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com a sociedade, eventos políticos, econômicos, sociais e militares

No documento EsAO Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais (páginas 92-100)

Maj QCO Elonir José Savian

O despontar do século XXI trouxe novos desafios para o Exército Brasileiro e, em consequência, para a Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais (EsAO). Isso decorreu em razão dos surpreendentes atentados de 11 de se-tembro de 2001, nos Estados Unidos, que levaram as principais lideranças mundiais a rever suas concep-ções em diversos campos, dentre os quais o militar.

Percebia-se, para o assombro de muitos, que nem a nação mais poderosa militarmente estava a salvo de ataques perpetrados em seu território por grupos ter-roristas. Por outro lado, pouco tempo depois, verificava-se nas represálias norte-americanas, o emprego de um aparato militar de alta tecnologia contra grupos parti-dários do terrorismo e governos acusados de apoiá-los. Tomava forma claramente o que muitos estudio-sos denominaram “Guerra de Quarta Geração”, ca-racterizada por conflitos assimétricos, de geometria variável e ordenamento difuso, em que se opõem atores estatais e não estatais, por vezes fortemente condicionados por fatores culturais. Nesse cenário, aumentava-se a importância do uso das tecnologias da informação para alcançar os objetivos militares in-diretos, a exemplo da Guerra Psicológica de Espectro Total. Notava-se, também, a expressiva significância nos embates contemporâneos da digitalização, robo-tização, automação, ciberguerra, lasers, pulsos eletro-magnéticos, inteligência artificial e guerra espacial.

O comando da EsAO estava atento ao que ocor-ria em âmbito mundial e refletia sobre novos para-digmas relacionados ao ensino e ao aperfeiçoamen-to dos oficiais:

Exige-se, cada vez mais, dos comandantes em to-dos os níveis, uma adequação rápida à contínua ino-vação tecnológica, aos processos sociais em curso, à pluralidade de paradigmas de racionalidade não

ho-mogênea, enfim, às estruturas de conhecimento exis-tentes no atual processo de passagem da modernida-de para a pós-momodernida-dernidamodernida-de. Não existe mais o momodernida-delo de conhecimento seguro, que se perpetua ao longo do tempo e satisfaz às exigências cartesianas do combate do início do século XX (FARAH, 2004, p.3).

Tais preocupações também se faziam sentir den-tre as principais lideranças governamentais nacio-nais, o que ensejou a elaboração da “Estratégia de Defesa Nacional”. Publicada em 2008, preconizava, entre diversos outros pontos, que o Exército deveria ser constituído por meios modernos e por efetivos muito bem adestrados. Também caberia a essa Força manter-se em permanente processo de transforma-ção, buscando, desde logo, evoluir da era industrial para a era do conhecimento.

A “Estratégia de Defesa Nacional” também desta-cava como aspectos positivos do quadro de defesa nacional a “excelência do ensino nas Forças Arma-das, no que diz respeito à metodologia e à atualiza-ção em relaatualiza-ção às modernas táticas e estratégias de emprego de meios militares, incluindo o uso de con-cepções próprias, adequadas aos ambientes opera-cionais de provável emprego”.

Deveras, a excelência do ensino na EsAO no início dos anos 2000 era amplamente reconhecida. Todavia, as notáveis transformações que ocorriam na ciência e na arte da guerra, e as posteriores imposições decor-rentes da “Estratégia de Defesa Nacional” implicavam a necessidade de rever, e se fosse o caso, aprimorar os processos de ensino-aprendizagem. Também se evi-denciava a necessidade de se disponibilizar condições materiais ainda melhores aos integrantes da Escola em questões que iam da aquisição de modernos meios auxiliares de instrução até a construção de Próprios

Nacionais Residenciais (PNR). Paralelamente, haveria de se continuar estreitando os laços com a sociedade, o que poderia ser alcançado através da promoção ou participação de eventos dos mais variados matizes.

No campo do ensino, o limiar do III Milênio en-contrava a EsAO profundamente empenhada em im-plementar um programa de modernização cujos fun-damentos foram elaborados, a partir de 1995, pelo Grupo de Trabalho para o Estudo da Modernização do Ensino (GTEME). Isso era reflexo de estudos que apontavam para a necessidade de se redimensionar o perfil dos militares, tendo em vista os desafios esperados nas primeiras décadas do século XXI.

