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A família militar na EsAO – tempos e lembranças

No documento EsAO Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais (páginas 100-105)

Dra. Werusca Marques Virote de Sousa Pinto

Psicóloga Fernanda Lievore Polsin Monteiro dos Santos

Introdução

O presente capítulo surgiu com o convite para apre-sentar alguns dados referentes à família militar no contexto da EsAO (Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais do Exército Brasileiro). Um livro sobre os diferentes aspectos da EsAO não poderia deixar de abordar os assuntos: esposas e filhos de militar. Eles, apesar de não pertencerem de forma efetiva à Escola, fazem parte do ambiente que a envolve, da Vila Militar de Deodoro e do lar de cada militar.

Essa é uma forma de materializar a presença viva das famílias dos militares nesse momento es-pecial da carreira do oficial. E, desse convite, sur-giram algumas possibilidades de encontro e diálo-go que se materializaram na produção desse texto. O primeiro desafio foi escrevê-lo a quatro mãos e entremeado por várias vozes que falam de lugares sociais distintos. E, assim, compor um capítulo com o objetivo de apresentar e discutir o lugar da família militar na EsAO.

Dessa forma, surgiram perguntas que nortearam a composição de um texto que pudesse discorrer sobre aspectos do cotidiano dessas famílias, mas buscando também uma análise teórica dessas ques-tões. Por que fomos nós escolhidas para escrever este capítulo? Somos duas pesquisadoras na área de Psicologia Social, estudamos a família militar, uma estuda as esposas de militares e a influência da cultura militar na construção das subjetividades das esposas de oficiais e outra estuda os impactos das mudanças na vida das crianças, filhos de oficiais. Além desses lugares sociais, falamos de dentro da família militar, uma como alguém que abraçou junto com o marido esse caminho e a outra que nasceu na cultura militar.

Dessa forma, o presente capítulo será dividido em quatro partes que refletem esses encontros que tivemos com os membros das famílias dos milita-res da EsAO. São perspectivas distintas, em tempos diferentes e com modo de abordagem e metodolo-gias também diferentes, porém costuradas pelo fio

da cultura militar e das teorias que utilizamos para compreender essas relações.

A primeira parte busca uma síntese do que cha-mamos de primeiro encontro: uma breve apresen-tação da pesquisa junto às mulheres esposas de oficiais moradoras da Vila Militar, em Deodoro, nos anos de 2014 a 2016, presentes na Tese de Doutora-do da pesquisaDoutora-dora Werusca Pinto.

Na segunda parte, serão apresentadas algumas teorias que buscam dar luz às relações identitária que o convívio das famílias promove no ano da EsAO.

Na terceira parte, serão apresentadas as vivên-cias e percepções da pesquisadora Fernanda Polsin sobre a perspectiva das crianças e adolescentes fi-lhos de militares que moram na Vila Militar acompa-nhando a carreira dos pais.

Por fim, traremos uma síntese, tentando respon-der à questão: qual o lugar da família militar na EsAO?

Primeiro encontro: depoimentos de esposas de oficiais

Desde o início da pesquisa de Werusca Pinto para sua tese, foi importante afirmar pertencimen-tos e delimitar fronteiras, mesmo que múltiplas. Para trabalhar com militares, é preciso entender as dinâmicas de ordenação da realidade dentro da cultura do Exército Brasileiro. Compreender que estudar a construção da subjetividade das esposas dos militares é estar dentro da instituição, ouvindo uma voz até então desconhecida. Assim, para fazer as operações de demarcação precedentes à pes-quisa, foram necessários pedidos de autorização formais e ritos informais que abrissem caminho em direção à construção do campo de estudo. Dentro da instituição militar, antes que sejam apresenta-das credenciais que reconhecem o pesquisador como alguém que “é amigo da instituição”, ele é considerado um estranho (LEIRNER, 2009).

