será a m anifestação de

Jesus Cristo. ,

3. A linha profética: As declarações dos profetas.

E xem plos:

, 1. A linha típica. U m dos tipos m ais belos, m ais claros e mais convincentes de Jesus Cristo no Velho Testamento é Isaque, o filho da promessa. O apóstolo Paulo o confirma, principalmente nas Epístolas aos Romanos, aos Gálatas e aos Hebreus. Semelhantes a

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12 O Evangelho segundo João

uma via láctea na noite do paganismo mundial, tôdas as promessas feitas a Abraão, seu pai, realizam -se'em Isaque, promessas de bênção» para tôdas as nações, promessas de juízo sôbre todos os que se opõem a D eus e a Seu povo, Gênesis 12:1— 3.

O capítulo 22 do Gênesis é o po n to de ch egada e o p o n to d e p a rtid a de tôd as as riquezas e de tôd as as p ro m essas que se con­ ce n tram n e sta vida típ ic a do filho herdeiro. M as eis que D e u s pede a A b ra ão p a ra L he oferecer em h olocausto seu filho, seu único filho, aquêle a quem am a. E Isa q u e vai, obediente, p a ra o sacrifício pedido a fim de p ô r à pro v a a obediência do pai, d e cria r nêle a esperan ça da re ssu rreição e pôr em relêvo, não a m o rte de Isaque, mas a de um substituto, um carneiro. Tais são os dois as­ pectos vitais da obra redentora do Salvador: Ê le é o sacrifício ex ­ piatório, Ê le é nosso Substituto. L e r H ebreus 11:8— 19; João 8 :56— 58.

Depois disto, Deus disse a A b ra ã o : “ P o r Mim mesmo, jurei r Pcrque fizeste esta ação, e não Me negaste o teu filho, o teu filho único, que deveras te abençoarei, e grandxssimamente multiplicarei a tua semente como as estfêlas dos céus, e como a areia que está n a praia do m a r; e a tua semente possuirá a porta dos seus inimigos. E em tua semente serão benditas < tôdas as nações da te r r a ; porquanto ohedeceste à M inha voz” , G ênesis 22:16— 18.

D a m esm a form a, a obediência do F ilh o de D eus até à m o rte d a cru z ab re p ara o cren te tô d as as p ro m essas de D eus “ que são sim e a m e m ” nÊ le, 2 Corlíntios 1:20. P odem os hom ens r e s is tir ao plano de D eus, m as não podem im p ed ir que êsse plano se cum pra. P odem re ta rd a r o cum p rim en to de S uas prom essas, m as não an u lá- las. Certamente essas promessas hão de cumprir-se. Tôdas as pro­ messas e advertências do A ntigo Testamento, que dizem respeito ao- indivíduo, a Israel, às nações, e ao mundo, cumprir-se-ão por causa da obediência do Filho de Deus até à morte. O A utor do Novo T esta­ mento é o Testador divino que nos torna herdeiros de Suas promessas, isso por meio de Seu sacrifício expiatório. “ D e u s .. . a nós falou pelo- Filho, a Q uem co n stitu iu H e rd eiro de tôd as as coisas, e por Q uem fêz tam b ém os m u n d o s ; o Q ual, sendo o re sp le n d o r de S ua glória, e a ex p ressa im agem do Seu Ser, e su ste n ta n d o tôd as as coisas- pela p alav ra do Seu poder, depois de fazer a purificação dos peca­ dos, assentou-S e à d ireita da M ajestad e nas a ltu ra s ” , Hebreus 1:2,3. O E v an g e lh o segundo João confirm a o que M oisés escrev eu de Isaq u e, quan d o m o stra o F ilh o da P ro m essa obediente a té ao sacrifício e cu m prindo assim as prom essas que se realizam pela fé, em co n tra ste com a lei e su as obras, cp. João cap. 5 e 8.

2. A linha histórica. A h istó ria de D avi é um exem plo. N o prim eiro livro de Samuel, cap. 16— 31, D avi, em bora seja u n g id o

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A relação dos Evangelhos com o V. T. 13 rei, é rejeitado, perseguido por Saul, desconhecido. Mas o tempo de sua rejeição prepara seu reino, 2 Samuel 2:4. No capítulo 7 dêsse livro, êle se torna beneficiário das promessas do reino que está por vir, eterno e universal, que se estenderá até às extremidades da terra e submeterá tôdas as nações ao seu poder divino e absoluto.

É dessa forma que a vida de Davi prefigura os sofrim entos de Cristo e a glória que se lhes seguirá, Lucas 24:26,27; 1 Pedro 1 :10— 12; e as promessas de realeza fu tu ra que lhe foram feitas acharão seu inteiro cumprimento no reino de Jesus Cristo na terra.

O apósto lo P ed ro diz que D avi falou de Jesu s C risto quando escreveu os Salm os m essiânicos : os Salm os 8, 16 e 110 (são citados em seu discurso de P en teeo ste s, A tos 2:25— 35. D esde logo, no capítulo 1 do E v an g e lh o segundo João, os hom ens e x c la m a m : “ H avem os achado o M essias (que, trad u z id o , q-uer dizer C risto ), João 1:41; cp. 4 :42; 6 :6 9 ; 7:26. Seus próprios inim igos d ec la ram : “ N ão diz a E s c rito ra que o C risto vem da descendência de D avi, e de Belém , da aldeia donde era D a v i? ” 7:42.

3. A linha profética. L im item o-nos em c ita r o te x to de Isaías 7:14 : “ E is que u m a virg em conceberá, e d ará à luz um Filho, e será o Seu N om e E m a n u e l” . E Isaías 9:6,7: “ U m M enino nos nasceu, um F ilh o se nos d eu ; e o p rincipado está sôbre os Seus o m b ro s; e o Seu N om e se rá : M aravilhoso, C onselheiro, D eus fo r­ te, P ai da eternidade, P rín cip e da paz. D o increm ento d êste p rin ­ cipado e da paz não h av erá fim, sôbre o tro n o de D avi e no Seu reino, p a ra o firm ar e o fo rtificar em juízo e em ju stiça, desde agora e p a ra sem pre. Q zêlo do S en h o r dos E x ército s fa rá is to ” .

