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2.2 INOVAÇÃO

2.2.7 Posicionamento teórico adotado nesta pesquisa

Com base no exposto no capítulo 2, itens 2.1 de cultura, 2.2 de inovação e seus subitens, como consequência será adotada a perspectiva funcionalista, os seguintes construtos teóricos.

A cultura será operacionalizada sob a perspectiva da concepção dos valores, por parte de indivíduos que se beneficiam da adoção do aplicativo de mobile banking da organização pesquisada. Esta perspectiva tem como base o trabalho de Torres, Schwartz e Nascimento (2016), que descreve refinamentos substantivos na teoria de valores básicos (SCHWARTZ et al., 2012), apresentando um novo instrumento validado para o Brasil para medir tais valores.

Os valores, que formaram a base operacional desta pesquisa, são medidos por meio de um instrumento composto por 19 categorias comportamentais, distribuídas em 57 questões que apresentam e investigam a validade discriminante e preditiva da teoria pelo exame das associações de cada valor com comportamentos cotidianos.

Os 19 valores, caracterizados como categorias comportamentais, foram Autodireção de Pensamento e de Ação; Estimulação; Hedonismo; Realização; Poder de Domínio e Poder sobre Recursos; Segurança Pessoal e Social; Tradição; Conformidade com Regras e Conformidade Interpessoal; Benevolência Dependência e Cuidado; Compromisso; Universalismo Natureza e Universalismo Tolerância; Face; e Humildade, cujas definições são apresentadas na tabela 2 (TORRES; SCHWARTZ; NASCIMENTO, 2016). As 57 questões do instrumento são apresentadas na primeira parte do questionário, no anexo 1.

No que concerne à inovação, a base desta pesquisa está em Parasuraman (2000), que trata da relação entre o cliente e a tecnologia. Para o autor, o crescente número de produtos e serviços com base na tecnologia tem se desenvolvido rapidamente. No entanto “há também evidências de crescente frustração do cliente ao lidar com sistemas baseados em tecnologia” (PARASURAMAN, 2000, p. 307).

Parasuraman (2000, p. 308) chama de “prontidão para a tecnologia [...] à propensão das pessoas para abraçar e usar novas tecnologias para atingir objetivos na vida doméstica e no trabalho". É um estado mental, são capacitores e inibidores mentais do indivíduo de utilizar algum produto que agregue tecnologia.

O autor utiliza quatro categorias de prontidão para a tecnologia: Otimismo, Inovação, Desconforto e Insegurança. O otimismo avalia o quanto o indivíduo acredita que a tecnologia pode oferecer maior controle, flexibilidade e eficiência em seu cotidiano. A inovação mensura a tendência que o indivíduo possui para ser pioneiro no uso da tecnologia. O desconforto mede a percepção de indivíduo pela falta de controle e a sensação de sobrecarga que a tecnologia exerce sobre ele. A insegurança indica a desconfiança e o ceticismo de uma capacidade adequada de funcionamento da tecnologia (PARASURAMAN, 2000).

Neste trabalho serão utilizadas as quatro dimensões (Otimismo, Inovação, Desconforto e Insegurança) e a escala Technology Readiness Index (TRI) 2.0 de Parasuraman e Colby (2014). Isto se baseia no pressuposto de que o uso do aplicativo Mobile Banking da organização estudada, para seus clientes, possui relação com as quatro categorias.

3 METODOLOGIA

Este capítulo tem o propósito de apresentar os procedimentos metodológicos utilizados na pesquisa, a qual se expressa como descritiva com característica quantitativa. Desta forma, foi descrito o paradigma e a estratégia de pesquisa; a técnica de coleta, estratégia de apresentação e análise dos dados. Estes foram categorizados, tabulados e receberam um tratamento quantitativo, sendo agrupados por categorias em tabelas e gráficos, para que se transformassem em informações, objetivando-se facilitar a análise de interpretação destes e possibilitasse o encontro de respostas para os objetivos deste estudo.

Para tanto, os objetivos desta pesquisa são expressos na figura 3 abaixo, a qual busca apresentar as relações entre os valores humanos e a adoção de tecnologias.

Figura 3 - Hipóteses do trabalho

Fonte: Elaborado pelo autor (2019).

Este modelo sugere a relação de influência entre os valores humanos e a prontidão por inovações tecnológicas.

Abertura à mudança Autopromoção Conservação Autotranscendência Otimismo Insegurança Desconforto Insegurança

Valores Humanos Prontidão Tecnológica

Co n d u to res Inib ido res H3 H2 H5 H4 H1

Não obstante a figura 3, acima apresentada, o Quadro 6 abaixo descreve as relações esperadas das hipóteses levantadas, especificando as relações entre os construtos do modelo.

Quadro 6 - Hipóteses de pesquisa

Hipóteses de pesquisa

H1 Os valores humanos tem relação de influência positiva no fator prontidão tecnólogia. H2 Autopromoção tem relação de influência positiva no fator condutor do TRI.