Em linhas gerais, tal perfil deveria contemplar ele-mentos como crença e compromisso com os valores centrais da instituição; domínio de idiomas estran-geiros; habilidades físicas típicas da profissão; habi-lidades para fazer uso dos recursos de informática; habilidades cognitivas, nos níveis de compreensão, reflexão crítica e de aplicação de ideias criativas; ha-bilidades interpessoais que facilitassem a interação com indivíduos e grupos; senso de responsabilidade pelo autoaperfeiçoamento; e atitudes que denotassem criatividade, iniciativa, decisão, adaptabilidade, coo-peração, arrojo, flexibilidade e liderança.

Em relação ao ensino-aprendizagem, o GTEME orientava as escolas militares a incorporarem novas práticas didáticas e metodologias, com ênfase para a contextualização dos conteúdos e uma dinâmica de sala de aula centrada no aluno, o que resultaria em mais iniciativa e valorização das experiências individuais. Dever-se-ia, também, dar ferramentas aos alunos para que desenvolvessem suas capacidades de “aprender a aprender” e de se autoaperfeiçoar, o que se percebia imprescindível em um mundo em que o conhecimento

passava por rápidas e profundas transformações. A palestra, técnica de ensino então muito adotada, deve-ria preferencialmente ser substituída por outras como a discussão dirigida, o estudo de caso e a pesquisa em grupo, mais adequadas para se estimular a argumen-tação, a reflexão e os trabalhos em equipe.

Quanto às avaliações, o GTEME determinava aos estabelecimentos de ensino priorizar as questões discursivas sobre as objetivas, de modo a exigir, cada vez mais, reflexão, análise, síntese e apresen-tação, por escrito, do ponto de vista do discente; co-brar, mesmo nas questões objetivas, respostas que envolvessem raciocínio, em oposição a soluções me-morizadas; aplicar ao máximo provas com consulta livre; priorizar a utilização de questões práticas, evi-tando-se aquelas puramente teóricas ou desvincula-das da realidade profissional; compatibilizar os itens das verificações com os níveis taxionômicos

pre-vistos nos planos de matérias; e utilizar ao mínimo questões que exigissem a simples memorização de regulamentos, códigos, manuais e textos escolares.

A modernização deveria ocorrer em todas as escolas militares, de acordo com suas peculiarida-des e missões. Para a EsAO, dentre outros pontos, previa o Curso de Aperfeiçoamento de Oficiais em dois anos letivos (primeiro ano, ensino a distância; segundo, presencial), o que deveria ser feito por meio de uma efetiva integração e continuidade dos currículos de ambos os anos.

Nesse contexto, houve o aprimoramento do Curso de Aperfeiçoamento de Oficiais (CAO), des-tinado a oficiais formados na Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN), e do Curso de Aperfei-çoamento Militar (CAM), destinado a oficiais for-mados no Instituto Militar de Engenharia (IME), na

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Escola de Saúde do Exército (EsSEx) e na Escola de Administração do Exército (EsAEx).1

No ano de 2009, os cursos estavam assim organi-zados: o CAO compreendia duas fases: primeiro ano, na modalidade ensino a distância (EAD), com 720 horas (40 semanas); e o segundo ano, na modalidade presen-cial, com 1.640 horas (41 semanas). O CAM para mé-dicos também se estruturava em duas fases: primeiro ano, na modalidade EAD, com 375 horas (25 semanas); e o segundo ano, na modalidade presencial, com 379 horas (12 semanas). O CAM para os oficiais das demais especialidades desenvolvia-se em somente uma fase, na modalidade EAD, com 375 horas (25 semanas).

Nesse período, o ensino a distância havia deixado de ser um mero curso por correspondência. Em razão da adoção de novas ferramentas como o Ambiente Vir-tual de Aprendizagem (AVA), a WEB Aula e o CD Hiper-mídia, houve uma expressiva melhora na qualidade do ensino-aprendizagem, com ênfase para a interatividade. Agora, alunos servindo nas mais longínquas localidades do País podiam rapidamente esclarecer dúvidas, dar opiniões, trocar ideias e realizar discussões, com instru-tores e também com outros discentes, o que facilitou a compreensão, difusão e construção de conhecimentos.

