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A Avaliação no âmbito da educação para a

4.1. CONCEITO DE CIDADANIA

4.2.6 A Avaliação no âmbito da educação para a

A implementação de estratégias curriculares para o desenvolvimento de conhecimentos, valores, atitudes e competências de acção no âmbito de cidadania nos alunos requerem a utilização de mecanismos que permitam supervisionar a forma como o processo curricular está a decorrer e também as aprendizagens dos alunos.

Com efeito, a avaliação do desenvolvimento da área da educação para a cidadania como processo educativo ocupa um papel fundamental, englobando o exame do que está a acontecer a todos os níveis, desde a sala aula até ao nível mais longíquo da acção política (O’Shea, 2003). De acordo Kerr (2002) e com o estudo Eurydice (2005) a avaliação pode ser realizada a dois níveis: ao nível dos alunos, com a finalidade de se avaliar o desempenho e a progressão dos mesmos, e ao nível das ofertas educativas com o objectivo de se avaliar a eficácia das medidas e iniciativas que têm sido tomadas no âmbito desta área.

No estudo Eurydice apesar de se reconhecer a importância destes dois níveis de avaliação, este ponto centrar-se-á apenas na avaliação dos alunos por se considerar ser este o nível de avaliação mais pertinente à problemática em análise neste estudo.

Tal como refere Kerr (2002), apesar de não se verificar um acordo generalizado relativamente à importância de se avaliar, ou não, os alunos no âmbito da educação para a cidadania por haver quem considere que os mesmos ainda são muito jovens para serem avaliados como cidadãos, na perspectiva do autor, o que está em causa não é a avaliação dos educandos enquanto cidadãos per se, mas sim a avaliação da qualidade das suas aprendizagens no âmbito desta área curricular. Com efeito, tal como nas restantes áreas curriculares, também na área da educação para a cidadania se torna fundamental a avaliação dos alunos na medida em que através do processo avaliativo o professor terá a possibilidade de recolher informações, em tempo útil, relativamente ao progresso e desenvolvimento dos mesmos acerca dos conhecimentos, dos valores, das atitudes e das competências de cidadania, facilitando a tomada de decisões no que diz respeito à selecção de estratégias de intervenção mais ajustadas aos aprendentes e ao contexto de acção, contribuindo, deste modo, para melhoria do sucesso educativo dos alunos.

Considerando que a avaliação dos educandos não se deve centrar apenas na dimensão dos conhecimentos, esta questão torna-se difícil e complexa (Eurydice, 2005).

Como tal, o desenvolvimento de processos de avaliação que contemplem também os valores, as atitudes e a capacidade dos alunos para mobilizarem os seus conhecimentos para a resolução de problemas e para a tomada de decisões e que, ao mesmo tempo, sejam rigorosos e coerentes com as abordagens e experiências de aprendizagem promovidas pelos professores, constitui-se, sem dúvida, como um dos maiores desafios que se coloca à educação para a cidadania (Kerr, 2002). Para além dos conteúdos abordados no contexto das diferentes áreas curriculares, o autor sugere alguns dos aspectos que poderão ser alvo de avaliação no âmbito desta área específica, nomeadamente a capacidade para argumentar, para tomar uma posição, para resolver problemas, para tomar decisões, para (inter)agir com os outros, para levantar questões, para respeitar o outro, o ambiente e a si próprio e, acrescentamos também, a capacidade para cooperar e trabalhar com os outros, para resolver de forma pacífica os conflitos, para tomar a iniciativa e se empenhar em projectos comuns e para cumprir as tarefas e as regras para o funcionamento democrático da sala de aula.

Conforme faz notar Kerr (2002), para que a avaliação tenha significado para os alunos, e uma vez que um dos princípios inerentes à educação para a cidadania é a aprendizagem da participação activa, a avaliação dos mesmos deverá forçosamente reflectir este princípio, sendo por isso fundamental a participação dos educandos no seu próprio processo de avaliação. Deste modo, será importante que o professor envolva os alunos na discussão acerca dos objectivos e dos resultados de aprendizagem desejáveis, decidindo de forma colaborativa o que vão avaliar, que dados vão recolher, com que regularidade, como vão registá-los e como vão comunicá-los. Por outro lado, o professor também deverá permitir que os seus alunos participem como parceiros no processo, nomeadamente através das modalidades de auto e hetero-avaliação. Deste modo, ao cooperarem na avaliação a sua motivação aumenta na medida em que os alunos têm a oportunidade para se aperceber que o professor está verdadeiramente interessado e empenhado no seu sucesso educativo (Beltrão e Nascimento, 2000), contribuindo igualmente para a melhoria da sua auto-confiança e auto-estima (Kerr, 2002).

SÍNTESE

Para concluir este capítulo pode dizer-se que o conceito de cidadania é um conceito que tem vindo a expandir-se e a enriquecer-se não apenas ao nível da sua substância mas também na própria forma de a exercer exigindo aos cidadãos novos saberes e novas competências. Constata-se igualmente que é um conceito que remete para diferentes perspectivas as quais podem coexistir num mesmo contexto espácio-temporal. Paralelamente, o próprio conceito de educação para a cidadania também tem sofrido mudanças significativas exigindo aos professores a adopção de estratégias curriculares intencionais, significativas e diversificadas, tornando-se necessário repensar a qualidade da formação de professores, aspecto que ao qual daremos, no capítulo seguinte, uma atenção particular.

CAPÍTULO CINCO

FORMAÇÃO DE PROFESSORES E SUPERVISÃO DA FORMAÇÃO

INTRODUÇÃO

Neste capítulo procedemos ao enquadramento do estudo no âmbito da formação de professores, dando-se particular relevo às orientações conceptuais que têm orientado os programas de formação inicial de professores. Incidindo este estudo nas actividades de formação e de supervisão desenvolvidas no âmbito da disciplina de Prática Pedagógica, analisamos o conceito de supervisão assim como as diferentes práticas e estratégias de supervisão da formação accionadas pelas diferentes orientações conceptuais dos programas de formação. Com base nestas diferentes orientações, identificamos, a partir da literatura revista, um conjunto de princípios que consideramos fundamentais na formação de professores de modo a formar profissionais capazes de dar resposta, com competência e qualidade, aos desafios que hoje se colocam à escola, com particular relevo no que se refere aos novos saberes que configuram o saber ser pessoa e cidadão. Finalmente, analisamos a questão da educação para a cidadania no âmbito da formação de professores.