H. E. A L E X A N D E R
0 EV ANG ELHO SEGUNDO JOÃO
A revelaçãoda P E SSO A do Filho de Deus,
de Sua D O U T R IN A e de Sua O BRA redentora, para que creiamos, e que, crendo,
tenhamos a vida em Seu Nome.
H. E. A L E X A N D ER
O autor dos Cadernos de Cultura Bíblica, D iretor da E'scola Bíblica de Genebra,
Suiga
Pelos “Cadernos” o leitor apro veitará da riquíssima experiência do autor, adquirida em mais de 40 anos de ensino da Palavra de Deus.
O objetivo é tornar o leitor “ . . .um ob reiro.. . que m aneje bem a Palavra da V erdade”.
2 Tim ó teo 2 :1 5
Êste novo Caderno de Cultura Bíblica, aguardado por muitos, com pletará a série dos 4 Evangelhos.
O alvo do Evangelho segundo João é, conduzir o leitor à fé, à salvação e à vida eterna pela revelação da divindade de Jesus Cristo. A men sagem poderia ser resumida neste ^ versículo:
“ E todos nós recebemos também da Sua plenitude e graça por graça.”
H. E. A L E X A N D E R
0 EVANGELHO SEGUNDO JO ÃO
ou A revelação
da P E S S O A do Filho de Deus,
de Sua D O U T R IN A e de Sua O B R A redentora, para que creiamos, e que, crendo,
tenham os a vida em Seu Nome.
. “ Procura apresentar-te diante de Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, ' que maneja bem a Palavra da verdade.”
• 2 Timóteo 2:15
Traduzido do francês
Publicações da Ação Bíblica
editada pela , Casa Brasileira da Bíblia, Ltda.
Rua Senador Feijó, 133 Caixa p. 2353 , SÃO PAULO Casa da Bíblia, Ltda.
Av. de Roma,, 14-B Lisboa (Portugal Rua Pé da Cruz, 14
Faro (Portugal) La , Maison de la Bible
Genève, 11 Rue de Rive Paris, 8 Rue du Val-de-Grâce
DO M ESM O A U T O R Cadernos de Cultura Bíblica
1. , Introdução à leitura do Novo Testamento.
2. O >Evangelho segundo Mateus ou a grande rejeição.
3. O Evangelho segundo Marcos oü “o Filho do Homem que não veio para ser servido, mas para servir, e para dar a Sua vida em resgate de muitos”. 4. O Evangelho segundo Lucas ou “ O Filho do Homem que veio buscar e
salvar o que se havia perdido’’. 8. Introdução ao Velho Testamento.
9. Os Fundamentos da Fé que de uma vez para sempre foi confiada aos santos. &
Outras Obras
“ O Jovem Cristão” ou “ Um bom soldado de Jesus Cristo”
“ Onde está o Senhor, o Deus de Elias” ? .
“ Certezas. . . para vós uma pista segura”. .
" Filhinhos, escrevo-vos”. Pequena meditação para cada dia do mês. Pentecostismo ou Cristianismo f
FR E F Á C IO
Recomendamos a todo o estudante do Caderno de C ultura Bíblica N .° 5, o estudo do Caderno N .° 1, Introdução à leitura do N ovo Tes tamento, bem como os Cadernos Nos. 2, 3 e 4, os Evangelhos segundo Mateus, Marcos e Lucas. Cada um dos quatro Evangelhos tem a sua mensagem respectiva, inspirada do alto. Quis Deus que a vida de Seu Filho nos fôsse revelada por êsses quadros tão diversos, mas que se completam admiràvelmente.
Revelando a divindade de Jesus Cristo, composto quase que exclu sivamente de palavras ditas pela Sua bôca, o Evangelho segundo João é o mais solene de todos. É também, de qerto modo, o mais triste, pois êle evidencia o contraste existente entre o amor perfeito do Filho de Deus manifestado em carne para expiar o pecado do mundo, e a incre dulidade dos homens, seu endurecimento progressivo, a ingratidão e a auto-justiça que caracterizam o coração humano.
N este Evangelho encontram-se as palavras que definem o estado de espirito que convém a todo aquele que deseja estudar a Bíblia para nela encontrar o Salvador: " Respondeu-lhes Jesus: A Minha doutrina não ê Minha, mas dAquele que M e enviou. S e alguém quiser fa ser a vontade de Deus, há de saber se a doutrina é dÊle, ou se E u falo por M im m esm o”, João 7:17. “Se vós permanecerdes na Minha Palavra, verdadeiramente sois M eus discípulos; e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”, João 8:31,32.
C O N S E L H O S P A R A O V O SSO E S T U D O
O método usado nos Cadernos de Cultura Bíblica mantém o estu dante no próprio terreno da P alavra divina, descobrindo-lhe o que a Bíblia diz da Bíblia.
O estudante deve possuir uma Bíblia com referências. Cada tra dução da Bíblia tem as suas qualidades, e consultá-las-á sempre com proveito aquêle que as estudar.
Os textos bíblicos indicados nos Cadernos, de Cultura Bíblica devem ser lidos cuidadosamente e meditados. Seu alvo é conduzir o estudante a um estudo pessoal da P alavra de Deus. O autor tomou
O Evangelho segundo João
i a tarefa de indicar tôdas as passagens de outros livros da Bíblia possam iluminar o texto sagrado do Evangelho' segundo João, as trinas que exprime, as questões que levanta. É por isso que, para :gurar ao estudante todo o benefício espiritual de seu estudo, a lei-i dessas referênclei-ias é lei-indlei-ispensável. Êsse slei-istema de referênclei-ias é prio do autor dos Cadernos de C ultura Bíblica.
A s margens são para apontar outras referências e notas relacio- as com o assunto estudado; assim, o estudante conseguirá, pouco ouco, form ar o seu próprio sistema de referências. O mesmo se :ende com as páginas em branco.
Tendo como tema um livro da Bíblia, os Cadernos de Cultura lica contêm notas dando testemunho do conjunto das E scrituras re o assunto tratado, assim como a sua aplicação prática.
Abreviaturas
f
Cp. = Caderno de Cultura Bíblica C . C . B . == Comparai- com
O E V A N G E L H O SE G U N D O JOÃO
1. IN T R O D U Ç Ã O
1. A Revelação Divina
“Então lhes abriu o entendimento para compreenderem as Escri turas” , Lucas 24:45. É de propósito que êsse ato do Senhor para com Seus discípulos está mencionado no fim do Evangelho segundo L u cas; porque, sem esta experiência, como poderíamos entregarmo-nos com proveito à leitura do Evangelho segundo João, que revela, desde a prim eira página, a P alavra encarnada como sendo inseparável da P alavra escrita ?
Somente Jesus Cristo podia e pode ainda abrir o espírito privado de luz dos discípulos”, néscios e tardos de coração para crerem ” , Lucas 24:25. e assim abrir-lhes as Escrituras — o que significa literalmente “ tira r um véu”, e permitir, dêsse modo, ver o que está , atrás, numa
palavra: dar revelação! , .
No tem plo de Jerusalém , teria sido impossíível ra sg a r o véu de alto a baixo, Mateus 27:51, em prim eiro lu g ar p o r causa de sua altura, depois por causa de sua espessura; e, em terceiro lugar, ninguém se atreveria-a fazê-lo dada a sua importância e significado solene. Somente a mão de Deus pôde rasgá-lo, quando a expiação de nossos pecados foi cumprida por nosso Salvador. Do mesmo modo, ninguém pode rasgar o véu que encobre o próprio entendimento. N in guém pode abrir o nosso espírito ou a nossa compreensão das coisas espirituais a não ser Deus, Êle próprio. E isso se opera unicamente pelo novo nascim ento e 'd o m do espírito de revelação, João 3:1— 13; E fésios 1 :17.
T ô d a a ciência h u m an a é estu d ad a pelos m eios h u m anos de que dispõe o hom em ; o re su ltad o depende de seu trab a lh o , e ca pacidade. M AS O E S T U D O D A S S A N T A S E S C R IT U R A S É U M A C IÊ N C IA D IV IN A .; O H O M E M SE C H EG A ÀS CO I SAS E S P IR IT U A IS Q U E S ó P O D E M SE R D IS C E R N ID A S E S P IR IT U A L M E N T E . L er 1 Corintios 2: 7— 15.
