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4.2. Área 2 – Participação na escola e relações com a comunidade

4.2.5. Direção de turma – pontos de encontro e desencontro

4.2.5.1. Conselhos de turma

No decorrer do ano letivo 2014/2015, a minha participação na direção de turma ocorreu no 10º ano, cujo diretor de turma (DT) era também coordenador dos exames nacionais. “Como presidente do Conselho de Turma, o DT deverá estruturar o trabalho pedagógico, através da: articulação de todo o trabalho realizado com a turma; monitorização sistemática do trabalho desenvolvido pelos alunos e cada disciplina” (Agrupamento de escolas de Rio Tinto nº3, 2014, p. 1). O mesmo documento refere que “tendo em conta o conjunto de vertentes de atuação que a função de DT incorpora, sem prejuízo de outras competências fixadas na lei, salientam-se alguns aspetos de índole prática, dos quais destaco: Conselhos de Turma - Presidir a todas as reuniões de Conselho de Turma; (…) Testes – Calendarizar os momentos formais de avaliação no 1.º CT (calendário), salvaguardando adaptações nas reuniões de avaliação de cada período; Interdisciplinaridade - Garantir a interdisciplinaridade do trabalho e uma eficaz articulação curricular, tendo em vista a melhoria dos resultados escolares dos alunos. (…) Diálogo DT-EE - Qualquer situação que possa interferir negativamente no aproveitamento escolar do aluno e/ou nas relações humanas entre os vários elementos da comunidade escolar, justifica a atitude de "forçar" a vinda do Encarregado de Educação à Escola. (Destacar / reforçar também informação positiva); Aproveitamento dos alunos - Pedir periodicamente informações a todos os professores da turma, mesmo quando o Encarregado de Educação não as tenha solicitado; (…)” (Agrupamento de escolas de Rio Tinto nº3, 2014, p.2 e 3).

O conselho de turma do 10ºD era constituído por todos os professores das diferentes disciplinas que a turma lecionava: Educação Física, Biologia e Geologia, Física e Química, Filosofia, Inglês, Matemática e Português. O

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ambiente dentro de um conselho de turma é pautado por diálogos e decisões importantes e, simultaneamente, por momentos de descontração, sendo, às vezes, uma descontração excessiva onde existem comentários relativos aos alunos que não acrescentam nada.

Excetuando o papel de destaque do DT, os restantes professores não tiveram os mesmos papéis, sendo que uma das docentes foi também responsável pelos vários registos em ata nos 3 conselhos de turma, dos quais destaco: “ Todas as observações acrescentadas na pauta; Decisões tomadas quanto a casos especiais de alunos, tratados em Conselho de Turma (fazer uma apreciação do aproveitamento e comportamento dos alunos, e proceder ao preenchimento dos impressos necessários em relação a cada aluno. Esta apreciação deve ser registada com pormenor e objetividade, e as decisões tomadas preferencialmente por consenso. Em caso de votação todos os membros do conselho de turma devem votar mediante voto nominal, não sendo permitida a abstenção. O diretor de turma terá voto de qualidade em caso de empate); Registar aspetos positivos da turma/alunos; As disciplinas em que decorrem assessorias, PEN, D+ e respetiva reflexão” (Agrupamento de escolas de Rio Tinto nº3, 2015, p. 2 e 3).

Durante um ano letivo completo existem 3 períodos e, consequentemente, 3 conselhos de turma. Tendo estado presente em todos eles, as minhas opiniões também foram alterando, sendo elas:

1. Na ordem de trabalhos dos conselhos de turma do 1º período, constam as seguintes tarefas: Avaliação dos alunos; Análise do comportamento e aproveitamento da turma; Análise/Reformulação do Plano de Trabalho da Turma; Preenchimento da ficha de caracterização da turma; E análise/Reformulação dos P.E.I (caso existam). O 1º conselho de turma foi “escandaloso”, uma vez que todos os docentes só disseram aspetos negativos dos discentes e, pelo contrário, eu e o PC só tínhamos aspetos positivos para salientar. Se a maioria afirmava que a turma era desinteressada, não fazia os trabalhos de casa, conversava durante as aulas e chegava tarde às mesmas, nas aulas de EF os alunos passavam os intervalos no pavilhão, eram empenhados e cumpriram com todas as

