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3.2 ANÁLISE QUANTITATIVA E DESCRITIVA – SÓCIOECONÔMICA, DE

3.2.10 Quanto à auto avaliação da condição de saúde

Tabela 14: Distribuição por estado de saúde dos produtores de leite nas propriedades na zona rural do município de Santo Ângelo, RS, 2013. (n=60)

Saúde Nº respondentes Excelente Muito boa 4 Boa 20 Ruim 28 Muito ruim 8 Total 60

Fonte: Pesquisa de campo, 2013

Enquanto que comparada sua saúde de agora com a um ano atrás, a tabela 15 demonstra que a saúde piorou para 25 (41,6%) produtores de leite, enquanto que para 20 (33,3%) a saúde permaneceu a mesma, para 8 (13%) ficou muito pior e apenas para 7 (11,6%) produtores ela esta um pouco melhor. Já a resposta muito melhor, não teve nenhum produtor que referisse.

Tabela 15: Distribuição por estado de saúde em comparação com o ano anterior dos produtores de leite nas propriedades na zona rural do município de Santo Ângelo, RS, 2013. (n=60)

Idade Nº respondentes Muito melhor - Um pouco melhor 7 Quase a mesma 20 Um pouco pior 25 Muito pior 8 Total 60

Quando perguntado a respeito sobre atividades de vida diária e trabalho, que eles poderiam fazer durante um dia comum relacionando com a saúde, foi respondido de acordo com a tabela 16, que 28 (46,6%) dos produtores rurais apresentaram muita dificuldade para atividades rigorosas, que exigem muito esforço, tais como correr, levantar objetos pesados, participar em esportes árduos, 24 (40%) destes relataram um pouco de dificuldade para estas atividades e apenas 8 (13%) disseram não terem dificuldade para a realização das mesmas.

Em relação as atividades moderadas, tais como mover uma mesa, passar aspirador de pó, jogar bola, varrer a casa, ficou evidenciado, conforme tabela abaixo também, que 16 (26,6%) produtores de leite ainda tem muita dificuldade na execução destas, 21 (35%) relatam um pouco de dificuldade e 13 (21,6%) responderam que não tem nenhuma dificuldade para estas atividades.

Tabela 16: Distribuição por atividades diárias de trabalho dos produtores de leite nas propriedades na zona rural do município de Santo Ângelo, RS, 2013. (n=60)

Atividades Sim, dificulta muito Sim, dificulta um pouco Não, não dificulta de modo algum Total - Nº respondentes

Atividades rigorosas, que exigem muito esforço, tais como correr, levantar objetos pesados, participar em esportes árduos.

28 24 8 60

Atividades moderadas, tais como mover uma mesa, passar aspirador de pó, jogar bola, varrer a casa.

16 21 13 60

Fonte: Pesquisa de campo, 2013

Em outro questionamento, sobre de que maneira sua saúde física ou problemas emocionais interferiram nas suas atividades sociais normais, em relação à família, amigos ou em grupo durante as últimas quatro semanas, a tabela a seguir demonstra que 20 (33%) produtores de leite tiveram a vida de relação prejudicada de forma moderada, 16 (26,6%) bastante modificada, 9 (15%) produtores de leite refeririam ligeiramente modificada, 8 (13%) de forma alguma modificada e 7 (11,7%) extremamente modificada.

Esses dados demonstram o quanto a situação de saúde emocional e/ou física aflige essa população, pois apenas 13% dos entrevistados relataram não serem afetados por esses problemas, o restante, 87% sofrem de alguma forma com esses problemas, prejudicando seu convívio familiar e social.

Tabela 17: Distribuição por estado emocional dos produtores de leite nas propriedades na zona rural do município de Santo Ângelo, RS, 2013. (n=60)

Saúde/Problemas emocionais Nº respondentes

De forma nenhuma 8 Ligeiramente 9 Moderadamente 20 Bastante 16 Extremamente 7 Total 60