O Evangelho segundo João
O p rim eiro e tam b ém um dos m aiores erros do hom em consis te em chegar-se à B íblia còm os p ró p rio s m eios de estudo, sem a a ju d a d A quele que é o único a d a r're v e la ç ã o . É-lhe en tão im possível a tin g ir o u tro re su ltad o senão, com o o sabem os, o da crí tica bíblica que conduz à g ra n d e ap o stasia da fé.
M as o P ai celestial “ q u is ”, Lucas 10:21, re v elar essas coisas aos “ p eq u en in o s”, aos que com preendem sua v erd ad eira posição diante dÊle e recebem as g ra ças que lhes são oferecidas p a ra com p re en d er a P a la v ra de D eus. P a ra todo aquêle que p reenche essas condições, a B íblia se abre como um a m ina de teso u ro s inex- g otáv es, de “ riquezas inco m p reen sív eis”, E fésios 3:8, cujo p ró p rio c a rá te r p ro v a sua origem .
“ Compreender as Escrituras” é, p o rtan to , uma ciência que se
adquire por um dom da graça de Deus. É indispensável ao crente com preender, que entra num domínio espiritual, onde imperam as leis espirituais próprias aos documentos da revelação; que nêle penetra, sabendo que seus recursos próprios são insuficientes, mas infinitos aqueles que lhe são oferecidos pelo Senhor. Percebendo êsses dois fatos, êle descobrirá uma m aravilha após outra; a cada revelação su cederá outra revelação; uma verdade o conduzirá a outra, como um dia ao dia seguinte.
Aquêle que quer estudar a Bíblia com proveito deve saber que tem à frente um Livro que é a expressão exata do infinito: os pensamen tos de Deus para com os homens, um texto Cujas palavras originais foram inspiradas aos escritores sacros, 2 T im óteo 3:15, 16; 1 Co-
rintios 2:13.
jfc >K *
U m a com preensão ju s ta dos q u a tro E v an g elh o s depende, fo r çosam ente, do d iscernim ento do c a rá te r especial de cada um dêles. É preciso co n sid erar de que m odo se com pletam e com p reen d er, em seguida, a relação ín tim a e desejada ex isten te e n tre êles e tu d o o que foi an terio rm en te in sp irad o aos au to re s da B íb lia : a s E s c ritu ra s S ag rad as do V elho T estam en to .
A êsse respeito, um a só declaração do N ovo T e sta m e n to é su fic ie n te : “ H avendo D eus antigam ente falado m uitas vêzes, e de m uitas maneiras aos pais, pelos profetas, nestes últim os dias a n ó s falou pelo F ilh o ”, lit: “ Como Filho". H ebreus 1:1,2 D eus fa lou a n tig am en te a nossos pais pelos p rofetas, e acen tu a que o fêz " m u ita s v êz es”, lit; “ em tem pos d iv erso s” e de “ m u itas m anei r a s ” . A d a p to u Seu m odo de fa la r aos hom ens à dispensação n a qual viviam . Seu m odo de revelar-S e nunca é uniform e, n u n ca é
A revelação divina 9 m onótono, m as sim in fin ita m en te variado. T o d av ia é sem pre Êle a m esm a fonte divina, a m esm a inspiração, a m esm a sabedoria, em
b o ra a revelação que dá de Si m esm o seja progressiva.
À porta de entrada da Bíblia, encontram-se, portanto, estas três p a la v ra s: "D eus tem falado”. Êle pede ao homem que o reconheça. A Bíblia é a P alavra de Deus. O incrédulo nela quer penetrar para dizer o que pensa dela, para julgá-la; dêste modo inverte a ordem •estabelecida por Deus, já que é a Bíblia que o deve julgar dizendo-
lhe o que Deus pensa dêle.
H á uma lei na base de tôda a ciência divina, uma lei que é ne cessário afirm ar hoje, tanto mais que os homens estão cumprindo pre sentemente o que foi predito da apostasia da fé e que recusam crer n a in sp iração divina das S ag ra d as E sc ritu ra s, 2 Tim óteo 4:3,4. E s ta lei diz re sp eito ta n to á inspiração to ta l das S agradas' E s c ri tu ra s q u an to à encarnação, D eus m an ifestad o em carne, à expia- -ção pelo sangue, à re ssu rreição corporal do S enhor Jesu s, à Sua p re se n ç a a tu a l na glória, à S ua v o lta p ró x im a à te rra com o Ju iz e Rei, p a ra selar êsses aneis d um a m esm a co rren te de m anifes tações divinas. E s ta lei, p ela qual a fé h o n ra a D eus e D eus h o n ra a fé, resum e-se n a s p alav ras s e g u in te s : “ Para D eus tudo é p ossível”, Marcos 10:27; cp. Lucas 1:37; 18:27.
O u D eus não existe de m odo algum , como o p reten d e o ateu, apesar das mil provas contrárias, ou D eus existe, e, por conseguinte, Êle falou e tôdas as coisas L he são possíveis. É necessário afirm ar -estas leis elementares da verdade em nossos tempos de < materialismo, «m que as pretensões intelectuais dos homens no que respeita às coi
sas de Deus não têm limites. De fato, suas profanações das coisas s a n ta s acum ulam -se d ian te dA quele que ouve e que espera, João 12:48; H ebreus 10:29— 31; Salmo 14.
"D eus tem falado” e nesse domínio, tôdas as coisas Lhe são pos síveis. É assim que o crente aceita o fato da encarnação, como o anjo a anunciou à virgem M aria: “ N ada é impossível a D eus” .” Que felicidade para a f é ! Deus pode tudo, mesmo o que o homem não pode fazer, e mais a in d a : pode fazer o que o homem nem sequer po de conceber. Não poder fazer o que se deseja é próprio das limi tações humanas. É coisa diferente acharmo-nos perante fatos que
ultrapassem o nosso entendimento e reconhecermos que êsses fatos são possíveis a Deus.
É por isso que o estudo da Bíblia reserva sempre surprêsas, h u milhações e boas e santas lições; mas ao mesmo tempo anima, inspi ra , alegra, acalenta o coração, abre os olhos, estimula a fé e produz, pouco a- pouco, no crente, aquilo que é o fim do estudo da Bíblia ; « imagem do Filho de Deus form a-se em seu coração.
10 O Evangelho segundo João
“ H av en d o D eus an tig am en te falado m uitas vêzes e de m ui tas m aneiras, aos pais, pelos profetas, n estes ú ltim os dias a nós falou como F ilh o ”, Hebreus 1:1,2, lit.
E de que m odo falou como F ilh o P Isto nos leva a exam i n a r as ca rac te rístic as dos E v an g elh o s e sua relação com o V elho
O Evangelho segundo João 11
2. A relação dos E vangelhos com o V elho Testam ento,
N a B íblia, n ad a é deixado ao acaso ; n ada pode ser objeto de in te rp re ta ç ã o p artic u la r. O apóstolo P ed ro o diz expressam ente,
.2 Pedro 1:20, 21. .
É preciso nu n ca esquecer de que, se os desígnios de D eus são insondáveis p ara o hom em n atu ra l, Romanos 11:33, Seu E sp irito Santo foi dado ao crente p ara que com preenda aS “ profundezas •da sabedoria e da ciência de D e u s” , 1 Coríntips 2:9, 10; cp. João 16:13. A s E s c ritu ra s b rilhãm com lüz p róp ria, possuem suas leis ■e princípios de interpretação; elas abrem seus tesouros de verdade aos
que lhes são obedientes, João 7:16,17; A tos 5:32.
A quêle que é a P a la v ra en carn ad a houve por bem com unicar a cada um dos E v an g elh o s um a revelação ca rac te rístic a de Sua P e s soa divina, de Sua hum ilhação v o lu n tária, de Suas atitu d es e de Seus discursos que refletem cada um de Seus a trib u to s divinos, cada tím de Seus sen tim en to s hum anos. E m tudo, Êle Se ap re se n to u aos hom ens da fo rm a que fôra p re d ita a Seu respeito. U m dos Seus prim eiros discípulos, Filipe, dá, desde logo, êste te ste m u n h o : "Acabamos de achar Aquêle de Quem escreveram Moisés na lei, e os profetas” João 1 :45.
