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relacionamentos com a sociedade, eventos políticos, econômicos, sociais e militares

No documento EsAO Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais (páginas 84-92)

Ten Cel R1 - Rogério de Carvalho França

Próximo do final do milênio, fatos importantes mar-caram a sociedade brasileira, eventos políticos eco-nômicos, sociais e militares ditaram as transforma-ções comportamentais de diversos segmentos que compõem essa gigantesca nação. Nesse contexto, a Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais (EsAO) de-sempenhou papel importante para manter sempre viva a chama dos seus ideais, defendendo seus valo-res, na busca do aprimoramento contínuo.

A próxima década e meia (1985-2000) marcou o reinício do governo civil que perdura até os dias de hoje. Ou seja, esse período começou com a saí-da do general de exército João Baptista de Oliveira Figueiredo da Presidência da República Federativa do Brasil, inaugurando o que muitos historiadores nomeiam de a “Nova República”.

Na EsAO, o general de brigada Clovis Jacy Burmann assumiu o comando da Escola no dia 16 de janeiro de 1985, dando continuidade a uma das mais honrosas e dignificantes missões reservadas ao chefe militar em tempo de paz: a preparação e habilitação dos capitães para o exercício do comando e das funções de estado--maior de unidades, atuando nos aspectos intrínsecos do ensino e incursionando na área afetiva do aluno, desenvolvendo sua autoconfiança e entusiasmo e transmitindo alento à sua fé na instituição, justamen-te no ponto injustamen-termediário da carreira, rejustamen-temperando suas forças morais para um novo e largo impulso na vida profissional. No campo político, o ex-governador de Minas Gerais, Tancredo de Almeida Neves, foi eleito presidente do Brasil pelo voto indireto de um colégio eleitoral, em 1985. No entanto, não chegou a ser em-possado porque foi acometido por grave enfermidade em 14 de março do mesmo ano, véspera de sua posse. Faleceu em 21 de abril, vítima de infecção generali-zada. O então vice-presidente, o ex-senador José Ri-bamar Ferreira de Araújo Costa, mais conhecido como José Sarney, assumiu o cargo de presidente em 15 de

março, comprometido com a continuidade do progra-ma traçado por Tancredo Neves e, já com o ministério formado, governou preocupado em promover refor-mas, visando a estabilizar a economia e a obter apoio popular, dando curso às linhas do programa da Nova República, em âmbito nacional e internacional.

As transformações econômicas, políticas e sociais eram acompanhadas pela família militar de forma silen-te e confiansilen-te de que a estabilidade econômica seria restabelecida mais cedo ou mais tarde. As mudanças adotadas pelo novo governo não alteraram e tampouco interferiram nas atividades desenvolvidas na EsAO, que continuava na busca paulatina do desenvolvimento da ciência, da tecnologia e das novas doutrinas. O traba-lho era incessante e exigia grande empenho, atenção e criatividade. No dia 28 de janeiro de 1987, o general de brigada Mário Sérgio Rodrigues de Mattos assumiu o comando da EsAO, cônscio das pesadas responsabili-dades a enfrentar no cumprimento da missão de contri-buir para a preservação e o engrandecimento de uma legenda de quase sete décadas, até então, baseada na eficiência e integral dedicação à tarefa de aperfeiçoar os jovens capitães do Exército Brasileiro. Desenvolveu durante o seu comando um trabalho voltado para o en-riquecimento profissional por meio de jogos de guer-ra, exercícios no terreno, vida comunitária, atividades sociais e lazer. Ampliou a interação entre as armas, quadros e serviços com outras organizações da Força, com a Marinha, a Força Aérea e com as Nações Amigas que se faziam representar, assiduamente, e com muito destaque, nos cursos e práticas curriculares.

Em 1988, foi promulgada a nova Constituição. As Forças Armadas são descritas no artigo 142 e defi-nidas como “instituições nacionais permanentes e regulares, organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema do Presidente da República, e destinam-se à defesa da pátria, à

ga-rantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem”.

