• Nenhum resultado encontrado

na modernização profissional (1920-1945)

No documento EsAO Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais (páginas 58-67)

Prof. Dr. Fernando da Silva Rodrigues

Este capítulo sobre política e cultura procurou inves-tigar como, na história de uma instituição de ensino superior militar, a reforma de seus regulamentos e normas internas visou à construção de um projeto de modernização profissional, moldando atores po-líticos a fim de consolidar a instituição e o regime republicano através da reorganização constante do modelo de ensino empregado no aperfeiçoamento dos oficiais.

As constantes mudanças no sistema de educa-ção do Exército estavam contextualizadas pelos mo-mentos históricos e políticos que o Estado brasileiro atravessava durante a primeira metade do século XX, primeiro com a Primeira Guerra Mundial, e, pos-teriormente, com a Segunda Guerra Mundial, que interferiu na construção do pensamento político e na formação profissional de seus militares.

Para fundamentar esta pesquisa, fez-se necessá-rio adotar um procedimento empírico cujo levanta-mento documental privilegiou diversas fontes, a sa-ber: relatórios do ministro da Guerra, regulamentos que organizaram o funcionamento do ensino militar, documentos internos institucionais, acervos pes-soais, livros e artigos de memória da instituição. A análise do corpus documental permitiu identificar que os modelos de ensino e as reivindicações de mi-litares nas mudanças dos regulamentos estavam em consonância com cada momento histórico vivido.

Durante o período de 1920 a 1945, os institutos militares de ensino superior sofreram diversas re-formas com o objetivo de acompanhar a evolução do ensino de formação e aperfeiçoamento dos ofi-ciais do Exército.

No período, a marca principal das reformas esta-va relacionada ao modelo de ensino: teórico ou prá-tico. Como exemplo, podemos citar as reformas de

1918 e de 1919, que foram consideradas por Motta (2001) como dois Estatutos Gêmeos, pois esses re-gulamentos apareceram muito próximos no tempo, nas ideias e nos propósitos, e foram articulados ao desenvolvimento e ao fim da Primeira Guerra Mun-dial que, em tese, afetou muito a evolução do Exér-cito Brasileiro, provocando reformas substanciais de estrutura, como o aumento de orçamentos da União. Essas reformas tornaram-se marco na divisão do Exército em antes e depois da Primeira Grande Guerra, fator que serviu para estimular uma política de fortalecimento das instituições militares.

A Primeira Grande Guerra representou, entre tantas outras coisas, um momento específico para análise dos ensinamentos militares, pois muitos con-ceitos de combates mudaram, assim como regras tradicionais de conduta na guerra, explicitando os primórdios do que viria a ser a guerra total.

No contexto de criação do Curso de Aperfeiçoa-mento de Oficiais (Decreto nº 13.451, de 29 de janei-ro de 1919), fazemos referência às reformas de 1919, de 1924, de 1929, de 1934, e de 1936.

A melhor interpretação para essas constantes re-formas seria, em um primeiro momento, a necessidade do Exército Brasileiro melhorar a profissionalização e o aperfeiçoamento de seu corpo de oficiais, buscando essas mudanças dentro do movimento da história polí-tica brasileira. Em um segundo momento, podemos di-zer que as escolas militares serviram como um labora-tório para os interesses organizacionais e doutrinários do Exército, com o progressivo estabelecimento de um padrão de militar mais profissional e menos teórico.

Esse momento foi estabelecido com base na in-fluência da Missão Militar Francesa (MMF), marcado por revoltas internas, como o Tenentismo, e pelas duas Grandes Guerras Mundiais.

Crítica ao ensino militar: cientificismo versus profissionalismo

No início do século XX, o ministro da Guerra, general Francisco de Paula Argollo,1 argumentava, que uma das causas mais profundas que afetavam o organismo do Exército, enfraquecendo-o, era a defeituosa organização dos estabelecimentos de ensino militar.

Um dos questionamentos feito pelo ministro era que o civil matriculava-se na escola preparatória, ali permanecia três, dois, ou até um ano apenas, confor-me o núconfor-mero de matérias de que necessitasse para fazer exame; passava para a Escola Militar do Brasil, onde, no fim de dois anos, era nomeado alferes-alu-no da arma de engenharia, e, ao cabo de cinco aalferes-alu-nos, saía bacharel em matemática, em ciências físicas e engenheiro militar.