D eus anunciou a vin d a de Seus F ilho ém todos os livros do V elho T estam e n to . A revelação de Sua vida e o bra e stá in tim a m ente ligada às E s c ritu ra s que O anunciavam . A s profecias de S ua v inda seguem, trêis linhas de rev elação ;
1 .' A linha típica: Certos episódios, os sacrifícios ou ceremô-nias levíticas prefiguram diversos aspectos da vida ou da obra de Je
sus Cristo. •
2 . A linha histórica: O encadeamento dos fatos, nas vidas de certos p ersonagens bíblicos pren u n cia o que será a m anifestação de
Jesus Cristo. ,
3. A linha profética: As declarações dos profetas.
E xem plos:
, 1. A linha típica. U m dos tipos m ais belos, m ais claros e mais convincentes de Jesus Cristo no Velho Testamento é Isaque, o filho da promessa. O apóstolo Paulo o confirma, principalmente nas Epístolas aos Romanos, aos Gálatas e aos Hebreus. Semelhantes a
12 O Evangelho segundo João
uma via láctea na noite do paganismo mundial, tôdas as promessas feitas a Abraão, seu pai, realizam -se'em Isaque, promessas de bênção» para tôdas as nações, promessas de juízo sôbre todos os que se opõem a D eus e a Seu povo, Gênesis 12:1— 3.
• O capítulo 22 do Gênesis é o po n to de ch egada e o p o n to d e p a rtid a de tôd as as riquezas e de tôd as as p ro m essas que se con ce n tram n e sta vida típ ic a do filho herdeiro. M as eis que D e u s pede a A b ra ão p a ra L he oferecer em h olocausto seu filho, seu único filho, aquêle a quem am a. E Isa q u e vai, obediente, p a ra o sacrifício pedido a fim de p ô r à pro v a a obediência do pai, d e cria r nêle a esperan ça da re ssu rreição e pôr em relêvo, não a m o rte de Isaque, mas a de um substituto, um carneiro. Tais são os dois as pectos vitais da obra redentora do Salvador: Ê le é o sacrifício ex piatório, Ê le é nosso Substituto. L e r H ebreus 11:8— 19; João 8 :56— 58.
Depois disto, Deus disse a A b ra ã o : “ P o r Mim mesmo, jurei r Pcrque fizeste esta ação, e não Me negaste o teu filho, o teu filho único, que deveras te abençoarei, e grandxssimamente multiplicarei a tua semente como as estfêlas dos céus, e como a areia que está n a praia do m a r; e a tua semente possuirá a porta dos seus inimigos. E em tua semente serão benditas < tôdas as nações da te r r a ; porquanto ohedeceste à M inha voz” , G ênesis 22:16— 18.
D a m esm a form a, a obediência do F ilh o de D eus até à m o rte d a cru z ab re p ara o cren te tô d as as p ro m essas de D eus “ que são sim e a m e m ” nÊ le, 2 Corlíntios 1:20. P odem os hom ens r e s is tir ao plano de D eus, m as não podem im p ed ir que êsse plano se cum pra. P odem re ta rd a r o cum p rim en to de S uas prom essas, m as não an u lá- las. Certamente essas promessas hão de cumprir-se. Tôdas as pro messas e advertências do A ntigo Testamento, que dizem respeito ao- indivíduo, a Israel, às nações, e ao mundo, cumprir-se-ão por causa da obediência do Filho de Deus até à morte. O A utor do Novo T esta mento é o Testador divino que nos torna herdeiros de Suas promessas, isso por meio de Seu sacrifício expiatório. “ D e u s .. . a nós falou pelo- Filho, a Q uem co n stitu iu H e rd eiro de tôd as as coisas, e por Q uem fêz tam b ém os m u n d o s ; o Q ual, sendo o re sp le n d o r de S ua glória, e a ex p ressa im agem do Seu Ser, e su ste n ta n d o tôd as as coisas- pela p alav ra do Seu poder, depois de fazer a purificação dos peca dos, assentou-S e à d ireita da M ajestad e nas a ltu ra s ” , Hebreus 1:2,3. O E v an g e lh o segundo João confirm a o que M oisés escrev eu de Isaq u e, quan d o m o stra o F ilh o da P ro m essa obediente a té ao sacrifício e cu m prindo assim as prom essas que se realizam pela fé, em co n tra ste com a lei e su as obras, cp. João cap. 5 e 8.
2. A linha histórica. A h istó ria de D avi é um exem plo. N o prim eiro livro de Samuel, cap. 16— 31, D avi, em bora seja u n g id o
A relação dos Evangelhos com o V. T. 13 rei, é rejeitado, perseguido por Saul, desconhecido. Mas o tempo de sua rejeição prepara seu reino, 2 Samuel 2:4. No capítulo 7 dêsse livro, êle se torna beneficiário das promessas do reino que está por vir, eterno e universal, que se estenderá até às extremidades da terra e submeterá tôdas as nações ao seu poder divino e absoluto.
É dessa forma que a vida de Davi prefigura os sofrim entos de Cristo e a glória que se lhes seguirá, Lucas 24:26,27; 1 Pedro 1 :10— 12; e as promessas de realeza fu tu ra que lhe foram feitas acharão seu inteiro cumprimento no reino de Jesus Cristo na terra.
O apósto lo P ed ro diz que D avi falou de Jesu s C risto quando escreveu os Salm os m essiânicos : os Salm os 8, 16 e 110 (são citados em seu discurso de P en teeo ste s, A tos 2:25— 35. D esde logo, no capítulo 1 do E v an g e lh o segundo João, os hom ens e x c la m a m : “ H avem os achado o M essias (que, trad u z id o , q-uer dizer C risto ), João 1:41; cp. 4 :42; 6 :6 9 ; 7:26. Seus próprios inim igos d ec la ram : “ N ão diz a E s c rito ra que o C risto vem da descendência de D avi, e de Belém , da aldeia donde era D a v i? ” 7:42.
3. A linha profética. L im item o-nos em c ita r o te x to de Isaías 7:14 : “ E is que u m a virg em conceberá, e d ará à luz um Filho, e será o Seu N om e E m a n u e l” . E Isaías 9:6,7: “ U m M enino nos nasceu, um F ilh o se nos d eu ; e o p rincipado está sôbre os Seus o m b ro s; e o Seu N om e se rá : M aravilhoso, C onselheiro, D eus fo r te, P ai da eternidade, P rín cip e da paz. D o increm ento d êste p rin cipado e da paz não h av erá fim, sôbre o tro n o de D avi e no Seu reino, p a ra o firm ar e o fo rtificar em juízo e em ju stiça, desde agora e p a ra sem pre. Q zêlo do S en h o r dos E x ército s fa rá is to ” .
É o F ilh o que foi anunciado, um F ilh o que deve n asc er m ila gro sam en te, e isto é possível p a ra D eus, Lucas 1 :37. Sua vinda deve to c a r o m undo inteiro, tra n sfo rm a r a vida de tôd as as nações, a b a la r as concepções dos hom ens no pon to de vista social e m oral p a ra trazê-los todos às no rm as de S ua v o n tad e re v elad a em Sua Palavra. Seu reino será o da justiça, da paz, da bondade e do poder. O m undo in teiro ser-L h e-á subm isso após te r pro v ad o o fru to de sua escolha in s e n s a ta : o A n tic risto cuja v inda se anuncia à geração contem porânea p o r ta n to s sinais p recu rso res, João 5:43; 2 T essalonicenses 2:1— 12.
A le itu ra fiel e h um ilde do V elh o T e sta m e n to p roduz os m es m os sen tim en to s que anim avam os poucos Isra e lita s piedosos des critos por Lucas em seus três prim eiro s capítulos e que esperavam a v inda do M essias. O s pescadores da G aliléia, qúe seg u ira m de pois a Jesu s, eram do m esm o padrão, João 1 :40—51. D eus quis que Seu Filho fôsse revelado aos homens dessa maneira. O Velho Testa mento cria um a necessidade que os Evangelhos satisfazem plenamente.
O Evangelho segundo João
3. A s características dos quatro E vangelhos (*)
O Evangelho segundo M ateus com eça com estas p alavras r
“Livro da genealogia de Jesus Cristo, Filho de Davi, Filho de Abraão M ateus não observou a ordem cronológica dêsses nomes históricos ao mencionar Davi antes de Abraão. Deus' quis esta inversão, pois nesta ordem, os dois nomes marcam os títulos das duas seções do Evange lho segundo Mateus.
