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2.2 A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E O TURISMO

2.2.3 A atuação do Estado no turismo

O turismo é uma atividade altamente fragmentada que depende da atuação dos stakeholders envolvidos na provisão de serviços e atividades diversificadas, que combinados, formarão o produto turístico. Nesse ambiente sócio-econômico diverso, o Estado deve desempenhar um ativo, se não dominante, papel como facilitador e promotor do desenvolvimento turístico, provendo um ambiente sócio-político apropriado e legal em defesa daquilo que diversos stakeholders e a iniciativa privada podem realizar (AKAMA, 2002).

Segundo a OMT (2001, p. 159),

O objetivo principal da administração pública deve ser criar e manter as condições adequadas para aquecer a competitividade das empresas e das regiões turísticas. De fato, este trabalho da administração faz parte dos requisitos necessários para que se possa oferecer uma experiência turística integral de qualidade, sem ela é impossível conseguir a satisfação total do consumidor, sua fidelidade e a competitividade dos ‘resorts’, regiões e países turísticos.

A OMT (apud SILVA, 2000) ainda aponta que em relação ao turismo, o Estado tem duas funções básicas:

• executar as preferências da sociedade utilizando os instrumentos de regulação econômica, os investimentos e a arrecadação fiscal; e

• maximizar os benefícios sociais do turismo, facilitando uma maior e melhor informação, formação, gestão, aumento da produtividade do setor público e a provisão de bens públicos, que vão desde a ordem pública até a proteção do meio ambiente.

De acordo com Silva (2000), tipicamente o Estado intervém no turismo nas seguintes áreas:

• estabelecer uma política de turismo livre;

• facilitar os meios de acesso ao descanso e às férias remuneradas; • estudos de recursos e atrativos turísticos do país ou região; • proteção ecológica dos espaços turísticos;

• formação profissional e técnica;

• elaboração de normas que regulem as atividades turísticas;

• promoção dos investimentos privados no setor turístico através de medidas fiscais e creditícias;

• realização de obras de infra-estrutura que facilitem as comunicações e permitam a chegada e a estada dos turistas; e

• elaborar e executar campanhas de promoção turística.

O papel do Estado no turismo é um fator importante e complexo, já que será essencial para as políticas e estratégias determinadas para a atividade, bem como, tendo em vista todos os impacto que dele resultam. Dias (2003) aponta que se pode discutir a função do Estado no turismo identificando áreas de envolvimento do setor público no segmento, quais sejam:

• coordenação – a coordenação de implantação de uma política de turismo envolve um conjunto diversificado de atores que nem sempre possuem os mesmos interesses. É função do Estado traduzir os interesses específicos em um interesse geral, coletivo e que beneficie toda a comunidade. Tal área não deve ser delegada;

• planejamento – objetiva estabelecer as linhas gerais para que o desenvolvimento seja ordenado e escolhido anteriormente. O Estado deve definir os caminhos do desenvolvimento, realizando o desejo coletivo;

• legislação e regulamentação – as políticas públicas podem ser realizadas através de alguns instrumentos como leis, decretos e resoluções – normas codificadas no direito. Tais instrumentos estabelecem regras, limites, impõem condições, barram privilégios etc., essenciais para a organização do turismo; • empreendimentos – o Estado pode exercer um papel empresarial quando não

existe, para a iniciativa privada, retorno financeiro; e determinada atividade é considerada essencial e suplementar a outras que se desenvolvem em volta das atividades turísticas. O Estado fornece a infra-estrutura básica, mas pode igualmente ser proprietário de empresas como pousadas, hotéis etc.;

• incentivo – o Estado pode patrocinar diversos incentivos para o desenvolvimento do setor privado do turismo: empréstimos, incentivos fiscais, isenções de taxas etc.;

• atuação social – o Estado pode promover o turismo em classes sociais menos favorecidas e contribuir para a expansão da atividade e para a ampliação do exercício do direito ao lazer, no caso do turismo. O próprio Estado pode

promover o turismo social, bem como, estimular e apoiar as organizações sociais, como os sindicatos;

• promoção do turismo – a promoção do turismo nas regiões emissoras de turistas (outros países ou outras regiões dentro de um mesmo país) é uma das funções principais do Estado, e sua importância tende a aumentar em função do aumento da competição global pelo fluxo de viajantes.

Neste contexto, Palomo (apud SILVA, 2000) aponta as seguintes linhas e medidas de atuação de uma política turística:

a) promoção da expansão do turismo estrangeiro – intensificação da promoção exterior, manutenção dos preços turísticos em níveis competitivos, melhoramento dos meios de comunicação e de transporte, estabilidade política do país receptor, ordenação da oferta turística, incorporação de novas formas e modalidades turística;

b) ordenação turística – adequada regulação ou regulamentação da oferta hoteleira, extra-hoteleira e de outras formas de alojamento, em categorias e tipologia, regulação das agências de viagens, em função de deficiências observadas nos processos de comercialização, distribuição e recepção, ordenação dos mercados de locação de veículos, circuitos turísticos e de transporte aéreo do tipo “chater”;

c) melhora da capacidade de concorrência – melhoria das instalações receptoras, alcance da estabilidade dos preços turísticos, elevação da competitividade da oferta no mercado internacional, aumento da profissionalização no conjunto das atividades turísticas;

d) melhora do padrão de estacionalidade ou sazonalidade – fomento do turismo interno, atuando como complemento ao turismo internacional ou vice-versa, difusão dos atrativos culturais, artísticos e naturais, criando um turismo circunstancial, apoio à celebração de convenções e congressos, ações em matéria de escalonamento de férias escolares e de trabalho;

f) outras ações econômicas – política de melhoramento das infra-estruturas, política creditícia ou de inversões, política fiscal e cambial.