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2.2 INOVAÇÃO

2.2.5 Índice de Prontidão Tecnológica (TRI) 2.0

Para Parasuraman e Colby (2014), a revolução tecnológica causou tensão entre os aspectos positivos e os aspectos negativos de ter que aprender e desenvolver confiança em novos métodos de fazer negócios. O foco anterior estava em transformar empresas tradicionais (de tijolo e argamassa) em organizações com interfaces eletrônicas de autoatendimento. Atualmente, a tecnologia revoluciona os serviços, exigindo atendimentos complexos, associados à entrega de experiências de serviços inovadores, com funcionários alinhados às novas opções de serviços baseados em tecnologia, voltados para o cliente.

De acordo com Parasuraman e Colby (2014), desde a publicação do TRI, o ritmo da inovação tecnológica à mudança acelerou com o advento de avanços como acesso à internet de alta velocidade, comércio móvel, mídia social, e computação em nuvem.

Os autores forneceram licenças acadêmicas para Uso do TRI 1.0 para 127 pesquisadores em 30 países, onde foi traduzido para as línguas locais. Aproximadamente um terço (29%) das aplicações foram nos Estados Unidos, Alemanha (9%), Malásia (6%), Turquia (6%), Reino Unido (6%), China (5%), Índia (5%), Brasil (4%), Canadá (4%), Filipinas (4%) e África do Sul (4%). A maioria dos estudos envolveu contextos entre empresas e consumidores (41%), no business-to- business (30%) e contextos educativos (29%).

Conforme Parasuraman (2000), o Technology Readiness Index (TRI) é uma escala de 36 itens para medir "prontidão tecnológica", definida como: "propensão das pessoas abraçar e usar novas tecnologias para realizar objetivos na vida doméstica e no trabalho". Das 36 afirmações, 10 medem o otimismo, 7 a inovação, 10 o desconforto e 9 são medidas de insegurança. O TRI original foi ancorado na literatura sobre a adoção de novas tecnologias e interações pessoas-tecnologia. Para diferenciá-lo da versão atual, os autores passaram a chamá-lo de TRI 1. Após 12 anos de experiência usando o TRI 1.0, os autores iniciaram o desenvolvimento do TRI 2.0, atualizado e simplificado. Após uma fase de pesquisas qualitativa e quantitativas, verificarem sua confiabilidade e validade em uma variedade de critérios condensou a escala original de 36 itens para 16.

De acordo com Parasuraman e Colby (2014), tendo em vista que itens de escala, que se referem a tecnologias específicas para fazer as declarações

significativas e claras para os entrevistados, arriscam perder sua relevância se as tecnologias referenciadas se tornarem obsoletas, foi proposta essa alteração, a qual foi motivada pela necessidade de reavaliar as declarações de escala, averiguando se deixaram de ser inovadoras examinar e incorporar implicações de um ambiente tecnológico em mudança e tornar o instrumento mais amigável. Outros fatores considerados para a alteração do TRI 1.0 para o TRI 2.0 foram:

a) As próprias tecnologias mudam com o tempo, o ritmo sendo particularmente rápido no domínio das tecnologias de prestação de serviços.

b) Os itens do TRI 1.0 continham palavras como "máquina", "computador" e "programa de computador", que estavam se tornando desatualizados. c) Muitas tecnologias formativas de hoje estavam em sua infância em 1999.

Exemplos incluem smartphones, serviços de Internet sem fio, mídia social, videoconferência em casa e aplicativos em nuvem.

d) Surgiram novas questões em conversas sociais sobre tecnologia, incluindo preocupações sobre dependência social e distração.

e) Havia preocupação em assegurar que no índice TR captura-se temas contemporâneos relacionados à tecnologia para garantir sua relevância contínua.

f) Devido ao TR. 1.0 possuir um índice com 36 itens, passou a ser considerado muito longo, motivando muitos pesquisadores a se interessar em medir apenas um construto.

Na visão de Parasuraman e Colby (2014), a sua experiência cumulativa e de outros pesquisadores no uso do TRI 1.0 forneceu ideias preliminares sobre os tipos de mudanças que o instrumento precisava. Para aumentar e fortalecer essas ideias, os autores realizaram pesquisas exploratórias. Esta fase qualitativa foi seguida por uma extensa fase de pesquisa quantitativa para refinar o TRI 1.0 e avaliar a solidez psicométrica da escala refinada.

Embora semelhante ao TRI 1.0 na estrutura geral e conteúdo, TRI 2.0 pode ser aplicado em menos da metade do tempo e seus itens são mais atualizados de acordo com os novos termos tecnológicos atuais. TRI 2.0 é um robusto preditor de intenções comportamentais relacionadas à tecnologia, bem como comportamentos

reais, facilitando a compreensão da dinâmica por trás da adoção de várias tecnologias (PARASURAMAN; COLBY, 2014).

