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2 A BASE TECNOLÓGICA

2.1 INOVAÇÃO TECNOLÓGICA

Inicialmente, para auxiliar na desmistificação e no entendimento do que seja efetivamente Inovação Tecnológica19, é importante mencionar alguns equívocos conceituais freqüentes. Equívocos que Plonski (2005) cita

 Reducionismo - considerar inovação apenas a de base tecnológica;  Encantamento - considerar inovação tecnológica apenas a espetacular; e  Descaracterização - relaxar o requisito de mudança tecnológica dessa

inovação.

Ele afirma que “Inovação Tecnológica é uma espécie do gênero inovação. [...] E não, como muitos supõem, uma ocorrência de caráter predominantemente técnico e

19

Entende-se desenvolvimento tecnológico como atividade de pesquisa para produzir inovações específicas ou modificação de produtos e processos existentes e inovação como a introdução no mercado de produtos, processos, métodos ou sistemas não existentes anteriormente ou com alguma característica nova e diferente da até então em vigor (EDITAL FAPESB/SECTI 008/2007, p. 1).

necessariamente decorrente de avanços singulares das ciências experimentais” (p. 27).

A Inovação Tecnológica é uma das estratégias que países, estados e organizações invocam para promoção do seu desenvolvimento econômico e social. Políticas de estímulo ganharam projeção na Europa a partir dos anos 90. A importância deste tema é sentida no Brasil a partir de 2001, em decorrência da mobilização associada à Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação, realizada em setembro daquele ano e, principalmente, devido a Lei nº 10.973/04, apelidada como a “Lei da Inovação” (PLONSKI, 2005).

A importância do tema Inovação Tecnológica para os países europeus é observada no documento intitulado Manual de Oslo, patrocinado pela OECD20 e Eurostat21, publicado pela primeira vez em 1992. Neste documento, é descrito um conjunto de diretrizes para a coleta e interpretação de dados sobre inovação tecnológica (FINEP, 2004).

Uma dessas diretrizes informa que “... há um substancial conjunto de evidências de que a inovação é o fator dominante no crescimento econômico nacional e nos padrões do comércio internacional” (DIRETRIZ 60, FINEP, 2004, p. 31).

A versão em português, da segunda edição do Manual de Oslo22, explica a importância deste manual:

A capacidade de determinar a escala das atividades inovadoras, as características das empresas inovadoras e os fatores internos e sistêmicos que podem influenciar a inovação é um pré-requisito para o desenvolvimento e análise de políticas que visem incentivar a inovação tecnológica. O Manual de Oslo é a principal fonte internacional de diretrizes para coleta e uso de dados sobre atividades inovadoras da indústria. (FINEP, 2004, p. 5).

20 Organisation for Economic Co-operation and Development (http://www.oecd.org/). 21

Gabinete de Estatísticas da União Européia (Eurostat) é a organização da Comissão Européia que produz dados estatísticos e promove a harmonização dos métodos estatísticos entre os estados membros da União Européia.

22 A edição, em português, do Manual de Oslo está disponível em

<http://www.oei.es/salactsi/oslo2.pdf>. A 3ª edição foi ampliada e apresenta fortes alterações em relação à 2ª edição sem, contudo, invalidar esta. Devido às diferenças entre elas, optou-se pelo uso das duas edições como referência neste documento. A diferença entre as edições é explicada no prefácio da 3ª edição: “Como existe uma noção crescente de que muita inovação no setor de serviços não é apreendida de maneira adequada pelo conceito TPP [Inovação Tecnológica de Produto e de Processo], decidiu-se adicionar a questão das inovações não-tecnológicas nesta revisão. [...] expandido para incluir dois novos tipos: inovação de marketing e inovação organizacional”.

Não obstante o enfoque econômico dado pelo Manual de Oslo sobre Inovação Tecnológica, obviamente que outros aspectos (educação, saúde, segurança, trabalho) podem beneficiar-se delas para entregar melhores condições de vida às populações em que elas são aplicadas.

Para caracterizarmos este trabalho como uma Inovação Tecnológica, a definição, contida na Lei da Inovação, e algumas diretrizes do Manual de Oslo são invocadas:

 A Lei de Inovação, em seu Capítulo I, artigo 2º, inciso IV, considera “inovação:

introdução de novidade ou aperfeiçoamento no ambiente produtivo ou social que resulte em novos produtos, processos ou serviços” (Lei nº 10.973/04).

 O Manual de Oslo, segunda edição, na Diretriz 33 (p. 23) diz que a inovação

pode necessariamente não resultar em um produto nem em um serviço, conforme descrito abaixo

Durante um dado período, as atividades de inovação de uma empresa podem ser de três tipos:

 bem-sucedidas, em sua intenção de implantar um produto ou processo novo ou tecnologicamente aprimorado;

 abortadas antes da implantação de um produto ou processo novo ou tecnologicamente aprimorado, seja porque a idéia e o know-how são vendidos ou de outra forma trocados com outra empresa, seja porque o mercado mudou;

 correntes — atividades que estão em andamento, mas ainda não chegaram à fase de implantação.

 A Diretriz 42 (p. 25), da terceira edição do Manual de Oslo, diz que uma

Inovação Tecnológica pode não ser necessariamente bem-sucedida comercialmente.

Em resumo, não é porque um produto ou serviço seja simples ou que ainda esteja em desenvolvimento ou que não seja comercial que não possa ser considerado como uma Inovação Tecnológica, embora persista um debate de que só é considerado aquilo que é ‘lançado no mercado’.

Assim, este trabalho pode ser considerado como uma Inovação Tecnológica23, pois: 1. Aplica um conjunto de recursos tecnológicos pré-existentes, os quais foram

combinados para a criação de uma solução de software inédita;

23

A solução encontra-se em desenvolvimento contínuo e não é comercial. Estas características não a invalidam como uma Inovação Tecnológica conforme dito no texto.

2. Utiliza uma solução de software que processa e responde a consultas formuladas em linguagem natural (português). Não existe nenhuma solução similar em nosso idioma. Inclusive, ela possui registro de patente deferido pelo INPI24 com nº de processo 07108-6 de 03 de julho de 2007 (INPI, 2007, p. 133);

3. Utiliza uma solução de software que tem uma capacidade inerente de “aprendizagem”, ou seja, caso ela não conheça a resposta a uma determinada consulta, ela “aprende” e armazena seu novo “aprendizado” em uma Base de Conhecimentos para recuperação e uso futuro; e

4. Não é conhecido nenhum processo pedagógico similar, onde este tipo de solução esteja sendo executado em alguma instituição de ensino de nível superior. A solução de software foi aplicada no ensino presencial de graduação do curso de Administração da UFBA nas disciplinas de Administração de Sistemas de Informação (ADM219) e Sistemas de Informação Gerencial (ADM220) e está sendo aplicada no curso de Biblioteconomia da UFES nas disciplinas Automação de Unidades de Informação (BIB03901) e Tópicos Especiais – Tecnologia da Informação (BIB03913).

Após essas considerações iniciais, as próximas seções deste capítulo apresentam os recursos que formam a base tecnológica que permitiram a execução deste trabalho. Entre estes recursos, foram utilizadas ferramentas para a recuperação da informação combinadas com técnicas de Inteligência Artificial.