• Nenhum resultado encontrado

Ética e bioética fenomenológica

No documento Etica Na Saude (páginas 55-59)

PRINCÍPIO DA SOCIALIDADE

2.4.4 Ética e bioética fenomenológica

 A ética e a bioética fenomenológicas vão à contra mão dos tipos de éticas es- tudados até agora, visto que elas são eminentemente indutivas. Divide-se em quatro os passos da ética fenomenológica até chegar a uma resolução dos pro- blemas éticos e bioéticos, segundo Pegoraro 2010, p. 107:

a) Parte-se de dados da existência pessoal e histórica;

b) Eleva-se a uma linha de postulados flexíveis;

c) Entre esses dois polos se estabelece um vaivém reflexivo;

d) Desenvolve juízos éticos em situação.

Nestas quatro etapas do juízo-em-situação estão implícitas duas grandes referências. Uma é a concepção aberta da ética, que não se espera um conjun- to de princípios, como visto em paradigmas anteriores. A ética fenomenológi- ca se baseia na ideia de um estilo de vida, um horizonte que o indivíduo traça para si ou um rumo ético. Não há um caminho linear para alcançá-lo. Em cada situação há de se descobrir, se criar e inventar o caminho. Os tratados de éti- ca de destaque, desde os gregos até os dias atuais, traçam que os horizontes éticos são compilados em três referências conjugadas: justiça, solidariedade e paz. Esses adjetivos devem ser dos sujeitos e das estruturas sociais. Em cada

54

• capítulo 2

época existe uma maneira de fazer justiça, criar solidariedade e promover a paz.  Assim, a ética é inventiva e criativa. (PEGORARO, 2010, p. 108)

Para Heidegger (1988, p. 68), na bioética fenomenológica, a liberdade e a ca- pacidade de questionar são estruturas ontológicas “do ser que nós sempre so- mos”. Ou seja, a existência humana é caracterizada pela capacidade de questio- nar sobre o sentido da existência própria e das que nos cercam (HEIDEGGER, 1988, p. 68).

O paradigma central da bioética fenomenológica não é “o que devo fazer” e sim “o que esta acontecendo ao redor de mim”. Isso é, parte através da análise dos acontecimentos pessoais, históricos, científicos e genéticos construindo diretrizes e orientações interpretativas de tais. (PEGORARO, 2010, p. 112)

 A bioética fenomenológica, evitando o perigo do subjetivismo, expõe quatro elementos decisivos: o diálogo, a argumentação, a sabedoria prática e a narrati-  va (VIAFORA, 1990, p. 171)

ATIVIDADES

01. Quais são os três princípios básicos da ética, norteadores da pesquisa biomédica com seres humanos?

02. Qual o conceito mais recente que define a bioética?

REFLEXÃO

A história da Bioética no Brasil é marcada por constantes empates teóricos, em diversos momentos os desafios retrocederam a questões básicas tais como, qual caminho seguir? Quais as características do indivíduo ético? E onde se da a sua formação? A definição do que é Bioética, está em um momento dinâmico de discussão, devido às presentes e futuras utilizações e técnicas que auxiliem o indivíduo na busca incessante pelo prolongamento e manutenção da vida e das relações interpessoais. Essa discussão está somente começando, vale a pena buscar o aprofundamento dela por meio da leitura das obras indicadas.

capítulo 2 •

55

LEITURA

Para ampliar seu conhecimento, leia o artigo “Bioética da vida cotidiana” de Claudio Cohen e Gisele Gobbetti. Ciência e Cultura, vol. 56, no.4. São PauloOct./Dec. 2004, acesso http:// cienciaecultura.bvs.br/scielo.php?pid=S0009-67252004000400020&script=sci_arttext acessado em 19/04/2015.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALVES, Danillo da Silva; COSTA, César Augusto Soares. Bioética: Desdobramentos e suas implicações jurídicas no Brasil. Contribuciones a las Ciencias Sociales, may 2011.

AZEVEDO, Maria Alice da Silva.Origens da Bioética. Nascer e Crescer-Revista do Hospital de Crianças Maria Pia, v. 19, n. 4, p; 255-259, 2010.

BERG, P., BALTIMORE, D., BOYER, H.W., COHEN S.N., DAVIS, R.W., HOGNESS, D.S., NATHANS, D., Roblin, R., WATSON, J.D., WEISSMAN, S., Zinder, N.D.Potential biohazards of recombinant DNA molecules . Science, v. 185, n. 148, p. 303, jul, 1974.

BERG Paul, et al. Summary statement of the Asilomar conference on recombinant DNA molecules. Proceedings of the NationalAcademy of Sciences of the United States of America, v. 72, n. 6 (1975): 1981.

BORBA, Marina de Neiva; HOSSNE, William Saad. Bioética e Direito: biodireito? Implicações

epistemológicas da Bioética no Direito. Revista BIO&THIKOS - Centro Universitário São Camilo, v. 4, n. 3, p. 285-291, 2010.

