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concerto dos anos 1940 e 1950

No documento EsAO Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais (páginas 67-73)

Profª Ma. Wilma Ramos de Pinho Barreto Profª Erika Minas Ribeiro

O período de 1945 a 1964 apresenta-se marcado por uma conjuntura política internacional específica, o pós Segunda Guerra Mundial e as disputas por in-fluência entre Estados Unidos e União Soviética que caracterizaram a Guerra Fria.

Internamente, a insatisfação no campo e nas ci-dades, com levantes e greves que se multiplicavam em todo o país, geravam um clima de insatisfação e temor na sociedade.

Nos anos 1940, com a adesão do Brasil aos aliados na Segunda Guerra Mundial, observou-se uma grande preocupação com a formação dos militares brasileiros em relação às modernas formas de se fazer guerra. Entendia-se no período que a guerra que assolava os territórios europeus era uma guerra de especialistas, com emprego maior de máquinas. A fim de acompa-nhar os progressos técnicos da arte bélica, o Exército Brasileiro, sem prejuízo de eficiência, buscou ampliar e acelerar a formação de especialistas e artífices. En-tre as medidas tomadas nesse sentido, passou a en-viar turmas de oficiais para os Estados Unidos com o objetivo de ter contato com os novos e modernos materiais bélicos; cada turma que regressava compar-tilhava com os demais o que fora aprendido.

Em decorrência das necessidades impostas no período de guerra, em 1941, a EsAO teve seu período letivo reduzido para seis meses. Em janeiro de 1942, a decisão foi mais rígida, optou-se por sua extinção provisória, dada a falta de oficiais no corpo das tropas e a necessidade de manter os efetivos completos, uma vez que, a Escola absorvia grande número de oficiais instrutores, alunos e pessoal da administração. A ex-tinção provisória teve duração de quatro anos.

Em outubro de 1943, o aquartelamento da EsAO abrigaria o Centro de Instrução Especializada (atu-al Escola de Instrução Especi(atu-alizada – EsIE), com a finalidade de formar especialistas para a grande guerra. “Nela, atuaram instrutores norte-americanos e brasileiros, instruindo 18.000 militares em mais de

12 especialidades para combater nos campos da Itá-lia” (FRAZÃO, 2015, p. 177).

Finda a guerra, a EsAO seria reativada em 21 de agosto de 1945 pelo Decreto Lei nº 7.888, subordi-nada ao Centro de Aperfeiçoamento e Especializa-ção do Realengo. Para acelerar os estudos parali-sados no período supracitado, a partir de 1946 foi estabelecido o regime de dois turnos, esse formato abrangeria os cursos de Infantaria, Cavalaria, Arti-lharia, Engenharia, Intendência e Saúde, vigorando por um período de três anos.

A Escola foi instalada no edifício da antiga Escola das Armas, na Vila Militar, sendo nomeado como seu comandante, em 14 de setembro de 1945, o coronel da arma de artilharia Nicanor Guimarães de Souza. Este, em discurso de reabertura da Escola, ratifica a importância do trabalho da EsAO:

Hoje, como em 1920, passa a funcionar a Esco-la de Aperfeiçoamento de Oficiais, que como a sua congênere daquela época, inicia os seus trabalhos após outra guerra mundial.

Nesta, ainda mais aflorou a necessidade de preparar com todo o rigor os quadros incumbidos de conduzir a tropa. Novos ensinamentos surgiram; mas, é evidente que muitos outros não passaram de meras afirmações.

Uns e outros ensinamentos precisam ser difun-didos, como também os novos conhecimentos con-sequentes da nova técnica que o moderno material de guerra exige.

Tudo isso será a tarefa de nossa Escola. Se, ago-ra, esta não tem mais a supervisão de uma Missão de instrução, ela irá contar com oficiais instrutores brasileiros experimentados, que fizeram a última guerra e igualmente com as luzes dos oficiais da Missão Militar Norte-Americana.

Desse modo, o futuro é promissor e tudo leva a crer que esta Escola não desmerecerá as suas antecessoras, pois estou bem seguro de que tudo faremos por elevá-la à altura profissional de que o Exército necessita (HISTÓRICO da EsAO, p. 42 e 43).