Por ser mais conciso, o TRI 2.0 tem mais aplicabilidade, resultando menos em pesquisas que medem múltiplos construtos, tornando-se mais robusto para o uso em diferentes contextos e ao longo do tempo. Com base nas sugestões de melhorias em insights de propostas de pesquisa, recebidos durante os últimos doze anos, TRI 2.0 pode ser aplicado nas seguintes situações, entre outras:

a) Pode ser usado para avaliar níveis de prontidão tecnológica dentro de uma determinada população, que pode consistir de um país, um grupo demográfico específico, uma profissão (por exemplo, professores, enfermeiras) ou um segmento de mercado (por exemplo, compradores de produtos de alta tecnologia).

b) TRI 2.0 TR pode ser uma importante variável moderadora em estudos envolvendo frameworks multivariados.

c) Os acadêmicos podem usar o TRI 2.0 para explicar a dinâmica entre variáveis em um contexto influenciado por tecnologia (em pesquisas anteriores envolvendo múltiplos construtos, os pesquisadores frequentemente optam por usar um pequeno subconjunto de itens do TRI 1.0 para reduzir o ônus sobre os respondentes).

d) O TRI 2.0 tem o mesmo número de itens (4) para cada TR dimensão, o que pode ser uma característica desejável para alguns estudos de pesquisa.

e) A prontidão tecnológica medida pelo TRI 2.0 pode ser usada como variável psicográfica potencialmente valiosa em pesquisa orientada para a decisão em contextos onde a tecnologia, a inovação, desempenham um papel importante.

f) Muitas vezes há um interesse especial nos maiores consumidores de TR, porque eles poderiam servir como "evangelistas" em motivar os outros a experimentar uma nova tecnologia baseada em oferta.

g) Os pesquisadores também podem usar o TRI 2.0 para classificar os consumidores grupos com diferentes níveis TR, fornecendo uma lente única para entender o papel das crenças tecnológicas no mercado.

A prontidão tecnológica de um dado mercado ou base de clientes pode ser pontuada e comparada, fornecendo implicações para o marketing, conforme apresentado no quadro 5.

Quadro 5 - Tipos de usuários de Prontidão Tecnológica

“Exploradores”

Clientes de alta TR (os "exploradores") estarão interessados em avanços de funcionalidade e são capazes de dominar novas ofertas de alta tecnologia com ajuda mínima.

"Evitadores" e "Hesitadores"

Clientes de baixa TR ficarão mais satisfeitos com a funcionalidade básica, mas vão precisar de mais apoio e segurança.

"Céticos" Mensagens persuasivas que fornecem razões concretas para adoção devem ser desenvolvidas para atraí-los.

"Pioneiros" Eles precisam de pouco para adotar tecnologia, mas precisam de mais apoio para que fiquem satisfeitos.

Fonte: Adaptado de Parasuraman (2014).

TRI 2.0 facilita compreender a dinâmica por trás da adoção de várias tecnologias, fornecendo medidas das quatro dimensões de adoção tecnológica. O TRI 2.0 é um robusto preditor de intenções comportamentais relacionadas à tecnologia, bem como comportamentos reais.

O Índice de Prontidão Tecnológica já foi utilizado em diversos estudos no Brasil e no mundo no contexto da inovação tecnológica. Um exemplo desse tipo de estudo pode ser observado em Pontarolo (2014), que utilizou o índice para averiguar se uma marca era reconhecida pelo mercado e pelos consumidores como inovadora, a fim de verificar se a sua influência sobre o consumidor é capaz de alterar os seus scores relacionados aos fatores indutores (otimismo e inovatividade) e inibidores (insegurança e desconforto) da adoção de tecnologia pelos consumidores.

Outro estudo que relaciona os valores humanos com a prontidão tecnológica dos indivíduos foi desenvolvido por Fujihara (2018), com a investigação da relação de influência entre valores humanos e prontidão à tecnologia aplicada na compra virtual usando o celular. Os resultados sugeriram que os valores humanos são preditores de prontidão à tecnologia e que as atitudes são preditoras da intenção de compra virtual utilizando o celular. O trabalho do autor também contribuiu, teoricamente, para a validação do instrumento do TRI 2.0 para o Brasil, ao

desenvolvimento de um modelo conceitual envolvendo os construtos de valores humanos e prontidão à tecnologia e ao fomento dos estudos de prontidão e adoção de novas tecnologias no contexto brasileiro.