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Indicadores necessários a formulação de políticas públicas locais para o turismo sob a ótica dos stakeholders institucionais estratégicos

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Academic year: 2021

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(1)UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO. INDICADORES NECESSÁRIOS A FORMULAÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS LOCAIS PARA O TURISMO SOB A ÓTICA DOS STAKEHOLDERS INSTITUCIONAIS ESTRATÉGICOS.. PATRÍCIA MATTOS DE BARROS. Tese apresentada ao Programa de Pós Graduação em Engenharia de Produção da Universidade Federal de Santa Catarina como requisito parcial para a obtenção do grau de Doutor em Engenharia de Produção.. Orientador: Álvaro Guillermo Rojas Lezana, Dr. Co-orientador: Profº Mário César Barreto Moraes, Dr.. Florianópolis 2005.

(2) Patrícia Mattos de Barros. INDICADORES NECESSÁRIOS A FORMULAÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS LOCAIS PARA O TURISMO SOB A ÓTICA DOS STAKEHOLDERS PÚBLICOS INSTITUCIONAIS ESTRATÉGICOS.. Esta tese foi julgada e aprovada para a obtenção do grau de Doutor em Engenharia de Produção no Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção da Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis, 30 de dezembro de 2005. Prof. Edson Pacheco Paladini, Ph.D. Coordenador do Programa. BANCA EXAMINADORA. Prof. Álvaro Guillermo Rojas Lezana, Dr. Universidade Federal de Santa Catarina Orientador. Profº Mário César Barreto Moraes, Dr. Universidade do Estado de Santa Catarina Co-orientador. Profº Jovane Medina Azevedo, Dr. Universidade do Estado de Santa Catarina Moderador. Prof° Luis Carlos M. Schlichting, Dr. Centro Federal de Educação Tecnológica de Santa Catarina Membro. Porfº Arnaldo José Lima, Dr. Universidade do Estado de Santa Catarina Membro.

(3) Ao meu eterno amor e companheiro, Marcos. Ao meu filho, Bruno, que é a razão da minha vida. Aos meus pais, Paulo e Mirian, exemplos de vida..

(4) AGRADECIMENTOS Ao meu orientador, Professor Álvaro Guillermo Rojas Lezana, pela grande oportunidade, por ter acreditado em mim e ter me aceitado como orientanda, mesmo ciente do meu prazo, que era curto, e pelos apontamentos que tanto engrandeceram meu trabalho. Ao Professor Mário César de Barreto Moraes, por também ter apostado em mim e pelos brilhantes insigts que fizeram com que este trabalho tomasse forma. Aos membros da banca examinadora Luiz e Arnaldo, pelas sugestões que certamente enriqueceram este trabalho, e em especial ao Jovane, pela confiança que depositou em mim no processo de troca de orientação. Ao amigo Gean Loureiro, que por ter conhecimento sobre o funcionamento e estrutura da Prefeitura de Florianópolis, pode me passar informações preciosas. A todas as pessoas da prefeitura municipal de Florianópolis que participaram, direta ou indiretamente, da pesquisa contida neste trabalho. Aos colegas da Faculdade Estácio de Sá – SC, por terem compartilhado bibliografias e informações que enriqueceram sobremaneira o estudo. À Sabrina Jorge, por ter me auxiliado nas traduções necessárias quando do desenvolvimento da tese. À Leia Mayer , pela colaboração na revisão metodológica. Aos funcionários e professores do Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção da UFSC que viabilizaram a realização do curso. Aos meus pais, Paulo e Mirian, e ao meu irmão Fábio, pelo incentivo e apoio a todas as minhas escolhas. Ao meu marido, Marcos, pelo amor, companheirismo e paciência que sempre me dedicou. Ao meu filho, Bruno, por ter me trazido tranqüilidade e serenidade tanto necessários para a finalização deste trabalho. A todas as demais pessoas que, direta ou indiretamente, deram a sua contribuição para que este trabalho fosse desenvolvido. As forças divinas, por me darem saúde e coragem nas horas mais críticas de todo este processo..

(5) RESUMO BARROS, Patrícia Mattos de. Indicadores necessários a formulação de políticas públicas locais para o turismo sob a ótica dos stakeholders institucionais estratégicos. 2005. 265f. Tese (Doutorado em Engenharia de Produção) - Programa de Pós-graduação em Engenharia de Produção, UFSC, Florianópolis. O presente trabalho aborda a atual situação do turismo, qual seja: uma atividade complexa e multisetorial que tomou proporções grandiosas e está sendo considerada uma das que mais cresce no mundo, servindo de base teórica para intensificar uma questão essencial na gestão desta atividade: a formulação de políticas públicas. Por mais que o turismo esteja sendo considerado prioridade para alguns governos, estes ainda enfrentam dificuldades quando do desenvolvimento de políticas públicas integradas e que envolvam os principais interessados na atividade. Assim sendo, uma nova questão emerge no que se refere às políticas públicas e torna-se vital para o seu sucesso: o desenvolvimento de políticas públicas para o turismo levando em conta a visão dos seus stakeholders. A partir do cenário traçado, o presente trabalho apresenta temas como políticas públicas de turismo, stakeholders e indicadores estratégicos para auxiliar o alcance do objetivo proposto que foi a identificação de indicadores que pudessem subsidiar a formulação de políticas públicas locais para o turismo sob a ótica dos stakeholders institucionais estratégicos. A partir da identificação de tais indicadores, aplicou-se um estudo de caso no município de Florianópolis, a fim de validá-los. Para tanto, utilizou-se de entrevistas e aplicação de questionários para a coleta de dados, bem como pesquisa em documentos disponibilizados pelos stakeholders e em sites da Internet. Como principais resultados, verificou-se a insipiência e dificuldade do poder público municipal de Florianópolis em traçar políticas públicas integradas, com a participação de todos os interessados no turismo. Palavras-Chave: Políticas Públicas. Indicadores. Turismo..

(6) ABSTRACT BARROS, Patrícia Mattos de. Indicadores necessários a formulação de políticas públicas locais para o turismo sob a ótica dos stakeholders institucionais estratégicos. 2005. 265f. Tese (Doutorado em Engenharia de Produção) - Programa de Pós-graduação em Engenharia de Produção, UFSC, Florianópolis. The present work approaches the current situation of the tourism, which is a complex and multisecoral activity that took ratio huge and is being considered one of that more it grows in the world, serving of theoretical base to intensify an essential question in the management of this activity: the formularization of public politics. No matter how hard the tourism is being considered priority for some governments, these still face difficulties when of the development of integrated public politics and that they involve main the interested ones in the activity. Thus being, a new question emerges as for public politics and becomes vital for its success: the development of public politics for the tourism leading in account the vision of its stakeholders. From the traced scene, the present work presents subjects as public politics of tourism, stakeholders and strategical pointers to assist the reach of the considered objective that was the identification of pointers that could subsidize the formularization of local public politics for the tourism under the strategical institucional optics of stakeholders. From the identification of such pointers, a study of case in the city of Florianópolis, similar was applied to validate them. For in such a way, one used of interviews and application of questionnaires for the collection of data, as well as research in documents disposed for stakeholders and sites of the InterNet. As main results, it was verified incipiency and difficulty of the municipal public power of Florianópolis in tracing integrated public politics, with the participation of all the interested parties in the tourism. Key-words: Public politics. Pointers. Tourism..