Expansão e formação

No ano posterior a sua reabertura, em 7 de Janeiro, a EsAO ganhou autonomia administrativa, sendo seus cursos efetivamente iniciados em abril do mesmo ano. O curso de Intendência contou quando de sua abertura com 29 alunos em turno único a partir de janeiro de 1946, vigorando ainda em 1956 e 1961 no mesmo modelo.

A Escola integrou uma perspectiva de apoio a outras forças, apoiou e recebeu para estudos com-ponentes da força auxiliar, como os bombeiros, para instrução militar e aprimoramento na infantaria. Par-ticiparam soldados, cabos, sargentos e oficiais. Com-puseram uma tropa de reserva e se prepararam mi-litarmente. Além deles, em 1947, oficiais do exército Paraguaio e, em 1948, oficiais bolivianos integraram os cursos de oficiais. Outros países como Uruguai, Chile, Equador, Venezuela mandaram oficiais para se aperfeiçoarem.

A saída para instrução passou a ser recorrente. Era preciso realizar exercícios que permitissem aos oficiais utilizarem os conhecimentos de táticas apre-endidos. Essas instruções eram realizadas na capital ou em outros estados, como a de 1946 em Taubaté e 1947 na região de Santa Cruz. Contudo, para man-ter os objetivos consignados, os custos eram altos. Dentro dessa questão, em 1947, com autorização da Portaria Ministerial nº 193, de 1º de setembro, a EsAO passou a contar com uma Granja Militar denomina-da Granja de Santo Antônio (nome modificado em 9 de janeiro de 1950, passando a chamar-se Granja da E.A.O.), localizada próxima ao Depósito de Armas em Deodoro, sob a direção do oficial veterinário capitão Rubens Muller de Almeida. A granja era constituí-da constituí-das seguintes partes: pocilga, capineira, aviário, criação de patos, gado leiteiro, hortas, bananeiras e mamoeiros, além de dependências como a sala da

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direção, depósito e estábulo. O objetivo da granja era abastecer o serviço de aprovisionamento diário da Escola, em verduras, legumes, aves, ovos e frutas, destinados à alimentação dos oficiais e praças, além de pasto e verdejo para animais. O excesso da produ-ção poderia ser cedido ao pessoal da Escola e às ou-tras unidades, mediante indenização, ou até mesmo, a venda externa de produtos. Porém, a principal fonte de renda da granja provinha da venda de estrume.

Infelizmente, a Granja Militar da Escola foi des-truída com as explosões dos paióis de Deodoro no ano de 1958, quando foram perdidos muitos animais e atingidos pelas granadas o prédio principal da granja, os aviários e outras instalações.

A instituição, embora voltada para aperfeiço-amento, não deixava de cumprir seu papel cívico, pois várias atividades na Unidade eram voltadas para esse mister. Entre essas atividades, pode-se ci-tar a ocorrida no dia 23 de agosto de 1949 quando se realizou a homenagem póstuma e o translado de Duque de Caxias, Luis Alves de Lima e Silva, e sua esposa, da Igreja Santa Cruz dos Militares para o monumento do Pantheon, em frente ao Palácio da Guerra; mais tarde, em outubro desse mesmo ano, a cripta foi franqueada ao público. Ainda, cumprindo

seu papel cívico, houve, em 21 de agosto de 1953, a inauguração do retrato da heroína Maria Quitéria de Jesus, comemorando o primeiro centenário de sua morte, e, em 26 de Novembro de 1957, a homena-gem aos que tombaram em 1935 em defesa das ins-tituições. Além disso, havia as diversas formaturas por ocasião da homenagem aos patronos.

No período abordado, os feitos militares eram destacados nas colunas dos jornais, sendo a presença da EsAO uma constante principalmente nas aberturas e formaturas de seus cursos e nas atividades desen-volvidas, como por exemplo a de setembro 1955 em que os exercícios contavam com alto grau de preparo dos artilheiros, destacado inclusive pelo general Lott, que ressaltou o progresso obtido com o estágio na Alemanha, antes da guerra, ampliado com missões militares francesa e norte americanas. Esses exercí-cios qualificavam o oficial e aperfeiçoavam a tropa. Em revista, o general Oscar Nepomuceno elogiou os exercícios, em que houve o disparo de tiros por qua-se uma hora, em homenagem a FEB, por ocasião do disparo do primeiro tiro na Itália, às 14h 22min, em setembro de 1944. Acionou o gatilho o reservista de artilharia Adão Rosa da Rocha, que iniciou a homena-gem na faixa adjacente ao morro do Engenho Velho,

em Gericinó, revivendo o tiro que deu pela FEB, pois fora cabo a época na campanha da Itália.