Também contribuiu para essa modernização o profí-cuo trabalho desenvolvido pelo comando da Escola, no sentido de atender a outras demandas geradas pelo en-sino a distância. Destarte, foram reestruturadas as insta-lações físicas do Curso de Ensino a Distância (CEAD), ad-quiridos equipamentos de informática de última geração, comprados novos mobiliários e instalada nova rede lógica de computadores. A consolidação da utilização do Portal de Educação do Exército como plataforma e sala de aula virtual do Curso também se efetivou com a reformulação supracitada, contribuindo para estreitar, sobremaneira, o contato e a interação de discentes e docentes.

O ensino presencial manteve a excelência. Além das proveitosas aulas teóricas, continuaram a ser rea-lizados exercícios no terreno e simulações de comba-te, nos quais se buscava empregar os mais modernos recursos didáticos e equipamentos de combates exis-tentes na Força.

Continuaram também a ser feitos os Pedidos de Cooperação de Instrução (PCI) a outras Organizações Militares, na forma de apoio material ou atividade de ensino, a fim de se complementar a instrução. Como exemplo, pode ser citado o prestado em 2015, pelo 1º Batalhão de Defesa Química, Biológica, Radiológica e Nuclear. Dentre as atividades realizadas, foi apresenta-da palestra pelo comanapresenta-dante do Batalhão sobre as ativi-dades da Organização Militar e sobre seu emprego ope-racional nos grandes eventos que ocorriam no Brasil. Os capitães alunos visitaram também uma exposição de materiais de Defesa Química, Biológica, Radiológica e

1 Atualmente denominada Escola de Formação

Nuclear, bem como assistiram a uma demonstração do posto de descontaminação de pessoal e viaturas.2

Paralelamente, passou a dar ênfase ao programa de pós-graduação, o que resultou em significativas pesquisas de especialização e mestrado, nas quais os alunos refletiram sobre temas atuais e históricos e pro-puseram alterações doutrinárias de grande relevância. Fazendo-se uma breve consulta nos trabalhos e dissertações realizados por alunos do curso de ar-tilharia, percebe-se a diversidade e a riqueza dos temas abordados: “Emprego de equipamentos DEPS (Diferential Global Positioning System) no levan-tamento topográfico de grupo de artilharia de cos-ta motorizada” (capitão Márcio Luciano de Araújo, 2003); “O direito internacional dos conflitos armados e a Artilharia de Campanha do Exército Brasileiro: um estudo sobre munições” (capitão Alexandre Borges Villa Treinta, 2011), e “O sistema astros e a defesa ci-bernética: uma realidade para o Exército Brasileiro (capitão Jacaono Batista de Lima Júnio, 2013).

21º BATALHÃO DE DEFESA QUÍMICA, BIOLÓGICA, RA

-DIOLÓGICA E NUCLEAR. Vídeo Institucional. Pedido de Cooperação de Instrução à ESAO. Disponível em:

<http://www.1btldqbrn.ensino.eb. br/index.php?op

- tion=com_content&view=article&id=160:pedido-

de-cooperacao-de-instrucao-a-esao&catid=88&Ite-mid=1225>. Acesso: em 10 dez. 2016.

Tais conhecimentos não poderiam ficar sem divul-gação. Sendo assim, em 2004, foi criada a revista “Lide-rança Militar”, com o objetivo de publicar artigos cien-tíficos elaborados com base nos trabalhos acadêmicos. Todavia, verificou-se que a denominação escolhida para a revista acabava por induzir possíveis leitores a consi-derarem que o seu conteúdo tratasse exclusivamente sobre liderança militar, o que na verdade constituía-se apenas em uma das linhas de pesquisa da Escola.

Em razão disso, em 2007, decidiu-se mudar o nome da revista, que passou ser chamada “Giro do Horizonte”. A primeira edição contou com a tiragem de 2.000 exemplares e foi divulgada exclusivamen-te por mídia impressa. Dois anos depois, passou a ser veiculada na rede mundial de computadores, o que lhe deu amplitude nacional e internacional.

De acordo com orientações relativas à modernização do ensino, passou-se a dar ênfase ao ensino de história militar. Nesse sentido, a fim de aprofundar os conheci-mentos já ministrados no curso, professores da cadei-ra de história militar da AMAN focadei-ram convidados pacadei-ra realizar palestras relativas à participação do Brasil na Segunda Guerra Mundial. Nesses encontros, inicialmen-te explicava-se sobre a preparação da Força Expedicio-nária Brasileira (FEB); depois sobre as operações dos expedicionários nos vales dos rios Serchio, Reno,

Pana-ro e Pó; e concluía-se versando sobre as consequências da guerra para o aprimoramento do Exército Brasileiro. Há de se destacar a criação, em 28 de junho de 2012, do Clube de História, com a finalidade de valorizar os estudos históricos, particularmente de temas relacionados às campanhas do Exército Bra-sileiro. Entre outras atividades, o Clube passou a es-timular os integrantes da Escola a elaborar artigos, assistir a filmes e expor fotografias.

