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O nome ergonomia deriva de duas palavras gregas: ergos (trabalho) e nomos (leis, normas e regras), ciência que pesquisa, estuda, desenvolve e aplica regras e normas para organizar o trabalho, tornando-o compatível com as características físicas e psíquicas do ser humano (MONTMOLLIN, 1990).

Para que isso seja possível, outras ciências são usadas pela ergonomia, com o objetivo de oferecer subsídios a profissionais para o desenvolvimento de projeto ergonômicos de qualidade.

A ergonomia nasceu em 1939, com a segunda guerra mundial. Neste período, centenas de aviões, tanques, submarinos e armas foram rapidamente desenvolvidas, bem como sistemas de comunicação mais avançados. Ocorreu que muitos desses equipamentos não

estavam adaptados às características perceptivas daqueles que os operavam, provocando erros, acidentes e mortes (MONTMOLLIN, 1990). Cada soldado ou piloto morto representava sérios problemas para as forças armadas, sendo assim estudos e pesquisas forma iniciados por engenheiros, médicos e cientistas, afim de que projetos fossem desenvolvidos para modificar comandos (alavancas, botões, pedais, etc...) e painéis, além do campo visual das máquinas de guerra. Iniciava-se assim, a adaptação de tais equipamentos aos soldados que tinham que utilizá-los em condições críticas, ou seja, em combate (PLACIDO; PASCHOARELLI, 2010).

Após a guerra, diversos profissionais envolvidos em tais projetos reuniram-se na Inglaterra, para trocar experiências sobre o assunto. Na mesma época, a Marinha e a Força Aérea dos Estados Unidos montaram laboratórios de pesquisa de ergonomia (humanfactor ou fatores humanos) com os mesmos objetivos. Posteriormente, com o programa de corrida espacial e a guerra fria entre a antiga URSS e os Estados Unidos, a ergonomia ganha impressionante avanço. Desta forma, inicia-se a primeira fase da ergonomia. O objetivo dos cientistas nessa fase concentrava-se mais no redimensionamento dos postos de trabalho, possibilitando um melhor alcance motor e visual aos trabalhadores.

Numa segunda fase, mais abrangente, a ergonomia passa a ampliar sua área de atuação, confundindo-se com outras ciências. O ergonomista passa a projetar postos de trabalho de forma mais global. Nas décadas seguintes à guerra e até os dias atuais, a ergonomia continuou a desenvolver-se e a diversificar-se. A era espacial criou novos problemas de ergonomia tais como a ausência de gravidade e forças gravitacionais extremas. Até que ponto poderia este ambiente ser tolerado e que efeitos teria sobre a mente e o corpo? A era da informação chegou ao campo da interação homem-computador enquanto o crescimento da demanda e a competição entre bens de consumo e produtos eletrônicos resultaram em mais empresas levando em conta fatores ergonômicos no projeto de produtos.

A gênese da ergonomia talvez remonte às primeiras criações humanas, suas ferramentas e utensílios, na busca pela sobrevivência e pela resolução dos problemas. Considerando o conjunto de estudos apresentados, pode-se apresentar que a ergonomia na agricultura tem sido impulsionada pela preocupação em relação à utilização e concepção de máquinas agrícolas, especialmente tratores (WISNER, 1987). Mais recentemente essa linha de pesquisa vem cedendo lugar aquela relacionada a aspectos ocupacionais, tanto na área de segurança como nos estudos mais diretamente ligados à ocorrência do conjunto de doenças conhecidos como Dort. Esta linha de pesquisa vai ao encontro de uma tendência atual que é

de procurar compreender e prevenir a incidência dessas doenças em diversas situações de trabalho

De acordo com Abrahão (2013), a ergonomia diz respeito a um conjunto de conhecimentos e idéias que vinculam o homem e as atividades laborais, que são necessários à fabricação de instrumentos, máquinas e dispositivos que possam ser empregados com a elevada eficiência, conforto e segurança. Esses conhecimentos devem também ser aproveitados pelos responsáveis pela organização do trabalho, de forma a definir jornadas, cadências, pausas, hierarquias e outros elementos que contribuam para o bem estar dos trabalhadores e para a operosidade do trabalho. Em resumo, a ergonomia procura ajustar o trabalho ao homem, diferentemente de certas linhas de pesquisa que procuram descobrir o trabalhador perfeito para uma certa tarefa, através da seleção, diminuindo assim os riscos durante a realização da atividade laborais.