Durante todo o tempo escolar, o aluno das ar-mas científicas (engenharia e artilharia) gozava de regalias que o colocavam em condições excep-cionais, muito diferentes dos oficiais combatentes (infantaria e cavalaria) e praças arregimentados nos corpos de tropa. Ao fim do curso, levava um ano praticando em comissões de construção de es-tradas de ferro e linhas telegráficas. Terminado o período de seis anos, no mínimo, a Escola formava um oficial inteiramente estranho à verdadeira pro-fissão militar, sem o hábito da disciplina e subor-dinação, com pronunciada tendência a discutir e criticar as ordens recebidas.

1AHEx. Relatório do ministro da Guerra de 1904, p. 7.

O general Argollo argumentava, ainda, que não havia dúvida que da escola militar saíam oficiais bem preparados em todas as ciências e aptos a tra-tar de qualquer assunto a que elas se referissem, mas não acreditava que era propriamente para isso que estavam sendo criados e mantidos os estabele-cimentos militares de ensino, cujo único fim deve-ria ser formar verdadeiros soldados profissionais. Não se pode negar que, a partir desse questio-namento, o ensino militar caminhou na direção da modernização profissional, e é essa mudança que procuramos mostrar a partir das próximas linhas.

EsAO • 100 anos aperfeiçoando oficiais para o Brasil e as Nações Amigas

60

As reformas do ensino

militar e a busca pela modernização profissional

A reforma de 1918 (Decreto nº 12.977, de 24 de abril de 1918), ape-sar de não definir o funcionamento do Curso de Aperfeiçoamento de Oficiais, deve ser observada, nesse momento, como ponto de partida para as próximas análises, pois teve como ponto central o predomí-nio da prática sobre a teoria, processo que vinha ocorrendo desde a reforma das escolas militares, em 1905. A formação profissional na escola militar era destinada a ministrar aos alunos os conhecimen-tos necessários para o desempenho das funções de oficial de tropa de cada uma das quatro armas (infantaria, cavalaria, engenharia e artilharia). O Regulamento determinou para o ensino militar apenas duas categorias que consagraram os ideais de profissionalização de um grupo de oficiais que investia nesse movimento como forma de renovação da instituição, principalmente daqueles oficiais que es-tagiaram na Alemanha (chamados de Jovens Turcos),2 entre 1910 e 1912, ou seja, o ensino teórico-prático e o ensino prático.

Na reorganização do ensino militar de 1919 (Decreto nº 13.451, de 29 de janeiro de 1919), quando Delfim Moreira era o presidente do Brasil e o general Alberto Cardoso de Aguiar era o ministro da Guerra, definiu-se a obrigatoriedade do oficial manter constante aperfeiçoa-mento em sua profissão, enquanto durasse sua carreira no Exército, conforme era feito nos Exércitos europeus. Do ponto de vista organi-zacional, o ensino de aperfeiçoamento foi implantado nesse momento. Pelo Regulamento de 29 de janeiro de 1919, os Cursos de Aperfeiço-amento das Armas seriam realizados na Escola de AperfeiçoAperfeiço-amento para Oficiais (EAO), fundada em 8 de abril de 1920 e instalada na Vila Militar-RJ, no extinto quartel do 1º Regimento de Artilharia Montada (atual quartel do 15º Regimento de Cavalaria Mecanizada). Após qua-tro anos de funcionamento, a escola foi transferida para a sede atual, também localizada na Vila Militar do Rio de Janeiro.

Os primeiros instrutores pertenceriam a Missão Militar Estran-geira a serem contratados conforme Decreto Legislativo nº 3.674, de 7 de janeiro do mesmo ano. O curso era direcionado para capitães e primeiros tenentes pertencentes às quatro armas do Exército e era destinado a completar a formação, aperfeiçoando-os para função de instrutores e comandantes de pequenas unidades.

Juridicamente, em 28 de maio de 1919, o Decreto nº 3.741 autorizou o governo do Brasil a contratar na França, uma missão militar, para fins de instrução no Exército. A assinatura do contrato para a Missão Militar Francesa de Instrução (MMF) ocorreu em 8 de setembro de 1919.

No entanto, somente em março de 1920, desembarcaram na cidade do Rio de Janeiro os primeiros instrutores franceses, chefiados pelo ge-neral Maurice Gustave Gamelin,3 que trabalhou no Brasil entre 19194 e 1924. O chefe da MMF seria posto à disposição do EME como assistente técnico para a instrução e organização. O objetivo da Missão era

reor-2Referência aos jovens oficiais da Turquia de Mustafa Kemal que buscaram

transformar e levar a modernização ao estagnado Exército daquele país.