(7) LISTA DE ILUSTRAÇÕES. Ilustração 1: Os seis subsistemas para o sistema de turismo................................................33 Ilustração 2: O sistema turístico básico................................................................................34 Ilustração 3: Sistema turístico (sistur) - modelo referencial................................................35 Ilustração 4: Sistema nacional de gestão do turismo............................................................72 Ilustração 5: A visão dos stakeholders da organização........................................................84 Ilustração 6: Um modelo de relações corporativas com os stakeholders.............................90 Ilustração 7 Matriz de lealdade dos stakeholders...............................................................93 Ilustração 8: Processo de planejamento por melhoria de performance..............................102 Ilustração 9: Pirâmide do modelo TIM..............................................................................103 Ilustração 10: Blocos que compõem a pirâmide do modelo TIM......................................104 Ilustração. 11:. O. balanced. scorecard. como. estrutura. para. ação. estratégica...........................................................................................................................110 Ilustração 12: Definindo as relações causa e efeito da estratégia.......................................111 Ilustração 13: Famílias de medidas do modelo quantum...................................................113 Ilustração 14: Modelo quantum de medição de desempenho.............................................115 Ilustração 15: Fases da pesquisa.........................................................................................122.

(8) LISTA DE QUADROS. Quadro 1: Administração pública burocrática x gerencial..................................................52 Quadro 2: Forma de prioridade e de administração dos setores do estado..........................54 Quadro 3 Grade clássica dos stakeholders...........................................................................86 Quadro 4 Características da antiga e da nova abordagem das relações corporativas com os stakeholders.........................................................................................................................89 Quadro 5: Exemplos de medições usando dados de atributos e de variáveis.....................105 Quadro 6: As variáveis do desempenho.............................................................................108 Quadro 7: Funções e subfunções do Governo....................................................................129 Quadro 8: Referências principais.......................................................................................131 Quadro 9: Referências secundárias....................................................................................139 Quadro 10: Referências perciárias.....................................................................................143 Quadro 11: Diretrizes e/ou programas x funções de Governo...........................................145 Quadro 12: Identificação dos stakeholders municipais......................................................153 Quadro 13: Identificação dos indicadores..........................................................................161 Quadro 14: Validação dos indicadores..............................................................................183 Quadro 15: Indicadores, políticas públicas e conseqüências.............................................204.

(9) SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO........................................................................................................... 12 1.1 JUSTIFICATIVA ......................................................................................................14 1.2 PERGUNTA DE PESQUISA ...................................................................................17 1.3 OBJETIVOS..............................................................................................................18 1.3.1 Objetivo geral ...........................................................................................................18 1.3.2 Objetivos específicos ................................................................................................19 1.4 PRESSUPOSTOS DA PESQUISA...........................................................................19 1.4.1 Pressuposto básico....................................................................................................19 1.4.2 Pressupostos específicos...........................................................................................20 1.5 INEDITISMO............................................................................................................20 1.6 CONTRIBUIÇÕES ...................................................................................................21 1.7 NÃO TRIVIALIDADE .............................................................................................22 1.8 ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO ........................................................................23 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................................. 24 2.1 A ATIVIDADE TURÍSTICA COMO UM SISTEMA.............................................24 2.1.1 Evolução das viagens e da atividade turística .......................................................25 2.1.2 Turismo: conceitos e definições ..............................................................................29 2.1.3 O sistema de turismo................................................................................................31 2.1.3.1 Conjunto das relações ambientais ......................................................................... 36 2.1.3.2 Conjunto das ações operacionais........................................................................... 40 2.1.3.3 Conjunto da organização estrutural....................................................................... 44 2.2 A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E O TURISMO .................................................48 2.2.1 Administração Pública ............................................................................................49 2.2.2 Políticas públicas ......................................................................................................55 2.2.3 A atuação do Estado no turismo .............................................................................60 2.2.4 Políticas públicas do turismo no Brasil ..................................................................64 2.3 O PAPEL DOS STAKEHOLDERS NAS ORGANIZAÇÕES.................................78 2.3.1 A organização e seu ambiente externo ...................................................................78 2.3.2 Os stakeholders organizacionais..............................................................................80 2.3.2.1 A evolução do termo stakeholder.......................................................................... 80 2.3.2.2 Abordagens sobre stakeholders............................................................................. 82 2.4 GESTÃO BASEADA EM INDICADORES ESTRATÉGICOS..............................96 2.4.1 Conceitos e definições de indicadores estratégicos................................................97 2.4.2 Modelos ou abordagens de indicadores estratégicos ............................................98 2.4.2.1 Os indicadores de qualidade organizacional na visão de GIL............................... 98 2.4.2.2 A abordagem de Sink e Tuttle............................................................................. 101 2.4.2.3 A abordagem de James Harrington ..................................................................... 103 2.4.2.4 O modelo de Rummler e Brache ......................................................................... 107 2.4.2.5 O modelo de Kaplan e Norton............................................................................. 109 2.4.2.6 O modelo quantum de medição de desempenho de Hronec ............................... 112.

(10) 3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS........................................................... 117 3.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA..................................................................117 3.1.1 Quanto aos objetivos da pesquisa .........................................................................117 3.1.2 Quanto a natureza da pesquisa.............................................................................118 3.1.3 Quanto a forma de abordagem da pesquisa ........................................................118 3.1.4 Quanto aos procedimentos técnicos da pesquisa.................................................119 3.1.5 Limitações do estudo..............................................................................................123 4 RESULTADOS E ANÁLISE DOS DADOS DE CAMPO .................................... 126 4.1 FASE 1: LEVANTAMENTO DAS FUNÇÕES DE GOVERNO ..........................126 4.2 FASE 2: CONSOLIDAÇÃO DE DIRETRIZES E/OU PROGRAMAS ................130 4.3 FASE 3: RELACIONAMENTO ENTRE DIRETRIZES E/OU PROGRAMAS E FUNÇÕES DE GOVERNO ..................................................................................144 4.4 FASE 4: IDENTIFICAÇÃO DOS STAKEHOLDERS INSTITUCIONAIS ESTRATÉGICOS..................................................................................................145 4.5 FASE 5: IDENTIFICAÇÃO E DEFINIÇÃO DOS INDICADORES ....................153 4.6 FASE 6: VALIDAÇÃO DOS INDICADORES .....................................................162 4.6.1 Contextualizando Florianópolis............................................................................162 4.6.2 O papel do Governo no turismo de Florianópolis...............................................163 4.6.3 Ratificação dos indicadores no nível municipal ..................................................166 4.7 ANÁLISE DA VALIDAÇÃO DOS INDICADORES ...........................................184 4.7.1 Legislativa ...............................................................................................................184 4.7.2 Administração ........................................................................................................184 4.7.3 Segurança pública ..................................................................................................186 4.7.4 Relações exteriores.................................................................................................189 4.7.5 Assistência Social....................................................................................................189 4.7.6 Saúde .......................................................................................................................191 4.7.7 Trabalho..................................................................................................................191 4.7.8 Educação .................................................................................................................192 4.7.9 Cultura ....................................................................................................................193 4.7.10 Direitos da cidadania...........................................................................................193 4.7.11 Urbanismo ............................................................................................................194 4.7.12 Habitação..............................................................................................................196 4.7.13 Saneamento ..........................................................................................................197 4.7.14 Gestão ambiental .................................................................................................198 4.7.15 Ciência e tecnologia .............................................................................................199 4.7.16 Comércio e serviços .............................................................................................200 4.7.17 Comunicações.......................................................................................................200 4.7.18 Energia..................................................................................................................200 4.7.19 Transporte ............................................................................................................200 4.7.20 Desporto e lazer....................................................................................................202 4.8 CONSOLIDADNO OS INDICADORES E A FORMULAÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS ............................................................................................................202.