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tarefas pedidas extra aula (exemplo: manuais de equipa e t-shirts no torneio de voleibol). No 1º conselho, todos os professores tiveram muitas mais coisas a dizer do que eu, sendo que o meu pensamento era completamente oposto ao deles. A minha função centrou-se muito mais, a pedido do DT, no preenchimento das fichas individuais dos alunos com todas as informações que o conselho decidiu.

2. Na ordem de trabalhos dos conselhos de turma do 2º período, constam as mesmas tarefas do que o período anterior. No 2º conselho de turma, as preocupações dos docentes começaram a ser mais alargadas, já usufruíam de mais conhecimentos sobre os discentes e, portanto, já não falaram apenas sobre os 5 minutos que os alunos demoravam a acalmar depois de entrarem na sala de aula, sobre os que perturbavam os outros e sobre as mudanças de lugar e os que deviam mudar de curso. Os professores começaram a olhar para os alunos com olhos de ver e reparam, alguns deles, nos seus problemas, nas suas mudanças de comportamento e na justificação para as descidas das classificações. Nesse conselho, eu voluntariei-me para preencher as fichas individuais dos alunos com as informações que o conselho decidiu.

3. Na ordem de trabalhos dos conselhos de turma do 3º período, constam as seguintes tarefas: avaliação final dos alunos; Proposta de alunos para o reconhecimento do desempenho escolar meritório; Preenchimento da ficha de caracterização da turma; Conclusão do Plano de Trabalho de Turma; Avaliação dos P.E.I. (caso existam); Análise e reflexão sobre o trabalho desenvolvido pela turma, o comportamento e o aproveitamento escolar; Seleção dos alunos para as diferentes categorias de reconhecimento de mérito escolar, de acordo com o RI; E recolha de dados para o Plano de Trabalho da Turma (PTT). No último conselho de turma não fui preencher as fichas individuais e expressei muito mais a minha opinião relativamente aos assuntos abordados. Mais uma vez, à semelhança do 2º período, a reunião não se limitou à discussão das classificações e das informações relevantes a passar aos encarregados de educação mas estendeu-se aos problemas dos alunos nas suas

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vidas pessoais que, em muitos casos, afetaram as relações e classificações na escola. Foi também um momento de despedida, onde os professores das várias disciplinas aproveitaram para felicitar o trabalho desenvolvido e desejar toda a sorte do mundo. Pela primeira vez existiram classificações que foram a votação para ser alteradas, tendo tido oportunidade de vivenciar e aprender como funciona esse processo – tendo o PC pedido a minha opinião sobre o voto. Também pela primeira vez alterei uma classificação atribuída por mim, na medida em que uma aluna da turma, com a subida de 1 valor a uma das disciplinas, iria beneficiar da bolsa de propositura de mérito, entrando para o quadro de honra do agrupamento, por atingir uma média superior a 17,5 valores. Em conversa rápida com o PC, eu própria propus a subida da classificação a EF, sem ter de ir a votação, uma vez que a aluna tinha, a todas as disciplinas, classificações de 17 e 18 valores e, a EF, 16 valores. Não é que a classificação de EF tenha menos ou mais valor do que todas as outras mas, neste caso, não tive qualquer problema na alteração, uma vez que, apesar da média da discente à disciplina ser 16 valores, a média isolada do 3º período era de 17 valores. Já as bolsas de mérito são atribuídas apenas aos alunos economicamente mais desfavorecidos (escalão A) que tenham média igual ou superior a 14,00 valores. No 10º ano existiam poucos alunos nesta situação e apenas um a depender da classificação de EF para atingir a média exigida mas, este ano, a classificação de EF deixou de entrar no cálculo desta média. Porquê? Mais uma derrota na nossa disciplina e para os nossos alunos. Este último conselho foi o que contou com mais situações novas e, por isso, me preparou melhor para o futuro.