É o F ilh o que foi anunciado, um F ilh o que deve n asc er m ila­ gro sam en te, e isto é possível p a ra D eus, Lucas 1 :37. Sua vinda deve to c a r o m undo inteiro, tra n sfo rm a r a vida de tôd as as nações, a b a la r as concepções dos hom ens no pon to de vista social e m oral p a ra trazê-los todos às no rm as de S ua v o n tad e re v elad a em Sua Palavra. Seu reino será o da justiça, da paz, da bondade e do poder. O m undo in teiro ser-L h e-á subm isso após te r pro v ad o o fru to de sua escolha in s e n s a ta : o A n tic risto cuja v inda se anuncia à geração contem porânea p o r ta n to s sinais p recu rso res, João 5:43; 2 T essalonicenses 2:1— 12.

A le itu ra fiel e h um ilde do V elh o T e sta m e n to p roduz os m es­ m os sen tim en to s que anim avam os poucos Isra e lita s piedosos des­ critos por Lucas em seus três prim eiro s capítulos e que esperavam a v inda do M essias. O s pescadores da G aliléia, qúe seg u ira m de­ pois a Jesu s, eram do m esm o padrão, João 1 :40—51. D eus quis que Seu Filho fôsse revelado aos homens dessa maneira. O Velho Testa­ mento cria um a necessidade que os Evangelhos satisfazem plenamente.

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O Evangelho segundo João

3. A s características dos quatro E vangelhos (*)

O Evangelho segundo M ateus com eça com estas p alavras r

“Livro da genealogia de Jesus Cristo, Filho de Davi, Filho de Abraão M ateus não observou a ordem cronológica dêsses nomes históricos ao mencionar Davi antes de Abraão. Deus' quis esta inversão, pois nesta ordem, os dois nomes marcam os títulos das duas seções do Evange­ lho segundo Mateus.

Jesus Cristo apresenta-Se em primeiro lugar como Filho de Davi, porque os judeus esperavam com razão a vinda de seu Messias. Zaca­ rias e Isabel, pais de João Batista, José e M aria, pais de nosso Salvador, O velho Simeão e Ana, a profetiza, todos esperavam o M essias, a sal­ vação e a consolação de Israel. A multidão do povo fôra preparada para Sua yinda. Mas logo que Êle aparece, as autoridades civis e religiosas se põem em guarda e influenciam o povo. E star de sobrea­ viso diante dAquele que é o Dom do P ai! Que há que nos possa deixar mais admirados, a loucura do homens ou à graça divina?

A narração sagrada m ostra-nos o Messias indo de Belém a N a­ zaré, depois de N azaré a Cafarnaum , pregando em tôda a Galiléia, a Samaria, a Judéia religiosa, manifestando por Seus milagres, Sua di­ vindade e a Sua messianidade, condenando o pecado e, por conse­ guinte, os chefes religiosos, cegos condutores de cegos. À medida que são denunciados por Jesus, os condutores do povo tomam a ofensiva até o instante em que.pecam contra o Espírito Santo, acusando Jesus de fazer Suas obras pelo poder de Satanás. É por isso que lemos no cap. 16:21: “ Desde então começou, Jesus Cristo a m ostrar aos Seus discípulos que era n ec essário ... que fôsse m orto” . A p artir de então e até ao fim deste Evangelho, o Filho deJDeus cumpriu a E scri­ tura que anunciara o Filho de Abraão, o Filho herdeiro de tôdas as ■coisas por causa de Sua obediência até à morte.

~ É assim que Êle Se dirige p ara o G ólgota e qne dá Sua vida. Ressuscitado, diz a Seus discípulos: “ E eis que estou convosco

(*) Nas páginas 14 a 18, o leitor encontrará certas indicações já forne­ cidas nos C. C. B. N.° 1 a 4, cujo resumo é necessário aqui para maior facilidade no estudo dêste Evangelho.

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As características dos quatro Evangelhos 15 todos os dias, até à consum ação dos séculos” , 28:20, lite ralm en te, até ao fim do século, ou da dispensação presente de Sua rejeição, em que Sua graça ainda é oferecida ao mundo, após o que virá Seu reino.

Marcos principia sua narração por estas p alav ras: “Princípio do Evangelho de Jesus. Cristo, Filho de D eus”.

A n arraç ão de M arcos explica as razoes da rejeição de Jesu s Cristo descrita por Mateus. Não foi provocada apenas pela dureza de coração dos judeus, nem pelo orgulho inato e o pecado do homem que não querem a c e ita r as exigências dum S alvador div in o ; a rejeição tem o u tro m otivo. O p ro feta Isaías tin h a anunciado que o Filho que havia de vir seria o Servo perfeito de D e u s: “Eis aqui o M eu Servo, a Quem sustenho; o M eu Eleito, em Quem Se compras a Minha alma”, 42:1.

Neste Evangelho, Jesus Cristo afirm a êste caráter de Sua m issão: “O Filho do H om em não veio para ser servido, mas para servir, e para dar a Sua vida em resgate de m uitos”, 10:45. O Messias veio, mas não para impor o Seu reino e libertar os judeus do jugo humi­ lhante do poderio rom ano; Veio, mas não para dominar, ou lisonjear o orgulho nacional do po v o ; Veio para condenar o pecado, desmascarar a hipocrisia, destruir os refúgios da mentira. O- Filho do Homem veio como Servo de Deus, perfeito em Seu serviço, perfeito em Seu

sacrifício. . 1

Lucas põe em relêvo a humanidade do Filho do H omem. Desde logo, êle in tro d u z ò leito r na vida local de Is ra e l; dirige-o p ara os lares piedosos onde rein av a a espera do M essias. F ala, com p o r­ menores, de Sua encarnação, do' anúncio dêsse grande mistério da piedade, de Seu nascim ento, do meio hum ilde e pobre que Je su s escolheu p a ra m anifestar-S e. R evela “ a g raça de nosso S enhor Jesus Cristo que, sendo rico, por amor de vós Se fêz pobre, para que pela S ua p o breza fósseis vós en riq u e cid o s”, 2 Coríntios 8:9.

E is o S alvador do m undo, êsse D om infinito de D eus aos hom ens, aparecendo como um sim ples hom em . N o cap. 3, S ua genealogia chega até Adão, filho de Deus, v. 38, mostrando, assim, que a redenção próxima deve ser oferecida a tôda a raça humana. Após Seu batismo e tentação, o Filho do Homem principia o ministério entre os homens, buscando, para salvá-los, todos os que estão perdidos. Dos que tiram orgulho de sua religião, que não confessam sua perdição e não necessitam nem de arrependim ento nem de Salvador divino, dêsses vem a oposição que acaba pela crucifixão.