Relataram também as mudanças de comandante, as visitas de militares estrangeiros à Escola, como a ocorrida em 21 de fevereiro de 1949, feita pela Missão Militar Americana incorporada, e em agosto do mesmo ano a do general americano J. Harrison Morris JR, bem como as visitas externas dos alunos oficiais a locais de interesse dos cursos, como às fá-bricas da Zona Oeste da cidade, e os avanços reali-zados nos estudos produzidos pela Escola.

A fim de manter as atividades, foram implemen-tadas diversas ações como a abertura do conjunto residencial General Canroubert Pereira da Costa, em abril de 1949, para que os alunos pudessem residir; contudo, o espaço da Escola precisava de outras ins-talações e, por isso, foi inaugurada em 13 de abril de 1951 a biblioteca, batizada mais tarde, em 1957, como Barão do Rio Branco. As reformas eram re-correntes para dar conta das novas demandas de pessoal, o que ocorreu em junho de 1954 quando foram iniciadas as modificações do rancho para me-lhor atendimento aos oficiais que ali se dispunham a se aperfeiçoar, buscando a valorização crescente do Exército.

Dando continuidade à valorização do espaço que congregava tantas atividades, em 22 de dezembro de 1956, foram inaugurados o Pavilhão General Tasso Fragoso, a cantina, o auditório, a sala de conferência, o campo de esporte, os vestuários e incineradores, ainda assim, o rancho foi ampliado e instalado o ser -viço de publicações e, em 20 de setembro de 1957, inaugurada a Praça Marechal Rondon.

Visando melhorar o lazer dos militares e seus familiares, em outubro 1957, foi reaberto o cinema DOIS DE OUROS, após 30 dias de obras que o re

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mascope, considerado à época o primeiro do Rio de Janeiro (Distrito Federal à época) e o segundo do Brasil. Os oficiais e seus familiares contavam com pelo menos três filmes por semana, pagando a entra-da. Aos praças, a entrada era franqueaentra-da. Ainda, na missão de participar dos assuntos pertinentes à eco-nomia, dentro de uma perspectiva de setorização do país preconizada pela Missão Militar Francesa, e cumprir a missão de defender os interesses nacio-nais, os oficiais participavam de reuniões externas de relevância em diversos setores, entre elas, pode-mos citar a ocorrida em 10 de novembro de 1959, em que participaram de atividades no IBC (Instituto Brasileiro do Café), para adquirir conhecimentos so-bre mecanismos de exportação do café, bem como a importância dessa atividade para auxiliar no comba-te, que era realizado pela 5ª Divisão de Infantaria, ao contrabando do produto no Sul do País.

Em primeiro de abril de 1954, foi criado o curso de aperfeiçoamento para oficiais do serviço de ve-terinária que funcionou em primeiro turno em 1955, publicado no Diário Oficial nº 70, de 26 de março de 1954. Na abertura do ano letivo em 1º de março de 1955, com a presença do general de divisão João Carlos Barreto, diretor geral do Ensino do Exército, e do ministro da Educação e Cultura, na época o

dou-tor Candido Motta Filho, o qual proferiu uma pales-tra, enfatizando o moderno conceito de educação na aprendizagem e seus reflexos nas forças armadas.

Dentro das novas perspectivas apresentadas e devido às missões inerentes à Escola, em fevereiro de 1956, a EsAO, buscou aperfeiçoar os praças que apoiaram às atividades ali desenvolvidas, criou o Curso de Praças em que eles aprenderam variados ofícios. Em 22 de fevereiro de 1957, foram organi-zados os cursos de cozinha, arquivista, contador, ferrador. Em setembro de 1958, os cabos passaram a ter curso de formação. Em 24 de fevereiro de 1959, ampliaram-se os cursos e surgiram os de en-fermeiro veterinário, eletricista, entre outros. Em 2 de abril de 1963, o curso de formação de motorista foi aberto, contando com um número significativo de interessados.