O militar oficial, após o seu período de formação básica, faz o seu Juramento à Bandeira,1 assumindo um compromisso com a Nação. “A instituição militar é uma formação social que impõe a seus integrantes deveres, obrigações e preceitos de ética militar, os quais geram um compromisso para esses sujeitos que nela ocupam uma posição social” (HORA, 2015, p. 103). Mas a mulher não teve um período de for-mação e também não fez um juramento à Bandeira.

E assim, será que o processo de internalização dos símbolos e dos elementos organizacionais do Exército ocorre somente com os seus agentes? A esposa e os filhos vivenciam e compartilham da vi-vência institucional, pois grande parte mora em casas (vilas militares) em que todos os vizinhos são colegas de trabalho do marido e do pai. Os eventos sociais en-volvem a família e a rotina gira em torno das exigên-cias profissionais. O grupo de famílias sobre o qual o presente estudo se interessa compartilha significa-dos, produz memórias sociais e referem-se aos seus vizinhos como sendo membros de uma só família.

Pesquisas anteriores afirmam que é esperado que o comportamento da mulher do militar seja se-melhante ao dele, uma exigência não explicitada, mas reconhecida pelos membros do grupo e fortalecida pelas práticas cotidianas e discursos circulantes.

Este estudo, ao contrário, dá voz à mulher, es-posa do militar, que silenciosamente, sem estar in-serida na estrutura institucional, acompanha seu cônjuge e o auxilia em suas atividades profissionais. Em seus discursos elas se incorporam à Instituição:

1Segue o trecho do Juramento à Bandeira proferido

pelos militares: “Incorporando-me ao Exército Brasilei

-ro – p-rometo cumprir rigo-rosamente – as ordens das autoridades – a que estiver subordinado – respeitar os superiores hierárquicos – tratar com afeição os irmãos de arma – e com bondade os subordinados – e dedicar-me inteiradedicar-mente ao serviço da pátria – cuja honra – in-tegridade – e instituições – defenderei com sacrifício

“Saiu nossa transferência”; “No nosso comando”; “No nosso ano de EsAO”. Esses enunciados se referem à transferência, ao comando, ao curso de aperfeiçoamento do marido. Elas tomam para si esse lugar e, em um processo dinâmico de apropriações do social, influenciadas pela cultura, dão contornos subjetivos, que se materializam no proces-so discursivo.

No meio do ano, os alunos da EsAO possuem um recesso e muitas famílias viajam para as cidades de suas famílias de origem, enquanto outras permanecem para que o marido estude; no retorno, eles fazem novas provas. Outras aproveitam a oportunidade para conhecerem o litoral e a própria cidade do Rio de Janeiro. Algumas esposas de alunos da EsAO são de outras regiões do País e fazem questão de conhecer um mundo que não existia antes do casamento com um militar. “Eu sou do Rio Grande do Sul, bem do interior, e nunca pensei em morar no Mato Grosso, no Nordeste e aqui no Rio de Janeiro. Olha quanta coisa eu já conheci. Se eu não tivesse casado com ele, estaria lá na minha cidade e esses lugares só pela televisão”, relata uma das esposas de militares. Outras entrevistadas, ao contrário, confessam que não viam a hora de chegar o recesso para visitar a família. Seu desejo era não voltar para o Rio de Janeiro, mas permanecer na cidade de origem. Cada percepção passa por uma história localizada, por uma singularidade que, somada, forma o universo plural denominado “Esposa de Militares”.

No final do ano, meados de outubro e início de novembro, a EsAO procede a escolha das unidades, que ocorre da seguinte forma: os alunos são classificados por notas e recebem uma lista com as unida-des (cidaunida-des) que podem escolher. O primeiro, mais bem colocado, escolhe a sua unidade e, assim, sucessivamente. Nesse período, as mulheres conhecem o seu próximo local de moradia, e uma nova eta-pa de reorganização familiar, pessoal, profissional e subjetiva. Nos demais batalhões, as transferências dos militares também começam a ser publicadas nesse período. Os oficiais que servem nos batalhões ficam, em média, dois anos, e os alunos da EsAO ficam somente o tempo do curso: 10 meses. A Vila começa a ser pensada como espaço a ser esvaziado.