(11) 5 CONCLUSÕES......................................................................................................... 207 5.1 RECOMENDAÇÕES PARA TRABALHOS FUTUROS......................................210 REFERÊNCIAS .............................................................................................................. 211 APÊNDICES .................................................................................................................... 220 ANEXO A – CADEIA PRODUTIVA DO TURISMO................................................. 264.

(12) 12. 1. INTRODUÇÃO. Considerando a redução dos interstícios das transformações em nível mundial, que se evidenciam mais pela constância do que pela eventualidade ou sazonalidade, momento este, que Drucker (1999) entende, está sendo vivenciado pela humanidade. Para ele a transformação não se limita à sociedade e às histórias ocidentais. Uma das mudanças fundamentais é que não existe mais uma história ou uma civilização “ocidental”, mas sim, uma história e uma civilização mundiais – porém, ambas “ocidentalizadas” (grifos do autor). Drucker (1999) enfoca algumas características da nova sociedade: ela será nãosocialista e pós-capitalista; seu principal recurso será o conhecimento; deverá ser uma sociedade de organizações; as classes serão os trabalhadores do conhecimento e os trabalhadores em serviços e não mais os capitalistas e proletários; o valor é criado pela produtividade e pela inovação, que são aplicações do conhecimento ao trabalho; o Estadonação não será mais a única unidade de integração política, e sim, um sistema no qual competem e coexistem estruturas transnacionais, regionais, de Estado-nações e até mesmo tribais. O Estado-nação não irá desaparecer, porém, irá dividir cada vez mais seu poder com outros órgãos, instituições ou entidades criadoras de políticas. O turismo surge nesse cenário repleto de transformação e de mudanças, como um fenômeno sócio-econômico, que vem tomando força desde as transformações provocadas pela Revolução Industrial, quais sejam: •. migração dos trabalhadores rurais para as áreas urbanas em busca de melhores condições de vida, com empregos em fábricas;. •. criação de uma classe média;. •. aumento do tempo livre e, conseqüente, procura das viagens recreativas;. •. aplicação da tecnologia da máquina à vapor aos navios e ao trem.. O ambiente em que se insere o turismo, nestes últimos anos, é caracterizado por mudanças rápidas e pela presença de fatores diversos que atuam sobre o sistema, afetando.

(13) 13. em diferentes graus as destinações turísticas, causando os mais variados impactos e reações. Beni (1998) reforça que o turismo advém do fenômeno turístico, do qual exige interação de diversos sistemas, tornando a atividade turística complexa, abrangente e pluricasual. Assim, diversas teorias foram elaboradas para explicar o funcionamento do fenômeno turístico e uma das mais difundidas, segundo Barretto (1995), é a Teoria dos Sistemas, adotada por diversos pesquisadores como Cuervo (apud ACERENZA, 2002), Leiper (apud ACERENZA, 2002) e Beni (1998). Acerenza (2002) destaca que, nas últimas décadas, o turismo tem contribuído de forma significativa para o desenvolvimento econômico, social e cultural de um grande número de países, convertendo-se em um negócio lucrativo para a maioria das empresas envolvidas com a prestação de serviços, nos diversos ramos que compõem a atividade. No Brasil observa-se uma paulatina mudança no status do turismo dentro da administração pública federal. Se antes ele estava relegado a dividir a atenção com outros Ministérios (ex.: do Comércio e Indústria e dos Esportes), atualmente a tendência de o poder público considerar o turismo como uma atividade econômica e social importante, com participação efetiva no desenvolvimento do país, está se firmando com a criação do Ministério do Turismo1, exclusivo para atender as demandas da atividade turística, com o governo do presidente Luiz Inácio da Silva, a partir do ano de 2003, e que tem como missão Desenvolver o turismo como uma atividade econômica sustentável com papel relevante na geração de empregos e divisas, proporcionando a inclusão social. O Ministério do Turismo inova na condução de políticas públicas com um modelo de gestão descentralizado, orientado pelo pensamento estratégico (BRASIL, 2004).. Destaca-se na missão do Ministério um item fundamental, qual seja, a condução de políticas públicas com um modelo de gestão orientado pelo pensamento estratégico. No entanto, observa-se que a necessidade da utilização de indicadores que possibilite decisões estratégicas, referentes à política pública, é pouco atendida na prática pelas. 1. É a primeira vez na história do País que o turismo possui um Ministério exclusivo..

(14) 14. municipalidades. Geralmente, as administrações municipais encontram barreiras em definir padrões do passado, que possam ser utilizados para o estabelecimento de decisões futuras. Não obstante, para que o turismo evolua de maneira integrada, é preciso que se elaborem políticas apropriadas e associadas à realidade cultural, política, econômica e social do país, e que necessitem ser desenvolvida através de ações intersetoriais entre órgãos públicos, bem como, entre a iniciativa privada e demais órgãos, instituições e/ou entidades formuladoras de políticas e interessados no turismo2. Essa necessidade levou à escolha do tema. O momento, portanto, requer uma avaliação ou identificação de fatores que possibilitem o pensar das políticas públicas para a área, reforçando o foco principal desta pesquisa, cuja preocupação se direciona no sentido de identificar indicadores, sob a ótica dos stakeholders3 institucionais estratégicos, que sirvam de subsídio para a formulação de políticas públicas locais para o turismo (grifo nosso).. 1.1. JUSTIFICATIVA. De acordo com a Organização Mundial do Turismo (OMT), “O turismo tem mantido notáveis taxas de crescimento e muito superiores às de outros setores da economia” (OMT, 2001, p. 7). E complementando tal afirmativa, Altés (1993) aponta que a atividade tem grande importância econômica como geradora de riqueza, podendo ser considerada como a segunda atividade mundial mais importante, perdendo somente para a indústria de petróleo e seus derivados. Em contrapartida, a OMT (2005) destaca que o turismo ocupa a quarta posição no ranking de exportação mundial, perdendo apenas para produtos químicos, produtos automotivos e combustíveis. Adicionalmente, a World Travel and Tourism Council (WTTC, 1993) prevê que o turismo terá uma produção mundial de 7,1 quatrilhões de dólares no ano de 2006.. 2. Neste trabalho serão considerados os órgãos públicos, a iniciativa privada e demais órgãos, instituições e/ou entidades interessados no turismo como stakeholders. 3 Qualquer grupo ou indivíduo que pode afetar ou ser afetado pela realização dos objetivos da empresa (FREEMAN, 1984)..