Mas o Senhor não Se deixa desviar da vontade de Seu Pai, não Se deixa deter'pelos numerosos obstáculos que separam os homens de Deus :o prestígio do clero, a tradição do templo, a escravidão da

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sina-36 O Evangelho segundo João

goga. Êsses obstáculos, Êle os denuncia, quer que as almas sejam salvas, quer trazer Deus aos homens e os homens a Seu Pai celestial. Deus fala pelo Filho, e os homens devem fazer a escolha: crer, e serem salvos, ou não crer e se perderem.

M as não é tudo. Se Lucas m ostra gestos, traços, características do Salvador que não se podem explicar senão pela Sua .^per feita hum a­ nidade, revela também o brilho de Sua glória, das palavras e dos fatos transcendentes que provam Sua divindade. Sua narração, que nos m ostra o Filho do Homem rejeitado, sempre mais humilde, sempre mais só, sempre sofrendo mais até à cruz, prepara-nos para seu com­ plemento indispensável: o quarto Evangelho.

Os maiores nomes do Velho Testamento foram relembrados nos 'Evangelhos segundo M ateus, Marcos e L u ca s; seria só o que se tem a dizer da ascendência do Salvador: Filho de Davi, para satisfazer à lei, Filho de Abraão, para cum prir as promessas, Filho de Adão, p a ra <envolver a raça tôda? Não!

João delineia assim Sua origem : " N o princípio ara o - Verbo, e

o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Êle estava no princí­ pio com D eus” . . . “E o Verbo S e fê z carne, e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade; e vimos' a Sua glória, glória do Unigênito do P a i”, 1 :1, 2, 14. i

B elém não é o comêço, m as apenas a en tra d a b e n d ita n este m undo dÁ quele que é de tô d a a eternidade, D eus b endito e te rn a ­ m en te! Rom anos 9:5.

“N inguém jamais viu a D eus”, João 1:18. V êde o grande, tro n o branco, Apocalipse 20:11— 15, d iante do qual fogem o céu e a terra, onde só os mortos, grandes e pequenos, permanecem em pé para rece­ berem a sentença de m orte e de juízo eterno. Nenhum ser vivo pode suportar o olhar dAquele que está sentado no tro n o ; ninguém pode subsistir perante Êle. M as êste mesmo Deus apareceu no mundo sob o véu de Sua perfeita humanidade, fruto da concepção milagrosa no seio da Virgem M aria, “cheio de graça e de verdade”, Filho único do P ai, que no-lO revela p ara que, conhecendo-O e aceitando Sua sal­ vação, recebêssem os Sua vida divina e eterna.

Anos mais tarde, o apóstolo Paulo escreve a T im ó teo : “ E, sem dúvida alguma, grande é o mistério da piedade: Aquêle que Se mani­ festou em carne, foi justificado em Espírito, visto dos anjos, pregado en tre os gentios, crido no m undo, e recebido acim a na g ló ria ’ ’. 1 T i­ m óteo 3:16. E is o S alv ad o r divino que é o Único que pode sa tis­ fazer a ju stiç a divina e as necessidades do coração de to d o s os h o ­ m ens. Som ente Deus. pode ser o Salvador, Deus cheio de graça e de verdade. É preciso termos visto a Sua glória como a glória do Filho

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A s características dos quatro Evangelhos 17 unigênito vindo do Pai, e termos recebido de Sua plenitude, graça sô­ bre graça, João 1 :14— 18. E is a g ran d e e gloriosa m ensagem con­ fiada a todo crente, quando tiv e r p assado p o r seu coração e tra n s ­ form ado sua vida. E is o S alvador qüe é preciso p ro clam ar sem som confuso a fim de que os hom ens sejam salvos e que a, ju stiç a e o am or de D eus estejam Satisfeitos, Romanos 3:25.

João apresenta, portanto, a vida do Senhor sob êste aspecto espe­ cial, diferente dos' três pirmeiros Evangelhos, que têm entre si certas semelhanças propositais, assim como certas variantes. Foi reservado a João dar um testemunho único da divindade de seu Salvador repe­ tindo as próprias palavras que Êle pronuncia a êste respeito.

M ais do que q u alq u er outro apóstolo, João foi beneficiado pela p ro m essa que cita no Cap. 14:26: “ Mas o Consolador, o Espírito Santo, a Quem o Pai enviará e m 1 Meu Nom e, Ê sse vos ensinará tôdas as coisas, e vos fará lembrar de tudo quanto E u vos d isse”. De fato, a maior parte de seu livro sagrado consiste em palavras pro­ nunciadas pela bôca de nosso Salvador.

João escreve numa época tardia, da Ig reja prim itiva (mais ou menos no ano 90), quarido as heresias atingindo a divindade de Jesus Cristo já tinham assolado as Igrejas. Sabendo que a negação da divindade de Jesus Cristo ê o pecado assinalado em 2 Pedro 2 :1 ,2 ; 1

João 2:1&—27, 4:1— 6; 2 João 7— 11, pecado que de.ve ser combatido

com tanta lealdade quanto rigor, não podemos nos admirar de que Sa ­ tanás tenha reservado suas principais investidas contra êste Evangelho. Não há dúvida alguma sôbre a origem dêsses ataques, dos falsos racio­ cínios e das teorias ímpias dirigidas contra a narrativa de João! Não há tampouco dúvida alguma sôbre o desígnio do Espírito de Deus na inspiração dessas páginaS m aravilhosas: elas são o complemento divino, o sêlo do alto sôbre as três primeiras narrações da vida do Senhor.

O s E v an g elh o s segundo Mateus e Lucas confirm am, de m odo p artic u la r, que a rejeição do M essias é o b ra dos condutores re li­ giosos do povo judeu. C ertificam tam b ém que a com preensão da g ra ça de D eus m anifestad a em Jesu s C risto é um dom e um a revelação, Lucas 10:21; ct>. M ateus 11:25,26. A m bos anunciam , "igualm ente, que esta revelação estab elecerá en tre o cren te e seu D eu s um a nova relação dependendo ex clusivam ente da g raça sobe­ ra n a do P ai celestial, M ateus 11:27—30; Lucas 10:22.