E no trabalho rural não é diferente, muito pelo contrario, este é um oficio em que frequentemente se conjuga todos os tipos de tarefas e os mais variados riscos laborais por isso é considerado de alta complexidade contrapondo-se ao modelo taylorista no qual o operador tem tarefa única, sendo essa decidida pela disposição do trabalho, a atividade é múltipla, comportando diversas atividades. Estas podem ser de natureza bastante desiguais entre si, tornando-se concorrentes do ponto de vista temporal. O operador é impelido a preparar seu tempo e ordenar suas diversas tarefas em função dos fatos novos que se produzem continuamente. Nesta atividade pode-se identificar: trabalho primário propriamente dito sobre a terra e seus produtos; trabalho secundário de fabricação e reparo de ferramentas; trabalho terciário de gestão e contabilidade. No trabalho agrícola, as tarefas não são muito estruturadas, na maioria das vezes demandam esforço físico respeitável, posturas penosas, sob condições ambientais desfavoráveis, exposição a produtos químicos, sazonalidade, operação de grande variedade de equipamentos em curto espaço de tempo. A abundância de riscos presentes nos ambientes de trabalho agrícola se dá de forma compatível com a comprovação do importante grau de disparidade de tarefas e de postos de trabalho nestas atividades, e é neste momento que surge a importância da utilização da ergonomia (ABRAHÃO, 2013).

A contribuição da ergonomia se dá justamente pelo seu caráter multidisciplinar, combinando conceitos das ciências sociais com melhorias tecnológicas, levando a resultados como a ampliação da capacidade produtiva individual, diminuição de acidentes de trabalho e progresso das condições de saúde da população trabalhadora. A principal ocupação do ergonomista na agricultura caracteriza-se pelo domínio da análise das atividades e de sua

distribuição, ao contrário daqueles em que a pessoa é empregada em uma tarefa determinada, precisamente preparada e normalmente monótona (ABRAHÃO, 2013).

Segundo Ulbricht (2003), a ergonomia, se utiliza da Análise Ergonômica do Trabalho, como forma de estudar os local de trabalho e o sujeito durante execução de suas atividades laborais.

A Análise Ergonômica do Trabalho (AET) é o método aconselhado para o diagnóstico dos problemas e estratégias empregadas pelos agricultores na tentativa de cumprir as metas de produção e, ao mesmo tempo, conservar sua saúde. Os métodos clássicos de avaliação dos riscos ambientais, decididos em normas do Ministério do Trabalho, precisam ser empregados para o arrolamento das variáveis ambientais que decidem as condições de trabalho (ULBRICHT, 2003).

Sendo, porém, a ergonomia é uma importante aliada no projeto de sistemas de trabalho agrícola, onde os trabalhadores têm suas individualidades físicas, psíquicas e cognitivas atendidas, fazendo parte de um complexo de trabalho otimizado e produtivo

Segundo Santos e Fialho (1995) (apud ULBRICHT, 2003), a Análise Ergonômica do Trabalho (AET) comporta três fases:

- Fase 1: consiste numa análise de referências bibliográficas sobre o homem em atividade de trabalho, de forma a permitir situar o problema,formulado pela demanda, dentro de um contexto teórico.

- Fase 2: consiste na análise ergonômica do trabalho, propriamente dita, sendo constituída por três fases:

- Análise da Demanda: que é a definição do problema a ser analisado.

- Análise da Tarefa: está relacionada com a prescrição da tarefa, sendo o que o trabalhador deve realizar e as condições ambientais, técnicas e organizacionais desta realização. É a análise das condições de trabalho.

- Análise das Atividades: é o que o trabalhador, efetivamente, realiza para executar a tarefa. Aqui o ergonomista estuda todos os comportamentos do homem no trabalho (modos operativos, estratégias, raciocínios, posturas,...), e explora seus resultados para descrever da melhor forma possível as diversas atividades orientadas para a ação.

- Fase 3: consiste na síntese ergonômica do trabalho, sendo dividida em duas fases: o estabelecimento do diagnóstico da situação de trabalho e a elaboração do caderno de encargos de recomendações ergonômicas.

1.5 DISTÚRBIOS OSTEOMUSCULARES RELACIONADOS AO TRABALHO (DORT)