(15) 15. De acordo com a Associação Brasileira de Viagens, o turismo movimenta, no mundo, aproximadamente 3,5 trilhões de dólares, representando em torno de 10% do PIB da terra. E a Embratur acrescenta que a atividade turística, no Brasil, movimenta aproximadamente 30 bilhões de reais, o que constitui quase 3,5 do PIB nacional, sendo que o turismo interno responde por, aproximadamente, 80% deste total (apud REVISTA TURISMO, 2005). Já internacionalmente, o turismo, como produto de exportação na balança brasileira, está atrás da soja, do minério de ferro, de carros e aviões. Nos primeiros anos do Governo atual, a atividade apresentou um superávit de 568 milhões de dólares, após ter acumulado, por mais de uma década, um deficit de 22,5 bilhões de dólares (BRASIL, 2005a). Dados do Banco Central (BRASIL, 2005b) apontam que a receita gerada pelo turismo internacional entre os meses de janeiro e abril de 2005, foi de 1,303 bilhão de dólar e superou o ano de 2004 em 15, 41%, quando foi registrado 1,129 bilhão de dólar. Mesmo com essa ascensão, o desenvolvimento do turismo continua tímido no Brasil, ocupando posição periférica na economia mundial, tanto no que tange a entrada de turistas estrangeiros no país, quanto no fluxo de turistas internos ou no movimento econômico gerado (MORETTO, 2005). Segundo Moretto (2005, p. 107),. A alteração da posição nacional, no contexto das relações de produção e consumo de serviços turísticos internacionais, está a exigir mudanças estruturais no estabelecimento de políticas públicas facilitadoras à chegada de capitais externos, ampliação na oferta de equipamentos de consumo coletivo, junto aos principais centros de interesse turísticos, de modo a garantir a habitabilidade4, a visitabilidade5 e a investibilidade6 sustentada do território e a competitividade das empresas. 4. Habitabilidade - Expressa indicadores de natureza qualitativa e quantitativa, relacionadas às condições existentes no espaço – oferta de equipamentos de serviços de consumo coletivos, acessíveis aos residentes e visitantes (MORETTO, 2005, p. 56). 5 Visitabilidade - Está condicionada a oferta simultânea de atrativos, equipamentos, serviços públicos básicos e turísticos, comunidade pró-ativa e receptiva, manifestação de indicadores qualitativos de habitabilidade, sistemas de informações e comercialização do espaço, junto aos mercados consumidores potenciais e efetivos. Na dimensão quantitativa de análise e interpretação do processo turístico no espaço, exclusivamente, a visitabilidade é expressa por índices e número estabelecido sob a premissa de economias de escala ou maior fluxo indica melhores resultados econômicos (MORETTO, p. 57). 6 Investibilidade - Expressa a alocação de recursos financeiros e patrimoniais para implantação e manutenção de investimentos, com vistas à expansão econômica (MORETTO, p. 57)..

(16) 16. Entretanto, o estabelecimento de políticas públicas não é um processo simples na área do turismo, pelo fato de a atividade envolver uma cadeia produtiva7 formada por aproximadamente 52 setores econômicos (AGÊNCIA, 2005). Assim, por ser o turismo uma atividade complexa, composta por inúmeros elementos e setores, um dos maiores desafios do poder público é congregar as ações dos stakeholders, objetivando propor políticas públicas para a atividade. Porém, a falta de intersetorialidade, de ação conjunta e integrada, tanto do poder público quanto da iniciativa privada, é o maior obstáculo que inviabiliza uma atuação eficaz dos órgãos públicos de turismo no Brasil. O tema administração pública do turismo, em específico no Brasil, não é muito recente. O primeiro registro da atuação do Estado na atividade foi através do Decreto nº 3616/03 de 1932, que fixava a temporada de turismo no Distrito Federal. No entanto, no meio acadêmico, os estudos referentes a essa área são escassos, justificando, com isso, o desenvolvimento da pesquisa em questão. Justifica-se este estudo não somente como contribuição teórica sobre o tema, mas por se considerar que, ao identificar os indicadores que subsidiem a formulação de políticas públicas locais para o turismo sob a ótica dos stakeholders institucionais estratégicos, uma destinação8 poderá estabelecer tais políticas de maneira integrada, auxiliando no desenvolvimento da atividade. A individualidade, as ações isoladas, os grupos de estudo esparsos, os interesses localizados, a singularidade e a subjetividade, devido às recentes pesquisas e tratativas do tema no âmbito da administração pública, vêm ao encontro da identificação de tais indicadores, na expectativa de ampliar a discussão e integração dos estudos, mas sobretudo, permitir sua percepção segundo uma dimensão sistêmica e transdisciplinar do assunto.. 7. Ver anexo A. De acordo com Cooper et al. (2001, p. 136), “[...] a destinação une todos os aspectos do turismo – demanda, transporte, oferta e marketing – em uma estrutura conveniente [...] Podemos observar, portanto, que a destinação é onde ocorrem os elementos mais significativos e dramáticos do sistema de turismo. E onde a indústria que lida com o afluxo de turismo está localizada, ou seja, onde se encontram as atrações e todas as outras instalações de apoio de que o visitante necessita”.. 8.

(17) 17. 1.2 PERGUNTA DE PESQUISA. Yin (1984) considera que a elaboração das perguntas de pesquisa é embasada pelo quadro teórico apresentado, embora esta não seja uma opinião unânime na literatura especializada. Outros fatores importantes na formulação das perguntas de pesquisa incluem estudos anteriores sobre o tema, depoimento de especialistas e o conhecimento prévio do contexto a ser analisado. Ao longo do estudo, as questões de pesquisa podem ser reformuladas, abandonadas ou acrescidas de outras, num processo de focalização progressiva (ALVES, 1991). Alves (1991) acrescenta que as perguntas ou questões de pesquisa indicam os principais aspectos de interesse do pesquisador no contexto estudado. Para Alves (1991), tais questões podem ser mais gerais ou mais específicas. Para a elaboração da pergunta de pesquisa do presente estudo, cabe destacar que políticas públicas para o turismo podem ser entendidas como tudo o que os governos decidem ou não fazer em relação ao setor. Para Goeldner, Ritchie e McIntosh (2002, p.294) a política de turismo é. Um conjunto de regulamentos, regras, diretrizes, diretivas, objetivos e estratégias de desenvolvimento e promoção que fornece uma estrutura na qual são tomadas as decisões coletivas e individuais que afetam diretamente o desenvolvimento turístico e as atividades diárias de uma destinação.. Assim, a competitividade das destinações turísticas passa, necessariamente, pelo processo de melhoria nas políticas de gestão e nas ferramentas de tomada de decisão. Atualmente, a falta de indicadores que subsidiem a formulação de políticas públicas locais para o turismo, em específico, sob a ótica dos stakeholders institucionais estratégicos, é uma grande lacuna para que as destinações definam formas de ação corretiva ou preventiva em busca da competitividade. A existência de atrativos turísticos não é mais suficiente para garantir o sucesso de uma destinação na atividade turística. Podem as destinações buscar longevidade com qualidade, com parcerias entre a iniciativa privada e o setor público e tendo como cúmplice.