3Um dos aspectos delicados da implementação do plano francês de expan

-são da influência militar na América Latina foi a escolha do chefe da mis-são a ser enviada ao Brasil. Os pormenores desse plano podem ser investigados nos relatórios secretos guardados pelo Service Historique de l’Armée de Ter-re (SHAT), no Château de Vincennes. Ver Domingos (2007, p. 222).

4O general Gamelin iniciou seus trabalhos no Brasil no ano de 1919, antes da chegada da MMF.

ganizar, em um primeiro momento, as escolas militares e, em seguida, o próprio Exército Brasileiro. Essa organização não deveria ser somente do ponto de vista técnico (estratégico), mas também administrativo.

Para o general Gamelin, segundo Rouquié (1984, p. 66)

a organização militar brasileira deveria atender a

três objetivos: forjar os meios para assegurar a defesa permanente do território nacional; criar as

melhores condições possíveis para a instrução e treinamento da tropa; e criar meios de mobiliza-ção e de concentramobiliza-ção dos efetivos conforme as

condições impostas.

A MMF seria incumbida especialmente da direção da Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais, da Escola de Intendência e da Escola de Veterinária, além de comandar a Escola Superior de Guerra (Escola de Estado-Maior).

O Regulamento para a Escola Militar de 1924 (Decreto n° 16.394, de 27 de fevereiro de 1924), assinado pelo presidente Arthur Ber-nardes e pelo ministro da Guerra, general de divisão Fernando

Se-tembrino de Carvalho, foi uma tentativa de se retornar a ordem quebrada pelo movimento revolucionário dos tenentes, de 5 de julho de 1922. Como diretriz de ensino, foi regulamentada que a formação do oficial ocorreria na Escola Militar, e posteriormente, o seu aperfeiçoamento em curso específico, na Escola de Aperfei-çoamento de Oficiais, nos cursos de engenharia militar e na Escola de Estado Maior.

O Curso de Aperfeiçoamento de Oficiais teria um dos primeiros Regulamentos individuais aprovado em 1929 (Decreto n° 18.696, de 11 de abril de 1929), assinado pelo presidente Washington Luís e pelo ministro da Guerra, general de Divisão Nestor Sezefredo dos Passos, mas, antes, houve um esforço concentrado do Poder Legislativo do Brasil em dispor sobre o ensino militar de forma a sistematizá-lo na chamada lei do ensino. A lei do ensino era um estatuto que estabele-cia as regras e os aspectos gerais do ensino militar. Segundo Motta (1998, p. 276), a lei deveria classificar níveis e categorias, através da enumeração de estabelecimentos, e definir os direitos e os deveres de seus alunos.

A primeira Lei do Ensino Militar (Decreto n°5.632, de 31 de de-zembro de 1928), dispunha como medida que a Escola de Aperfeiço-amento de Oficiais era destinada a instrução continuada de oficiais

combatentes, sendo que a instituição de ensino seria enquadrada em um conjunto de doze escolas ou centros de instrução, como a Escola Militar, a Escola de Estado-Maior e a Escola de Engenharia Militar.5 Esse conjunto de escolas era dividido conforme a modali-dade de ensino para a formação do oficial ao longo da carreira, ou seja, de forma gradual e contínua, atendendo não só à instrução prática como também à teórica conforme estabelecia o Regulamen-to de 1924, e de acordo com a disposição abaixo:

1. Formação: na Escola Militar;

2. Aperfeiçoamento: na Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais, na Escola de Estado-Maior, e na Escola de Engenharia Militar; 3. Especialização: no Centro de Artilharia de Costa e no Centro

de Instrução de Transmissões.

Com relação ao aperfeiçoamento dos oficiais, o Decreto nº 18.696, de 11 de abril de 1929, que aprovou o regulamento para a Escola de

5Com a criação dessa Escola, o Exército volta a formar engenheiros militares, com qualificações típicas da engenharia civil, o que não acontecia desde 1913, quando a reforma do ensino extinguiu esse curso (MOTTA, 1998, p. 277).

ainda fornecer o preparo básico para que pudessem prosseguir nos seus estudos militares, quer nos cur-sos de aperfeiçoamento de oficiais, quer no curso de Estado-Maior, entendendo que, a instrução dos ofi-ciais se caracterizava pela sua progressividade no tempo. Nesse mesmo momento, o Decreto nº 24.034, de 23 de março, tentava sem sucesso, consolidar a organização geral das Escolas de Armas e do Centro de Instrução de Transmissões da Capital Federal, lo-cal para desenvolver os cursos de aperfeiçoamentos de oficiais combatentes, de aplicação de aspirantes e de formação e aperfeiçoamento de sargentos.

