conhecim entos referentes ao condicionam ento pavioviano. M ostram os como n o vos reflexos são aprendidos, qual a relação entre emoções e condicionam ento pavioviano e que novos reflexos podem perder sua força por m eio de um procedi m ento cham ado extinção respondente. Provavelmente, na sua atuação profissio nal como psicólogo, você irá se deparar com vários pacientes que desejam con trolar suas emoções, como, por exemplo, tratar algumas fobias. Você já sabe como
fazer as pessoas perderem seus medos: extinção respondente. Não obstante, alguns es tímulos produzem respostas emocionais tão fortes, que não será possível expor a pessoa diretam ente a um estímulo condicionado que elicie m edo (sem a presença do estímulo incondicionado) para que ocorra o processo de extinção respondente (enfraquecimento do reflexo). Algumas pessoas têm medos tão intensos, que a exposição direta ao estímulo condicionado poderia agravar mais ainda a situação.
Im agine alguém que tenha um a fobia m uito intensa a aves. Já sabemos que, para que se perca o m edo de aves, o indivíduo deve ser exposto a esses animais (estím ulo condicionado) sem a presença do estím ulo incondicionado para a res posta de medo que foi em parelhado a aves em algum m om ento da sua vida. Não podemos, no entanto, sim plesm ente trancá-lo em um quarto cheio de aves e esperar pelo enfraquecim ento do reflexo. Isso ocorre porque, em primeiro lugar, dificilmente conseguiríamos convencer alguém a fazer isso. Em segundo lugar, o m edo pode ser tão intenso, que a pessoa desmaiaria; ou seja, não estaria mais em contato com o estímulo condicionado. Por último, o sofrim ento causado a esta pessoa fugiria com pletam ente às norm as éticas e ao bom senso. Felizmente, contam os com duas técnicas m uito eficazes para produzir a extinção de um reflexo que am enizam o sofrimento: co n tra c o n d icio n a m en to e d e sse n sib i liz a çã o sistem á tica .
O contracondicionam ento, como sugere o próprio nom e, consiste em condi cionar um a resposta contrária àquela produzida pelo estím ulo condicionado. Por exemplo, se um determ inado CS elicia um a resposta de ansiedade, o contra condicionam ento consistiria em em parelhar esse CS a u m outro estímulo que elicie relaxam ento (um a música ou um a m assagem, por exemplo). A Figura 2.10 ilustra dois exemplos nos quais h á contracondicionamento. As duas situações estão divididas em três momentos: (1) os reflexos originais; (2) o contracondicio nam ento e (3) o resultado do contracondicionam ento. No exemplo em que há o cigarro, temos, em um primeiro m om ento, dois reflexos: tom ar xarope de Ipeca e vomitar; fum ar e sentir prazer. Se um a pessoa tom ar o xarope algumas vezes im ediatam ente após fumar, depois de alguns em parelham entos, fum ar pode passar a eliciar vômito no indivíduo, o que, provavelmente, dim inuiria as chances do indivíduo continuar fumando.
Uma outra técnica m uito eficiente e m uito utilizada para se suavizar o pro cesso de extinção de um reflexo é a dessensibilização sistem ática (Figura 2.11). Esta é um a técnica utilizada com base na generalização respondente. Ela con siste em dividir o procedim ento de extinção em pequenos passos. Na Figura 2.7, vemos que, quanto mais diferente é o cão daquele que atacou a pessoa, m enor é o m edo que ele produz, ou seja, m enor é a m agnitude da resposta de medo. Suponha que alguém que tenha u m medo m uito intenso de cães consiga um em prego m uito bem -rem unerado para trabalhar em u m canil e resolva procurar
j
Xarope de ipeca + Vôm ito
i
Cigarro Vômito
Rato Ansiedade
Rato Relaxamento
' 0 X arope de Ipeca (que co n té m e m etina ) é usado para e lic iar v ô m ito em pessoas q ue in ge rira m substâ ncias venenosas.
C o n trac o n d ic io n a m en to . Esta técnica consiste sim plesm ente do em parelh am ento de estím ulos que elidam respostas contrárias (p. ex., ansiedade versus relaxam ento; prazer versus desconforto).
u m psicólogo para ajudá-lo a superar seu pavor de cães. O profissional não poderia sim plesm ente expô-lo aos cães que lhe provocam pavor para que o medo dim inua (ele não precisaria de u m psicólogo para isso, nem estaria disposta a fazê-lo). Será possível, nesse caso, utilizar com sucesso a dessensibilização sistemática. Em função da generalização respondente, a pessoa em questão não tem m edo apenas do cão que a atacou (supondo que a origem do medo esteja em um ataq u e) ou de cães da m esm a raça. Ela provavelm ente tem medo de cães de outras raças, de diferentes tam anhos e formas. Alguns medos são tão intensos, que ver fotos ou apenas pensar em cães produzem certo medo.
Para utilizar a dessensibilização sistemática, seria necessário construir um escala crescente da intensidade do estím ulo (hierarquia de ansiedade), ou seja, descobrir, para aquela pessoa, quais são os estímulos relacionados a cães que eliciam nela m aior ou m enor medo. Um exemplo seria pensar em cães, ver fotos de cães, tocar em cães de pelúcia, observar, de longe, cães bem diferentes daquele que a atacou, observar, de perto, esses cães, tocá-los, e assim por diante, até que a pessoa pudesse entrar no canil em que irá trabalhar sem sentir medo.
4 2 O reflexo aprendido: Condicionam ento Pavloviano
Figura 2.11
D essen sibilização sistem átic a. A dessensibilização sistemática é um a técnica: expõe-se o in divíd uo gradativam ente a estím ulos que eliciam respostas de m enor m agnitude até o estím ulo condicionado original.
É m uito comum, na prática psicológica, utilizar em conjunto contracondi- cionam ento e dessensibilização sistem ática. No exem plo anterior, ju n to à exposição gradual aos cães e aos estím ulos sem elhantes, o psicólogo poderia utilizar um a m úsica suave, por exemplo.