Nos anos seguintes, o governo do presidente José Sarney se caracterizou pela perda de popularidade e pelo lançamento de dois outros planos econômicos: o Plano Bresser e Plano Verão. Em ambos os casos, hou-ve sérios problemas para serem colocados em prática. No campo militar, o Brasil chefiou a Missão de Obser-vação em Angola, por solicitação do Conselho de Segu-rança da Organização das Nações Unida (ONU), entre os anos de 1989 a 1991, com a finalidade de: supervi-sionar a retirada das forças cubanas daquele território; apaziguar as tensões entre as diferentes facções do país; assegurar um cessar-fogo; e garantir o início de um processo democrático e eleitoral. Militares do Exér-cito, sob o comando do general de brigada Péricles Ferreira Gomes, cumpriram a tarefa com brilhantismo, retirando 50.000 cubanos do solo angolano. Assim, pode-se afirmar que essa missão foi coroada de êxito.

Contudo, há de se admitir que foram tempos difí-ceis. Não se podia admitir que o ambiente interno da Escola fosse afetado por pessoas pessimistas e mal-in-tencionadas, que tentavam dificultar o progresso e o bem-estar do Brasil. O aconchego das paredes antigas e o entusiasmo profissional dos que serviam na EsAO foram suficientes para suplantar e derrotar qualquer pensamento de incerteza e vencer os obstáculos que se apresentavam. Chega-se, então, o dia 28 de feverei-ro de 1989. O general de brigada Gleuber Vieira assu-miu o comando da Escola com o mesmo entusiasmo dos seus antecessores. Com dedicação e afinco, viven-ciou, em sua plenitude, a experiência de conduzir o processo de aperfeiçoamento dos capitães-alunos, res-saltando as diversas manifestações de dedicação, zelo profissional, entusiasmo e espírito militar daqueles jovens oficiais. Cabe ressaltar que uma das principais heranças do mandato presidencial que chegava ao fim no País era o altíssimo descontrole inflacionário,

apesar dos sucessivos planos econômicos levados a cabo. Tal situação, com efeito, também atingiu a clas-se militar que, de forma resiliente e ordeira, como é próprio da profissão, continuou confiando na insti-tuição e perseverando junto à sociedade brasileira, a qual vivenciava o caos econômico e a instabilidade político-social. Ao final da década de 1980, nem o Brasil nem o mundo eram mais os mesmos. Acaba-ra a GuerAcaba-ra Fria e, dessa forma, ganhou espaço o modelo neoliberal de governança pelo mundo afora, caracterizado pelo processo de globalização eco-nômica. Nos anos seguintes, ampliou-se no Brasil a abertura econômica, como resultado de uma política internacional alinhada ao Consenso de Washington, marco fundamental da ordem mundial vigente.

No dia 15 de novembro de 1989, ano do Cente-nário da República, dentro do espírito cívico e parti-cipativo do processo eleitoral, o povo foi às urnas e elegeu para presidente do Brasil, depois do segundo turno, o ex-governador de Alagoas, Fernando Affon-so Collor de Mello.Um dia depois da posse, o novo governo lançou um plano de estabilização econômi-ca que ficou conhecido como “Plano Collor”. Esse es-tava baseado no confisco generalizado, por dezoito meses, de todos os depósitos bancários em dinheiro superiores a 50.000 cruzeiros. Com isso, a equipe econômica esperava reduzir o consumo e, conse-quentemente, frear a inflação. A falta de dinheiro em circulação reduziu os índices inflacionários de 85%, em março, para 14%, em abril de 1990.

Os índices da inflação experimentados após a prática de suas medidas foram menores do que os índices obtidos em planos anteriores, devido à falta de moeda em circulação no mercado. Consequente-mente, a recessão se instaurou no País e gerou gran-de gran-desemprego e crescimento da economia infor-mal, uma vez que o Plano não promoveu o esperado crescimento econômico, a desejável distribuição de renda, tampouco combateu o déficit público.

Nesse cenário, na EsAO, no dia 22 de fevereiro de 1991, o general de brigada João Cosenza assu-miu o comando da Escola e o desafio de planejar o seu funcionamento em dois turnos, já a partir de 1992, em consequência de uma decisão estratégica e econômica do escalão superior. Tarefa árdua, que foi concretizada com muito empenho de sua equi-pe, atingindo todos os objetivos propostos para a área do ensino, bem como no setor administrativo. Cabe ressaltar que essa radical transformação só foi possível graças à qualidade do Corpo Perma-nente da Escola que, ao longo dos anos, sempre se destacou pela dedicação ao serviço, perseverança e pelo senso de responsabilidade.