Jesus Cristo apresenta-Se em primeiro lugar como Filho de Davi, porque os judeus esperavam com razão a vinda de seu Messias. Zaca rias e Isabel, pais de João Batista, José e M aria, pais de nosso Salvador, O velho Simeão e Ana, a profetiza, todos esperavam o M essias, a sal vação e a consolação de Israel. A multidão do povo fôra preparada para Sua yinda. Mas logo que Êle aparece, as autoridades civis e religiosas se põem em guarda e influenciam o povo. E star de sobrea viso diante dAquele que é o Dom do P ai! Que há que nos possa deixar mais admirados, a loucura do homens ou à graça divina?
A narração sagrada m ostra-nos o Messias indo de Belém a N a zaré, depois de N azaré a Cafarnaum , pregando em tôda a Galiléia, a Samaria, a Judéia religiosa, manifestando por Seus milagres, Sua di vindade e a Sua messianidade, condenando o pecado e, por conse guinte, os chefes religiosos, cegos condutores de cegos. À medida que são denunciados por Jesus, os condutores do povo tomam a ofensiva até o instante em que.pecam contra o Espírito Santo, acusando Jesus de fazer Suas obras pelo poder de Satanás. É por isso que lemos no cap. 16:21: “ Desde então começou, Jesus Cristo a m ostrar aos Seus discípulos que era n ec essário ... que fôsse m orto” . A p artir de então e até ao fim deste Evangelho, o Filho deJDeus cumpriu a E scri tura que anunciara o Filho de Abraão, o Filho herdeiro de tôdas as ■coisas por causa de Sua obediência até à morte.
~ É assim que Êle Se dirige p ara o G ólgota e qne dá Sua vida. Ressuscitado, diz a Seus discípulos: “ E eis que estou convosco
(*) Nas páginas 14 a 18, o leitor encontrará certas indicações já forne cidas nos C. C. B. N.° 1 a 4, cujo resumo é necessário aqui para maior facilidade no estudo dêste Evangelho.
As características dos quatro Evangelhos 15 todos os dias, até à consum ação dos séculos” , 28:20, lite ralm en te, até ao fim do século, ou da dispensação presente de Sua rejeição, em que Sua graça ainda é oferecida ao mundo, após o que virá Seu reino.
Marcos principia sua narração por estas p alav ras: “Princípio do Evangelho de Jesus. Cristo, Filho de D eus”.
A n arraç ão de M arcos explica as razoes da rejeição de Jesu s Cristo descrita por Mateus. Não foi provocada apenas pela dureza de coração dos judeus, nem pelo orgulho inato e o pecado do homem que não querem a c e ita r as exigências dum S alvador div in o ; a rejeição tem o u tro m otivo. O p ro feta Isaías tin h a anunciado que o Filho que havia de vir seria o Servo perfeito de D e u s: “Eis aqui o M eu Servo, a Quem sustenho; o M eu Eleito, em Quem Se compras a Minha alma”, 42:1.
Neste Evangelho, Jesus Cristo afirm a êste caráter de Sua m issão: “O Filho do H om em não veio para ser servido, mas para servir, e para dar a Sua vida em resgate de m uitos”, 10:45. O Messias veio, mas não para impor o Seu reino e libertar os judeus do jugo humi lhante do poderio rom ano; Veio, mas não para dominar, ou lisonjear o orgulho nacional do po v o ; Veio para condenar o pecado, desmascarar a hipocrisia, destruir os refúgios da mentira. O- Filho do Homem veio como Servo de Deus, perfeito em Seu serviço, perfeito em Seu
sacrifício. . 1
Lucas põe em relêvo a humanidade do Filho do H omem. Desde logo, êle in tro d u z ò leito r na vida local de Is ra e l; dirige-o p ara os lares piedosos onde rein av a a espera do M essias. F ala, com p o r menores, de Sua encarnação, do' anúncio dêsse grande mistério da piedade, de Seu nascim ento, do meio hum ilde e pobre que Je su s escolheu p a ra m anifestar-S e. R evela “ a g raça de nosso S enhor Jesus Cristo que, sendo rico, por amor de vós Se fêz pobre, para que pela S ua p o breza fósseis vós en riq u e cid o s”, 2 Coríntios 8:9.
E is o S alvador do m undo, êsse D om infinito de D eus aos hom ens, aparecendo como um sim ples hom em . N o cap. 3, S ua genealogia chega até Adão, filho de Deus, v. 38, mostrando, assim, que a redenção próxima deve ser oferecida a tôda a raça humana. Após Seu batismo e tentação, o Filho do Homem principia o ministério entre os homens, buscando, para salvá-los, todos os que estão perdidos. Dos que tiram orgulho de sua religião, que não confessam sua perdição e não necessitam nem de arrependim ento nem de Salvador divino, dêsses vem a oposição que acaba pela crucifixão.
Mas o Senhor não Se deixa desviar da vontade de Seu Pai, não Se deixa deter'pelos numerosos obstáculos que separam os homens de Deus :o prestígio do clero, a tradição do templo, a escravidão da
sina-36 O Evangelho segundo João
goga. Êsses obstáculos, Êle os denuncia, quer que as almas sejam salvas, quer trazer Deus aos homens e os homens a Seu Pai celestial. Deus fala pelo Filho, e os homens devem fazer a escolha: crer, e serem salvos, ou não crer e se perderem.
M as não é tudo. Se Lucas m ostra gestos, traços, características do Salvador que não se podem explicar senão pela Sua .^per feita hum a nidade, revela também o brilho de Sua glória, das palavras e dos fatos transcendentes que provam Sua divindade. Sua narração, que nos m ostra o Filho do Homem rejeitado, sempre mais humilde, sempre mais só, sempre sofrendo mais até à cruz, prepara-nos para seu com plemento indispensável: o quarto Evangelho.
Os maiores nomes do Velho Testamento foram relembrados nos 'Evangelhos segundo M ateus, Marcos e L u ca s; seria só o que se tem a dizer da ascendência do Salvador: Filho de Davi, para satisfazer à lei, Filho de Abraão, para cum prir as promessas, Filho de Adão, p a ra <envolver a raça tôda? Não!
João delineia assim Sua origem : " N o princípio ara o - Verbo, e
o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Êle estava no princí pio com D eus” . . . “E o Verbo S e fê z carne, e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade; e vimos' a Sua glória, glória do Unigênito do P a i”, 1 :1, 2, 14. i
B elém não é o comêço, m as apenas a en tra d a b e n d ita n este m undo dÁ quele que é de tô d a a eternidade, D eus b endito e te rn a m en te! Rom anos 9:5.
“N inguém jamais viu a D eus”, João 1:18. V êde o grande, tro n o branco, Apocalipse 20:11— 15, d iante do qual fogem o céu e a terra, onde só os mortos, grandes e pequenos, permanecem em pé para rece berem a sentença de m orte e de juízo eterno. Nenhum ser vivo pode suportar o olhar dAquele que está sentado no tro n o ; ninguém pode subsistir perante Êle. M as êste mesmo Deus apareceu no mundo sob o véu de Sua perfeita humanidade, fruto da concepção milagrosa no seio da Virgem M aria, “cheio de graça e de verdade”, Filho único do P ai, que no-lO revela p ara que, conhecendo-O e aceitando Sua sal vação, recebêssem os Sua vida divina e eterna.
Anos mais tarde, o apóstolo Paulo escreve a T im ó teo : “ E, sem dúvida alguma, grande é o mistério da piedade: Aquêle que Se mani festou em carne, foi justificado em Espírito, visto dos anjos, pregado en tre os gentios, crido no m undo, e recebido acim a na g ló ria ’ ’. 1 T i m óteo 3:16. E is o S alv ad o r divino que é o Único que pode sa tis fazer a ju stiç a divina e as necessidades do coração de to d o s os h o m ens. Som ente Deus. pode ser o Salvador, Deus cheio de graça e de verdade. É preciso termos visto a Sua glória como a glória do Filho
A s características dos quatro Evangelhos 17 unigênito vindo do Pai, e termos recebido de Sua plenitude, graça sô bre graça, João 1 :14— 18. E is a g ran d e e gloriosa m ensagem con fiada a todo crente, quando tiv e r p assado p o r seu coração e tra n s form ado sua vida. E is o S alvador qüe é preciso p ro clam ar sem som confuso a fim de que os hom ens sejam salvos e que a, ju stiç a e o am or de D eus estejam Satisfeitos, Romanos 3:25.
