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A Tabela 7 apresenta as mesmas consultas, porém com as orientações alteradas, conforme originalmente propostas pelos alunos As alterações

7 O PROJETO DE PESQUISA

7.4 A ABORDAGEM METODOLÓGICA DA PESQUISA

Como enfoque geral, a pesquisa para entender o Hospital Educacional tem uma abordagem qualitativa e seu tipo de investigação é baseado em estudo de caso. André (2006, p. 31) explica que para ser reconhecido como um estudo de caso é preciso que se trabalhe com “[...] um sistema bem delimitado, isto é, uma unidade com limites bem definidos, tal como uma pessoa, um programa, uma instituição [...]”. De qualquer maneira, ela diz que “[...] o estudo de caso enfatiza o conhecimento do particular”. Apesar disso, a autora afirma que isto não impede de se estar atento ao seu contexto, às suas inter-relações e à sua dinâmica.

A abordagem metodológica escolhida é a Fenomenológica-Hermenêutica. Isto porque, neste trabalho, não se pretende explicar o que é o Hospital Educacional como ferramenta ou produto em si nem tampouco analisar suas funcionalidades e características mecânicas, tais como a sua velocidade ou a sua performance. Mas, principalmente, como ele é percebido pelos alunos no seu contexto e como é utilizado por eles na aprendizagem do conteúdo das disciplinas:

[...] um fenômeno não pode mais ser explicado por si mesmo, mas sim como um fenômeno essencialmente social, determinado pelo contexto em que se insere. Assim, a compreensão da contextualização do fenômeno é fundamental para seu conhecimento (MARTUCCI, 2000, p. 100).

Como o Hospital Educacional é aplicado em uma sala de aula presencial com os alunos efetivamente matriculados nas disciplinas suportadas por este ambiente e o professor das disciplinas é também usuário e executor do trabalho, podemos caracterizar este trabalho como Observação Participante Completa (OPC) ‘original’

conforme explicado por Macedo (2004, p. 157).

O mais importante é que não somente o professor, mas os alunos estão diretamente envolvidos com o objeto da pesquisa, sendo todos eles atores principais e interessados no processo de trabalho e nos resultados. Macedo, inclusive, defende esta situação:

Neste sentido, o envolvimento deliberado do investigador na situação da pesquisa não é só desejável, mas essencial, por ser esta forma a mais congruente com os pressupostos da OP. Entretanto, esta posição não pode ser unilateral, a população pesquisada tem que se envolver na pesquisa, de forma que pesquisadores e pesquisados formem um corpus interessado na busca do conhecimento (2004, p. 154).

Assim, nesta abordagem, o pesquisador, no caso o professor, é participante ativo nas atividades a serem pesquisadas, sem que a pesquisa seja invalidada, conforme Lüdke e André (1986, p. 15) explicam: “O pesquisador deve exercer o papel subjetivo de participante e o papel subjetivo de observador, colocando-se numa posição ímpar para compreender e explicar o comportamento humano”.

Em contra-partida, o enfoque fenomenológico não autoriza a concluir a pesquisa sob a óptica única do pesquisador. Futuramente, caso seja de interesse, o Hospital Educacional permanecerá aberto para novas interpretações de outros pesquisadores, uma vez que, conforme afirma Merleau-Ponty, “O mundo não é aquilo que eu penso, mas aquilo que vivo, sou aberto ao mundo, me comunico indubitavelmente com ele, mas não o possuo, ele é inesgotável” (apud MASINI, 1999, p. 66).

E, é com base nesta visão da inesgotabilidade do mundo estendida para o potencial do AVA/AMA, que é o recurso mediador deste trabalho, que foram definidos o objetivo deste trabalho.

7.5 OS OBJETIVOS

A prática pedagógica neste trabalho tem como objetivo específico promover o relacionamento aluno-aluno para a construção e difusão do conhecimento de maneira virtual e colaborativa sob mediação do professor.

objetivos:

 Demonstrar que o Hospital Educacional é um AMA, a partir das

funcionalidades/recursos que oferece ao professor e aos alunos;

 Constatar que o Hospital Educacional estimula a aprendizagem e a

participação dos alunos nas disciplinas;

 Certificar que o Hospital Educacional é um instrumento que permite a

construção e difusão do conhecimento num ambiente de aprendizagem colaborativa; e

 Demonstrar que os recursos disponíveis no Hospital Educacional são válidos

para um AVA.