No dia da escolha de unidades da EsAO, a Vila ficou povoada de barulhos, gritos de alegrias e muito choro, um misto de emoções. Des-pedidas, alegrias e choros se confundem, uns conseguem ir para onde querem, enquanto outros vão para localidades onde não imaginaram. Com o passar dos dias, instaura-se um clima de ansiedade pelo novo e nostalgia pelo que está sendo deixado.

E eu sou muito fechada, tenho dificuldade de contar

com as pessoas como uma família. Essa coisa de fa

-mília militar. Inclusive eu fui viver mais

intensamen-te isso aqui na EsAO. Aqui foi muito difícil porque,

não que eu não queira, mas eu tenho dificuldade de mostrar essa abertura para as pessoas. Depois

que eu fui percebendo que as meninas eram muito

juntas, e que estavam o tempo todo juntas, isso me

dava um pouco de pânico, eu não gosto muito dis

-so” (Trecho de uma das entrevistas da tese).

A maioria das entrevistadas relata que a convivência dentro da Vila Militar possibilitou que elas experimentassem o sentido expresso pelo termo “família militar”. Nesse espaço de sociabilidade e trocas, as esposas dos oficiais alunos da EsAO estabelecem relações próximas, muitas relatam receber apoio, outras conflitos e poucas relatam isola-mento. Sugere ser um tempo marcado por encontro entre as famílias.

EsAO •100 anos aperfeiçoando oficiais para o Brasil e as Nações Amigas

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Com a afirmação da identidade, o indivíduo de-limita o seu espaço, dizendo o que lhe pertence e o que não lhe pertence, o que fica e o que sai, divide o mundo social, classificando as relações entre a iden-tidade e a diferença (SILVA, 2000).

Ao estabelecer-se uma discussão sobre a iden-tidade, abre-se a possibilidade de uma atribuição de características próprias, exclusivas, que servem para diferenciar as pessoas, qualificando-as, passan-do pela perspectiva da alteridade e da historicidade. Essa marcação assimétrica das diferenças e a afir-mação da identidade estabelecem uma relação de poder e demarcam fronteiras (CASTELLS, 2001).

Nessa relação de poder, o sujeito atribui a si uma série de características que possuem signifi-cados individuais; ao mesmo tempo, vai classifican-do-as em determinados grupos, em um processo de inclusão e exclusão, em dialética entre pertencer e não pertencer.

Na medida em que o sujeito se caracteriza e se identifica com os elementos internos da cultura, ele se afasta dos atributos que julga não pertencer a sua identidade. Com isso, distingue-se e “garante” um lu-gar de compartilhamento de saberes e práticas que lhe confere uma possibilidade de engajamento em determinada comunidade.

Identidade cultural é um conceito muito explo-rado dentro da teoria social e, por vezes, utilizado para explicar comportamentos e formas de viver de grupos, pois o termo exprime um sentimento de per-tencimento a determinada forma de vida.

Stuart Hall (1932-2014) foi um teórico pioneiro nos estudos culturais, com discussões sobre for-mação das identidades e da subjetividade. O autor elencou diversas transformações por que o mundo moderno passou, culminando com o declínio das formas estáveis de identidade e possibilitando o surgimento de outras novas.

Hall (2014) vislumbra o termo identidade cultu-ral a partir de sua vivência pessoal como jamaicano, trazendo a perspectiva de cultura como algo parti-lhado e que exerce papel unificador, que congrega os sujeitos sob uma mesma identificação com qua-dros de referência e sentidos estáveis, contínuos, imutáveis por sob as divisões cambiantes e as vicis-situdes da nossa história real.

Na contemporaneidade, há uma série de questio-namentos sobre a estabilidade, fixação ou desesta-bilização das identidades. Hall (2014) discorre sobre o que ele chama de “crise de identidade”; o mundo não é mais estável, previsível, as referências já não são mais as mesmas e a sociedade está abalada, e é possível perceber os descentramentos dos sujeitos frente a esses fenômenos. Hall (2008) afirma que a identidade plenamente unificada, completa, segura e coerente é uma fantasia. Existe uma diversidade de identidades possíveis.