João apresenta, portanto, a vida do Senhor sob êste aspecto espe cial, diferente dos' três pirmeiros Evangelhos, que têm entre si certas semelhanças propositais, assim como certas variantes. Foi reservado a João dar um testemunho único da divindade de seu Salvador repe tindo as próprias palavras que Êle pronuncia a êste respeito.
M ais do que q u alq u er outro apóstolo, João foi beneficiado pela p ro m essa que cita no Cap. 14:26: “ Mas o Consolador, o Espírito Santo, a Quem o Pai enviará e m 1 Meu Nom e, Ê sse vos ensinará tôdas as coisas, e vos fará lembrar de tudo quanto E u vos d isse”. De fato, a maior parte de seu livro sagrado consiste em palavras pro nunciadas pela bôca de nosso Salvador.
João escreve numa época tardia, da Ig reja prim itiva (mais ou menos no ano 90), quarido as heresias atingindo a divindade de Jesus Cristo já tinham assolado as Igrejas. Sabendo que a negação da divindade de Jesus Cristo ê o pecado assinalado em 2 Pedro 2 :1 ,2 ; 1
João 2:1&—27, 4:1— 6; 2 João 7— 11, pecado que de.ve ser combatido
com tanta lealdade quanto rigor, não podemos nos admirar de que Sa tanás tenha reservado suas principais investidas contra êste Evangelho. Não há dúvida alguma sôbre a origem dêsses ataques, dos falsos racio cínios e das teorias ímpias dirigidas contra a narrativa de João! Não há tampouco dúvida alguma sôbre o desígnio do Espírito de Deus na inspiração dessas páginaS m aravilhosas: elas são o complemento divino, o sêlo do alto sôbre as três primeiras narrações da vida do Senhor.
O s E v an g elh o s segundo Mateus e Lucas confirm am, de m odo p artic u la r, que a rejeição do M essias é o b ra dos condutores re li giosos do povo judeu. C ertificam tam b ém que a com preensão da g ra ça de D eus m anifestad a em Jesu s C risto é um dom e um a revelação, Lucas 10:21; ct>. M ateus 11:25,26. A m bos anunciam , "igualm ente, que esta revelação estab elecerá en tre o cren te e seu D eu s um a nova relação dependendo ex clusivam ente da g raça sobe ra n a do P ai celestial, M ateus 11:27—30; Lucas 10:22.
A ssim , a ordem e o desígnio divino dos q u atro E van g elh o s a p a recem em tô d a a sua clareza. A lei exigia " q u e um fato não fôsse estabelecido senão sob depoim ento de duas ou três^ te ste m u n h a s” . Deuteronôm io 19:15; cp. João 8:17. O s trê s prim eiros E v an g elh o s são necessários p a ra estab elecer que Je su s é o M essias de Isra e l
18 O Evangelho segundo João
cum prindo as E sc ritu ra s, sendo Sua m issão divina confirm ada pelos sinais e m ilagres preditos. T estem u n h a m o fato de que êste M es sias foi re je ita d o e e n tre g u e m o s pagãos p a ra ser crucificado. Os três afirm am Sua re ssu rreição que p ro v a S ua divindade.
Tudo está, portanto, preparado para a revelação do Evangelho segundo João, que prova ser Jesus Cristo o Filho de Deus e o Sal-, vador do mundo. Ouçamo-lo! “Êstes, porém, (os sinais) estão escri tos para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho, de Deus, e para q%te, crendo, tenhais vida em Seu N o m e ”, 20:31. '
O Evangelho segundo João 19
4 . D e que modo a m ensagem inicial e final, de cada E vangelho
está ligada à^de João , .
C ontando o princípio do m inistério oral do S enhor Jesus, cada evan g elista, de acôrdo com o desígnio que lhe era determ inado, foi conduzido a c ita r diferentes episódios dêsse m inistério.
Mateus dá a mensagem de Cafarnaum, 4:12—16; Lucas dá a
mensagem de Nazaré, 4:16—20; Marcos fala do princípio do próprio Evangelho, 1:1. Estas três mensagens estão ligadas ao comêço do quarto Evangelho que confirm a os demais. Existe um paralelo notá
vel, prova de unidade divina e inspiração comum. 1. Mateus e João
No cap. 4:12— 16, M ateu s conta com o o S enhor deixa N azaré p a r a estabelecer-S e "em C afarnaum . A ssim se cum pre o que foi .anunciado p o r Isaías 9 :1 ,2 : “ A te rra de Zebulom , e a te rra de N a f t a l i .. . ju n to ao cam inho d o 1 m ar, além do Jordão, a Galiléia cios g e n tio s” (isto é, a G aliléia dos pagãos onde Êle principia Seu ministério, já prevendo Sua rejeição como M essias), " povo que ^andava em trevas, viu unia grande luz; e sôbre os que habitam na região da sombra da morte resplandeceu a luz”, M ateus 4:15, 16. Foi ali que Êle começou a pregar, M ateus 4:17. '
P o r causa de sua incrèdulidade, C afarnaum , onde o S enhor ia fazer em seguida ta n to s m ilagres, Lucas 4:23, se tornou, com m ais duas cidades, objeto do juízo do Senhor. L er Mateus 11: 20— 24; Lucas 10:10— 16.
Q ue diz João? “ No princípio era o V erbo, e o V erb o estava com Deus, e o Verbo era Deus, Êle estava no princípio com Deus. Tôdas as coisas foram feitas por Êle, e sem Êle. nada do que foi feito se fêz. N Ê le estava a vida, e a vida era a luz dos homens; a luz resplandece nas trevas, e as trevas nãò prevaleceram contra ela”, 1:1— 5. E n q u a n to M ateus fala em m orte e trev a s, o que define o estado dos pagãos, das nações, do homem oor natureza, João dá o rem é d io : a P a la v ra eterna, a P a la v ra divina ciue é o Filho. D eclara oue nEla está a vida, uma vida que não foi criada; uma vida eterna, divina e que esta vida é a luz dos hom ens.
A ligação é evidente. O F ilho, ta l com o João O revela, traz no m undo a vida qiie nÊ le é eterna. Êle, que é D eus, oferece ao
20 O Evangelho segundo João
hom em n ad a m enos que a p ró p ria vida. E s ta vida tra z a luz. E m 2 Coríntios 4:6, o a p ó sto lo / P au lo usa os m esm os têrm o s p ara ilu s tr a r a m esm a verdade. Se o E sp írito de D eus Se m ovia sôbre o caos da ru ín a dos prim eiros céus e da p rim eira te rra , Gênesis 1:2, o v. 3 faz ouvir a voz de Deus dizendo: “H a ja luz. E houve lu z”. P o r conseguinte, o que é dito da o bra cria d o ra no m undo físico é ig u alm en te v erd ad eiro sôbre a o bra re d e n to ra n a alm a hum ana. O F ilh o cria em nós vida, João 3:1— 21, e a vida tra z a luz ao ser entenebrecido do hom em , 8:12.
2. Marcos e João
Marcos começa assim : “Princípio do Evangelho de Jesus Cristo, Filho de D eus”. E sta palavra “ princípio” (ou comêço) é um dos substantivos favoritos de Marcos. Êle o usa vinte e sete vêzes.
T ra ta -se do princípio do m in istério te rre s tre do S enhor Jesu s, após te r sido b atizad o p o r João n as ág u a s do Jo rd ã o (a fim de identificar-S e aos hom ens que Êle q ueria sa lv a r e de d ec la rar a perdição da raça h u m an a ta n to com o a da raça eleita), após te r sido ungido do E sp írito S an to de conform idade com as E s c ritu ra s e depois de o P ai te r d ito : “ T u és M eu F ilh o am ad o ; em T i Me co m p ra zo ”i, 1:11; cp. Isaías 42:1.
Q ue dia glorioso é o 'do com êço dum E v an g elh o assirr(, do princípio do m in istério dum S alvador como Êle, o F ilh o de D eus, Jesu s C risto! Ê ste princípio deve te r continuidade na v id a dos re sg a ta d o s d êste Salvador. Q uase dois m il anos se p assa ram , e Sua o bra não está ac ab ad a ; oitocentos m ilhões de alm as não sabem ainda que há um S alv ad o r divino; existem cen tenas de m ilh õ es-d e hom ens em cuja língua a B íblia não está trad u z id a. O princípio se d e u ; os fu n d am en to s foram esta b e le c id o s; perten ce aos cren tes c o n tin u a r Sua obra, com o o diz L u ca s em seu segundo livro, os A to s dos A póstolos. Cp. A tos 1:1,2, com Lucas 24:46— 49.