A partir de 1963, a EsAO passou a contar com o curso preparatório por correspondência (C PrepE-sAO), instituído pela Portaria Ministerial nº 1.705, de 30 de setembro de 1963, o qual visava ao preparo de oficiais da AMAN para o curso da EsAO. Mais tarde, teve seu nome mudado para CEAD. Após várias alte-rações, os cursos se modernizaram e passaram a se constituir em um moderno Sistema de EAD, apoian-do os oficiais nas atividades de estuapoian-do a distância.

Solidariedade e perseverança

No entanto, o período também abrange momen-tos de tristeza para a EsAO, como os acidentes ocor-ridos, em seu entorno, nos anos de 1948, 1949 e 1958. Na noite de 15 de abril de 1948, sucederam cin-co explosões no paiol de Deodoro, em pequenos intervalos. A primeira explosão ocorreu, aproxima-damente, às 14:35h no depósito de sucata, localizado ao lado do pavilhão 16, onde estavam guardadas as granadas de calibre 75. O dito pavilhão desintegrou-se em 20 minutos, levando pelos ares um galpão de cerca de 100 metros de comprimento, onde costuma-vam trabalhar 40 pessoas, ficando em seu lugar uma cratera com cerca de 80 metros. As granadas explo-diram e espalharam inúmeros estilhaços a grandes distâncias. Os prédios próximos foram seriamente danificados, sendo elevado o número de feridos.

Pouco depois, novas explosões ocorreram nos depósitos do pavilhão 4 (depósito de munições ca-libre 105, lubrificantes e madeiras). Seguiu-se a ex-plosão do paiol e do depósito de gasolina, instalado no Parque de Material Bélico.

As explosões foram tão fortes que impediram a aproximação dos bombeiros, que só conseguiram alcançar os locais após três horas do ocorrido; cons -ta-se que, devido ao tamanho do incêndio, só seria debelado às 10h do dia 16 de abril de 1948.

O local fora visitado por importantes autoridades civis e militares, como o ministro da Guerra Canrobert Pereira da Costa e o prefeito Mendes de Morais.

As causas do incêndio não foram encontradas, mas muito se especulou no período. As acusações variavam da negligência aos atentados. Um operário teria, por descuido, deixado cair a ponta de cigarro no chão, a qual, em contato com a pólvora, gerou o in -cêndio. Outra especulação atestava um possível aten -tado comunista ao presidente Dutra ou ao ministro da Guerra os quais teriam visitado o depósito minutos antes. Contudo, ambas não tiveram comprovação.

Segundo Nascimento (2015, p. 70), “o enterro das vítimas ocorreu em 17 de abril, no cemitério

de Ricardo de Albuquerque, com despesas pagas pelo governo.” Posteriormente, pelo Projeto de Lei 148/1948 apresentado à Câmara pelo deputado José Fontes Ramos, fora aprovado o recebimento de pensão mensal no valor de mil cruzeiros aos fa-miliares dos falecidos nas explosões. Outro projeto de lei referente às explosões fora aprovado, o de nº 1.476A/1949, no qual se autorizava a abertura de crédito especial para o Ministério da Guerra no va-lor de 35 milhões de cruzeiros para reconstruir e reparar as instalações danificadas em Deodoro após as explosões do depósito de material bélico. Sendo 15 milhões para reparos de avarias em instalações próprias e 20 milhões para reconstruir pavilhões destruídos e obras suplementares indispensáveis à segurança dos depósitos; não havendo indenizações

a pagar a particulares, em virtude da Companhia De-odoro Industrial, danificada pelas explosões, não ter pleiteado qualquer indenização.

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Duro golpe no coração da EsAO ocorreria no ano seguinte, em 18 de maio 1949. Cerca de 9h da manhã, a Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais realizava uma manobra de tiro real com mortei-ros modelo Brandt, em Gericinó. A manobra fazia parte do programa de instrução da Escola, com o emprego da tropa do Regimento Escola de Infan-taria. Assim, no morro da Jaqueira, foram assen-tados paralelamente os morteiros números 14-178, 14-158, 15-156 e 12-257. Na parte mais elevada do morro, acomodaram-se cerca de 300 oficiais alu-nos, a uns dez metros dos morteiros. Os primeiros morteiros acionaram normalmente, quando o ines-perado aconteceu: o quarto morteiro detonou em meio aos oficiais, ao invés de atingir a área visada. De imediato, a explosão resultou na morte do ma-jor Luís Alberto da Cunha e do soldado Valdemar Sarmiento (outros oficiais vieram a falecer a poste-riori: os coronéis João Valença Monteiro e Alcindo Nunes Pereira; os capitães Jorge Mesquita Xexéo, Manuel Machado Lacerda, Antônio de Pádua Paren-te de Miranda, Hélio Veloso Padrón, Heitor Bohrer; e o tenente Valdir Vieira Cademartori), além de 80 oficiais e praças feridos.