Todo oficial combatente, formado pela AMAN, passa pela EsAO. Quando os capitães fazem o curso, normalmente seus filhos são pequenos. Percebe-se uma média de idade entre 4 e 5 anos. Quando são ins-trutores, as crianças já estão um pouco maiores, com idades entre 9 e 10 anos e alguns já são adolescentes. Alguns filhos de militar que moraram na Vila Mi-litar, em Deodoro, colaboraram para a elaboração deste texto, tanto adultos, que viveram essa fase há algum tempo, como crianças, que recém saíram de lá. E uma coisa é perene: a Vila Militar de Deodoro é uma lembrança que se leva para sempre.

Para Halbwachs, o indivíduo que lembra é sem-pre um indivíduo inserido e habitado por grupos de referência; a memória é sempre construída em gru-po, mas é também, sempre, um trabalho do sujeito. A realidade vivida pelas crianças é diferente da realidade vivida por seus pais, visto que elas não possuem as mesmas preocupações que os adultos. Elas tendem a se preocupar com brincar, se divertir e fazer amigos. E essas vivências são proporciona-das pelo ambiente da EsAO.

A segurança que a Vila Militar oferece, pela presença de soldados e as demarcações físicas das guaritas em cada entrada e saída, permite que os pais fiquem menos preocupados com seus filhos brincando na rua e interagindo com outras crianças. Se comparada com a realidade de outros bairros do entorno isso é uma situação atípica.

A avenida Duque de Caxias, com suas faixas largas, são um incentivo para que as crianças queiram correr, patinar e pedalar por toda a sua extensão. Torna-se um espaço de integração para as famílias e as crianças.

Como os prédios são perto uns dos outros, o acesso à casa dos amigos é muito fácil, essa proxi-midade possibilita que ocorram muitas brincadeiras e festas nos apartamentos. Tenho relatos de que in-terfone tocando e gritos na janela são frequentes.

Um questionamento permeou a construção des-te des-texto: como será para os pais presenciar seus filhos começando uma amizade com filhos de seus companheiros de turma? E que, por existir a possi-bilidade de reencontro em outras vilas pelo Brasil, uma amizade que passa de uma geração para outra.

A necessidade de pertencimento a um grupo de referência aparece fortemente na adolescência. Esse grupo, a família militar, mora em uma vila onde todos vivem a mesma situação de mudanças de cidade e isso pode auxiliar no entendimento e enfrentamento da

situação. Dessa forma, pertencer a esse grupo ganha um novo significado. Além de ser de suma importância para o desenvolvimento psicossocial de cada um.

O crescimento do corpo e do

cé-rebro, as capacidades sensoriais, as habilidades motoras e a saúde

fazem parte do desenvolvimento

físico. Aprendizagem, atenção,

memória, linguagem, pensamen

-to, raciocínio e criatividade com -põem o desenvolvimento

cog-nitivo. Emoções, personalidade

e relações sociais são aspectos do desenvolvimento psicossocial

(PAPALIA, 2013, p. 37).

Uma criança relatou sua história na Vila Militar de Deodoro. Ele disse que tinha um grupo de amigos e que, infelizmente, um deles havia se mudado de lá em um determinado momento. Posteriormente, ele mesmo se mudou e, atualmente, mora em outra cidade. Apesar de seu relato conter tristeza, ele fala-va com a naturalidade de quem já viveu muito essa situação, com apenas 10 anos.

Ao mesmo tempo que esse amiguinho foi embo-ra, outros chegaram e novas amizades começaram. Essa é a rotina dos filhos de militares.

Durante as conversas com esses filhos de mili-tares que moraram em Deodoro, muitos relatavam que não lembravam de quase nada, principalmente por terem morado muito pequenos lá. Alguns não conseguiam contar nenhuma história.

Alguns adolescentes e adultos têm amizades que nasceram no período vivido na Vila Militar de Deo-doro, mesmo sem saber direito como tudo começou. Alguns foram buscar lembranças com os pais e nos álbuns de família e se surpreenderam ao encontrar pessoas que eles nem sabiam que haviam conhecido naquela época.