Fonte: Pesquisa de campo, 2013

Quanto a dor no corpo você teve as últimas quatro semanas, os produtores de leite, responderam dor moderada para 25 (41,6%) deles, dor leve para 16 (26,6%), dor grave para 11 (18,3%), dor muito leve para 8 (13%) deles e dor muito grave para 4 (6,6%) produtores de leite. Esses dados surgem preocupantes em função de que todos os produtores apresentam dores, e conforme perguntado de forma contínua, o que gera grande preocupação com o futuro, pois a maioria deles tem dificuldade de encontrar auxiliares e pouca perspectiva de mudança de atividade, agravado pela baixa escolaridade. (Tabela 18)

Tabela 18: Distribuição por presença de dor nos produtores de leite nas propriedades na zona rural do município de Santo Ângelo, RS, 2013. (n=60)

Intensidade de Dor Nº respondentes Nenhuma Muito leve 8 Leve 16 Moderada 25 Grave 11 Muito grave 4 Total 60

Fonte: Pesquisa de campo, 2013

Relacionando a dor no trabalho normal (incluindo dentro de casa), os produtores de leite demonstraram através das respostas o quanto esta interferiu na execução dos mesmos. A tabela 19 demonstra que para 20 (33%) sujeitos a dor interferiu de forma moderada, já para 18 (30%) ela interferiu de forma maior (bastante), para 12 (20%) um pouco ocorreu essa interferência, para 6 (10%) intensamente e apenas para 4 (6,6%) produtores não houve nenhuma interferência da dor na execução de trabalhos de vida diária. Outros dados significativos demonstrando possível diminuição de quantidade e qualidade de trabalho, que

consequentemente constituíra diminuição de renda também. Fica a pergunta: Como trabalhar de forma eficiente com dor?

Tabela 19: Distribuição por presença de dor nos produtores de leite durante as atividades nas propriedades na zona rural do município de Santo Ângelo, RS, 2013. (n=60)

Dor durante as atividades Nº respondentes

De maneira alguma 4 Um pouco 12 Moderadamente 20 Bastante 18 Extremamente 6 Total 60

Fonte: Pesquisa de campo, 2013

Outras questões levantadas através das entrevistas, sobre a vida dos produtores de leite dizem respeito ao tempo que eles estavam se sentido cheio de vigor, de vontade, de força, que 19 (31,6%) produtores de leite, sentiam-se alguma parte do tempo, 15 (25%) em uma pequena parte do tempo, outros 13 (21,6%) nunca, 6 (10%) deles uma boa parte do tempo, 5 (8,3%) todo tempo e apenas 2 (3,3) citaram como resposta a maior parte do tempo. (Tabela 20)

Em outro momento foi perguntado, a quanto tempo ele (produtor de leite) estava se sentido tão deprimido que nada pode animá-lo, 19 (31,6) relataram uma boa parte do tempo, 15 (25%) disseram alguma parte do tempo, 8 (13%) uma pequena parte do tempo, outros 8 (13%) marcaram a maior parte do tempo, enquanto que 5 (8,3%) marcaram nunca e outros 5 (8,3%) todo tempo. (Tabela 20)

Em relação a questão, a quanto tempo o produtor de leite está se sentido desanimado ou abatido, 19 (31,6%) responderam que uma boa parte do tempo, 15 (25%) responderam alguma parte do tempo, 8 (13%) a maior parte do tempo, 7 (11,6%) nunca, 6 (10%) produtor de leites responderam uma pequena parte do tempo e 5 (8,3%) indicaram que o tempo todo.

Tabela 20: Distribuição por comportamento em relação a suas atividades diárias (vigor, força, esgotamento, depressão, desânimo) dos produtores de leite nas propriedades na zona rural do município de Santo Ângelo, RS, 2013. (n=60)

Sentimento Todo tempo A maior parte do tempo Uma boa parte do tempo Alguma parte do tempo Uma pequena parte do tempo Nunca Total - Nº respondentes

Quanto tempo você tem se sentido cheio de vigor, de vontade, de força

5 2 6 19 15 13 60

Quanto tempo você tem se sentido tão deprimido que nada pode animá-lo

5 8 19 15 8 5 60

Quanto tempo você tem se sentido desanimado ou abatido

5 8 19 15 6 7 60

Quanto tempo você tem se sentido esgotado

5 8 19 17 6 5 60

Fonte: Pesquisa de campo, 2013

Foi perguntado também, durante as últimas quatro semanas, quanto de seu tempo a sua saúde física ou problemas emocionais interferiram com as suas atividades sociais (como visitar amigos, parentes, etc). Através da tabela 21 pode-se observar que 21 (35%) dos produtores de leite relataram alguma parte do tempo, 19 citaram (31,6%) a maior parte do tempo, 8 (30%) todo tempo, 7 (11,6%) uma pequena parte do tempo e apenas 5 (8,3%) responderam nenhuma parte do tempo.

