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Professora orientadora, a guia de todos os pensamentos e sentimentos

Após quatro anos de formação académica foi hora de listar as minhas preferências relativas às instituições de ensino existentes onde poderia realizar o EP. Para além de ter de ordenar cerca de 50 escolas, tive também de preencher e assinar uma declaração de compromisso que dizia “Eu, Rita Maria Rodrigues Da Silva, declaro sob meu compromisso de honra que ocuparei o lugar no núcleo de estágio onde ficar colocado para realizar a prática de ensino supervisionada e cumprirei, com responsabilidade, as funções adstritas ao estudante-estagiário. (…) Porto, FADEUP, 21 de Julho de 2014.” A ordem preferencial apresentada foi consequência de muitos telefonemas, e-mails e opiniões, de modo a selecionar, nas primeiras opções, as melhores escolas em termos de estruturas e materiais, os perfis dos professores cooperantes mas também os possíveis orientadores. É certo que a atribuição do PO só acontece depois deste processo e que pode alterar de ano para ano - o que acabou por acontecer – mas, mais uma vez, todos os astros se alinharam para ter um ano excelente. A PO atribuída tinha sido, no ano anterior, minha docente na UC Profissionalidade Pedagógica e, por isso, quando chegou a notícia à caixa de e-mail, a mesma foi recebida com grande entusiasmo, uma vez que também era, e continua a ser, o meu tipo preferido de docente e de pessoa: alguém que é apaixonado pelo que faz e que faz bem, que sabe lidar com os alunos, sabe vê-los para além do que aparentam, que os recebe sempre com agrado – mesmo nos tempos de maior trabalho -, que os ouve, entende e incentiva a irem atrás do que desejam (sem querer incutir as suas ideias à força), alguém que me ensinou, especialmente a mim, a definir prioridades, que me deu tempo e espaço nas alturas mais difíceis, sem nunca me deixar cair no esquecimento, alguém que os outros dizem “Ei, ficaste com a professora…? Que sorte!”, e que sorte!

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Segundo Matos14, a orientação da PES é realizada “por um docente da FADEUP, adiante denominado orientador da FADEUP, nomeado pelo órgão competente, ouvido o professor regente da unidade curricular Estágio Profissional” e “A orientação do Relatório de Estágio é realizada pelo orientador da FADEUP designado para supervisionar a PES”. Entre as funções a si atribuídas, tal como descreve o Artigo 6º – Atribuições dos Orientadores da FADEUP, destaco aquelas que considero terem tido um maior impacto na minha PES “dar cumprimento ao Regulamento do EP; Garantir todas as fases do ciclo de supervisão na realização do PFI de cada estagiário; Supervisionar a prática educativa dos estudantes estagiários em todas as áreas de desempenho, de acordo com os documentos orientadores do EP; Observar as aulas previstas no documento orientador de Estágio; Reunir com os professores cooperantes, núcleo de estágio e estagiários individualmente; Avaliar e aprovar o desempenho da PES e propor a classificação do Estudante Estagiário; Colaborar na realização do plano de formação dos professores cooperantes e orientar o Relatório de Estágio e integrar o júri das provas públicas.” Como podemos constatar através da análise das funções descritas anteriormente, as suas tarefas centravam-se mais na documentação, como a elaboração do PFI, o portefólio digital, o relatório de estágio e o estudo de investigação, ideia também confirmada por Gomes et al. (2014, p.254) “Enquanto os Professores Cooperantes intervêm mais ao nível das atividades/tarefas da escola, os Orientadores da Faculdade focam-se no controlo da documentação institucionalizada”. Talvez a palavra controlo não seja a mais adequada, não na minha experiência com a PO, uma vez que o conceito de controlo sugere verificação, fiscalização e dominação, não sendo portanto a melhor palavra para generalizar as suas funções. É verdade que a avaliação esteve presente nos diversos documentos elaborados e nas visitas à escola mas, a par disso, houve também um processo de orientação e de acompanhamento. Um exemplo que traduz exatamente a forma como ocorreu

14 Matos, Z. (2014). Regulamento da Unidade Curricular Estágio Profissional do ciclo de estudos conducente ao grau de mestre em ensino de Educação Física nos ensinos básico e secundário da FADEUP.

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este processo foi a altura em que todos os EE tiverem de escolher um tema para o estudo de investigação-ação e, apesar de ter muitas ideias, estavam completamente desorganizadas, tendo dois possíveis temas dos quais não queria abdicar. A solução apresentada pela PO passou pela escolha de um dos temas para a realização do estudo de investigação e a escrita de um capítulo sobre o outro tema, podendo fazer um estudo complementar. Infelizmente, por falta de tempo, este segundo estudo não chegou a ser realizado, sendo que o seu tema iria passar pelas diferenças nos momentos de avaliação e classificação, apesar de serem assentes em critérios pré-definidos. Esta temática, apesar de não ter sido agora estudada, com certeza irá ser um dia, uma vez que se trata de um tema/problema que sempre esteve presente na minha vida enquanto estudante e EE e continuará a estar, devido à profissão que escolhi.

A sua orientação ultrapassou, muitas vezes, as funções meramente descritas. A troca de experiências, através das conversas mais informais que ocorriam nos cafés rápidos após a observação de cada aula ou nas despedidas antes dos treinos, e os desabafos pós-reuniões individuais também contribuíram para a minha formação, enquanto profissional e enquanto pessoa. Apesar de não ser descrito nas suas funções e o termo não ser o mais correto, a PO também teve um papel de “psicóloga” e de amiga, revelando ser uma boa ouvinte e conselheira, ajudando-me nos momentos verdadeiramente difíceis que a doença do pai acarretaram, permitindo-me chorar sem avisos prévios e dando- me exemplos da sua vida familiar pessoal que permitiram que a força se instalasse de novo em mim, depositando-me a sua confiança, mesmo quando essa teve de ser antecipada no tempo.

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4.ENQUADRAMENTO OPERACIONAL