A ssim , a ordem e o desígnio divino dos q u atro E van g elh o s a p a ­ recem em tô d a a sua clareza. A lei exigia " q u e um fato não fôsse estabelecido senão sob depoim ento de duas ou três^ te ste m u n h a s” . Deuteronôm io 19:15; cp. João 8:17. O s trê s prim eiros E v an g elh o s são necessários p a ra estab elecer que Je su s é o M essias de Isra e l

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18 O Evangelho segundo João

cum prindo as E sc ritu ra s, sendo Sua m issão divina confirm ada pelos sinais e m ilagres preditos. T estem u n h a m o fato de que êste M es­ sias foi re je ita d o e e n tre g u e m o s pagãos p a ra ser crucificado. Os três afirm am Sua re ssu rreição que p ro v a S ua divindade.

Tudo está, portanto, preparado para a revelação do Evangelho segundo João, que prova ser Jesus Cristo o Filho de Deus e o Sal-, vador do mundo. Ouçamo-lo! “Êstes, porém, (os sinais) estão escri­ tos para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho, de Deus, e para q%te, crendo, tenhais vida em Seu N o m e ”, 20:31. '

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O Evangelho segundo João 19

4 . D e que modo a m ensagem inicial e final, de cada E vangelho

está ligada à^de João , .

C ontando o princípio do m inistério oral do S enhor Jesus, cada evan g elista, de acôrdo com o desígnio que lhe era determ inado, foi conduzido a c ita r diferentes episódios dêsse m inistério.

Mateus dá a mensagem de Cafarnaum, 4:12—16; Lucas dá a

mensagem de Nazaré, 4:16—20; Marcos fala do princípio do próprio Evangelho, 1:1. Estas três mensagens estão ligadas ao comêço do quarto Evangelho que confirm a os demais. Existe um paralelo notá­

vel, prova de unidade divina e inspiração comum. 1. Mateus e João

No cap. 4:12— 16, M ateu s conta com o o S enhor deixa N azaré p a r a estabelecer-S e "em C afarnaum . A ssim se cum pre o que foi .anunciado p o r Isaías 9 :1 ,2 : “ A te rra de Zebulom , e a te rra de N a f t a l i .. . ju n to ao cam inho d o 1 m ar, além do Jordão, a Galiléia cios g e n tio s” (isto é, a G aliléia dos pagãos onde Êle principia Seu ministério, já prevendo Sua rejeição como M essias), " povo que ^andava em trevas, viu unia grande luz; e sôbre os que habitam na região da sombra da morte resplandeceu a luz”, M ateus 4:15, 16. Foi ali que Êle começou a pregar, M ateus 4:17. '

P o r causa de sua incrèdulidade, C afarnaum , onde o S enhor ia fazer em seguida ta n to s m ilagres, Lucas 4:23, se tornou, com m ais duas cidades, objeto do juízo do Senhor. L er Mateus 11: 20— 24; Lucas 10:10— 16.

Q ue diz João? “ No princípio era o V erbo, e o V erb o estava com Deus, e o Verbo era Deus, Êle estava no princípio com Deus. Tôdas as coisas foram feitas por Êle, e sem Êle. nada do que foi feito se fêz. N Ê le estava a vida, e a vida era a luz dos homens; a luz resplandece nas trevas, e as trevas nãò prevaleceram contra ela”, 1:1— 5. E n q u a n to M ateus fala em m orte e trev a s, o que define o estado dos pagãos, das nações, do homem oor natureza, João dá o rem é­ d io : a P a la v ra eterna, a P a la v ra divina ciue é o Filho. D eclara oue nEla está a vida, uma vida que não foi criada; uma vida eterna, divina e que esta vida é a luz dos hom ens.

A ligação é evidente. O F ilho, ta l com o João O revela, traz no m undo a vida qiie nÊ le é eterna. Êle, que é D eus, oferece ao

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20 O Evangelho segundo João

hom em n ad a m enos que a p ró p ria vida. E s ta vida tra z a luz. E m 2 Coríntios 4:6, o a p ó sto lo / P au lo usa os m esm os têrm o s p ara ilu s tr a r a m esm a verdade. Se o E sp írito de D eus Se m ovia sôbre o caos da ru ín a dos prim eiros céus e da p rim eira te rra , Gênesis 1:2, o v. 3 faz ouvir a voz de Deus dizendo: “H a ja luz. E houve lu z”. P o r conseguinte, o que é dito da o bra cria d o ra no m undo físico é ig u alm en te v erd ad eiro sôbre a o bra re d e n to ra n a alm a hum ana. O F ilh o cria em nós vida, João 3:1— 21, e a vida tra z a luz ao ser entenebrecido do hom em , 8:12.

2. Marcos e João

Marcos começa assim : “Princípio do Evangelho de Jesus Cristo, Filho de D eus”. E sta palavra “ princípio” (ou comêço) é um dos substantivos favoritos de Marcos. Êle o usa vinte e sete vêzes.

T ra ta -se do princípio do m in istério te rre s tre do S enhor Jesu s, após te r sido b atizad o p o r João n as ág u a s do Jo rd ã o (a fim de identificar-S e aos hom ens que Êle q ueria sa lv a r e de d ec la rar a perdição da raça h u m an a ta n to com o a da raça eleita), após te r sido ungido do E sp írito S an to de conform idade com as E s c ritu ra s e depois de o P ai te r d ito : “ T u és M eu F ilh o am ad o ; em T i Me co m p ra zo ”i, 1:11; cp. Isaías 42:1.

Q ue dia glorioso é o 'do com êço dum E v an g elh o assirr(, do princípio do m in istério dum S alvador como Êle, o F ilh o de D eus, Jesu s C risto! Ê ste princípio deve te r continuidade na v id a dos re sg a ta d o s d êste Salvador. Q uase dois m il anos se p assa ram , e Sua o bra não está ac ab ad a ; oitocentos m ilhões de alm as não sabem ainda que há um S alv ad o r divino; existem cen tenas de m ilh õ es-d e hom ens em cuja língua a B íblia não está trad u z id a. O princípio se d e u ; os fu n d am en to s foram esta b e le c id o s; perten ce aos cren tes c o n tin u a r Sua obra, com o o diz L u ca s em seu segundo livro, os A to s dos A póstolos. Cp. A tos 1:1,2, com Lucas 24:46— 49.