Os demais oficiais ilesos à explosão incumbiram-se de socorrer os companheiros feridos, levando-os aos hospitais mais próximos, como o Hospital Carlos Chagas e do Campo dos Afonsos.

A causa apontada para o acidente fora um defeito de fabricação no mecanismo da espoleta da granada 81, que já estava em processo de substituição pelo Exército por um modelo americano mais prático e eficiente.

Por determinação do ministro da Guerra Can-robert Pereira da Costa, os oficiais falecidos foram velados em câmara ardente instalada no salão nobre do Hospital Central do Exército, visitada pelo então

presidente da República, Eurico Gaspar Dutra. Os enterros aconteceram no dia seguinte no Cemitério São Francisco Xavier, com exceção dos capitães Hei-tor Bohrer e Hélio Veloso Padrón e o tenente Waldir Vieira Cademartori, os quais foram embalsamados e velados em seus estados de origem.

As atividades escolares foram retomadas em 23 de junho de 1949. Em 19 dezembro do mesmo ano, sete meses após o ocorrido, por ocasião da diplo-mação dos novos oficiais, foi inaugurado, no pátio interno da Escola, o monumento em homenagem aos oficiais alunos vitimados na catástrofe de Gericinó. Anualmente, a EsAO celebracuma cerimônia em ho-menagem aos militares falecidos em Gericinó, víti-mas do dever e do compromisso para com a Nação.

No entanto, as explosões ocorridas nos paióis no ano de 1958 tiveram maior notoriedade na impren-sa. A primeira explosão deu-se na madrugada de 2 de agosto de 1958, um sinistro de graves propor-ções, com explosões sucessivas dos paióis de Deo-doro, por cerca de 72 horas.

A explosão teve repercussões em diversos bairros adjacentes (Guadalupe, Marechal Hermes, Ricardo de Albuquerque). Os moradores abando-naram suas casas apenas com suas vestimentas. As residências sofreram grandes estragos, pare-des perfuradas e derrubadas, telhados arrancados, vidros e janelas quebradas. Diversas granadas, muitas vezes não detonadas e arremessadas pela explosão, foram encontradas por moradores, tanto em suas casas como nas ruas. Mas, as instalações que mais sofreram danos foram as da Fundação da Casa Popular, assim como o prédio que abrigava os alunos da EsAO, uma vez que ficava em frente ao paiol e, por isso acabou absorvendo toda a explo-são como uma espécie de escudo. Outra instalação

pertencente à EsAO que fora muitíssimo prejudica-da foi a Granja Militar, a qual perdeu animais e suas principais instalações.

A região foi evacuada, os trens impedidos de circu-lar, assim como carros e outros veículos. Na fuga, mui-tas crianças perderam-se de seus responsáveis, exis-tindo registro de muitos feridos e mortes por infarto.

Precisamente dois meses depois, em outubro, ocorreram novas explosões nos paióis. Repetindo-se o pânico e o deRepetindo-sespero. As explosões de outubro sucederam no paiol 67, onde se depositavam as gra-nadas de 105 mm; e, em poucos minutos, o paiol 68 também foi atingido.

Foram retiradas das ruas todas as pessoas que não estivessem envolvidas no resgate e socorro. In-terditaram a estação de trem e a Estrada dos Bandei-rantes. As sedes do 25º Distrito Policial e do Hospital Carlos Chagas foram evacuadas por determinação das autoridades militares, em face do perigo que ofereciam às explosões.

Porém, desde a última explosão nos paióis, o Exér-cito previa a possibilidade de um novo sinistro, o que foi confirmado pela determinação do general Lott que um comando do Corpo de Bombeiros se mantivesse sempre nas proximidades dos paióis. E, foi exatamen-te essa guarnição que, de imediato, entrou em ação,

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