Tabela 21: Distribuição por interferência de problemas físicos e emocionais nas atividades dos produtores de leite nas propriedades na zona rural do município de Santo Ângelo, RS, 2013. (n=60)

Saúde física/problemas emocionais Nº respondentes

Todo tempo 8

A maior parte do tempo 19

Alguma parte do tempo 21

Uma pequena parte do tempo 7

Nenhuma parte do tempo 5

Total 60

Fonte: Pesquisa de campo

As tabelas 18, 19 e 20, demonstram que síndromes dolorosas afetam o dia-a-dia, assim como, a vida de relação destes sujeitos, trazendo prejuízos na sua qualidade de vida. E nesta linha de raciocino identificou-se um expressivo número de produtores rurais fazendo uso de remédio antidepressivo sem orientação médica especializada, o que pode ocorrer graves prejuízos para saúde física e mental deste.

Após a análise dos dados coletados nos questionários, alguns resultados ganham realce e merecem destaque. Verificou-se uma alta carga de trabalho semanal (mais de 70 horas semanais), sem folgas semanais e na maioria das vezes sem férias. Esse fato pode ser um dos fatores mais importantes para o aumento da probabilidade de doenças relacionadas ao trabalho, pois o corpo necessita de pausas para restabelecer seu estado fisiológico normal.

A jornada deve ser compatível com o ritmo de trabalho, quando esta ultrapassa a capacidade do corpo ele perde a capacidade de se recompor. Quando há sobrecarga de trabalho, ocorre aumento na tensão muscular que com seu agravamento causa uma isquemia muscular (dor) que levará a um edema com retenção de resíduos, extravasamento de leucócitos e macrófagos causando um miosite e, posteriormente, uma reação fibrosa importante que causará restrição de movimentos, aderências intermusculares, dor e até mesmo de forma crônica incapacidade muscular. Por estes motivos, as pausas são importantes, a fim de evitar a sobrecarga músculo esquelética e proporcionar cicatrização tecidual (MENDES, 1995).

Verificou-se que 100% dos produtores de leite apresentavam algum tipo de dor, quando perguntados sobre a dor músculo esquelética, o que leva à constatação da penosidade desta atividade. Quando investigadas as características da dor e quais segmentos do corpo eram acometidos, a análise dos dados indicou que os segmentos mais afetados foram a região lombar de forma bilateral, perfazendo um total de 90% de sujeitos com queixas, seguido por dor nos membros superiores 75% de queixas e membros inferiores, quadril e joelhos com um percentual de 35% de queixas.

Verifica-se assim, que a dor apresentou características multifocais, onde 15% dos produtores de leite apresentavam dor em todos os segmentos dos membros superiores afetados, 22% dos produtores de leites apresentavam dor em toda a região das costas (região cervical, torácica e lombar). Além disso, fazendo-se o cruzamento da dor com os três segmentos corporais: membros superiores, costas e membros inferiores; verificou-se que 33% dos produtores, ou seja, um em cada três apresentou algum tipo de dor nos três segmentos. Com relação ao reflexo desta dor nas condições de trabalho, determinou-se que os produtores de leite mesmo sentindo dores continuavam realizando suas atividades ou passaram a ordenhar menos animais, por não conseguirem auxiliares para ajudá-los nas atividades de ordenha. A falta de mão de obra no meio rural é um problema nos dias atuais, as pessoas estão abandonando o interior para se estabelecerem muitas vezes nas periferias das grandes cidades.

Outro fator importante que merece realce diz respeito à saúde mental dos agricultores, pois número significativo destes apresentam características sugestivas a problemas depressivos. Entretanto, deve-se considerar os limites deste trabalho para fins de diagnóstico mais preciso, uma vez são dados preliminares e, consideravelmente, genéricos, e esta temática necessariamente requer investigações mais pontuais e precisas.