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A aaá&se funcional: aplkaçio du» concciios

No documento DE A N Á L I S E DO COMPORTAMENTO (páginas 150-152)

M arcos discrim inar o seu valor como hom em . Sendo assim, ele se sente melhor sempre que fica com um a nova mulher. Quanto mais m ulheres Marcos ficar, mais valor dará a si mesmo. Sendo assim, a adm iração dos amigos e sua história de reforçam ento estabelecem a função reforçadora de estar com (outras) m ulhe­ res, que ultrapassa a função reforçadora prim ária da estimulação sexual. Podemos dizer que os principais reforçadores de estar com m ulheres dependem de sua história de reforçamento, com forte influência do terceiro nível de causalidade, o sociocultural.

É im portante notar que, quando emitimos um com portam ento que fora refor­ çado no passado, a sua m era observação já é reforçadora. Um exemplo banal disso ocorre quando resolvemos um problema difícil de m atem ática ou física. M esmo que não tenha ninguém para elogiar nosso feito, ocorre um aum ento na probabilidade de tentarm os resolver novos problemas m eram ente por observar­ mos que acertamos a questão. Sendo assim, Marcos não precisa estar constante­ m ente contando para seus amigos as suas aventuras amorosas. Ao observar que conseguiu ficar com um a m ulher cobiçada por seus pares, o seu com portam ento de tentar novas conquistas aum enta de probabilidade. Em outras palavras, ficar com outras m ulheres adquire funções reforçadoras condicionadas, reforçando

per si as respostas que produzem tais conseqüências.

Podemos utilizar a interação operante/respondente para compreender a função reforçadora condicionada de se observar ficando com mulheres. Ficar com m ulhe­ res era um estímulo neutro que foi em parelhado com os reforçadores apresenta­ dos pelos amigos. Esses reforçadores são estímulos condicionados que eliciam respostas emocionais que costum am os cotidianam ente cham ar de satisfação, alegria ou felicidade. Como o relato de ficar com m ulheres e, conseqüentem ente, a observação desse com portam ento precedem os reforçadores apresentados pelos amigos, deparam o-nos com um em parelham ento de estímulos, o qual resultará em u m condicionamento de ordem superior. Por fim, m eram ente a observação de ficar com m ulheres eliciará em Marcos respostas emocionais reforçadoras. um a vez que ele se com portará para sentir tais emoções outra vez.

N S

observação de ficar com mulheres

C S (1‘ ord em ) “ ► C R (1" ord em inferior)

atenção e admiração elicia respostas emocionais de

dos amigos satisfação, alegria, etc.

CS

(ordem superior)

CR

(ordem superior)

observação de ficar com mulheres

elicia respostas emocionais de satisfação, alegria, etc.

Moreira & M edeiros 161 Na interação com o operante:

s d

v & A íiv.

R

SR+ e CS

'

CR

--- ---

receptividade ^ £ $ 1 respostas de t ^ . observação de respostas emocionais de

de outras ' / ' w ^ infidelidade * ficar com mulheres sati

mulheres "

E provável que, nesse esquema, a situação de flerte e a receptividade de outras mulheres tam bém adquiram função eliciadora das respostas emocionais de satisfa­ ção. Em outras palavras, Marcos se comportará de forma a entrar em contato com situações de flerte. Alguns homens e mulheres fiéis se comportam dessa maneira, interagindo com outras pessoas para que as situações de flerte ocorram, mesmo que a resposta de infidelidade não se concretize. O com portamento dessas pessoas pode estar sendo reforçado pelos efeitos respondentes que as situações elidam .

Não é necessário dizer que Marcos não conta para sua nam orada as suas respostas de infidelidade, senão seria, certam ente, punido. Sendo assim, as res­ postas de infidelidade participam tam bém de contingências aversivas:

SD - àV? ., ^ R ' ________ SP^________

receptividade de * respostas de briga com Paula

outras mulheres * 'í*' " infidelidade

magoar Paula

* , • Jk f í/à termino por parte de PaulaS P

O utra vez, nos deparamos com contingências conflitantes: ao m esm o tempo em que as respostas de infidelidade produzem reforçadores, tam bém geram pu- nidores positivos e negativos. Mais um a vez, estam os diante da situação ideal para a ocorrência de repostas de contracontrole, como mentir, apagar cham adas e m ensagens do celular, ir para lugares discretos com as outras m ulheres, etc. Ao respostas de contracontrole são negativam ente reforçadas por evitar que as respostas de infidelidade produzam as conseqüências punitivas.

De forma similar ao ratinho que deita de costas no chão da caixa de Skinner, Marcos em ite um a série de repostas de contracontrole de form a a evitar que Paula descubra a sua infidelidade. Como essas respostas evitam a punição das respostas de infidelidade, é provável que Marcos continue em itindo as respostas de infidelidade, um a vez que as contingências de reforço que m antêm esse com ­ portam ento ainda estão em vigor.

Marcos, nas sessões de terapia, apresenta um com portam ento m uito interes­ sante. Ele começa a chorar quando confrontado, até que a terapeuta m ude de assunto. O choro parece, em sua topografia, com com portam ento respondente, que, nesse caso, seria eliciado pelos temas que estariam discutindo no m om ento

da terapia. Entretanto, nesse caso, seria mais apropriado tratar esse choro como u m com portam ento operante. Isto é, o choro de Marcos é controlado pelas suas conseqüências, e não apenas eliciado pelos estímulos antecedentes. De fato, os tem as discutidos na terapia eliciam respostas emocionais, m as as conseqüências reforçadoras negativas da m udança de assunto por parte do terapeuta também determ inam a ocorrência da resposta de chorar.

O choro de Marcos, portanto, é um a resposta multicontrolada, como as outras discutidas até aqui, tendo sua probabilidade de ocorrência determinada por aspectos operantes e respondentes. Sem dúvida, se a terapeuta continuar a m udar de assunto toda vez que Marcos chorar, esse comportamento de fuga irá se manter. Uma alterna­ tiva útil seria o uso do reforçamento diferencial, que consistiria em insistir no assunto mesmo com Marcos chorando (extinção), e mudar de assunto quando Marcos pedir diretam ente (reforço negativo). Essa postura da terapeuta tam bém fará com que a confrontação perca sua função eliciadora (caso haja) por um processo de extinção respondente. Ao ser obrigado a se deparar com o estímulo que elicia as respostas emocionais, como o choro, o estímulo perderá sua função eliciadora condicionada.

Diante desse panoram a relativam ente complexo, tentam os descrever as variá­ veis controladoras dos com portamentos mais relevantes apresentados por Marcos. É evidente que o caso traz outros com portam entos que tam bém poderiam ser abordados, como as suas respostas de racionalização, por exemplo. Mas os com­ portam entos escolhidos foram úteis para se dem onstrar a aplicabilidade dos prin­ cípios com portam entais. Para tanto, foi necessário utilizar vários conceitos estu­ dados, como reforço, punição, estímulos discriminativos, estímulos condiciona­ dos, respostas condicionadas, condicionamento de ordem superior, extinção ope­ rante e respondente, entre outros. Skinner já dizia "infelizm ente [para o psicólo­ go] o com portam ento é complexo". Ou seja, para explicar, predizer e controlar o com portamento, temos de lançar mão de todo conhecimento acumulado e sermos capazes de aplicá-lo às situações cotidianas, como foi o caso de Marcos.

No documento DE A N Á L I S E DO COMPORTAMENTO (páginas 150-152)