O princípio da n arraç ão de M arcos é, p o rta n to ; o dó m in isté rio de Jesu s C risto e de S ua m ensagem divina.
Q ual é a relação ex isten tè en tre o princípio de M arcos e o de Jo ão ? E la está no significâdo d a 'p a la v r a : “ p rin cíp io ” . A s p ri meiras palavras do Evangelho segundo João são: " N o princípio era o V erbo”, e estas palavras lembram as primeiras palavras da Bíblia: " N o princípio criou Deus■ os céus e a terra”', Gênesis 1 :1. Trata-se de três princípios.
O "princípio” mencionado em Gênesis 1:1 indica um tempo inde finido. em n en h u m lu ^ a r indicado com precisão. “ D eus c rio u ” , ciuer dizer que fêz ap a rec er a m atéria sem n a d a te r em m ãos. L e r H ebreus 11:3. T ra ta -se de ato sob erano do C riado r que fêz os prim eiro s céus e a p rim eira te rra ; E m o u tro ponto a B íblia n a rra
A mensagem inicial e final de cada Evangelho 21 a queda daquele que se to rn o u S atan ás, depois de te r sido o q u e ru b im p ro te to r do tro n o de D eus. H avendo concebido em seu coração o desejo de se to rn a r sem elh an te a D eus, foi lançado da m o n tan h a de D eus, a rra sta n d o em su a queda os prim eiro s cé u s e a p rim eira te rr a num cataclism o pavoroso, E zequiel 28:12— 19; Isaías 14:12— 15. O re su ltad o de su a queda acha-se d escrito n o v. 2 de Gênesis 1 : “ A te rra era sem fo rm a e v a z ia ; e hav ia trevas, sôbre a face do ab ism o ” . E ra o caos com pleto, a ru ín a to tal.
A p a r tir do fim do v. 2 de Gênesis 1, p o r Seu E sp írito criador, D eus faz sa ir dêsse caos “ os céus e a te rra de a g o ra ”, 2 Pedro 3:7,, que não reserv ad o s p ara o juízo final e serão substituídos» por novos céus e n ova te rra . Ê ste com êço do Gênesis 1 :1 é, p o rta n to , indefinido. M as D eus e stá presente. Ê le com eçou a criar. 1
O " princípio” de João 1:1, leva-nos além de G ênesis 1:1, m u ito m ais longe, na etern id ad e do passado. É o in f i n ito ... m as A q u ê le de Q uem se fala veio p a ra d e stru ir as obras do diabo e, finalm ente, estab elecer Seu reino aqui n a te rra . A ligação dos “ p rin cíp io s”- de M arcos e de Jo ão é, p o rtan to , evidente.
-3. Lucas e João
Lucas- 4:16— 30 descreve Jesu s C risto n a sinag og a de N a z a ré , no dia de sábado. “ Foi-Lhe .entregue o livro do profeta Isaías; e, quando abriu o livro, achou o lu^ar em que estava escrito : O Espírita do Senhor está sôbre M im ; pois que Me ungiu para evangelizar os pobres, enviou-Me para proclamar libertação aos cativos, a restauração' da vista aos cegos, para pôr em liberdade os oprimidos, e para procla m a r o ano aceitável do S e n h o r” , v. 17— 19..
E m João 1:32— 34, lem os “ Jo ão deu testem u n h o , d izen d o : V i o Espírito que descia do céu como pomba, e repousou sôbre Êle. E u não O conhecia; m as O que m e enviou a b a tiz a r em água, Ê sse m e d isse: A quêle sôbre Q uem vires descer o E sp írito , e sô b re Êle perm an ecer, Ê sse é O que b atiza no E sp írito Santo. E u m e sm a vi e já vos dei testem u n h o de que Ê ste é o F ilh o de D e u s ” .
E m João 3:33, 34, nosso S enhor d iz : “ O que aceitou o Seu testem u n h o , êsse confirm a que D eus é verdadeiro. P o is A quêle que Deus enviou fala as palavras de Deus, porque Deus não dá o Espírito por medida”. Estava, portanto, destinado a João o falar do Espírito S an to que u n g ia o S enhor Jesu s p a ra Seu m in istério te rre s tre e que devia, m ais tard e , ser recebido pelos discípulos. L er João 7:37^—39; 14:16— 26; 15:26,27; 16:12— 15; A tos 1:5,8.
A lém disso, se as p rim eiras p alav ras do m in istério do S e n h o r em L u cas dizem respeito ao apêlo do E v an g e lh o dirigido a todos os hom ens, as prim eiras p alav ras de Seu m in istério em João se re fe
-22 O Evangelho segundo João
rem à cham ada p ara o serviço, Seu convite a todos os que O querem s e g u ir: “ V inde e v e re is”, 1:39.
A ssim se com pletam os princípios dêsses dois E van g elh o s. * * ík
Eis o que é o princípio dos Evangelhos. A ligação da mensagem final dos três Evangelhos e da mensagem final de João é do mesmo modo notável.
E ra preciso que o S enhor voltasse p a ra onde estav a d a n te s : “ Jesu s que sabia que o P ai L he e n tre g a ra tôd as as coisas, que vin h a de Deus, e que voltava para D e u s.. V iera de Deus para a terra, m as só. V oltava, m as não sozinho. O p ro feta Isaías tin h a pred ito que no dia de S ua ascensão, o S enhor Se ap re se n ta ria d iante do P ai d izendo: “ E is-M e aqui, com os filhos que M e deu o S e n h o r”, Isaías 8 :1 8 ; Hebreus 2:13. É um dos dois sinais da vinda do S alvador
divino ao m undo; cp. Isaías 7:14.
Que diz M ateus da ascensão ? Seu desínio é revelar o Messias do povo judeu. E sabemos que tôdas as promessas e todo o futuro do povo - judeu são para a terra- prometida, essa terra santa da qual o reino de Davi há de estender-se, um dia sôbre todos os reinos da terra. M ateus termina, pois, sua narração de conformidade com êsse desígnio, e menciona a ascensão nestes têrm os: “Ê-M e dado todo o poder no
céu e na terra. Portanto ide, fazei discípulos de tôdas as nações, bati zando-os em N om e do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando- as a observar tôdas as coisas que E u vos tenho mandado; e eis que E u estou convosco todos os dias, até à consumação dos séculos
Êle está, pois, no céu, como está n a terra. V o lta p ara o céu, m as está conosco” até à consum ação dos sécu lo s”.
N arrando a ascensão, M ateus faz ressaltar o que afeta o futuro dos judeus, perm itin d o não o b stan te, aos crentes, benificiar-se de tôdas as riquezas e da au to rid ad e p ro n ietid as com e sta p a la v ra : "‘E is que estou convosco (vós que p regais o E van g elh o a tô d as as nações) todos os dias, até à consum ação dos sé c u lo s!
. Quanto a Marcos, que revela o serviço do Filho do Homem, serviço consumado no sacrifício do Gólg-ota, êle O mostra ressuscitado, glori- í icado, mas continuando a trabalhar, com os ,discípulos. Êle foi Servo perfeito, educando -os discípulos, tratando de sua santificação, embora, mesmo depois da ressurreição, êles tenham mostrado tão pouca inte ligência e tanta lentidão em .crer, Lucas 24:25. Mas agora, “o Senhor, depois de lhes ter falado, fo i recebido no céu, e assentou-Se à direita de D euSi Êles, pois, sainda, pregaram por tôda a párte, cooperando
A mensagem inicial e final de cada Evangelho 23 com êles o Senhor, e confirmando a Palavra com 'os sinais que os acompanhavam”, Marcos 16:19,20.
Lucas m ostra o Filho do homem voltando à glória donde deve voltar como Juiz, segundo o Cap. 17:24— 30, tendo acabado a obra red en to ra por S ua m orte e ressurreição. D epois de te r dado Suas ordens aos discípulos, tendo-lhes prom etido o E sp írio Santo, Lucas 24 :46—49 (c o rresp o n d en te a A tos 1 :4— 8), Êle os deixa abençoando- os com Suas mãos feridas. “Enquanto os abençoava, apartou-Se dêles; e fo i elevado ao céu”, 24:50,51. Que espetáculo! Êle é elevado ao céu à próprio v ista dos discípulos, e deixa a trá s dÊle, como o fêz E lias, um a porção dobrada de Seu E sp írito sôbre os que obedecem à Sua P a la v ra e que O querem se g u ir: “ Se alguém quer v ir após Mim, negue-se a si m esm o, tom e cada dia a sua cruz, e sig a-M e”, 9:23.