Em 13 de fevereiro de 1936, foi aprovado o novo Re-gulamento sobre aperfeiçoamento para oficiais, agora a ser realizado na Escola das Armas (Decreto nº 640, de 13 de fevereiro de 1936), que funcionou no prédio da extinta Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais. A Es-cola das Armas, criada pela Lei nº 189, de 16 de janeiro de 1936, teve como primeiro comandante o coronel de artilharia Alcides de Mendonça Lima Filho, e destinava-se ao aperfeiçoamento da instrução profissional dos oficiais do Exército. Na Escola das Armas funcionariam:

a. Curso de primeiros tenentes antigos e capi-tães modernos: oito meses - destinado a pre-parar bons comandantes de subunidade; e b. Cursos para sargentos: oito meses -

coman-dante de pelotão ou secção.

Parágrafo único. Eventualmente, funcionaria na Es-cola das Armas ou na sede de uma das Regiões Militares: 1. Curso de Aperfeiçoamento de Majores, com

o fim de aperfeiçoá-los no comando das unidades de suas respectivas armas e de-senvolver-lhes os conhecimentos de tática, sobretudo pelo estudo da cooperação das armas combatente;

Esse curso substituiria o extinto Curso de Aperfeiçoamento para Oficiais Superiores; 2. Curso de Informações de Tenentes-Coronéis

e Coronéis, destinado a aperfeiçoá-los no comando de destacamentos.

A partir de 1937, foi criada a Inspetoria Geral de Ensino do Exército (Decreto n° 1.833, de 24 de julho de 1937) subordinada ao ministro da Guerra, comandada por um oficial general, que coordenaria e fiscalizaria todo o sistema de ensino no Exército, como parte de um modelo de centralização política instalado pela política brasileira.

Em 1938, o Exército foi reorganizado, a fim de atender ao momento político que o Brasil atravessa-va. Para tanto, a nova organização teve como ponto central a retirada do EME da posição de mais alto ór-gão na estrutura da defesa nacional, passando a ser Aperfeiçoamento de Oficiais, com base na Lei do

Ensi-no Militar, de 1928, definiu que o curso destinava-se aos oficiais das armas de infantaria, de artilharia e de engenharia, e tinha por finalidade:

a) aperfeiçoar instrutores e comandantes de unidades combatentes (companhia e bateria) e preparar comandantes de unidades táticas (batalhão e grupo);

b) aperfeiçoar oficiais superiores e prepará-los para o comando da maior unidade de sua arma; e c) ampliar a instrução militar geral dessas duas

categorias de alunos.

Quanto ao Curso de Aperfeiçoamento dos Oficiais de Cavalaria, este era realizado, primeiro, na Escola Provisória de Cavalaria (1925-1927) e, posteriormen-te, na Escola de Cavalaria do Distrito Federal, que fun-cionou entre 1927 e 1936, quando todos os cursos de aperfeiçoamento foram reunidos na Escola das Armas.

Em 24 de outubro de 1930, em virtude de resolução do governo Revolucionário, o general de divisão Nestor Sezefredo dos Passos, ministro da Guerra, foi destituí-do e preso, assumindestituí-do a função o general de brigada José Fernandes Leite de Castro. Depois da Revolução de 1930, a formação e o aperfeiçoamento dos oficiais brasileiros foram modificados, continuando na direção da modernização e da profissionalização do Exército iniciada com o contrato da Missão Militar Francesa.

No final dos anos de 1930 e início dos anos de 1940, no contexto político mundial, existia o perigo de alinhamento ou cooperação de nações latino-ame-ricanas com o regime nazifascista da Europa. Nesse momento, a influência dos Estados Unidos começou a ser sentida com mais intensidade na América La-tina durante o desenrolar da Segunda Guerra Mun-dial. Conversações foram mantidas, com diferentes focos: relações econômicas; questões estratégicas, como o fornecimento de matéria-prima ou o uso de partes do território; alinhamento de doutrinas milita-res e fornecimento de tecnologia, objetivando esta-belecer uma defesa continental das Américas.

