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Outras epidemias

No documento Etica Na Saude (páginas 98-102)

DESEJO NÚMERO

4.5 Ética e epidemias

4.5.2 Outras epidemias

O Brasil chega ao final do século XX com vários problemas sociais de grande relevância, com reflexos diretos sobre a saúde pública. Entre estes, o êxodo da zona rural para as cidades, o desemprego e a concentração de renda. Para o IBGE, apenas 1% da população retém riqueza superior a dos 50% dos brasilei- ros mais pobres, o que significa que, menos de 2 milhões de pessoas possuem mais que a soma dos bens de 83 milhões de brasileiros -acrescenta-se a isto o descaso com a saúde pública. Claramente, estes fatores contribuem para o aumento da incidência de doenças infecciosas e parasitárias, incluindo o rea- parecimento de outras já praticamente eliminadas, e a expansão de novas pato- logias. (GRECO, 2009)

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 Assim, vê-se a expansão dos casos de leishmaniose, hanseníase, dengue, malária e tuberculose, esta última principalmente em associação com a AIDS; ao reaparecimento da cólera e febre amarela urbana; à falta de controle da esquistossomose - apesar da significativa diminuição dos casos novos de do- ença de Chagas, ocorrida principalmente através da dedetização, não houve melhoria significativa nas condições básicas para seu efetivo controle (melhor habitação, educação sanitária, emprego digno, etc.). Aliás, a necessidade desta melhoria e seu avesso (piora das condições de vida, desemprego, ausência de saneamento básico) é comum às outras doenças endêmicas, epidêmicas, emer- gentes e reemergentes deste final de século. (GRECO, 2009)

Para o controle dessas endemias e epidemias muitos esforços devem ser combinados para prevenir sua disseminação, com a educação continuada de todos em relação aos métodos preventivos; para disseminar nosso clamor pela solidariedade e não-discriminação; para incentivar pesquisas eticamente apro- priadas para novos fármacos, testes diagnósticos e vacinas. (GRECO, 2009)

Será, no entanto, a ação concentrada de ativistas de todos os setores e dos profissionais de saúde suficiente para melhor alocação de recursos para a edu- cação e saúde, melhor distribuição de renda? Provavelmente não, mas significa fazer com que nossas vozes contrárias a essas situações sejam ouvidas. E nos- so papel como cidadãos atuantes é multiplicar e amplificar o clamor por jus- tiça e equidade para todos, independente de raça, religião, origem ou língua. (GRECO, 2009)

ATIVIDADES

01. Quais as classificações de transplantes de órgãos humanos?

02. Qual o principal problema encontrado quando falamos de teste genético para diagnós- tico de uma doença hereditária?

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REFLEXÃO

Esse capítulo nos trouxe muitas polêmicas a serem refletidas! Ao longo do texto já fizemos algumas, mas agora ainda caberá outras!

Sempre que abordamos temas como esses em uma roda de conversa observaremos que cada um terá uma opinião, geralmente bem controversa, penso que todas elas devem ser respeitadas desde que não sejam bizarras. E o que vai julgar tudo isso, será o momento e a situação em que cada um terá que decidir por si ou por quem este é responsável! Pensar que cada um terá uma atitude sensata é subjetivo, já que a sensatez nesse caso está relacionada com bom senso e que nem sempre advém de sensos considerados bons pela maioria da sociedade.

A meu ver, as opiniões serão consideradas nesses casos, mas existe algo que não dei- xará margens para muitas “escolhas”, as leis acerca desses temas que cada país constituiu.

LEITURA

SIQUEIRA, José Eduardo de.Reflexões éticas sobre o cuidar na terminalidade da vida. Revista Bioética, v. 13, n. 2, 2009.

DALLARI, Sueli Gandolfi.Aborto-um problema ético da Saúde pública.Revista Bioética, v. 2, n. 1, 2009. PESSINI, Leo.Dignidade humana nos limites da vida: reflexões éticas a partir do caso TerriSchiavo. Revista Bioética, v. 13, n. 2, 2009.

DA COSTA TORRES, Wilma.A Bioética e a psicologia da saúde: reflexões sobre questões de vida e morte. Psicologia: reflexão e crítica, v. 16, n. 3, p. 475-482, 2003.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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BOPP, Polyana Goelzer et al. Maternidade Responsável e Reprodução Assistida: Limites Bioéticos e Jurídicos dos Direitos Reprodutivos da Mulher. Bioética na atualidade. Porto Alegre: EDIPUCRS, p. 93-115, 2014.    ©    Y    A    N    L    E    V     |   D    R    E    A    M    S    T    I    M    E .    C    O    M

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BRASIL. Código Penal. Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940.

Brasil. Lei nº 9.434, de 2 de fevereiro de 1997. Dispõe sobre a retirada de órgãos, tecidos e partes do corpo humano para fins de transplante e tratamento. Diário Oficial da União 21 ago 1997;seção I. BRAVIN, Natália.A Criminalização Total do Aborto, Como um Ato Pró Vidas. ETIC-ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA-ISSN 21-76-8498, v. 9, n. 9, 2015.

BRUNONI, Décio.Aconselhamento genético. Ciência saúde coletiva, v. 7, n.1, São Paulo, 2002. CASTILHO, Euclides Ayres; KALIL, Jorge. Ética e pesquisa médica: princípios, diretrizes e regulamentações. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, v. 38, n. 4, p. 344-347, jul, 2005.

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LIMA, Maria de Lourdes Feitosa; REGO, Sérgio Tavares de Almeida; BATISTA, Rodrigo Siqueira.

Processo de tomada de decisão nos cuidados de fim de vida. Revista Bioética, v. 23, n. 1, 2015. MACHADO, Carlos José Saldanha; FILIPECKI, Ana Tereza Pinto; TEIXEIRA Márcia de Oliveira; KLEIN, Helena Espellet.A regulação do uso de animais no Brasil do século XX e o processo de

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