BORDIGNON, N.A. Implicações dos níveis de desenvolvimento moral de Kohlberg na educação superior– um estudo de caso. Revista Lasallista de Investigación, V. 8, N. 1, 2012.

DURAND, Guy.Introdução geral a bioética – história, conceitos e instrumentos. 2 edição, São Paulo: centro universitário São Camilo: Loyola, 2007.

ENGEL, E.M. O desafio das biotécnicas para a ética e a Antropologia. Veritas: revista da Pontificia Universidade Catolica do Rio Grande do Sul v. 50, n. 2, p. 221, 2004.

ENGELHARDT Jr, H.Tristam.Fundamentos da Bioética. 2 ed. São Paulo: Ed. Loyola, 2004. FERREIRA, J.T.O pensamento antropológico e Louis Lavelle. Revista da Faculdade de Letras : Filosofia, v. 01, p. 219-238, 1971.

FERREIRA, J.S.A.B.N.Bioética e o biodireito. ScientiaLuris, v. 2, p. 41-63, 2002.

GARRAFA, Volnei.Da bioética de princípios a uma bioética interventiva. Revista bioética, v. 13, n. 1, 2009.

56

• capítulo 2

HECK, José N.Bioética: contexto histórico, desafios e responsabilidade. ethic@-

AninternationalJournal for Moral Philosophy, Florianópolis, v.4, n. 2, p. 123-139, Dez, 2005. HEIDEGGER, M. Ser e tempo. Petrópolis: Editora Vozes, 1988.

JUNQUEIRA, C. R. Bioética: conceito, fundamentação e princípios. São Paulo: Universidade Federal de São Paulo, 2011

KOERICH, M.G.; MACHADO, R.R.; COSTA, E.Ética e bioética: para dar início á reflexão. Texto Contexto Enfermagem, v.14, n. 1, p 106-110, jan-mar, 2005.

KULHLMAN, W. (1993). “Les fondantions of bioethics et l’etique discursive” In: HOTTOIS, G. (1993). Auxfondements d’une éthiquecontemporaine. Paris: Vrin.

LEPARGNEUR, Hubert. Força e fraqueza dos princípios da bioética. Revista Bioética, v. 4, n. 2, 2009. MILANO, Gianna. Bioetica: dalla A alla Z. Milano: Feltrinelli Editore, v. 1407, 1997.

MOTTA, Luís Claudio de Souza; VIDAL, Selma Vaz; SIQUEIRA-BATISTA. Bioética: afinal, o que é isto? Rev. Brás. Clin. Med. São Paulo, v. 10, n. 5, p. 431-439, set-out, 2012.

NALINI, José Renato.Ética geral e profissional. 7. ed. rev. atual. e ampl. São Paulo: RT, 2009. O'NEALL, O. Autonomy and Trust in Bioethics. Cambridge University Press, 2002.

PEGORARO, Olinto A. Ética e Bioética - Da subsistência à existência. 2 Ed, Rio de Janeiro: Editora Vozes, 2010. 133 p.

POTTER, Van Rensselaer. Bioethics, the science of survival . Perspectives in biology and medicine, v. 14, p. 127-153, 1970.

POTTER, Van Rensselaer. Bioethics: bridge to the future. Englewood Cliffs: Prentice Hall, 1971. POTTER, Van Rensselaer. Global Bioethics. Building on the Leopold Legacy.East Lansing:

MichiganStateUniversity Press, 1988.

POTTER, Van Rensselaer. Texto publicado em O Mundo da Saúde. v. 22, n. 6, p. 370-374, 1998. PUPLAKSIS, Nelita de Vecchio.Bioética, construção de conhecimento ee-learning: novos desafios ao ensino da Bioética. 2011. Tese de Doutorado. Universidade de São Paulo.

REGO, Sérgio.; PALÁCIOS, Marisa; SIQUEIRA-BATISTA, Rodrigo.Bioético para profissionais da saúde. 22 ed, SciELO-Editora Fiocruz, 2009.

SEGRE, M., SILVA, F. SCHARAMM, F.R. O contexto histórico, semântico e filosófico do princípio da autonomia. Revista Bioética 6.1, 2009.

SGRECCIA, E.Manual de bioética. Fundamentos e ética biomédica. São Paulo: Loyola, 1996. SOUZA, E.A.; GOMES, E.S.A visão de homem em Frankl. Revista logos & existência: revista da associação brasileira de logoterapia e análise existencial. V. 1, n. 1, p. 50- 57, 2012.

VERDI, M.; CAPONI, S.Reflexões sobre a promoção da saúde numa perspectiva bioética. Texto Contexto Enferm, v. 14, n. 1, p. 82-88, Jan-Mar, 2005.

Diretrizes e Normas

No documento Etica Na Saude (páginas 55-59)