Com o passar do tempo, denúncias de cor-rupção no governo Federal e a frustração pelas expectativas nele depositadas geraram forte insta-bilidade política, culminando com o pedido de “Impe-dimento” ou Impeachment do presidente Fernando

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Affonso Collor de Mello. A Câmara dos Deputados aprovou a solicitação e a encaminhou ao Senado. No dia 29 de dezembro de 1992, ao iniciar-se a sessão no Senado que julgaria a questão do Impeachment, o presidente Collor, o primeiro presidente eleito pelo voto direto, após o Governo Militar, renunciou ao car-go, fato que não impediu a sua condenação. Imedia-tamente após, o vice-presidente eleito, Itamar Franco, tomou posse definitiva na Presidência da República para cumprir o restante do mandato.

Fato significativo, também, após mais de uma centúria da Proclamação da República no Brasil, foi a consulta popular para escolha do regime de governo que o País deveria adotar. Isso permitiu à totalidade dos cidadãos brasileiros optarem entre a república e

a monarquia, mais ainda, quanto ao sistema de gover-no desejado, entre o presidencialismo e o parlamen-tarismo. Em 21 de abril de 1993, os brasileiros ratifica-ram a opção pela república presidencialista.

No concerto do Exército, nessa altura, em 1992, a então Escola de Administração do Exército (EsAEx), atual Escola de Formação Complementar do Exército (EsFCEx), situada em Salvador – BA, matriculou a primeira turma de 49 (quarenta e nove) mulheres, mediante realização de concurso público, marcando a década de 1990 pelo acesso do segmento feminino às fileiras do Exército Brasileiro. Com isso, as mulhe-res passaram a desempenhar importante papel em áreas científico-tecnológica, de saúde, em atividades complementares e administrativas da

instituição.Ca-bia, então, à EsAO pensar nos preparativos e adapta-ções necessárias para que, no futuro, pudesse rece-ber em seus cursos essa novel e significante parcela das fileiras do Exército. Para isso, seria necessário romper paradigmas, combater, vencer e eliminar o imobilismo e a rotina, buscando alcançar o máximo de eficiência.

No dia 16 de abril de 1993, o general de brigada Marcello Rufino dos Santos assumiu o comando da EsAO, destacando “o orgulho profissional de dirigir e guiar militares que têm o servir como dever e a verdadeira disciplina como valor de vida”.

No final do ano de 1993, o presidente Itamar Fran-co permitiu que o ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso (FHC), apoiado por uma equipe

de economistas oriundos da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ), conduzisse todo o processo, desde sua idealização até sua execução, de um plano econômico com o objetivo de controlar a hiperinflação do país.

O Plano Real foi oficializado no dia 27 de feve -reiro de 1994 por meio da Medida Provisória n° 434, e executado em três etapas: promoção do equilíbrio de contas do governo, principal causa da inflação que deveria ser eliminada; criação de um padrão es-tável de valor, a, Unidade Real de Valor (URV); e a emissão de nova moeda, com poder aquisitivo está -vel, o Real. Distinguiu-se dos planos anteriores, uma

vez que não houve congelamento de preços, evitan -do, assim, ações judiciais por quebras de contratos, fato bastante comum nos planos pregressos. O Pla -no Real foi considerado por analistas econômicos como o mais vitorioso programa de estabilização da história brasileira. Os salários dos trabalhadores passaram a ter maior poder de compra, poder esse que se exercia de forma constante, o que não havia acontecido anteriormente. Todas essas transforma -ções sociais e econômicas exigiram planejamento e coesão dos corpos docente e discente da EsAO. Por serem características da profissão militar e fun -damentadas nas próprias origens da instituição, a

hierarquia e a disciplina pautaram os trabalhos e alicerçaram a confiança recíproca, a lealdade e o es -pírito de corpo entre os seus integrantes, gerando a solidariedade em qualquer circunstância e, princi -palmente, na adversidade. Uma organização militar coesa é forte. E quem tem a força supera as vicissi -tudes com segurança.