O princípio da n arraç ão de M arcos é, p o rta n to ; o dó m in isté­ rio de Jesu s C risto e de S ua m ensagem divina.

Q ual é a relação ex isten tè en tre o princípio de M arcos e o de Jo ão ? E la está no significâdo d a 'p a la v r a : “ p rin cíp io ” . A s p ri­ meiras palavras do Evangelho segundo João são: " N o princípio era o V erbo”, e estas palavras lembram as primeiras palavras da Bíblia: " N o princípio criou Deus■ os céus e a terra”', Gênesis 1 :1. Trata-se de três princípios.

O "princípio” mencionado em Gênesis 1:1 indica um tempo inde­ finido. em n en h u m lu ^ a r indicado com precisão. “ D eus c rio u ” , ciuer dizer que fêz ap a rec er a m atéria sem n a d a te r em m ãos. L e r H ebreus 11:3. T ra ta -se de ato sob erano do C riado r que fêz os prim eiro s céus e a p rim eira te rra ; E m o u tro ponto a B íblia n a rra

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A mensagem inicial e final de cada Evangelho 21 a queda daquele que se to rn o u S atan ás, depois de te r sido o q u e­ ru b im p ro te to r do tro n o de D eus. H avendo concebido em seu coração o desejo de se to rn a r sem elh an te a D eus, foi lançado da m o n tan h a de D eus, a rra sta n d o em su a queda os prim eiro s cé u s e a p rim eira te rr a num cataclism o pavoroso, E zequiel 28:12— 19; Isaías 14:12— 15. O re su ltad o de su a queda acha-se d escrito n o v. 2 de Gênesis 1 : “ A te rra era sem fo rm a e v a z ia ; e hav ia trevas, sôbre a face do ab ism o ” . E ra o caos com pleto, a ru ín a to tal.

A p a r tir do fim do v. 2 de Gênesis 1, p o r Seu E sp írito criador, D eus faz sa ir dêsse caos “ os céus e a te rra de a g o ra ”, 2 Pedro 3:7,, que não reserv ad o s p ara o juízo final e serão substituídos» por novos céus e n ova te rra . Ê ste com êço do Gênesis 1 :1 é, p o rta n to , indefinido. M as D eus e stá presente. Ê le com eçou a criar. 1

O " princípio” de João 1:1, leva-nos além de G ênesis 1:1, m u ito m ais longe, na etern id ad e do passado. É o in f i n ito ... m as A q u ê le de Q uem se fala veio p a ra d e stru ir as obras do diabo e, finalm ente, estab elecer Seu reino aqui n a te rra . A ligação dos “ p rin cíp io s”- de M arcos e de Jo ão é, p o rtan to , evidente.

-3. Lucas e João

Lucas- 4:16— 30 descreve Jesu s C risto n a sinag og a de N a z a ré , no dia de sábado. “ Foi-Lhe .entregue o livro do profeta Isaías; e, quando abriu o livro, achou o lu^ar em que estava escrito : O Espírita do Senhor está sôbre M im ; pois que Me ungiu para evangelizar os pobres, enviou-Me para proclamar libertação aos cativos, a restauração' da vista aos cegos, para pôr em liberdade os oprimidos, e para procla­ m a r o ano aceitável do S e n h o r” , v. 17— 19..

E m João 1:32— 34, lem os “ Jo ão deu testem u n h o , d izen d o : V i o Espírito que descia do céu como pomba, e repousou sôbre Êle. E u não O conhecia; m as O que m e enviou a b a tiz a r em água, Ê sse m e d isse: A quêle sôbre Q uem vires descer o E sp írito , e sô b re Êle perm an ecer, Ê sse é O que b atiza no E sp írito Santo. E u m e sm a vi e já vos dei testem u n h o de que Ê ste é o F ilh o de D e u s ” .

E m João 3:33, 34, nosso S enhor d iz : “ O que aceitou o Seu testem u n h o , êsse confirm a que D eus é verdadeiro. P o is A quêle que Deus enviou fala as palavras de Deus, porque Deus não dá o Espírito por medida”. Estava, portanto, destinado a João o falar do Espírito S an to que u n g ia o S enhor Jesu s p a ra Seu m in istério te rre s tre e que devia, m ais tard e , ser recebido pelos discípulos. L er João 7:37^—39; 14:16— 26; 15:26,27; 16:12— 15; A tos 1:5,8.

A lém disso, se as p rim eiras p alav ras do m in istério do S e n h o r em L u cas dizem respeito ao apêlo do E v an g e lh o dirigido a todos os hom ens, as prim eiras p alav ras de Seu m in istério em João se re fe

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-22 O Evangelho segundo João

rem à cham ada p ara o serviço, Seu convite a todos os que O querem s e g u ir: “ V inde e v e re is”, 1:39.

A ssim se com pletam os princípios dêsses dois E van g elh o s. * * ík

Eis o que é o princípio dos Evangelhos. A ligação da mensagem final dos três Evangelhos e da mensagem final de João é do mesmo modo notável.

E ra preciso que o S enhor voltasse p a ra onde estav a d a n te s : “ Jesu s que sabia que o P ai L he e n tre g a ra tôd as as coisas, que vin h a de Deus, e que voltava para D e u s.. V iera de Deus para a terra, m as só. V oltava, m as não sozinho. O p ro feta Isaías tin h a pred ito que no dia de S ua ascensão, o S enhor Se ap re se n ta ria d iante do P ai d izendo: “ E is-M e aqui, com os filhos que M e deu o S e n h o r”, Isaías 8 :1 8 ; Hebreus 2:13. É um dos dois sinais da vinda do S alvador

divino ao m undo; cp. Isaías 7:14.

Que diz M ateus da ascensão ? Seu desínio é revelar o Messias do povo judeu. E sabemos que tôdas as promessas e todo o futuro do povo - judeu são para a terra- prometida, essa terra santa da qual o reino de Davi há de estender-se, um dia sôbre todos os reinos da terra. M ateus termina, pois, sua narração de conformidade com êsse desígnio, e menciona a ascensão nestes têrm os: “Ê-M e dado todo o poder no

céu e na terra. Portanto ide, fazei discípulos de tôdas as nações, bati­ zando-os em N om e do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando- as a observar tôdas as coisas que E u vos tenho mandado; e eis que E u estou convosco todos os dias, até à consumação dos séculos

Êle está, pois, no céu, como está n a terra. V o lta p ara o céu, m as está conosco” até à consum ação dos sécu lo s”.