H3 Abertura à mudança tem relação de influência positiva no fator condutor do TRI. H4 Autotranscedência tem relação de influência positiva no fator inibidor do TRI. H5 Conservação tem relação de influência positiva no fator inibidor do TRI. Fonte: Elaborado pelo autor (2019).

Uma vez definidas as hipóteses de pesquisa do trabalho, os tópicos a seguir descrevem o paradigma da pesquisa, cálculo amostral, material de coleta de informação, questionário estruturado e o modelo de equações estruturais utilizados para testar as hipóteses levantadas neste manuscrito.

3.1 PARADIGMA DA PESQUISA

Na visão de Kuhn (1962), paradigmas são: “realizações científicas universalmente reconhecidas que, durante algum tempo, fornecem problemas e soluções modelares para uma comunidade de praticantes”. De acordo com Alves- Mazzotti (2001), “uma forte adesão ao paradigma permite a prática de uma pesquisa detalhada, eficiente e cooperativa”.

Nesse contexto, este estudo está norteado pelo paradigma estruturalista de base funcionalista, que tem como objetivo descrever a relação entre os valores humanos e a prontidão ao uso de tecnologias. Nesta perspectiva funcionalista, o modelo de pesquisa se apresenta na figura 3.

3.2 ESTRATÉGIA DE PESQUISA

Esta pesquisa teve abordagem quantitativa e característica descritiva com o objetivo principal de descrever a relação entre os valores humanos e a adoção de inovações tecnológicas (representadas pelo uso de aplicativos de mobile banking). Na visão de Creswell e Clark (2015), a técnica da pesquisa quantitativa apresenta raciocínio de causa e efeito, faz uso de mensuração, observação e testes de teorias.

Apodera-se da estratégia de investigação como experimentos, levantamentos, coletas de dados e instrumentos que geram dados estatísticos. Em relação à pesquisa quantitativa, Tripodi et al. (1975, p. 42-71 apud MARCONI; LAKATOS, 2003, p. 187) entende que:

Consiste em investigações de pesquisa empírica, cuja principal finalidade é o delineamento ou análise das características de fatos ou fenômenos, a avaliação de programas, ou o isolamento de variáveis principais ou chave. Qualquer um desses estudos pode utilizar métodos formais, que se aproximam dos projetos experimentais, caracterizados pela precisão e controle estatísticos, com a finalidade de fornecer dados para a verificação de hipóteses. Todos eles empregam artifícios quantitativos, tendo por objetivo a coleta sistemática de dados sobre populações, programas, ou amostras de populações e programas. Utilizam várias técnicas como entrevistas, questionários, formulários, etc. e empregam procedimentos de amostragem.

Para Ramos, Ramos e Busnello (2005), a abordagem quantitativa engloba tudo que pode ser mensurado em números, classificado e analisado e se utiliza de técnicas estatísticas.

Para Churchill (1987), a pesquisa descritiva objetiva conhecer e interpretar a realidade sem nela interferir para modificá-la. Na ótica de Vieira (2002), a pesquisa descritiva compreende tanto os estudos de forma longitudinal (coleta de informações ao longo do tempo) e o transversal (coleta de informações somente uma vez no tempo). Abrange diversos métodos de coleta de dados, entre eles aplicação de questionários. Expõe as características de determinada população ou de determinado fenômeno, mas não tem o compromisso de explicar os fenômenos que descreve, embora sirva de base para tal explicação.

3.3 OBJETO DE ESTUDO

O estudo foi desenvolvido junto aos clientes usuários de aplicativos de mobile

banking de uma agência bancária de uma cidade situada no planalto norte

catarinense, cuja definição, como sujeitos da pesquisa, se deu de modo intencional por acessibilidade, considerando a temática a ser abordada.

3.4 POPULAÇÃO E AMOSTRA

A população total de clientes da agência é de aproximadamente 2.000 clientes, estando apta a responder o questionário o total dessa população. Os respondentes foram selecionados por conveniência. A amostra foi não probabilística por conveniência (HAIR Jr. et al., 2005).

Uma vez que a população é conhecida N=2.000 podemos calcular a amostra através da equação de amostras finitas. Além disso, como a variância é não conhecida e a confiabilidade é fixada em 95%, sendo 5% de erro. Logo, temos o score z próximo de 2 (1,96), então segundo Barbetta (2008), a formula do tamanho da amostra para várias proporções é:

Fixando o erro amostral em 5% tem-se:

Ajustando o tamanho da amostra para populações finitas:

Isto é,

No entanto, a pesquisa foi conduzida através da distribuição dos questionários aos clientes da instituição financeira objeto do estudo, no decorrer do mês de abril e maio de 2019. Foram entregues aproximadamente 500 questionários através de abordagens realizadas na agência e nas instituições públicas e privadas que possuíam convênio de folha de pagamento junto ao banco, como prefeitura municipal, escola municipal e estadual, hospital e empresas do segmento de indústria e comércio, abrangendo uma população diversificada. Obteve-se o retorno de 299 questionários totalmente respondidos, sendo este número a quantidade amostral.

3.5 DADOS

Os dados coletados neste trabalho foram efetuados pelo próprio pesquisador e são considerados primários.