Os últimos capítulos do Evangelho segundo João encerram alusões à ascensão, mas nenhuma narrativa, ' “ Disse-lhe Jesus: Não Me de tenhas, porque ainda não subi ao Pai. Mas vai a meus irmãos e dize- lhes que E u subo para M eu Pai e vosso Pai, M eu D eus e vosso D eus”, 20:17: N o Cap. 14:2,3, Jesus diz aos discípulos que vai preparar-lhes lugar no céu, e que virá outra vez para levá-los para Si. Diz-lhes também que lhes convém que vá, pois, se não fôsse, não poderia enviar- lhes o Espírito Santo, João 16:7.
P or que esta falta duma narrativa da ascensão? E ntre os atribu tos divinos do Salvador, João revela especialmente Sua onipresença. “N inguém jamais viu a Deús. O Filho unigênito, que está no seio do Pai. êsse O deu a conhecer”, 1:18. O Filho de Deus está no seio do Pai e está no meio dos Seus. É por isso que está dito também no fim do prim eiro'C apítulo: “E m verdade, em verdade vos digo que vereis o céu aberto, e os anjos de Deus subindo e descendo sôbre o Filho do H o m em ”, v. 51. N otai que o verbo su b ir está colocado antes do. verbo descer, porque Êle está no alto: No Capítulo 3, Jesus fala com Nicodemos do milagre do novo nascimento dependendo da acei tação da mensagem integral de Sua . m orte expiatória. Diante da igno rância das verdades divinas revelada oor êsse doutor em Israel, nosso Senhor lhe diz: “ Se vos falei de coisas terrestres, e não credes como crereis, se vos falar das celestiais? Ora, ninciuêm subiu ao céu senão O que desceu do céu. o F ilho'do H om em , que está no céu”, v. 12. 13. Já ciue o Filho do Homem está no céu, Salvador divino todo-pode- roso, onisciente, onipresente, não era necessário que João nos contasse a ascensão.
Necessitamos dêste Deus, um Deus como Êle é, para sermos salvos. Quanto mais nos conhecerm os'a nós mesmos, tanto mais compreende remos ciue precisamos dêste Salvador divino tal como n o -0 revela João. um Salvador que está em tôda a p a rte ,,que tudo pode, que tudo sabe!
Introdução
II. O T E M A DO E V A N G E L H O S E G U N D O JO ÃO
É Jo ão quem inica o tem a de sua n a rra tiv a , m as é o S en h o r Quem revela donde veio a sua inspiração: “ Mas o Consolador, o Espírito Santo, a Quem o Pai enviará em Meu Nome, Êsse vos. en sin ará tô d as as coisas, e vos fará lem b ra r de tu d o q u an to E u vos d isse ”, João 14:26.
“ Jesus, na verdade, operou na presença de seus discípulos ainda muitos outros sinais que não estão escritos neste livro; estes, porêm,. estão escritos para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em Seu N o m e.”, João 20:30,31.
Lucas 1:1— 4; João 2:23; 3:2; 7:31; M ateus 4:23; L ucas 7:22 etc., m encionam alg u n s dos num erosos m ilag res “ que não estão- escrito s n este liv ro ” . E o próp rio João te rm in a seu Evangelho- d izen d o : “ E ain d a m u ita s o u tra s coisas há que Jesu s fê z ; a s quais, se fôssem escritas um a por um a, creio que nem ain d a no- m undo in teiro caberiam os livros que se escrevessem .5', 21:25.
O alvo de Jo ão é, p q rta n to , tra z e r o leito r à, fé. á salvação e à vida e te rn a pela revelação da divindade do F ilh o de D eus. U m a ssu n to como êsse é o com plem ento necessário da m en sag em dos. três E v an g elh o s p recedentes que, p rovando a divindade de J e s u s , salien tam tam b ém Sua hum anidade, êsse v éu im pecável, m as n e cessário à manifestação de -Sua divindade eterna e gloriosa entre
os hom ens. ,
A n arraç ão de Jo ão está, p o rtan to , cheia do pró p rio S enhor m ais que de Seus m ila g re s ; cheia de Suas p alav ras m ais do que dos fatos e gestos de Seu m inistério. U m a p alav ra que d istin g u e êste E v an g elh o é a p alav ra “ sin a í” . Jo ão re la ta oito sinais te n d o cada um um significado esp iritu al de acôrdo com a revelação d e S ua P esso a divina, e m anifestan d o assim S ua glória, 2:11.
E x p o n d o o tem a de seu livro, João faz um a declaração tríp lic e : 1) J e s u s é o C risto, o F ilh o de D eus, o S alv ad o r do m undo. 2) É crendo nÊle que o homem recebe a vida eterna. A salvação- nao é, p o rtan to , devida a m u ito s esforços (com o o im ag in av a o( L ucas 18:18— 27, ou o filho m ais velho da p a rá b o la do filho pródigo, L ucas 15:25— 32), m as a vid a etern a é u m dom da g raça sob.erana hom em rico, M ateus 19:16— 26; Marcos 10:17-27, êsse “ chefe” de
O Evangelho segundo João
de D eus, dependendo exclusivam ente da m orte e da ressurreição de Seu F ilh o am ado. 3) A ce rteza de p o ssu ir a vida e te rn a vem do testem u n h o escrito que nos foi dado por D eus. Cp. T ito 1 :1— 3. 1 João 5:11— 13.
E stam o s, p o rtan to , em p resença de trê s fatos divinos que exis te m fora do homem, mas que lhe são destinados: a) Uma revelação divina, Mateus 11:25— 27; Lucas 10:17— 22; João 3:7— 13. b) Uma comunicação divina, João 1:1— 18; 3:36; 5:21— 24; 6:51 etc. c) Um testemunho divino, Lucas 1:4; João 6:68; 2 Tim óteo 3:16.
,a.) U m a revelação divina: Jesus é o Cristo, o Filho de Deus. D esde o princípio de sua n arração, João m o stra que a rejeição d o M essias era um fato consum ado. O s dem ais E v an g elh o s tr a tam m uito m ais dem o rad am en te do m in istério do S enhor n a G ali léia. Jo ão no-10 m o stra prin cip alm en te n a Judéia, pois chegou p a ra Êle a h ora de m an ife sta r Sua divindade pelas Suas p alavras perante aquêles que invalidavam a Palavra de Deus por sua tra dição, Marcos 7 :9, 13 e que, em nom e da sua religião, iam to rn a r- se culpados não som ente re je ita n d o o testem u n h o de D eus, m as •crucificando o F ilh o de D eus.
De acôrdo com a m ensagem do E v an g elh o segundo M ateus, João rev ela que um M essias rejeitad o e crucificado significa um S alv ad o r re s su s c ita d o : o F ilho de D eus que Se oferece a todos -os hom ens sem distinção de raça, 12:32, com a única condição da fé. A ssim a revelação anu n ciad a p o r Mateus 11:25— 27 e Lucas 10:17— 22 e n c o n tra em João seu com plem ento e sua realização p e r feita: “ Graças Te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque ocultaste estas coisas aos sábios e entendidos e as revelaste aos -pequeninos; sim, ó P ai, porque assim foi do T eu agrado. T ôdas as coisas Me foram en treg u es por M eu P a i ; e ninguém conhece "Quem é o Filho senão o Pai. nem Quem é o Pai senão o Filho,
e aquêle a quem o F ilho o q uiser re v e la r” .
b) Um a comunicação divina: “ Para aue, crendo, tenhais a vida em Seu N om e”.
A mensagem de Deus é a afirmação duma certeza fundada tanto -em Sua Palavra — o que Êle disse — como em Sua obra redentora —• o que Êle fêz. Em sua prim eira Epístola, João diz: “ Estas coi sas vos escrevo, a vós que credes no Nome do Filho de Deus, para cjue saibais que tendes a vida e te r n a ” , 1 João 5:13.