N arrando a ascensão, M ateus faz ressaltar o que afeta o futuro dos judeus, perm itin d o não o b stan te, aos crentes, benificiar-se de tôdas as riquezas e da au to rid ad e p ro n ietid as com e sta p a la v ra : "‘E is que estou convosco (vós que p regais o E van g elh o a tô d as as nações) todos os dias, até à consum ação dos sé c u lo s!

. Quanto a Marcos, que revela o serviço do Filho do Homem, serviço consumado no sacrifício do Gólg-ota, êle O mostra ressuscitado, glori- í icado, mas continuando a trabalhar, com os ,discípulos. Êle foi Servo perfeito, educando -os discípulos, tratando de sua santificação, embora, mesmo depois da ressurreição, êles tenham mostrado tão pouca inte­ ligência e tanta lentidão em .crer, Lucas 24:25. Mas agora, “o Senhor, depois de lhes ter falado, fo i recebido no céu, e assentou-Se à direita de D euSi Êles, pois, sainda, pregaram por tôda a párte, cooperando

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A mensagem inicial e final de cada Evangelho 23 com êles o Senhor, e confirmando a Palavra com 'os sinais que os acompanhavam”, Marcos 16:19,20.

Lucas m ostra o Filho do homem voltando à glória donde deve voltar como Juiz, segundo o Cap. 17:24— 30, tendo acabado a obra red en to ra por S ua m orte e ressurreição. D epois de te r dado Suas ordens aos discípulos, tendo-lhes prom etido o E sp írio Santo, Lucas 24 :46—49 (c o rresp o n d en te a A tos 1 :4— 8), Êle os deixa abençoando- os com Suas mãos feridas. “Enquanto os abençoava, apartou-Se dêles; e fo i elevado ao céu”, 24:50,51. Que espetáculo! Êle é elevado ao céu à próprio v ista dos discípulos, e deixa a trá s dÊle, como o fêz E lias, um a porção dobrada de Seu E sp írito sôbre os que obedecem à Sua P a la v ra e que O querem se g u ir: “ Se alguém quer v ir após Mim, negue-se a si m esm o, tom e cada dia a sua cruz, e sig a-M e”, 9:23.

Os últimos capítulos do Evangelho segundo João encerram alusões à ascensão, mas nenhuma narrativa, ' “ Disse-lhe Jesus: Não Me de­ tenhas, porque ainda não subi ao Pai. Mas vai a meus irmãos e dize- lhes que E u subo para M eu Pai e vosso Pai, M eu D eus e vosso D eus”, 20:17: N o Cap. 14:2,3, Jesus diz aos discípulos que vai preparar-lhes lugar no céu, e que virá outra vez para levá-los para Si. Diz-lhes também que lhes convém que vá, pois, se não fôsse, não poderia enviar- lhes o Espírito Santo, João 16:7.

P or que esta falta duma narrativa da ascensão? E ntre os atribu­ tos divinos do Salvador, João revela especialmente Sua onipresença. “N inguém jamais viu a Deús. O Filho unigênito, que está no seio do Pai. êsse O deu a conhecer”, 1:18. O Filho de Deus está no seio do Pai e está no meio dos Seus. É por isso que está dito também no fim do prim eiro'C apítulo: “E m verdade, em verdade vos digo que vereis o céu aberto, e os anjos de Deus subindo e descendo sôbre o Filho do H o m em ”, v. 51. N otai que o verbo su b ir está colocado antes do. verbo descer, porque Êle está no alto: No Capítulo 3, Jesus fala com Nicodemos do milagre do novo nascimento dependendo da acei­ tação da mensagem integral de Sua . m orte expiatória. Diante da igno­ rância das verdades divinas revelada oor êsse doutor em Israel, nosso Senhor lhe diz: “ Se vos falei de coisas terrestres, e não credes como crereis, se vos falar das celestiais? Ora, ninciuêm subiu ao céu senão O que desceu do céu. o F ilho'do H om em , que está no céu”, v. 12. 13. Já ciue o Filho do Homem está no céu, Salvador divino todo-pode- roso, onisciente, onipresente, não era necessário que João nos contasse a ascensão.

Necessitamos dêste Deus, um Deus como Êle é, para sermos salvos. Quanto mais nos conhecerm os'a nós mesmos, tanto mais compreende­ remos ciue precisamos dêste Salvador divino tal como n o -0 revela João. um Salvador que está em tôda a p a rte ,,que tudo pode, que tudo sabe!

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Introdução

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II. O T E M A DO E V A N G E L H O S E G U N D O JO ÃO

É Jo ão quem inica o tem a de sua n a rra tiv a , m as é o S en h o r Quem revela donde veio a sua inspiração: “ Mas o Consolador, o Espírito Santo, a Quem o Pai enviará em Meu Nome, Êsse vos. en sin ará tô d as as coisas, e vos fará lem b ra r de tu d o q u an to E u vos d isse ”, João 14:26.

“ Jesus, na verdade, operou na presença de seus discípulos ainda muitos outros sinais que não estão escritos neste livro; estes, porêm,. estão escritos para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em Seu N o m e.”, João 20:30,31.

Lucas 1:1— 4; João 2:23; 3:2; 7:31; M ateus 4:23; L ucas 7:22 etc., m encionam alg u n s dos num erosos m ilag res “ que não estão- escrito s n este liv ro ” . E o próp rio João te rm in a seu Evangelho- d izen d o : “ E ain d a m u ita s o u tra s coisas há que Jesu s fê z ; a s quais, se fôssem escritas um a por um a, creio que nem ain d a no- m undo in teiro caberiam os livros que se escrevessem .5', 21:25.