A Escola também mostrou preocupação em aprimo-rar a liderança dos discentes, particularmente os que frequentavam os cursos presenciais. Isso se evidencia-va já na seleção dos docentes, que passaevidencia-vam por sele-ção rigorosa, tendo em vista servirem de exemplo de capacidade profissional, conduta e comprometimento com os valores que permeiam o Exército Brasileiro.

A liderança militar passou a ser desenvolvida em todas as oportunidades possíveis. Como exemplos podem ser citados estudos de caso e discussões diri-gidas, baseados em situações-problema extraídas de filmes, livros ou vivenciadas pelos próprios oficiais. Buscou-se também desenvolvê-la em trabalhos em sala de aula e em exercícios táticos, quando se atri-buía funções temporárias aos discentes, em que ha-via relação de subordinação entre o oficial designado para o comando e seus companheiros que, tempora-riamente, passavam a ser seus comandados.

A liderança militar passou a ser trabalhada fazen-do uso fazen-do estufazen-do de temas históricos, em que eram ressaltadas qualidades e analisados exemplos lega-dos por memoráveis comandantes, a exemplo lega-dos patronos do Exército Brasileiro. Para isso, extensa bibliografia foi disponibilizada aos capitães alunos.

Vale por fim salientar que, durante todas as ati-vidades, o desempenho, atitudes e comportamen-tos dos discentes passaram a ser observados. Isso possibilitou aos comandantes de cursos e docentes orientar individualmente o oficial aluno em sua con-tínua busca pelo aperfeiçoamento da liderança e da competência profissional.

A partir de 2010, em meio à constante busca pela melhoria do ensino e em razão dos imperativos de-correntes da Estratégia Nacional de Defesa, iniciou-se no Exército Brasileiro a substituição da educação por objetivos pela educação por competências. Tais sistemas educacionais podem assim ser definidos:

A educação por competência está alicerçada, principalmente na interdisciplinaridade, que é

a interação entre as disciplinas para a busca de solução para as situações-problemas apresen-tadas ao aluno em temas de

es-tudo, bem como é uma maneira

de vencer a fragmentação entre as disciplinas e mobilizar

capa-cidades e conteúdos de forma

integrada. A educação por obje

-tivos visa promover mudanças

comportamentais nos discentes,

motivando um planejamento de

ensino com objetivos prefixa

-dos, e o instrutor atuando como um planejador, controlador da

aprendizagem e do ensino (COU

-TINHO, 2015, p. 39).

Os preceitos que nortearam os trabalhos foram o aproveitamento dos princípios do Processo de Modernização do Ensino, a adequação à estrutura organizacional dos estabelecimentos de ensino, a sistematização das práticas pedagógicas existentes, a adequação às normas vigentes quando possível, e a sistemática de ajuste das normas a partir da reali-mentação dos estabelecimentos de ensino.

Partia-se da premissa que as escolas deveriam intensificar esforços tendo em vista estimular o pen-samento inovador dos militares, tendo como base o Ensino por Competências, fundamentado no desen-volvimento de conhecimentos, habilidades, atitudes, valores e experiências.

Convém acentuar que ao se optar pelo Ensino por Competências não se pretendeu desconsiderar o ensino então vigente no Exército, mas sistematizar e aperfeiçoar práticas que dele se aproximavam, a

fim de ultrapassar as normas existentes e trazer no-vas ferramentas pedagógicas.

Nesse contexto, em março de 2014, tendo em vista iniciar a implantação do ensino por competências na EsAO, constituiu-se o Grupo de Construção Curricular, presidido pelo subcomandante/subdiretor de Ensino.

Em uma fase preliminar, a Seção Técnica de Ensino realizou a capacitação interna dos seus mi-litares em torno da consolidação de conceitos, tais como educação por competência e educação por objetivos, o que se mostrava imprescindível para a difusão do modo de ensino a ser estruturado.