A filosofia su b stitu i as certezas bíblicas por dúvidas e ilusões m e n ta is e in te le c tu a is ; a tradição, su b stitu i essas certezas divinas
O tema do Evangelho segundo João 27' pela escravidão das obras, p ren d en d o a alm a na escuridão e, m u ita s vêzes, em to rm en to s. M as a P a la v ra que é D eus vem até nós, expressando-S e com clareza e sim plicidade pró p rias do F ilh o di vino e não deixando em nossos esp írk o s nem a dúvida, nem a ilusão. “ Q uem crê no F ilh o tem a vida e te rn a ; o q u e ,’ porém , não crê no F ilh o não'' verá a v i d a ; m as sôbre êle perm anece a ira de D e u s ”, 3:36. João m o stra que esta vida ete rn a vem de D e u s ; não é um a vida criada, m as um a vida criadora, eterna, d iv in ar m anifestando-se naquilo que é te m p o ra l: nossas vidas.
D e conform idade com o que e stav a escrito, D eus veio em p ri m eiro lu g a r p ara Is ra e l; m as os Seus não O receberam , 1:11. P o r conseguinte, e em v irtu d e u n icam ente dos m érito s e da efi cácia de Seu sangue precioso, D eus Se oferece a um m undo p e r dido e culpado, revelando-S e p o r êste “ N o m e”, o N om e do F ilh o ém Q uem D eus fala aos hom ens, dando vida e certeza a to d o
aquêle que crê. „ ^
E is, pois, a verdade necessária que com pleta os três prim eiros testem u n h o s dados p o r D eus de Seu F ilho am ado, que só Êle, dá a vida etern a, 1 João 5:9— 13. E is “ o que era desde o principio, o que ouvim os, o que vim os com os nossos olhos, o que contem plam os e as n ossas m ãos apalparam , a resp eito do V erb o da v id a ” , 1 João 1:1. 0 que Êle revela, Êle no-lo comunica: tem os, dorav an te, o di reito, 1:12, e tam b ém o dever, 1 João 5:10, de p ossuir a certeza do dom de D eus.
A única condição que Êle pede ao hom em é a fé. “ C re r” é um a d as p alav ras carapterísticas de João. E ’ en c o n trad a um as cem vêzes em sua narração. E crer é aceitar, receber o que D eus diz, 1:12, v iv er e tra b a lh a r co nseqüentem ente. É to m ar a única posi ção possível e perm anecer no único te rre n o em que D eus tra ta com o hom em desde a c ru c ific a ç ã o : a fé e a obediência à Sua P alav ra . E s ta fé, que é um a viva rep resen ta ção das coisas q u e D eu s nos dá p ara esperarm os, Romanos 4:18—22, é a evidência e a p ro v a das coisas que não se vêem , Hebreus 11:1.
c) U m testem unho divino: “ E ssas coisas foram escritas. . . ” Q uis D eus que Sua P a la v ra escrita fôsse o fu n d am en to de nossa. fé. A B íblia é o bra Sua, Êle inspirou todos os seus escri to re s sacros, 2 Tim óteo 3:16. A “ d o u trin a ” de Jesu s C risto é im p reg n a d a das E sc ritu ra s do V elho T estam e n to , 7:17; 8:32; 18:19,* ex iste um g ra n d e núm ero de pessoas, de fato s e de p alav ras do V elh o T e sta m e n to a que Êle Se refere. R econheceu-lhe p len a
28 O Evangelho segundo João
m en te a a u to rid a d e divina. É suficiente ler a êsse resp eito M ateus 5 :17— 19; João 5 :39, 40, 45— 47; 1 7 :8 ,17.
Êle anunciou a Seus discípulos que um a das obras do E sp írito .Santo seria d a r te ste m u n h p dÊle próprio, 15:26; de conduzi-los «em tô d a a verdade, de glorificá-10 e de anu n ciar-lh es as coisas a acontecer, 16:13— 15, e, ainda, de traz er-lh e s à m em ória tu d o o «que lhes dissera. F o i assim que fo ram de antem ão asse g u rad as -a inspiraçoã e a au to rid a d e divinas dos escritos históricos, dog
m ático s e proféticos do N ovo T estam e n to . Jesu s C risto podia di z e r: “ Q uem ouve a M inha P alav ra , e crê nA quele que M e enviou, tem a vida e te r n a ”, 5:24. O m esm o acontece com Sua P a la v ra •escrita, viva e p erm an en te, 1 Pedro 1 :23— 25. E os Seus v e rd a
d eiros discípulos de todos os tem pos exclam am d iante da Bíblia, •como P e d ro d ian te do S e n h o r: “ Senhor, p ara quem irem os nós?
T u te n s as p alav ras da vida e te r n a ”, 6 :68. f P e la P a la v ra escrita, Jesu s C risto ain d a está en tre nós, “ cheio de g ra ç a e de v e rd a d e ” , 1:14. E ’ o A u to r e o T e m a das E sc ritu ra s. E ’ o Seu In sp ira d o r e o Seu In té rp re te . Só Êle revela a v erdade a resp eito de D eus e do hom em , tu d o o que é necessário p ara a salvação do crente, sua santificação e seu serviço. Sendo assim , a s n arraçõ es da vida de nosso S enhor são vivas p ara a fé ; sua -autoridade é p erm a n en te e su a aplicação atu al. D eus fa lo u : nós som os responsáveis. F alo u pelo Seu F ilh o ; a nós com pete aceitá- l O ou rejeitá-1 0 , 1 João 5:9— 12.
O Evangelho segundo João 29
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III. O Plano do E vangelho segundo João
O próprio João o revela aos seus leitores, no primeiro capítulo: “ E o Verbo Se fêz carne, e habitou entre nós, cheio de graça e de v e rd a d e ; e vim os a S ua glória, g ló ria do U n ig ên ito do P a i”, 1 :14.
A p alav ra tra d u z id a “ h a b ita r” é tra d u z id a em o u tra p a rte do N ovo T e sta m e n to por “ esten d er o seu ta b e rn á c u lo ”, Apocalipse 7:15; 12:12; 13:6; 21:3. O su b sta n tiv o do qual deriva êsse verbo é trad u zid o v in te e um a vêzes p o r “ ta b e rn á c u lo ” , exem plos: Lucas
16:9; A tos 7 :44; H ebreus 8:2, etc.
É assim que, desde os prim eiro s versículos, Jo ão usa um a linguagem tão sublim e q u an to sim ples. A ssim como o tab ern ácu lo , que D eus o rd e n ara a- M oisés que co n stru ísse segundo o m odêlo que m o stra ra n a m o n tan h a, era dividido em três p arte s e form ava u m 'tô d o necessário à hab itação de Jeová, Êxodo 25:40; H ebreus 9 :1 — 5, assim tam b ém êste E v an g elh o se divide em três p a rte s :
1 . O átrio ( * ) : nosso S enhor no mundo, cap. 1— 12. “ A g ra ça e a v erdade v ieram p o r Jesu s C risto ” .
2,. O lugar santo: nosso S en h o r com os discípulos, cap. 13— 17. “ H av en d o am ado os S e u s .. . ao extrem o os am o u ” . 3. O lugar santíssim o: nosso S en ho r com o Pai, cap. 18— 21.
O acab am en to de Sua o bra ex p iató ria e reden to ra. Lem os em Êxodo, 40:34,35, o se g u in te : “ E n tã o a nuvem co b riu a ten d a da congregação, e a g ló ria do S enhor encheu o ta b e r n á c u lo ; de m an eira que M oisés não podia e n tra r na ten d a d a congregação, p o rq u a n to a nuvem ficava sôbre ela, e a glória do S enhor enchia o ta b e rn á c u lo ” . D o m esm o modo, Jo ão com eça seu E v an g e lh o pondo-nos em face da g ló ria do F ilh o único vindo <lo P ai, descendo ao nosso meio.x É o que estu d arem o s a seguir.
(*) É preciso lembrarmo-nos aqui da estrutura do tabernáculo. A tenda da congregação, ou tabernáculo, era formada do lugar santíssimo, abrigando a arca do testemunho, e do lugar santo onde se encontrava o castiçal de ouro, o altar dos perfumes e a mesa dos pães da proposição. O tabernáculo ficava ao ocidente dum pátio (o átrio) cercado por estacas com cortinas brancas. Estas cortinas faziam separação entre o povo e a presença de Deus, marcada pela coluna de nuvem e de fogo que pousava sôbre a tenda da congregação, Êxodo, capítulo 40.
Introdução