O alvo de Jo ão é, p q rta n to , tra z e r o leito r à, fé. á salvação e à vida e te rn a pela revelação da divindade do F ilh o de D eus. U m a ssu n to como êsse é o com plem ento necessário da m en sag em dos. três E v an g elh o s p recedentes que, p rovando a divindade de J e s u s , salien tam tam b ém Sua hum anidade, êsse v éu im pecável, m as n e­ cessário à manifestação de -Sua divindade eterna e gloriosa entre

os hom ens. ,

A n arraç ão de Jo ão está, p o rtan to , cheia do pró p rio S enhor m ais que de Seus m ila g re s ; cheia de Suas p alav ras m ais do que dos fatos e gestos de Seu m inistério. U m a p alav ra que d istin g u e êste E v an g elh o é a p alav ra “ sin a í” . Jo ão re la ta oito sinais te n d o cada um um significado esp iritu al de acôrdo com a revelação d e S ua P esso a divina, e m anifestan d o assim S ua glória, 2:11.

E x p o n d o o tem a de seu livro, João faz um a declaração tríp lic e : 1) J e s u s é o C risto, o F ilh o de D eus, o S alv ad o r do m undo. 2) É crendo nÊle que o homem recebe a vida eterna. A salvação- nao é, p o rtan to , devida a m u ito s esforços (com o o im ag in av a o( L ucas 18:18— 27, ou o filho m ais velho da p a rá b o la do filho pródigo, L ucas 15:25— 32), m as a vid a etern a é u m dom da g raça sob.erana hom em rico, M ateus 19:16— 26; Marcos 10:17-27, êsse “ chefe” de

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O Evangelho segundo João

de D eus, dependendo exclusivam ente da m orte e da ressurreição de Seu F ilh o am ado. 3) A ce rteza de p o ssu ir a vida e te rn a vem do testem u n h o escrito que nos foi dado por D eus. Cp. T ito 1 :1— 3. 1 João 5:11— 13.

E stam o s, p o rtan to , em p resença de trê s fatos divinos que exis­ te m fora do homem, mas que lhe são destinados: a) Uma revelação divina, Mateus 11:25— 27; Lucas 10:17— 22; João 3:7— 13. b) Uma comunicação divina, João 1:1— 18; 3:36; 5:21— 24; 6:51 etc. c) Um testemunho divino, Lucas 1:4; João 6:68; 2 Tim óteo 3:16.

,a.) U m a revelação divina: Jesus é o Cristo, o Filho de Deus. D esde o princípio de sua n arração, João m o stra que a rejeição d o M essias era um fato consum ado. O s dem ais E v an g elh o s tr a ­ tam m uito m ais dem o rad am en te do m in istério do S enhor n a G ali­ léia. Jo ão no-10 m o stra prin cip alm en te n a Judéia, pois chegou p a ra Êle a h ora de m an ife sta r Sua divindade pelas Suas p alavras perante aquêles que invalidavam a Palavra de Deus por sua tra ­ dição, Marcos 7 :9, 13 e que, em nom e da sua religião, iam to rn a r- se culpados não som ente re je ita n d o o testem u n h o de D eus, m as •crucificando o F ilh o de D eus.

De acôrdo com a m ensagem do E v an g elh o segundo M ateus, João rev ela que um M essias rejeitad o e crucificado significa um S alv ad o r re s su s c ita d o : o F ilho de D eus que Se oferece a todos -os hom ens sem distinção de raça, 12:32, com a única condição da fé. A ssim a revelação anu n ciad a p o r Mateus 11:25— 27 e Lucas 10:17— 22 e n c o n tra em João seu com plem ento e sua realização p e r­ feita: “ Graças Te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque ocultaste estas coisas aos sábios e entendidos e as revelaste aos -pequeninos; sim, ó P ai, porque assim foi do T eu agrado. T ôdas as coisas Me foram en treg u es por M eu P a i ; e ninguém conhece "Quem é o Filho senão o Pai. nem Quem é o Pai senão o Filho,

e aquêle a quem o F ilho o q uiser re v e la r” .

b) Um a comunicação divina: “ Para aue, crendo, tenhais a vida em Seu N om e”.

A mensagem de Deus é a afirmação duma certeza fundada tanto -em Sua Palavra — o que Êle disse — como em Sua obra redentora —• o que Êle fêz. Em sua prim eira Epístola, João diz: “ Estas coi­ sas vos escrevo, a vós que credes no Nome do Filho de Deus, para cjue saibais que tendes a vida e te r n a ” , 1 João 5:13.

A filosofia su b stitu i as certezas bíblicas por dúvidas e ilusões m e n ta is e in te le c tu a is ; a tradição, su b stitu i essas certezas divinas

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O tema do Evangelho segundo João 27' pela escravidão das obras, p ren d en d o a alm a na escuridão e, m u ita s vêzes, em to rm en to s. M as a P a la v ra que é D eus vem até nós, expressando-S e com clareza e sim plicidade pró p rias do F ilh o di­ vino e não deixando em nossos esp írk o s nem a dúvida, nem a ilusão. “ Q uem crê no F ilh o tem a vida e te rn a ; o q u e ,’ porém , não crê no F ilh o não'' verá a v i d a ; m as sôbre êle perm anece a ira de D e u s ”, 3:36. João m o stra que esta vida ete rn a vem de D e u s ; não é um a vida criada, m as um a vida criadora, eterna, d iv in ar m anifestando-se naquilo que é te m p o ra l: nossas vidas.

D e conform idade com o que e stav a escrito, D eus veio em p ri­ m eiro lu g a r p ara Is ra e l; m as os Seus não O receberam , 1:11. P o r conseguinte, e em v irtu d e u n icam ente dos m érito s e da efi­ cácia de Seu sangue precioso, D eus Se oferece a um m undo p e r­ dido e culpado, revelando-S e p o r êste “ N o m e”, o N om e do F ilh o ém Q uem D eus fala aos hom ens, dando vida e certeza a to d o

aquêle que crê. „ ^

E is, pois, a verdade necessária que com pleta os três prim eiros testem u n h o s dados p o r D eus de Seu F ilho am ado, que só Êle, dá a vida etern a, 1 João 5:9— 13. E is “ o que era desde o principio, o que ouvim os, o que vim os com os nossos olhos, o que contem plam os e as n ossas m ãos apalparam , a resp eito do V erb o da v id a ” , 1 João 1:1. 0 que Êle revela, Êle no-lo comunica: tem os, dorav an te, o di­ reito, 1:12, e tam b ém o dever, 1 João 5:10, de p ossuir a certeza do dom de D eus.