7.6 AS JUSTIFICATIVAS

Neste processo de consulta-orientação proporcionado pelo Hospital Educacional, os alunos não apenas buscam conhecimentos para si, através da formulação de consultas, mas também contribuem ao propor orientações para as consultas de seus colegas, em um processo de construção e difusão colaborativa do conhecimento em que todos os participantes ganham. Ganham demandando informações e, também, propondo orientações aos seus pares.

E, mais ainda, não apenas o conhecimento explícito, contido nas diversas fontes de informação, é empregado nas orientações às consultas, mas também o conhecimento implícito ou tácito, conhecido apenas individualmente, é devidamente registrado, colocado à disposição para acesso de todos os alunos atuais e, importante, futuros (POLANYI, 1976).

Pode-se afirmar que, no Hospital Educacional, o conhecimento tácito é então compartilhado e articulado através do diálogo, representado pelas consultas, e através da reflexão entre pares, representado pelas orientações, tornando o conhecimento explícito, mediante o registro e a sistematização daquele tácito, de modo que fique disponível para recuperação futura.

conhecimento concebido pelos alunos em um determinado momento e construi-lo para ser a base de aprendizagem dos alunos para as turmas seguintes, para aqueles que ainda estão por vir. Maximiza-se, assim, a possibilidade de que o conhecimento trabalhado em uma sala de aula num determinado período escolar seja novamente (re)construído pelos alunos das turmas vindouras. Freqüentemente, os alunos das novas turmas desconhecem o que foi trabalhado nas turmas anteriores e, por outro lado, os professores muitas vezes não têm instrumentos eficientes para resgatar o passado por falta de instrumentos adequados.

Além de construir o conhecimento e permitir a sua difusão para os alunos das próximas turmas, o ambiente possibilita a estes alunos uma outra perspectiva: complementar, alterar ou mesmo corrigir o conhecimento recuperado. Sendo esta a sua segunda justificativa.

Esta segunda justificativa é muito importante neste trabalho. Isto porque nenhum conhecimento produzido e armazenado no Hospital Educacional pretende ser perene. Freire já alerta sobre isso dizendo que

Ao ser produzido, o conhecimento novo supera outro que antes foi novo e se fez velho e se “dispõe” a ser ultrapassado por outro amanhã. Daí que seja tão fundamental conhecer o conhecimento existente quanto saber que estamos abertos e aptos à produção do conhecimento ainda não existente (2000, p. 31).

Estas perspectivas nos remetem a um conceito fundamental deste trabalho: a produção hipertextual colaborativa, definida por Johnson-Eilola como “escrita colaborativa”. Johnson-Eilola frisa que esse conhecimento

não existe como uma verdade preconcebida esperando impacientemente para ser descoberta, mas antes como uma verdade potencial [...] Até que a criemos, nos liguemos a ela, a escrevamos ou a recubramos – “ela” não existe; a Verdade é nossa verdade. Nós criamos esse conhecimento contextualmente e o partilhamos eletronicamente não pelo convencimento de alguém de que estamos certos, mas seguindo sua exploração por nossas conexões e explorando sua ordem para negociar nossos espaços partilhados e disparatados (apud MARCUSCHI, 2001, p. 84, grifo do autor). Estas duas perspectivas podem ser claramente observadas em outros trabalhos colaborativos na Web como, por exemplo, na Wikipédia108 que é “uma enciclopédia

108

escrita em colaboração pelos seus leitores”, baseada na ferramenta Wiki109.

Mesmo não sendo mensurada quantitativamente, percebe-se a motivação dos alunos na formulação de consultas (quantidade) e na proposição de orientações (qualidade) aos seus pares no Hospital Educacional. A motivação é percebida não apenas nisso, mas também em sugestões de novos conteúdos e melhorias funcionais ao ambiente.