(18) 18. a sociedade com a qual convive e para a qual deve demonstrar sua preocupação com a qualidade da vida dessa e das futuras gerações. Desta forma, deve-se repensar as fronteiras e as formas de relação entre os setores público e privado no turismo, refletindo acerca das estratégias e dos objetivos dos atores envolvidos nessas relações e de suas conseqüências possíveis. Com isto, percebendo o crescente interesse de muitas localidades pela atividade turística nas últimas décadas e como sua disseminação gerou mudanças na sociedade, além de contribuir para o aprimoramento do conhecimento acerca da gestão do turismo, este estudo pretende investigar: QUE INDICADORES PODEM SUBSIDIAR A FORMULAÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS LOCAIS PARA O TURISMO SOB A ÓTICA DOS STAKEHOLDERS INSTITUCIONAIS ESTRATÉGICOS? Respondendo a esta pergunta de pesquisa, espera-se que o estudo auxilie as destinações turísticas, visando a sua utilização na gestão da atividade para minimizar as dificuldades e desafios que permeia o seu processo de desenvolvimento.. 1.3 OBJETIVOS. O estudo em questão considera alguns objetivos específicos para que se alcance o geral, conforme abaixo.. 1.3.1. Objetivo geral. Identificar indicadores que possam subsidiar a formulação de políticas públicas locais para o turismo sob a ótica dos stakeholders institucionais estratégicos..

(19) 19. 1.3.2. Objetivos específicos. a. Abordar a situação atual do turismo como um fenômeno sócio-econômico e político; b. Caracterizar administração pública e políticas públicas; c. Identificar as principais abordagens sobre indicadores de desempenho e stakeholders; d. Identificar os principais stakeholders institucionais da atividade, em nível local; e. Verificar como cada stakeholder poderá contribuir na identificação de indicadores estratégicos que subsidiem o desenvolvimento de políticas públicas locais para o turismo; e f. Validar os indicadores em uma destinação turística no Município de Florianópolis-SC (Brasil).. 1.4 PRESSUPOSTOS DA PESQUISA. Para responder a questão enunciada no item anterior, e que especifica a pesquisa desenvolvida, formulou-se o pressuposto básico.. 1.4.1. Pressuposto básico. É possível levantar junto aos stakeholders institucionais estratégicos da atividade turística um conjunto de indicadores que subsidiem a formulação de políticas públicas locais para o turismo, que permitam a compreensão e o tratamento da atividade de modo sistêmico..

(20) 20. 1.4.2. Pressupostos específicos. Além do pressuposto básico, alguns pressupostos específicos sustentam o estudo em questão: a. a ótica dos stakeholders institucionais estratégicos pode favorecer a identificação de indicadores que poderão ser base para a articulação de políticas públicas locais integradas; e b. a possibilidade da compreensão do tema, segundo uma perspectiva interdisciplinar.. 1.5. INEDITISMO. O ineditismo do trabalho reside na proposta de integrar indicadores às políticas públicas para o turismo, bem como, aos stakeholders institucionais da atividade, considerando os aspectos críticos destes temas e a utilização de indicadores estratégicos para minimizar os desafios encontrados quando da elaboração de políticas públicas para o turismo. Intenta-se, neste estudo, levantar um conjunto de diretrizes e/ou programas e, a partir deles, identificar os principais stakeholders, verificar seu papel através de documentos e meios eletrônicos, observar como cada stakeholder poderá contribuir na identificação de indicadores que subsidiem a formulação de políticas públicas locais para o turismo e, por fim, identificar e definir tais indicadores, para possibilitar a sustentação das políticas públicas locais. Há que se destacar, a escassez de literatura especializada ou estudos que apresentem a relação direta entre indicadores, políticas públicas e stakeholders. Além disso, pesquisas realizadas à base de dados específicas ratificam esse ineditismo, confirmando a falta de tratamento de pesquisa sobre o tema..

(21) 21. 1.6 CONTRIBUIÇÕES. Este estudo apresenta a possibilidade de reunir a visão de diversos stakeholders institucionais envolvidos na atividade turística, imputando ao turismo uma visão sistêmica, numa dimensão de efetiva compreensão da transdisciplinaridade, potencializado os estudos, na direção da melhor condução da atividade na administração pública, bem como abrir campo de ações interdisciplinares nessa área. Esta abordagem é relevante aos interesses econômicos, uma vez que, a partir da identificação dos indicadores que subsidiam a formulação de políticas públicas locais para o turismo, sob a ótica dos stakeholders institucionais, a competitividade aumenta e, em geral, pode proporcionar um aumento na qualidade de produtos e serviços; melhorar o aproveitamento dos recursos da localidade e o relacionamento entre iniciativa privada, poder público, comunidade e turista; alavancar a economia do turismo; gerar emprego e renda; e, finalmente, melhorar e agilizar a integração da organização do turismo com o ambiente no qual está inserido. Do ponto de vista político, esta pesquisa também se torna relevante, tendo em vista que os governos (nacional, estadual e municipal), estão empenhados em criar estruturas de base para o desenvolvimento do turismo e reconhecem que a gestão da atividade é um fator primordial para tal. Nas atuais gestões, tanto nacionais, quanto estaduais e municipais, tem-se visto uma crescente preocupação com o desenvolvimento da atividade turística, porém, ainda enfrentam barreiras e dificuldades técnicas e operacionais. O estudo em questão visa disponibilizar uma proposta para que os responsáveis pelo turismo possam melhor gerir a atividade no destino. Adicionalmente, o tema levantado nesta pesquisa possui relevância social. Além de colocar o homem como meio e fim na contextualização da atividade turística, pois o turismo vende basicamente serviços prestados por pessoas (recursos humanos que trabalham direta e indiretamente com o turismo) e que serão usufruídos por pessoas (turistas), também pode contribuir para a melhoria da qualidade de vida e aumento da autoestima dos moradores da localidade que o desenvolve. Considerando que o campo de conhecimento de Engenharia de Produção trata do projeto, implantação e operação de Sistemas Integrados de homens, materiais,.

(22) 22. equipamentos e informações, com vistas a um desempenho econômico eficaz, com forte visão humana e ambiental e que se situam no âmbito desse campo de conhecimento a concepção, a criação, a gerência de organizações, operação de fábricas, de processos industriais, operação de empresas de serviços, entre outras atividades (FACULDADE DE ENGENHARIA INDUSTRIAL, 2004), o estudo em questão poderá contribuir também para o seu campo de conhecimento, pois trata do turismo, que pode ser estudado como um sistema, e ainda de como ele pode ser eficaz dentro de uma destinação, se trabalhado de maneira integrada dentro da administração pública, em parceria com o setor privado. Ao exposto, soma-se a perspectiva da possibilidade de se utilizar técnicas modernas na administração pública indo ao encontro do modelo gerencial de gestão do Estado, no qual busca transformar estruturas burocráticas e distantes da sociedade em instituições flexíveis, empreendedoras, que produzam bens e serviços de qualidade, assegurando alta produtividade aos investimentos realizados.. 1.7 NÃO TRIVIALIDADE. Pela base conceitual que será apresentada, observa-se que o tema é relativamente complexo, pois enfoca uma atividade plurisetorial. Como Beni (1998, p. 20) afirma. A atividade do Turismo surge em razão prévia do fenômeno turístico, que é um processo cuja ocorrência exige a interação simultânea de vários sistemas com atuações que se somam para levar ao efeito final. O turismo, portanto, como resultado do somatório de recursos naturais do meio ambiente, culturais, sociais e econômicos, tem campo de estudo superabrangente, complexíssimo e pluricausal.. Assim, para responder a pergunta de pesquisa e alcançar os objetivos traçados no presente estudo, é necessário um conjunto de elementos para a identificação dos indicadores, sob a ótica dos stakeholders institucionais, que subsidiem a formulação de políticas públicas locais para o turismo, na qual a base conceitual não parte de procedimentos simples e triviais, em resposta a pergunta de pesquisa enunciada no item 1.2..