Dentro dessa perspectiva, percebe-se uma dis-puta velada entre a Alemanha e os Estados Unidos da América pela venda de material bélico, o que poderia representar a aproximação e o alinhamento direto com o Brasil: um Estado forte e estrategica-mente importante no cenário político e geográfico do continente sul-americano e do Atlântico Sul. A disputa ocorria no campo da aquisição de material bélico, da formação doutrinária do Exército e da mo-dernização da estrutura militar de ensino.

Assinado pelo chefe do governo provisório, Ge-túlio Vargas, na gestão do ministro da Guerra, gene-ral Góes Monteiro, o Regulamento da Escola Militar (Decreto n° 23.994, de 13 de março de 1934) previa que o ensino militar teórico tinha por finalidade pro-porcionar aos futuros oficiais a soma indispensável de conhecimentos para o bom desempenho das funções de tenente e capitão das diversas armas; e

64

apenas um órgão de consultoria. Naquele momento, a direção do Exército passou a ser exercida pelo pre-sidente da República, que seria representado pelo seu ministro da Guerra, o qual atuaria como órgão de direção e inspeção, articulado com o movimento cen -tralizador que a política brasileira assumia. O EME do general Góis Monteiro era deslocado do centro do poder político para a periferia, abrindo espaço para o domínio centralizador do general Dutra, elemento importante na configuração do novo governo.

Em 1940, foi implantado novo Regulamento 6 para a Escola Militar, que mantinha o curso de aperfeiçoa -mento como base da formação continuada do oficial do Exército. Nessa época, o país vivia sob o regime auto -ritário do Estado Novo e o Exército sob a gestão do mi -nistro da Guerra, general Eurico Gaspar Dutra. No con -texto das mudanças de 1940, desenvolvia-se a Segunda Guerra Mundial, que havia começado há cerca de um ano, com a rápida derrota da França perante uma Ale -manha forte e expansionista. As diversas inovações tecnológicas davam novo ritmo nos campos de batalha e nas estatísticas sobre o quantitativo de mortos.

Um novo Regulamento para as Escolas Militares vai aparecer em 1942 (Decreto n° 8.918, de 4 de mar

-6AHEx. Decreto n° 5.543, de 25 de abril de 1940, publica

-do no Boletim -do Exército nº 18, de 4 de maio de 1940.

ço de 1942). Não se tratava de um novo texto, mas quase uma repetição do Regulamento de 1940.

No entanto, em 17 de dezembro de 1941, com o desenrolar da Segunda Guerra Mundial, o período letivo do Curso de Aperfeiçoamento de Oficiais foi reduzido para seis meses, conforme Aviso Ministerial nº 3.754, em 8 de janeiro de 1942. O ministro da Guer -ra, através do Aviso Ministerial nº 33, mandou fechar, provisoriamente, a Escola das Armas, pela falta de oficiais nos corpos de tropa, e pela necessidade man -tê-los com seus efetivos, o mais completo possível. O motivo estava relacionado à necessidade de manter a segurança do território nacional e em virtude da escola absorver um grande número de oficiais como instrutores, como alunos e na administração escolar.

Com essa medida, o aquartelamento, o material es -colar, os animais e tudo mais, que constituía o acervo da escola, ficaram sob a responsabilidade da Inspe -toria Geral do Ensino, dispondo do pessoal civil e do contingente escolar, comandado por um capitão, com dois oficiais auxiliares e um veterinário, para esse fim.

Em 23 de setembro de 1943, de acordo com o Aviso Ministerial nº 2.325, instalou-se nas dependências da Escola das Armas, o Centro de Instrução Especializada (atual Escola de Instrução Especializada), sob a dire -ção do general de Brigada Gustavo Cordeiro de Farias.

Com o fim da Segunda Guerra Mundial, a Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais foi reativada e subs -tituiu a Escola das Armas7, passando a ser subordi -nada ao recém-criado Centro de Aperfeiçoamento e Especialização do Realengo.

O Centro subordinado à Diretoria de Ensino do Exército destinava-se ao aperfeiçoamento e especia-lização dos quadros e à formação de algumas espe -cialidades de interesse do Exército, e compreendia a Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais, a Escola de Motomecanização, a Escola de Transmissões, a Esco -la de Instrução Especializada e a Esco-la de Sargentos das Armas. O Curso de Aperfeiçoamento de Oficiais seria destinado a primeiro tenentes antigos e, pre -ferencialmente, a capitães, podendo ser feito, even -tualmente, por oficiais superiores, abrangendo os cursos das armas, serviços de saúde e intendência.

Somente em 7 de janeiro de 1946, a Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais passaria a ter nova

No documento EsAO Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais (páginas 58-67)