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Modelagem: aquisição de comportamento

No documento DE A N Á L I S E DO COMPORTAMENTO (páginas 54-57)

Abordamos até então como as conseqüências afetam os com portam entos que as produzem , além do conceito de Reforço, u m tipo especial de conseqüência que m antém ou aum enta a probabilidade de um com portam ento ocorrer. Vimos, por­ tanto, como comportamentos já existentes são selecionados (m antidos ou extin­

tos) por suas conseqüências. A partir de então, analisaremos como um novo com­ portam ento passa a fazer parte do repertório com portam ental de um organismo. Conforme visto em outros capítulos, já nascemos com algum a preparação biológica para interagirm os com o am biente. Mas não nascem os, por exemplo, sabendo falar. Você sabe tam bém que não aprendem os a falar de um dia para o outro, ou que não dorm im os um dia sem saber engatinhar e acordam os no outro correndo pela casa. Novos com portam entos não surgem do nada. Os co m p o rta ­ m e n to s n ov o s q u e a p ren d em o s su rgem a p artir d e co m p o rta m e n to s q ue já e x is te m em n o s s o rep ertó rio co m p o rta m en ta l. Tomemos como exemplo um a descrição (e x tr e m a m e n te sim p lifica d a) de como com eçamos a aprender a falar.

A m aioria dos bebês hum anos já nasce em itindo diversos sons (fonemas) diferentes ("gu", "da", "b", "e", etc.). Um bebê, ao nascer, é capaz em itir todos os fonem as encontrados em todas línguas do m undo, passando considerável período de tem po em itindo-os aleatoriam ente. Suponha que em um desses m o­ m entos a m ãe do bebê esteja presente, ao lado do berço, repetindo para seu filho: "m am ãe, m am ãe...", e o bebê, olhando para sua m ãe, "diz": "gu", "da", "b", "ê " ...

Os m inutos vão se passando, e em um dado m om ento o bebê em ite um som parecido com "m ã". Q uando isso ocorre, a mãe, felicíssima, acaricia seu filho na barriga e sorri para ele. O que acabou de acontecer? Isso m esm o, você acertou: o Reforço. O bebê em itiu um com portam ento: dizer "m ã". A conseqüência desse com portam ento foi receber atenção e carinho da mãe, os quais geralm ente são

estím ulos reforçadores poderosíssimos para o ser hum ano. Essa conseqüência

reforçadora aum entará a probabilidade de que o bebê volte a dizer "m ã" quando sua m ãe estiver próxima dele, e ela continuará a lhe dar carinho e atenção quando ele o fizer. Logo, o bebê dirá "m ã" sempre que sua m ãe estiver presente. Mas ele ainda não fala "m am ãe". Continuem os o exemplo.

Depois de algum tempo, provavelmente a m ãe irá parar de dar tanta atenção e carinho quando o bebê disser apenas "m ã". Vimos que, quando um com porta­ m ento é colocado em extinção, ele aum enta sua variabilidade. Isso ocorrerá com o com portam ento do bebê: ele dirá: "m ãb"; "m áb"; "m ãg", etc. Certam ente o bebê, em algum m om ento, dirá: "m ãm ã" ou algo m uito parecido com isso, e lá estará sua m ãe para reforçar esse com portam ento, tornando a probabilidade de o bebê voltar a em iti-lo mais alta, e o processo continua até o bebê dizer "m a­ m ãe". Denominamos o procedim ento que a mãe, intuitivam ente, utilizou para ensinar seu filho a dizer "m am ãe" de M odelagem. A Modelagem éum procedimento de reforçamento diferencial de aproximações sucessivas de um comportamento. O resultado final é um novo comportamento.

Mot BHaÀMt odfct eoí 6 1 O reforço diferencial consiste em reforçar algum as respostas que obedecem a

algum critério e em não reforçar outras respostas similares. Na Figura 3.6, o reforço diferencial foi usado em cada u m dos seis m om entos m ostrados. Na Fotografia 1, por exemplo, som ente m ovim entos em direção à barra eram reforçados, e n ­ quanto movim entos para longe da barra não eram reforçados. Antes de pressionar a barra (Fotografia 6 da Figura 3.6), vários outros com portam entos que aproxi­ m avam cada vez mais do com portam ento-alvo (pressionar a barra) e foram apreendidos (ir até debaixo da barra, olhar para ela, cheirá-la, colocar a cabeça acima da barra e tocá-la). Cham am os tais etapas de aproximações sucessivas do com portam ento-alvo.

Portanto, basicam ente usam os na m odelagem o reforço diferencial (reforçar algumas respostas e extinguir outras similares ) e aproximações sucessivas (exigir gradualm ente com portam entos m ais próximos do com portam ento-alvo) a fim de ensinar um novo com portam ento, sendo um a característica fundam ental da modelagem a im ed ia ticid a d e d o reforço, ou seja, quanto mais próximo tempo- ralm ente da resposta o reforço estiver, m ais eficaz ele será. No exemplo (do bebê), im agine se a m ãe reforçasse o com portam ento de dizer "m ã" de seu bebê apenas alguns m inutos após ele ter em itido esse som. Provavelm ente a palavra "m am ãe" dem oraria bem mais para ser aprendida.

M o d e la g e m : refo rç o d ife re n c ia l d e a p ro xim a ç õ e s sucessivas d o c o m p o rta m e n to -a lv o . Novos com porta­ m entos surgem de com portam entos anteriores. As fotografias abaixo m ostram com o a resposta de pressionar uma barra foi gradativam ente ensinada.

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Principais conceitos apresentados neste capítulo

Aprendizagem pelas conseqüências: o reforço

C om po rtam en to o p eran te (R -*C ) R eforço Extinção operante

M o d ela g e m

Comportamento que modifica (que opera sobre) o ambiente e é afetado por suas modificações.

É um tipo de conseqüência do comportamento que aumenta a probabilidade de um determinado comportamento voltar a ocorrer. É a suspensão de uma conseqüência reforçadora anteriormente produzida por um comportamento. Tem como efeito o retomo da freqüência do comportamento ao seu nível operante.

é uma técnica usada para se ensinar um Pais e parentes reforçam o balbuciar dos bebês, comportamento novo por meio de reforço exigindo cada vez mais seqüências de sons mais diferencial de aproximações sucessivas do parecidos com os sons das palavras da língua que comportamento-alvo. falam.

Quando falamos, modificamos o comportamento de outras pessoas.

Quando fazemos um pedido ou damos ordens, por exemplo, e somos atendidos, as chances de pedirmos ou ordenarmos algo novamente aumenta.

Se nossos pedidos e nossas ordens não forem atendidos, provavelmente sua emissão cessará.

Bibliografia consultada e sugestões de leitura

C a tan ia. A. C. (1999). Aprendizagem: comportamento, linguagem e cognição. P orto A legre: A rtm ed . C ap ítu lo 5: As co n seq u ên cias do resp o n d er: o reforço.

M illenson, J. R. (1967). Princípios de análise do comportamento. Brasília: Coordenada. C apítulo 4: F o rta le cim e n to o p eran te. C ap ítu lo 5: E x tin ção e re c o n d icio n am en to do o p eran te.

Aprendizagem

pelas conseqüências

No documento DE A N Á L I S E DO COMPORTAMENTO (páginas 54-57)