(23) 23. 1.8 ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO. O estudo está estruturado em cinco capítulos. O primeiro expõe o tema, bem como a justificativa de se identificar indicadores que subsidiarão o desenvolvimento de políticas públicas locais para o turismo, sob a ótica dos stakeholders institucionais estratégicos. Além de apresentar a pergunta de pesquisa, seus objetivos, seus pressupostos, seu caráter inédito, suas contribuições e a sua não trivialidade. No segundo capítulo, apresentam-se os fundamentos teóricos referentes aos temas turismo – abordando aspectos históricos, definições e o sistema de turismo; administração pública e o turismo – focando a administração pública e a atuação do Estado no turismo; stakeholders – abordando o ambiente externo das organizações e os stakeholders organizacionais; e indicadores estratégicos – focando alguns conceitos, definições, modelos e abordagens de indicadores. No terceiro capítulo expõem-se os procedimentos metodológicos utilizados no estudo em questão, enfocando as fases e o desenvolvimento da pesquisa, até chegar na definição dos indicadores. Este capítulo também traz o estudo de caso, ou seja, a validação dos indicadores no Município de Florianópolis, bem como a análise e interpretação dos dados. No quarto capítulo, são apresentados os resultados de pesquisa e a análise dos dados de campo. O quinto capítulo destina-se as considerações finais do referido estudo, a partir dos objetivos que foram traçados, bem como as sugestões para trabalhos futuros. Apresentam-se, também, as referências bibliográficas a respeito dos temas abordados para a elaboração do trabalho..

(24) 24. 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Apresentada a introdução do trabalho, prossegue-se com a fundamentação teórica. que objetiva embasar os conhecimentos sobre turismo, a atuação do Estado no turismo, stakeholders e indicadores estratégicos. Para tanto, realizou-se pesquisa bibliográfica em diversos tipos de fontes e utilizou-se de conhecimentos de vários autores conceituados. Por possuírem uma reunião de conceitos, de princípios e de técnicas, todos os trabalhos, acadêmicos ou não, contém uma fundamentação teórica (PATRÍCIO apud MORAES, 2001), objetivando embasar os conhecimentos e estudos dos pesquisadores. Logo, a fim de embasar os conhecimentos utilizados nessa tese, viu-se a necessidade de realizar uma fundamentação teórica. Segundo Alperstedt (2000), ainda que, a priori, a adoção da fundamentação teórica não seja unânime entre os pesquisadores qualitativos e, apesar de se reconhecer que cada destinação turística necessita de parâmetros próprios dada as suas peculiaridades, procurou-se elaborar um quadro teórico a respeito do tema escolhido. A inclusão deste item se justifica por possibilitar a compreensão da temática, uma vez que, apesar das diferenças, as destinações turísticas também apresentam características comuns.. 2.1 A ATIVIDADE TURÍSTICA COMO UM SISTEMA. Para muitas regiões, países, Estados ou Municípios, o turismo vem se tornando uma alternativa de desenvolvimento econômico, social e cultural incontestável. Com isso, torna-se cada vez mais patente à necessidade de conhecimento de tal atividade para todos os que lidam com ela. A seguir, serão expostos alguns conhecimentos essenciais para o entendimento do turismo como um fenômeno sócio-econômico e cultural..

(25) 25. 2.1.1. Evolução das viagens e da atividade turística. A palavra tour quer dizer “volta” em francês, turn e tornare são seus equivalentes em inglês e latim, respectivamente (BARRETTO, 1995). Já em 1760, aparecem documentos ingleses contendo as palavras tourism e tourist. Porém, alguns pesquisadores, como o suíço Arthur Haulot, identificam que a origem da palavra é mais remota ainda e está no hebraico tur, quando a Bíblia cita uma passagem da qual Moisés enviou um grupo de representantes à Canaã para visitá-los e obter informações referentes à cidade. Nesse contexto, o tur era considerado uma viagem de reconhecimento e exploração (OLIVEIRA, 2000). De acordo com Yasoshima e Oliveira (2002), as viagens surgem na Grécia antiga, tendo o mar como um dos principais elementos para o deslocamento de pessoas e produtos comerciais. O povo grego, em geral, não possuía tempo para o divertimento, assim, suas viagens tinham motivos religiosos de peregrinação e de saúde. Destacam-se os jogos olímpicos, que tiveram início em 776 a.C., como motivadores de um fluxo considerável de deslocamentos de atletas e público (YASOSHIMA; OLIVEIRA, 2002). Segundo Barretto (1995), os romanos foram os primeiros povos a viajar por prazer. Eles iam à praia em busca de divertimento e aos spas em busca de cura. Durante o auge do Império Romano, nos meses de verão muitas pessoas se deslocavam de Roma para o campo, para o mar, para as águas termais, para os templos e para participar de festivais. Inicialmente suas maiores viagens se limitavam à Grécia e depois com a difusão do cristianismo, um fluxo grande de pessoas começava a se deslocar para Israel (ACERENZA, 2002). Em 150 a.C., os romanos iniciaram a construção de uma rede de estradas, formando uma malha viária de excelente qualidade, permitindo que se viajasse com mais freqüência. Porém, posterior à queda do Império Romano, em 476 d.C., as estradas ficaram destruídas e inseguras, causando um declínio das viagens. Por volta do século V, ocorreram às invasões dos povos bárbaros, e nenhum registro sobre viagens foi feito, a não ser os realizados pelos próprios invasores. Essas invasões marcaram o início da Idade Média e foram protagonistas de inúmeras transformações, a população passa a ser composta por uma maioria camponesa, dominada.

(26) 26. pelos proprietários de terras, vivendo em condições de grande pobreza. A economia era de subsistência e não se produziam excedentes. Houve uma redução na atividade comercial realizada com moedas, devido à crise generalizada (MENDES, 2004). Neste momento a sociedade estava baseada na fixação do homem na terra, não havendo necessidade de deslocamentos para fora do feudo. As estradas feitas pelos romanos foram destruídas pelo pouco uso, pois os senhores e os clérigos viajavam somente se fosse imprescindível, motivados por saber ou por fé (BARRETTO, 1995). Ao final da idade média, a economia se tornou caótica, mas, “No século XV verificou-se uma modesta recuperação com a construção de palácios para elites urbanas, uma explosão de artes decorativas e uma renovação do mercado de longa distância [...]” (YASOSHIMA; OLIVEIRA, 2002, p. 34). Conseqüentemente, as viagens aumentavam, pois a sociedade se deslocava do campo para as áreas urbanas. No final do século XV e início do século XVI, portugueses e espanhóis iniciaram as viagens transoceânicas de descobrimento, dando início a uma nova fase na história das viagens. O período entre os séculos XVI e XVII foi marcado pelo Renascimento Europeu, do qual se estabeleceram as bases para o turismo moderno, tal qual se conhece hoje. Nessa fase ocorreram grandes evoluções, das quais citam-se o incremento da produtividade agrícola, o surgimento das cidades, o crescimento do comércio e dos negócios e o início da Ciência Moderna. Também se destaca o fim do domínio da religião, o que encorajou a satisfação das pessoas e o desejo de explorar e compreender o mundo. A partir do século XVI, na França, iniciam-se os primeiros tempos do turismo, dos quais dois roteiros eram propostos: o petit tour – envolvendo Paris e o Sudoeste da França; e o grand tour – compreendendo a França (Paris), Suíça (Genebra) e Itália (Roma, Florença, Milão, Bolonha, Veneza e Nápoles) (ACERENZA, 2002; OLIVEIRA, 2000; YASOSHIMA; OLIVEIRA, 2002). Porém, com a Revolução Francesa, em 1789, o grand tour foi interrompido. Depois vieram as guerras napoleônicas e por volta de 1814 as viagens realizadas pelos ingleses para o continente foram praticamente extintas. A segunda metade do século XVIII e a primeira metade do século XIX foram marcadas pelo início da transformação econômica e social, conseqüência da Revolução Industrial. Surgia uma classe média próspera e grande, com novos gostos e necessidades. Foram introduzidos os barcos e os trens à vapor, ocasionando um incremento nos.