Para Maurice Halbwachs (1877–1945) e Frede-ric Charles Bartlet (1886– 1969), a memória não é apenas uma reprodução das experiências que foram vividas, mas também uma construção que se faz a partir delas em função da realidade do presente e com o apoio de recursos da sociedade e da cultura. Com isso, é possível dizer que a memória social tem um caráter construtivo.

Houve quem relatasse que alunos do Colégio Militar corriam, atrasados, pela avenida Duque de

Caxias com cintos e boinas nas mãos para não per-derem o ônibus. Teve ainda quem dissesse que se machucou ao colher fruta de uma das árvores. En-quanto os pais estão estudando, os filhos estão brin-cando e se socializando. Cada qual com seu papel social dentro da Vila.

Além do envolvimento com as crianças da Vila, os filhos de militares ainda podem entrar em contato com o próprio Exército e seus diferentes quartéis. Existem as atividades feitas na Brigada Paraquedis-ta, os desfiles na avenida Duque de Caxias, as forma-turas militares e o TFM (treinamento físico militar) das tropas e seus “gritos de guerra” de manhã bem cedo. A Vila da EsAO proporciona a seus moradores uma vivência completa das atividades do EB.

Durante um tempo, a EsAO foi cursada em me-nos tempo e, com isso, a família não acompanhava o militar. Assim, alguns filhos não tiveram a opor-tunidade de estar junto aos pais nessa missão. Na fala desses adultos (filhos de militares), é possível perceber um certo pesar por não terem vivido essa fase. Talvez, por não conseguirem ajudar na pesqui-sa, talvez por terem perdido a oportunidade de viver esse momento da história da vida de quase todo fi-lho de militar.

Como o nome da escola já diz, ela está na vida do militar para um aperfeiçoamento. O que exige do militar uma dedicação aos estudos. Assim, espera-se das famílias um suporte para esse militar.

Sou testemunha, por ser filha de militar, das vi-vências relatadas nessa parte do capítulo. Rememo-rar o tempo vivido em Deodoro trouxe-me muito sau-dosismo e foi um período de extrema satisfação. São poucas as lembranças, mas é possível garantir que foi um período muito feliz. Meu irmão nasceu; amizades foram feitas e se mantém até hoje; aconteceram mui-tas festinhas de aniversário; o calor não incomodava e existem fotos e vídeos pelo apartamento e escadas do prédio para relembrar o que foi vivido.

Perceber que o sentimento ao falar do período da EsAO é muito comum de ser encontrado em tantos outros filhos de militar é muito gratificante. A vida do filho de militar nem sempre é tranquila. Estão sempre mudando, deixando amigos, sendo os forasteiros da escola, precisando se adaptar e readaptar em cada cidade, mas uma certeza se deve ter e os pais devem passar a seus filhos: muitos amigos da Vila Militar de Deodoro se reencontrarão ao longo da vida.

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Retomando a pergunta inicial que nos mobilizou a escrever esse texto, qual seria então, o lugar da família militar na EsAO?

A família tem um papel coadjuvante, pois, efeti-vamente, quem faz o curso da EsAO é o militar. En-tretanto, como vimos, a rotina do militar influencia a vida de sua família e o apoio da família também é fundamental para o bom desempenho do militar na EsAO. Trata-se de um período em que o oficial pre-cisa se dedicar intensamente às instruções; nesse tempo, ele viaja muitas vezes para os Exercícios de Campanha, conhecidos pelas famílias como os ETs. E, nesses momentos, as famílias permanecem na Vila e buscam apoio umas nas outras, pois compartilham das mesmas dificuldades; ainda assim, as esposas relatam que quando juntas experimentam uma rede de apoio que facilita o dia a dia, a rotina fica mais leve e passam a viver um tempo mais agradável.

É provável que, no tempo em que a família não acompanhava o militar no período a EsAO, ou no ano de 2016, ano que não ocorreu o curso da EsAO em virtude dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos, a Vila Militar de Deodoro fosse mais silenciosa, pela falta

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