A única condição que Êle pede ao hom em é a fé. “ C re r” é um a d as p alav ras carapterísticas de João. E ’ en c o n trad a um as cem vêzes em sua narração. E crer é aceitar, receber o que D eus diz, 1:12, v iv er e tra b a lh a r co nseqüentem ente. É to m ar a única posi­ ção possível e perm anecer no único te rre n o em que D eus tra ta com o hom em desde a c ru c ific a ç ã o : a fé e a obediência à Sua P alav ra . E s ta fé, que é um a viva rep resen ta ção das coisas q u e D eu s nos dá p ara esperarm os, Romanos 4:18—22, é a evidência e a p ro v a das coisas que não se vêem , Hebreus 11:1.

c) U m testem unho divino: “ E ssas coisas foram escritas. . . ” Q uis D eus que Sua P a la v ra escrita fôsse o fu n d am en to de nossa. fé. A B íblia é o bra Sua, Êle inspirou todos os seus escri­ to re s sacros, 2 Tim óteo 3:16. A “ d o u trin a ” de Jesu s C risto é im p reg n a d a das E sc ritu ra s do V elho T estam e n to , 7:17; 8:32; 18:19,* ex iste um g ra n d e núm ero de pessoas, de fato s e de p alav ras do V elh o T e sta m e n to a que Êle Se refere. R econheceu-lhe p len a­

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m en te a a u to rid a d e divina. É suficiente ler a êsse resp eito M ateus 5 :17— 19; João 5 :39, 40, 45— 47; 1 7 :8 ,17.

Êle anunciou a Seus discípulos que um a das obras do E sp írito .Santo seria d a r te ste m u n h p dÊle próprio, 15:26; de conduzi-los «em tô d a a verdade, de glorificá-10 e de anu n ciar-lh es as coisas a acontecer, 16:13— 15, e, ainda, de traz er-lh e s à m em ória tu d o o «que lhes dissera. F o i assim que fo ram de antem ão asse g u rad as -a inspiraçoã e a au to rid a d e divinas dos escritos históricos, dog­

m ático s e proféticos do N ovo T estam e n to . Jesu s C risto podia di­ z e r: “ Q uem ouve a M inha P alav ra , e crê nA quele que M e enviou, tem a vida e te r n a ”, 5:24. O m esm o acontece com Sua P a la v ra •escrita, viva e p erm an en te, 1 Pedro 1 :23— 25. E os Seus v e rd a ­

d eiros discípulos de todos os tem pos exclam am d iante da Bíblia, •como P e d ro d ian te do S e n h o r: “ Senhor, p ara quem irem os nós?

T u te n s as p alav ras da vida e te r n a ”, 6 :68. f P e la P a la v ra escrita, Jesu s C risto ain d a está en tre nós, “ cheio de g ra ç a e de v e rd a d e ” , 1:14. E ’ o A u to r e o T e m a das E sc ritu ra s. E ’ o Seu In sp ira d o r e o Seu In té rp re te . Só Êle revela a v erdade a resp eito de D eus e do hom em , tu d o o que é necessário p ara a salvação do crente, sua santificação e seu serviço. Sendo assim , a s n arraçõ es da vida de nosso S enhor são vivas p ara a fé ; sua -autoridade é p erm a n en te e su a aplicação atu al. D eus fa lo u : nós som os responsáveis. F alo u pelo Seu F ilh o ; a nós com pete aceitá- l O ou rejeitá-1 0 , 1 João 5:9— 12.

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III. O Plano do E vangelho segundo João

O próprio João o revela aos seus leitores, no primeiro capítulo: “ E o Verbo Se fêz carne, e habitou entre nós, cheio de graça e de v e rd a d e ; e vim os a S ua glória, g ló ria do U n ig ên ito do P a i”, 1 :14.

A p alav ra tra d u z id a “ h a b ita r” é tra d u z id a em o u tra p a rte do N ovo T e sta m e n to por “ esten d er o seu ta b e rn á c u lo ”, Apocalipse 7:15; 12:12; 13:6; 21:3. O su b sta n tiv o do qual deriva êsse verbo é trad u zid o v in te e um a vêzes p o r “ ta b e rn á c u lo ” , exem plos: Lucas

16:9; A tos 7 :44; H ebreus 8:2, etc.

É assim que, desde os prim eiro s versículos, Jo ão usa um a linguagem tão sublim e q u an to sim ples. A ssim como o tab ern ácu lo , que D eus o rd e n ara a- M oisés que co n stru ísse segundo o m odêlo que m o stra ra n a m o n tan h a, era dividido em três p arte s e form ava u m 'tô d o necessário à hab itação de Jeová, Êxodo 25:40; H ebreus 9 :1 — 5, assim tam b ém êste E v an g elh o se divide em três p a rte s :

1 . O átrio ( * ) : nosso S enhor no mundo, cap. 1— 12. “ A g ra ça e a v erdade v ieram p o r Jesu s C risto ” .

2,. O lugar santo: nosso S en h o r com os discípulos, cap. 13— 17. “ H av en d o am ado os S e u s .. . ao extrem o os am o u ” . 3. O lugar santíssim o: nosso S en ho r com o Pai, cap. 18— 21.

O acab am en to de Sua o bra ex p iató ria e reden to ra. Lem os em Êxodo, 40:34,35, o se g u in te : “ E n tã o a nuvem co b riu a ten d a da congregação, e a g ló ria do S enhor encheu o ta b e r n á c u lo ; de m an eira que M oisés não podia e n tra r na ten d a d a congregação, p o rq u a n to a nuvem ficava sôbre ela, e a glória do S enhor enchia o ta b e rn á c u lo ” . D o m esm o modo, Jo ão com eça seu E v an g e lh o pondo-nos em face da g ló ria do F ilh o único vindo <lo P ai, descendo ao nosso meio.x É o que estu d arem o s a seguir.

(*) É preciso lembrarmo-nos aqui da estrutura do tabernáculo. A tenda da congregação, ou tabernáculo, era formada do lugar santíssimo, abrigando a arca do testemunho, e do lugar santo onde se encontrava o castiçal de ouro, o altar dos perfumes e a mesa dos pães da proposição. O tabernáculo ficava ao ocidente dum pátio (o átrio) cercado por estacas com cortinas brancas. Estas cortinas faziam separação entre o povo e a presença de Deus, marcada pela coluna de nuvem e de fogo que pousava sôbre a tenda da congregação, Êxodo, capítulo 40.

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Introdução

Referências

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