Nas eleições gerais de 1994, FHC foi eleito presi -dente da República, em primeiro turno, e assumiu o cargo em 1º de janeiro de 1995. Também foram elei -tos, simultaneamente, todos os governadores de Es -tado, dois terços dos senadores, todos os deputados federais e todos os deputados estaduais. O início de

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governo de FHC foi marcado pelo aprofundamento das reformas em curso: ajustes no plano econômico para manter a inflação em baixo patamar, privatiza-ção de empresas estatais, abertura da economia ao capital estrangeiro e reforma da Constituição.

Apesar de seu sucesso, o Plano Real só solucionou uma parte do problema, uma vez que o crescimento econômico, como um todo, dependia de mudanças mais profundas, de cunho estrutural, envolvendo as áreas administrativas, patrimonial, financeira, fiscal e tributária.Em 31 de janeiro de 1995, o general de brigada Manoel Luiz Valdevez de Castro assumiu o comando da EsAO, tendo como ponto de partida o en-tendimento de que “o aperfeiçoamento, muito além de atualizar, reciclar, acrescentar informações é, na verdade, promoção da aprendizagem, favorecendo a contínua ampliação da cultura profissional e propor-cionando as condições essenciais para que se aten-dam, eficazmente, às exigências da carreira militar”.

No ano seguinte, em 1996, o Serviço Militar Feminino Voluntário foi instituído, focando basi-camente a área de saúde, oferecendo às mulheres oportunidades para o desempenho de cargos afetos à Odontologia, Enfermagem, Veterinária, Farmácia e Medicina. Naquela oportunidade, foi incorporada a primeira turma de 290 mulheres voluntárias para prestarem o serviço militar. Essa incorporação ocor-reu em todas as doze Regiões Militares do País. No mesmo ano, a então primeira brasileira combatente, Maria Quitéria de Jesus, a Paladina de Independên-cia, foi reconhecida como patrona do Quadro Com-plementar de Oficiais do Exército Brasileiro.

Em 10 de janeiro de 1997, o comando da EsAO passou a ser exercido pelo general de brigada Rena-to Cesar Tibau da Costa. Suas diretrizes e ações fo-ram caracterizadas pelo compromisso com a missão de aperfeiçoar, basicamente na arte da tática, as no-vas gerações de capitães. Orgulhoso por tão nobre distinção, deu garantias de que tudo quanto fosse possível fazer ou construir buscaria elevar o nome

e manter as tradições da Escola. Asseverava que “O Curso de Aperfeiçoamento é um manancial impor-tante no fluxo contínuo da capacitação do oficial, que não comporta represamento nem segmentos estanques e se vai avolumando, progressivamente, com a autoaprendizagem”.

O ano de 1997 foi marcado pela aprovação no Congresso Nacional da emenda constitucional que permitiu a reeleição para os mandatos de presiden-te, governador e prefeito e, também, pela crise asiá-tica, a qual trouxe vulnerabilidade para a economia nacional, forçando o governo a adotar medidas de contenção do nível de atividades, para evitar o des-controle externo. Em 29 de abril de 1998, a EsAO passaria a ser comandada pelo general de brigada Aurélio Cavalcanti da Silva. Com a mesma disposi-ção de seus antecessores e empolgado com a opor-tunidade de trabalhar a mente e a alma dos homens que aliam o vigor à experiência, passou a incenti-var a Escola a desenvolver o pensamento próprio sobre a arte da guerra, com o intuito de retemperar as energias dos jovens oficiais e prepará-los para prosseguirem confiantes rumo ao futuro.

Neste mesmo ano, o presidente FHC foi reeleito para um novo mandato. Desde então, o País viveu períodos conturbados por desavenças políticas, agravadas pelo alto grau de corrupção de alguns in-tegrantes da administração pública. Por outro lado, o Plano Real paralisou o crescimento econômico com os juros elevados. O poder aquisitivo da popu-lação reduziu-se a patamares inferiores aos de 1994 e o país entrou em depressão.