(27) 27. transportes e, conseqüentemente, um aumento no fluxo de passageiros, destacando-se o elevado número de pessoas que viajavam por prazer (ACERENZA, 2002). Nessa mesma época surgem, também, duas novas motivações para viagem: o prazer do descanso e a contemplação da natureza. Essa fase se estende por todo o século XIX, XX e ainda persiste nesse início de século, e a principal alavanca para esse tipo de turismo se desenvolver foi a deterioração da qualidade de vida dos centros urbanos e industriais (BARRETTO, 1995; OLIVEIRA, 2000). Acerenza (2002) observa que em meados do século XIX, já se tinham as bases do turismo moderno e que nessa época já se evidenciavam os benefícios, em especial os econômicos, dessa atividade. Porém, o turismo, como se conhece hoje, teve início somente na segunda metade do século XIX, com a introdução de outros aspectos marcantes, tais como: a utilização do trem em nível nacional e do navio em nível internacional; melhoria na segurança e na salubridade; crescimento da alfabetização; aumento do tempo livre dos trabalhadores; substituição do trabalho doméstico pelo trabalho nas fábricas e, posteriormente, nas empresas de serviços, em que o principal foi o aparecimento das viagens organizadas, com a intervenção de um agente de viagens, e de outros serviços voltados para a organização e estruturação da atividade. A história aponta vários personagens que inovaram e empreenderam no agenciamento de viagens, mas, o que mais se destacou foi Thomas Cook – marceneiro e pregador batista da cidade de Loughborough, Inglaterra – e até hoje é considerado como o grande precursor das viagens organizadas (REJOWSKI et al., 2002). Com a explosão da Primeira Guerra Mundial (1914-1918), o movimento turístico foi interrompido e, ao término da guerra, as viagens e o turismo voltaram a crescer com a contribuição da fabricação em série do automóvel e do ônibus. Assim, os anos entre 1920 e 1940 foram reconhecidos como a era do automóvel e do transporte terrestre (BARRETTO,1995). No período compreendido entre as duas grandes guerras (1919-1939), uma parte dos trabalhadores europeus passou a ter suas férias remuneradas, dando condições a um maior número de pessoas de viajar (BARRETTO, 1995). Entretanto, com a queda da Bolsa de Valores de Nova York, em 1929, houve um abalo parcial da atividade, devido a depressão econômica. De 1933 a 1939, observou-se.

(28) 28. um novo incremento do turismo, que foi interrompido novamente com o advento da Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Essa interrupção se estendeu por mais cinco anos posteriores a guerra (REJOWSKI; SOLHA, 2002). Ao fim da Segunda Guerra Mundial, o turismo passa a ser desenvolvido de uma maneira profissional e passa a despertar o interesse da maioria dos países do mundo. Surgem os primeiros órgãos de turismo, com o objetivo de fornecer a superestrutura organizacional, legislativa e administrativa para o fenômeno (BARRETTO, 1995). O fato marcante desse período foi à constatação da eficiência do transporte aéreo, e conseqüentemente, o aparecimento da aviação comercial (BARRETTO, 1995; OLIVEIRA, 2000). Baseado nas viagens econômicas (pacotes turísticos), vê-se consolidado o turismo de massa, que era organizado pelas operadoras turísticas e pelas agências de viagens, utilizando o frete dos transportes (REJOWSKI; SOLHA, 2002). A partir da segunda metade do século XX, além do desenvolvimento de diversas atrações turísticas como o parque de diversão Disneyworld, inaugurado em 1955, alguns destinos tiveram grande desenvolvimento turístico, tais como: Costa Brava (Espanha); Torres e Guarujá (Brasil); Buenos Aires e Bariloche (Argentina); Orlando e Flórida (EUA); e países como a França, Iogoslávia, Marrocos e Tunísia (REJOWSKI; SOLHA, 2002). Nesse contexto de grandes transformações em todas as áreas e com a preocupação pelas conseqüências ambientais do crescimento econômico capitalista, surge na década de 1970, nos países do Primeiro Mundo, uma preocupação com o meio ambiente. A propagação da idéia de desenvolvimento sustentável repercutiu mundialmente entre vários agentes interessados no crescimento econômico e, com o turismo, não foi diferente. Assim, a expressão turismo sustentável começou a ser usada a partir do final dos anos 80 e Swarbrooke (2000, p. 19) o define como sendo o “[...] turismo que é economicamente viável, mas não destrói os recursos dos quais o turismo no futuro dependerá, principalmente o meio ambiente físico e o tecido social da comunidade local”. Além da sustentabilidade, a globalização é outra força que está influenciando as mudanças no turismo, ela está associada a uma aceleração do tempo e a uma integração dos espaços mundiais, logo a atividade turística deve estar atenta a essas mudanças. A.

(29) 29. partir dessas duas forças, muitos destinos estão planejando a atividade turística e administrando-a de maneira estratégica, responsável e equilibrada, almejando a sua continuidade e, conseqüentemente, maximizando os benefícios gerados por ela. A seguir apresentar-se-á a situação do turismo como área do conhecimento, abordando alguns conceitos, definições e maneiras de estudá-lo.. 2.1.2. Turismo: conceitos e definições. Apesar do crescimento e importância que a atividade vem adquirindo na prática, existe ainda uma grande lacuna referente a sua base de conhecimento analítico. Por ser uma área de estudo ainda muito recente, não possui um corpo teórico e nem uma linguagem aceita unanimemente. Assim, sua terminologia é ainda muito incipiente e gera muita controvérsia, utilizando-se de conceitos de outras disciplinas e pontos de vista de diferentes correntes de pensamento para se embasar. A primeira definição de turismo pode ser localizada no ano de 1910. O economista Hermann Von Schullern zu Schattenhofen o definiu como “A soma das operações, principalmente de natureza econômica, que estão diretamente relacionadas com a entrada, permanência e deslocamento de estrangeiros para dentro e para fora de um país, cidade ou região” (SCHATTENHOFEN, 1910 apud BENI, 1998, p. 36). Como se observa, esse conceito tem um cunho basicamente econômico, o qual deixa explícito o potencial de lucro que o turismo possui, esquecendo de todos os seus outros aspectos, não menos importantes, a saber: social, cultural, político, ambiental etc. que muito têm sido influenciados pelo turismo e, paralelamente, influenciam a atividade. Posteriores a esta definição surgiram muitas outras, também com um cunho econômico. Nesse contexto, destaca-se a definição de Robert McIntosh, o qual refere-se ao turismo como a atividade de atrair, transportar e alojar, de maneira cortês, os visitantes, satisfazendo seus desejos e necessidades (MCINTOSH, 1977). Nesse conceito, o autor acrescenta uma visão qualitativa de satisfazer o visitante. Com um outro enfoque, agora holístico, autores como Hunziker, Krapf e Jafar Jafari buscam abranger a totalidade da atividade, reconhecendo, mesmo que.

