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A fuga é sem pre a primeira a ser aprendida

No documento DE A N Á L I S E DO COMPORTAMENTO (páginas 61-64)

De início, somos m odelados a em itir repostas que retirem estím ulos aversivos já presentes, como fugir de um predador, por exemplo. Não temos como explicar o com portam ento que ocorre sob o controle de algo que não está ocorrendo ainda. De fato, certos estímulos, por terem precedido a apresentação de estím ulos aver­ sivos no passado, tornam a resposta de esquiva m ais provável. Como o sol forte precedeu as queim aduras no passado, este se torna u m estím ulo que aum enta a probabilidade de emissão de um com portam ento que as previne (no caso, a em is­ são da resposta de passar protetor solar). Todavia, é im portante notar que o sol só adquiriu tal função com portam ental por ter precedido queim aduras no pas­ sado. Ou seja, tivemos que fugir das queim aduras no passado para aprender a função aversiva do sol, e só assim somos conduzidos a em itir um a resposta que

Aprendizagem p tías conseqüências: o conlroie aversivo

evite as queim aduras em sua presença. Para alguns autores, não existe o com ­ portam ento de esquiva, e, sim, com portamentos de fuga, um a vez que sempre estam os fugindo de estímulos que sinalizam a apresentação de outros estímulos aversivos (que é o caso do sol). Chamamos o sol forte de estímulo pré-aversivo ao sinalizar a probabilidade de apresentação de um outro estím ulo aversivo, as queim aduras.

Um experimento simples com um rato albino exemplifica bem a distinção entre com portam ento de fuga e com portam ento de esquiva: um rato está em um a caixa de condicionamento operante (dividida em dois com partimentos) onde a apresentação de u m choque elétrico pode ser feita eletrificando-se o piso da caixa. Um timer controla a apresentação do choque: a cada 30 segundos, o

timer ativa o choque elétrico, que só é retirado (desligado) se rato m udar de lado dentro da caixa. Rapidamente o rato aprende o com portam ento de fuga (Figura 4.1), ou seja, assim que o choque é ativado, o rato m uda de com partimento. Podemos programar para que a m udança de um compartimento para outro "zere" o contador do timer, ou seja, se o rato, antes do final de 30 segundos, m udar de lado dentro da caixa, o contador do timer é reiniciado, e um novo intervalo de 30 segundos até que o choque seja apresentado é ativado. Nesse caso (Figura 4.2), se o rato m udar de lado um pouco antes da apresentação do choque, o animal evita que tal situação seja apresentada (falamos, então, em um com portam ento de esquiva).

C o m p o rta m e n to de fu g a. Para fu gir do choque elétrico, o rato passa de um lado para outro da caixa. 0 rabo levantado indica que o piso da caixa está eletrificado.

C o m p o rta m e n to d e es q u iva (p ro c e d im e n to esquiva de S idm an). 0 rato aprendeu, depois de algum as fugas, que, se passar de um a lado para ou tro antes de 30 segundos, ele evita o choque, e é isso o que ele está fazendo.

Sendo assim, denom inam os comportamento de fuga aqueles em que um estí­ m ulo aversivo está presente no am biente no m om ento em que o com portam ento é em itido e em que a conseqüência produzida por ele é a retira d a do estím ulo aversivo do am biente. Chamamos comportamento de esquiva aqueles em que um estím ulo aversivo não está presente no am biente no m om ento em que o compor­ tam ento é em itido, e sua conseqüência é o a tra so o u o ca n c e la m e n to do con­ tato com o estím ulo aversivo.

Tanto o reforço positivo como o reforço negativo aum entam a probabilidade de o com portam ento voltar a ocorrer: a diferença está apenas no fato de a conse­ qüência ser a adição ou a retirada de um estím ulo do am biente:

• Reforço positivo: a u m e n ta a probabilidade de o com portam ento voltar a ocorrer pela a d içã o de um estím ulo reforçador ao am biente.

• Reforço negativo: a u m e n ta a probabilidade de o com portam ento voltar a ocorrer pela retira d a de um estím ulo aversivo (punitivo) do am biente (com portam entos de fuga e esquiva).

Punição

A punição destina-se a elim inar comportamentos inadequados, ameaçadores ou, por outro lado, indesejáveis de u m dado repertório, com base no princípio de que quem é punido apresenta m m o r

Aprendizagem pelas conseqüências: o controle aversivo

possibilidade de repetir seu comportamento. Infelizmente, o pro­ blema não é tão simples como parece. A recompensa (reforço) e a punição não diferem unicamente com relação aos efeitos que produzem. Uma criança castigada de modo severo por brincadei­ ras sexuais não ficará necessariamente desestimulada de conti­ nuar, da mesma form a que u m hom em preso por assalto violen­ to não terá necessariamente dim inuída sua tendência à violência. Comportamentos sujeitos a punições tendem a se repetir assim que as contingências punitivas forem removidas.

( Skinner, 1983, p. 50)

Algumas conseqüências do comportamento tom am sua ocorrência menos provável. São elas: punição positiva e punição negativa. Punição, em outras palavras, é u m tipo de conseqüên­ cia do com portam ento que torna sua ocorrência menos provável. A distinção entre punição p o sitiv a e punição n ega tiv a incide na m esm a distinção feita com relação ao reforço (positivo ou negativo): se um estímulo é acrescentado ou subtraído do ambiente. Tanto a punição positiva como a punição negativa d i­ m inuem a probabilidade de o comportamento ocorrer.

A punição foi o termo escolhido por Skinner para substituir os "m aus efeitos" da lei do efeito de Thorndike. O term o é definido funcionalm ente como a conseqüência que reduz a freqüência do comportamento que a produz. Por exemplo, se ingerirmos diferentes bebidas alcoólicas e tivermos ressaca no dia seguinte, esse comportamento será menos provável no futuro. Dizemos, portanto, que tal compor­ tamento foi punido pela ressaca do dia seguinte. Outra vez, o termo punição refere- se a um a relação de contingência entre um comportamento e um a conseqüência, só que, nesse caso, o efeito da contingência é a redução da freqüência ou da proba­ bilidade de ocorrência desse comportamento no futuro. A conseqüência será de­ nom inada de estímulo punidor ou punitivo, o qual, no exemplo, foi a "ressaca".

É fundam ental chamar a atenção para o fato de que a punição é definida fun­ cionalmente, ou seja, para dizermos que houve um a punição, é necessário que se observe um a diminuição na freqüência do comportamento. Por isso, não existe um estímulo que seja punidor por natureza, só podemos dizer que o estímulo é punidor caso ele reduza a freqüência do comportamento do qual é conseqüente. É possível pensar que para homens heterossexuais terem de ficar rolando no chão com outro homem suado só de calção de banho puniria qualquer comportamento. Entretanto, muitos homens pagam caro para ter acesso a esse estímulo, fazendo luta livre em uma academia. Nesse situação, o estímulo citado não pode ser con­ siderado punidor, já que não reduz a freqüência do comportamento que o produz.

No documento DE A N Á L I S E DO COMPORTAMENTO (páginas 61-64)