Nesse ambiente de crise, em 7 de dezembro de 1999, o general de brigada Álvaro de Souza Pinheiro assumiu o comando da tradicional “Casa do Capitão”, contribuindo, sobremaneira, para a imersão total no estudo da tática e da logística operacional. Não mediu esforços para a consecução de um importante objeti-vo, qual seja, o preparo dos valiosos recursos huma-nos da Força Terrestre: o seus capitães.

A década de 1990 trouxe grandes desafios para os militares das Forças Armadas. A crise econômica impôs sacrifícios de toda ordem. Porém, o Exérci-to Brasileiro continuou firme na sua missão cons-titucional, mostrando-se decidido, atuante e avesso às intolerâncias inoportunas ou inaceitáveis, bem como alheio à inércia e ao comodismo, como é pró-prio da profissão militar.

Com a abertura econômica, proliferaram lojas de produtos importados no Brasil. Na indústria au-tomobilística, embora tenha havido grande redução no número de trabalhadores por unidade fabril, ve-rificou-se significativo aumento do número de insta-lações industriais, com a chegada de novas marcas ao Brasil – Honda, Toyota, Renault, Peugeot e outras. Considerável parcela das empresas estatais que foram privatizadas dependia de recursos do governo e não arcava com diversos tipos de tributos. Ao priva-tizá-las, os governos federal, estaduais e municipais trocaram uma fonte de prejuízos por uma maior ar-recadação. Por exemplo, no setor siderúrgico: a única estatal lucrativa era a Usiminas, que, estrategicamen-te, foi a primeira a ser leiloada, para que os investido-res acreditassem na disposição de reforma estrutural do Estado brasileiro. Todas as demais companhias siderúrgicas – a Nacional (CSN), a de Tubarão (CST) e a Paulista (Cosipa), entre outras – eram deficitárias. Também, foi na década de 1990 que a carreira mi-litar passou a abrir mais espaço para as mulheres, a exemplo do Instituto Militar de Engenharia do Rio de Janeiro (IME), quando 10 (dez) mulheres lá se formaram e foram incluídas no Quadro de Engenhei-ros Militares (QEM) do Exército. Outro exemplo de incentivo e oportunidade para o segmento feminino no estamento militar adveio da Escola de Saúde do Exército (EsSEx), situada no Rio de Janeiro – RJ, que recebeu a sua primeira turma de médicas, dentistas, farmacêuticas, veterinárias e enfermeiras de nível su-perior. Elas, após a conclusão dos respectivos cursos, também se tornaram oficiais de carreira do Exército.

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Mais uma vez, as novidades que surgiam no final do milênio desafiavam a criatividade dos integrantes da EsAO. Para o profissional da guerra, perceber essa realidade é entender seu próprio sentido de existir, como fiel guardião do Estado e de suas instituições.

No prosseguimento, o País que comemorou 500 anos do seu descobrimento, continuava em uma posição secundária frente às grandes nações, de-vido à fraca projeção internacional e inexpressiva presença no cenário econômico. A anomia já estava enraizada no cenário político, uma vez que faltavam valores morais em algumas personalidades da Na-ção. Assim, nesses quinze anos abordados no pre-sente capítulo, experimentou-se a tentativa de ma-cular a imagem do Exército, sobretudo pela mídia, ao relatar, entre outros assuntos, o episódio de 31 de março de 1964 de forma parcial, não mostrando, de

maneira clara, as razões que levaram os militares à tomada do poder e omitindo as atrocidades cometi-das pelos terroristas. Eles, sim, os terroristas, foram enaltecidos, tratados como heróis da redemocrati-zação do País. Os militares ganharam a luta armada e perderam a ideológica, uma vez que a versão dos fatos transmitidos à juventude nos bancos escolares foi distorcida e tendenciosa.

Porém, as instituições militares continuam fir-mes na defesa de seus preceitos e valores, fiéis aos ditames constitucionais do País. Permanecem movi-das pela certeza de que o fator de aglutinação de seus recursos humanos não se resume, apenas, ao viver em comum, mas, sobretudo, à consciência de que existe um ideal a ser buscado. A EsAO acredita piamente em seu papel de verdadeiro templo para o culto dos valores e das tradições legados pelos

he-róis da Pátria, valendo-se de seu moderno processo de ensino-aprendizagem para contagiar a juventude esperançosa de cada turma de capitães que passará

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