(30) 30. implicitamente, os demais aspectos que envolvem o turismo e são envolvidos por ele (BENI, 1998). Segundo Beni (1998), tais definições possibilitam o estudo do turismo tanto através de abordagens interdisciplinares9 quanto multidisciplinares10. Em 1942, Hunziker e Krapf definiram a atividade turística como sendo “A soma de fenômenos e das relações resultantes da viagem e permanência de não-residentes, na medida em que não leva à residência permanente e não está relacionada a nenhuma atividade remuneratória” (HUNZIKER; KRAPF, 1942 apud BENI, 1998, p. 38). Os fenômenos e relações citados nessa definição não são explicitamente expostos, porém, pode-se interpretar que eles são de diversas naturezas, e não somente econômicas como os conceitos apresentados anteriormente, dando assim, a noção de totalidade. Outra definição que pode ser destacada, e que segue o enfoque holístico, é a formulada por Jafari (apud BENI, 1998, p. 38), onde diz que o turismo “É o estudo do homem longe de seu local de residência, da indústria que satisfaz suas necessidades, e dos impactos que ambos, ele e a indústria, geram sobre os ambientes físico, econômico e sóciocultural da área receptora”. O autor aborda explicitamente os aspectos que devem ser levados em conta quando do desenvolvimento da atividade turística, deixando claro o que deve ser analisado no estudo do turismo. O turismo também pode ser abordado através de um ponto de vista técnico, e existem também várias definições abrangendo esse contexto. As definições técnicas, de acordo com Beni (1998), foram formuladas para fins estatísticos com o objetivo de controlar o tamanho e as características dos mercados turísticos, surgem as definições de turistas e excursionistas. Em resumo, entende-se que o turismo deve ser considerado como um fenômeno multifacetado (social, econômico, ecológico, cultural e político), provocado pelo deslocamento temporário de pessoas, para fora do seu ambiente habitual, e que provoca inúmeras relações e impactos nas destinações receptoras. Essas relações acontecem dentro 9. “O prefixo ‘inter’, dentre várias conotações que podemos lhe atribuir, tem o significado de ‘troca’, ‘reciprocidade’ e disciplina, de ‘ensino’, ‘instrução’, ‘ciência’. Logo, a interdisciplinaridade pode ser compreendida como um ato de troca, de reciprocidade entre as disciplinas ou ciências - ou melhor, de áreas do conhecimento” (JAPIASSÚ, 1976, p. 23). 10 Na multidisciplinaridade recorre-se a informações de várias matérias ou conhecimentos, para estudar um determinado elemento, sem a preocupação de interligar as disciplinas entre si (PIAGET apud FERREIRO, 2001)..

(31) 31. de um ambiente que, por sua vez, é denominado por alguns autores de sistema turístico. A seguir detalhar-se-á um pouco mais a visão de alguns autores sobre o sistema turístico.. 2.1.3. O sistema de turismo. De acordo com Beni (1998, p. 20), “o turismo [...] como resultado do somatório de recursos naturais do meio ambiente, culturais, sociais e econômicos, tem campo de estudo superabrangente, complexíssimo e pluricausal”, e essa complexidade levou diversos pesquisadores a estudar o turismo através da teoria dos sistemas, a qual proporciona uma maior organização e simplificação da realidade. A Teoria Geral dos Sistemas foi desenvolvida pelo biólogo alemão Ludwig Von Bertalanffy, entre 1950 e 1968. Um dos seus principais pressupostos é a existência de uma clara tendência para a integração nas várias ciências naturais e sociais. Durante o início do século XX, os biólogos organísmicos (que se opunham à redução da biologia à química e a física e ao mecanicismo) abordaram as funções biológicas como sistemas, substituindo o termo função para organização. Essa substituição, segundo Capra (1996), representa uma mudança do pensamento mecanicista para o pensamento sistêmico, pois o termo “função” é particularmente uma concepção mecanicista.. [...] um sistema passou a significar um todo integrado cujas propriedades essenciais surgem das relações entre suas partes, e “pensamento sistêmico”, a compreensão de um fenômeno dentro do contexto de um todo maior. Esse é, de fato, o significado raiz da palavra “sistema” que deriva do grego synhistanai (“colocar junto”). Entender as coisas sistematicamente significa, literalmente, colocá-las dentro de um contexto, estabelecer a natureza de suas relações (CAPRA, 1996, p. 39).. Enquanto os biólogos estudavam os sistemas de forma orgânica, em 1924 os psicólogos alemães desenvolveram o conceito de Gestalt (teoria da forma), na qual “[...] os fenômenos não devem ser separados uns dos outros para ser explicado, e devem ser.

(32) 32. considerados como conjuntos indissociáveis, já que a natureza de cada elemento é definida pela estrutura do conjunto a que pertence” (MAXIMIANO, 1990, p. 78). Analisando o turismo num enfoque sistêmico, Beni (1998, p. 43) afirma que ele deve ser visto como um sistema aberto, pois permite a identificação de suas características essenciais ou de seus elementos. Tal visão facilita estudos multidisciplinares de questões específicas do turismo, sendo capaz de auxiliar as análises interdisciplinares, a partir de diversas perspectivas como ponto de referencia comum. Petrocchi (2001) acrescenta que o desempenho do sistema de turismo depende dos desempenhos de cada um dos elementos que o compõem. O resultado do desempenho de todos os elementos é o que irá definir o nível de competitividade de todo o sistema, dentro de um mercado concorrido. A sobrevivência do sistema pode ser ameaçada quando inexiste uma oferta de serviços competitiva (qualidade, preço e imagem). Essa sobrevivência está diretamente relacionada com a satisfação do cliente, daí a necessidade de se investir em qualificação profissional e voltar todos os esforços ao cliente. Foram diversos os estudiosos que desenvolveram modelos de sistema de turismo, baseados em seus conhecimentos. Porém, cabe ressaltar que há apenas um sistema turístico, com várias facetas, e o estudo de cada uma das facetas originou diferentes modelos analíticos. A seguir, destacam-se alguns desses modelos. O ensaio do engenheiro Cuervo, publicado em 1967, é considerado o primeiro a descrever o turismo sob um enfoque sistêmico. Com o apoio dos fundamentos de álgebra “booleana”, que se baseia na teoria dos conjuntos, Cuervo estabeleceu que “o turismo é um conjunto (um grande conjunto) bem definido de relações, serviços e instalações, gerados em virtude de certos deslocamentos humanos” (CUERVO, 1967 apud ACERENZA, 2002, p. 195). Dentro desse grande conjunto, o turismo, Cuervo ainda identificou subconjuntos, como os apresentados na ilustração 1..

Referências

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