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A última área “engloba atividades e vivências importantes na construção da competência profissional, numa perspetiva do seu desenvolvimento ao longo da vida profissional, promovendo o sentido de pertença e identidade profissionais, a colaboração e a abertura à inovação” (Matos, 2014)45

. O EP, com todo o exercício que exige, é, a meu ver e em concordância com a autora, a forma mais indicada de promover o desenvolvimento profissional, uma vez que permite a partilha dos problemas existentes, que leva ao desenvolvimento do espírito de colaboração e de competências de argumentação e comunicação, quer escritas, quer orais (Matos, 2014)46. Esta partilha foi mais evidente no seio do NE, apesar de também existir, de forma mais pontual, no grupo de EF da escola. No primeiro caso, esses momentos de partilha eram, no início do processo de estágio, agendados pelo PC e, através dessas “reuniões”, todos comentavam as situações vivenciadas e/ou observadas, davam a sua opinião – em função da experiência com os seus alunos – e ajudavam os colegas na resolução de alguma lacuna de conteúdo, gestão da aula ou até aspetos comportamentais. Com o tempo, essa partilha começou a ocorrer de forma espontânea, desde os intervalos das aulas, à hora do almoço ou mesmo fora das instalações de ensino. No segundo caso, pelas relações entre o grupo de EF não serem as mais próximas, esta partilha ocorreu, e desta vez falo apenas por mim, com alguns professores com quem a

proximidade se proporcionava: esposa do PC – também professora de EF da

ESRT -, professores do desporto escolar de Voleibol – onde eu estava inserida -, e outros professores que não faziam parte do grupo de EF mas com quem tinha contacto à hora do almoço, uma vez que a sala de convívio, nestas horas, se tornava um espaço dedicado às refeições, descanso mas também troca de

experiências, ideias e opiniões. “A aprendizagem envolve uma interacção entre

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Matos, Z. (2014). Regulamento da Unidade Curricular Estágio Profissional do ciclo de estudos conducente ao grau de mestre em ensino de Educação Física nos ensinos básico e secundário da FADEUP

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uma nova concepção e outra já existente, cujo resultado depende da natureza desta interacção. Se houver possibilidade de conciliação entre as concepções, a aprendizagem processa-se sem dificuldade. Se tal não for o caso, a aprendizagem exigirá a restruturação da concepção existente ou mesmo a mudança para uma nova concepção” (Graça, 2001, p.110).

Relativamente ao desenvolvimento de competências de argumentação e comunicação (quer escritas, quer orais), este foi possível através da realização de várias tarefas diferentes: por um lado, como era de esperar, através das “reuniões” entre o NE proporcionadas pelo PC e na lecionação das aulas e dos treinos do DE, por outro lado, através da realização do Projeto de Formação Individual (PFI), onde acredito ter evidenciado uma escrita adequada e uma articulação coerente de ideias e, como não poderia deixar de ser, da escrita e reflexão deste documento, respeitando o regulamento existente para o efeito. “A pluralidade e a natureza das funções docentes remetem para a noção de polivalência e alternância que permita um vaivém epistémico entre a teoria e a prática. Esta compreensão servirá de linha orientadora para a elaboração do Relatório de Estágio em que a investigação/reflexão/ação se assume como um caminho adequado”47

No que diz respeito às atividades e vivências importantes na construção da competência profissional, essas foram sido relatadas e refletidas ao longo do RE, mais precisamente na área da Realização e na área das Relações com a Comunidade e, por essa razão, não serão aqui novamente mencionadas, numa tentativa de evitar a repetição e agravar a extensão de páginas do documento. Recorrer à investigação como forma de entender e informar a prática que está a ser objeto de investigação é, igualmente, uma forma de desenvolvimento profissional, que, no meu caso, se pode verificar através do estudo de investigação realizado, que será apresentado no próximo ponto. Neste sentido, tendo em conta tudo o que foi dito anteriormente sobre os múltiplos papéis da profissão docente, ressalvo a importância das relações entre professor e aluno,

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concordando a cem por cento com Nóvoa (2004), quando nos diz que há uma parte de cientista no trabalho do professor: na aquisição do conhecimento, no estudo aturado, no rigor da planificação e da avaliação. Mas há também uma parte de artista, no modo como se reage a situações imprevistas, como se produz o jogo pedagógico, que é sempre um jogo-em-situação. No entanto, “(...) as inovações não se fazem por decreto, requer dos professores um espírito de pesquisa próprio de quem sabe e quer investigar e contribuir para o conhecimento sobre a educação. Mas, ao mesmo tempo esta atitude e actividade de pesquisa contribui para o desenvolvimento profissional dos professores e para o desenvolvimento institucional das escolas em que estes de inserem, escolas que, tal como os professores, se devem tornar reflexivas” (Alarcão, 1995, p.2) e, assim, “Ser professor-investigador é, pois, primeiro que tudo ter uma atitude de estar na profissão como intelectual que criticamente questiona e se questiona (…) é ser capaz de se organizar para, perante uma situação problemática, se questionar intencional e sistematicamente com vista à sua compreensão e posterior solução” (p.6) “Esta perspectiva pressupõe que ensinar é mais do que uma arte. É uma procura constante com o objectivo de criar condições para que aconteçam aprendizagens” (Oliveira e Serrazina, 2002, p.34 e 35).

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5. A PERCEÇÃO DOS ALUNOS FACE À APLICAÇÃO