Em seguida, teve início a fase de levantamen-to de competências, que tinha em vista realizar a análise ocupacional dos cargos a serem ocupados pelos oficiais concludentes do Curso de Aperfei-çoamento. Paralelamente, mostrou-se necessária a atualização doutrinária dos docentes em face das transformações que ocorriam na Doutrina Mi-litar Terrestre.

Posteriormente, passou-se a elaborar o mapa funcional, quando foram levantadas as competên-cias principais, as unidades de competêncompetên-cias e os elementos de competências. As competências princi-pais relacionam-se diretamente à análise ocupacio-nal, assim, para elencá-las, procurou-se responder a seguinte questão: “para que formo/aperfeiçoo?”. As unidades e os elementos de competências são desdobramentos das competências principais, as-sim, para relacioná-los, buscou-se resposta para a arguição: “como alcanço a competência principal?”. Depois, passou-se para a elaboração do “perfil profissiográfico”, quando foram relacionadas as “competências gerais” a serem adquiridas por todos os alunos da Escola, a exemplo de “empregar a Dou-trina Militar Terrestre com ênfase na aplicação das funções de combate”. Também foram selecionadas as “competências específicas”, a serem alcançadas de forma particular pelos discentes de acordo com sua arma, quadro ou serviço, tal como, no caso dos cavalarianos, “comandar Organização Militar de Cavalaria Mecanizada valor força-tarefa, Unidade em operações defensivas podendo ter em reforço subunidade de infantaria e/ou aviação do Exército, além de elementos de apoio ao combate, elementos de apoio logísticos e outros meios”.

Ainda, foi inserido no perfil profissiográfico um item denominado “Eixo Transversal”, que relaciona um conjunto de capacidades/habilidades, valores, atitudes e experiências que devem ser mobilizadas pelas competências levantadas no mapa funcional. Para isso, o Eixo passou a contar com os seguintes subitens: atitudes, capacidades físicas e cognitivas, capacidades físicas e motoras, capacidades morais, e valores militares.

Depois, tendo como base o mapa funcional, fo-ram elencadas as disciplinas essenciais ou centrais dos cursos, tais como “Gestão Organizacional” e

“Introdução à Doutrina Militar Terrestre”. Também foram selecionadas as disciplinas acessórias, a exemplo de “Ciências Políticas” e “Ética Profissional Militar”, que, embora não gerem diretamente com-petências, mostravam-se importantes para a funda-mentação, instrumentalização e contextualização do ensino das disciplinas centrais.

As disciplinas escolhidas foram colocadas em módulos, tenho em vista possibilitar a interdiscipli-naridade, uma vez que se exigiria do concludente a integração de conhecimentos de diferentes áreas para a resolução dos problemas. Tudo isso resultou em um documento denominado Plano Integrado de Disciplinas (PLANID).

Dando sequência, foi elaborado o Plano de Dis-ciplinas (PLADIS), no qual passaram a constar deta-lhadamente os conteúdos e assuntos particulares de cada disciplina, as cargas horárias, as orientações metodológicas e as referências bibliográficas.

Quanto às avaliações, quase não houve altera-ções. Continuaram a ser diagnósticas, formativas e somativas. Entretanto, o Projeto Interdisciplinar, que era antes somativo, passou a ter um caráter formati-vo, ou seja, não resultaria em notas, mas o desempe-nho do aluno no trabalho seria avaliado, tornando-se, em consequência, em mais um subsídio para a composição da avaliação afetiva.

Faz-se importante salientar que, sobretudo na fase presencial do CAO, passou a predominar o ensino base-ado em situações-problema e temas táticos, deixando-se para a fadeixando-se a distância os conteúdos de caráter mais conceitual. Nesse cenário, as quatro operações básicas (defensiva, ofensiva, pacificação e apoio a órgãos go-vernamentais) passaram a ter grande destaque.

Também cabe ressaltar que o êxito do Ensino por Competências depende, principalmente, da ca-pacitação dos docentes, bem como do pessoal que administra o ensino. Trata-se de um processo con-tínuo, de extrema importância, que esmeradamente tem sido buscado por todos nele envolvidos, com resultados muito acima do esperado.

Em 2015, coroando os trabalhos, começaram a ser aperfeiçoados os primeiros capitães no novo modelo de ensino-aprendizagem. Dessa forma, gra-ças ao empenho de todos os seus integrantes, o En-sino por Competências tornou-se uma realidade na EsAO, constituindo-se em um marcante avanço no ensino. Há de se destacar que esta mudança se deu

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