Cel Art Dorian Cerqueira de Souza Maj QCO Christiane Alves de Lima;
A Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais (EsAO) foi criada pelo Decreto Federal nº 13.451, de 29 de ja-neiro de 1919, e fundada em 8 de abril de 1920, pelo então ministro da Guerra Doutor João Pandiá Caló-geras. Inicialmente, a Escola foi instalada no quartel do extinto 1º Regimento de Artilharia Montada, hoje o 15º Regimento de Cavalaria Mecanizado. Após quatro anos de funcionamento em sua sede provi-sória, em 1924, a Escola foi transferida para o atual aquartelamento, dando prosseguimento ao ciclo de aperfeiçoamento de oficiais na nova instalação. No início de suas atividades, a EsAO tinha como finali-dade receber capitães e tenentes antigos no posto das diferentes armas com o objetivo de:
- completar a instrução técnica dos oficiais a fim de desempenharem as funções de comandantes de peque-nas unidades (companhias, esquadrões e baterias); e
- prepará-los para os postos superiores, até o de comandante de regimento.
Segundo Bianco (2009), o estudo era baseado na solução de temas táticos, direcionando o aluno o mais próximo possível do real emprego de uma unidade de sua arma. Com isso, abandonava-se, definitivamente, o ensino livresco, que se distanciava da prática. Essa li-nha de pensamento é marca registrada do ensino mili-tar brasileiro até os dias atuais e norteia os parâmetros pedagógicos do aperfeiçoamento dos oficiais da Força.
Atualmente, a EsAO, situada na Vila Militar, em Deodoro, na cidade do Rio de Janeiro, é um estabelecimento de ensino subordinado à Diretoria de Educação Superior Militar (DESMil) e ao Depar-tamento de Educação e Cultura do Exército (DECEx). A EsAO tem por missão aperfeiçoar capitães, ca-pacitando-os para o comando e chefia de unidades e habilitando-os para o exercício de funções do Esta-do-Maior não privativas do quadro de EstaEsta-do-Maior do Exército. Além dos oficiais do Exército Brasileiro, a EsAO também aperfeiçoa oficiais fuzileiros navais
da Marinha do Brasil e das Nações Amigas (ONA). Na Escola são desenvolvidos dois cursos: o Curso de Aperfeiçoamento de Oficiais (CAO) e o Curso de Aperfeiçoamento Militar (CAM).
O CAO tem a duração de dois anos, cujo ensino se destina a capitães das armas (infantaria, cavalaria, artilharia, engenharia e comunicações), do serviço de intendência e do quadro de material bélico. O primeiro ano é desenvolvido na modalidade de ensino a distân-cia com carga horária de 720 horas de atividades de ensino. O segundo ano é desenvolvido na modalida-de modalida-de ensino presencial na EsAO, com carga horária de 1.640 horas de atividades de ensino, acrescida de 260 horas de complementação da atividade de ensino e administrativa, perfazendo uma carga horária total de 2.360 horas. Com relação ao CAO Médico, este é desenvolvido da seguinte forma: o primeiro ano é de-senvolvido na modalidade de ensino a distância, com carga horária de 375 horas de atividades de ensino. O segundo ano é desenvolvido na modalidade de ensino presencial na EsAO, com carga horária de 420 horas de atividades de ensino, acrescida de 60 horas de complementação da atividade de ensino e administra-tiva, perfazendo uma carga horária de 795 horas.
Com relação ao CAM, este tem a duração de um ano, cujo ensino se destina a capitães do serviço de Saúde (dentistas e farmacêuticos), do Quadro de En-genharia Militar (QEM) e do Quadro Complementar de Oficiais (QCO). A carga horária é de 375 horas, desenvolvido na modalidade de ensino a distância. O CAM do Quadro de Capelães Militares (QCM) tem a duração de 430 horas (25 semanas), sendo 300 horas na modalidade de ensino a distância e 130 ho-ras (4 semanas) na fase presencial.
Segundo alguns pesquisadores de teoria da his-tória, a exemplo de Max Weber, o trabalho científico surge, de modo geral, a partir de um interesse, da von-tade de investigar algum tema (BELLINTANI, 2009).
Este artigo se justifica pela importância da come-moração dos 100 anos de criação da EsAO, em que se aproveita os dados referentes ao artigo escrito em 2014,1 apresentando um estudo detalhado do acervo histórico da EsAO, e especificando a quanti-dade de alunos que se aperfeiçoaram nesse tradicio-nal estabelecimento de ensino superior.2
Todas as informações constantes neste artigo foram baseadas em fontes primárias, utilizando do-cumentos de currículos, livros de fichas individuais3
por turma, livros com resultados de cursos de 1932 a 1941,4 boletins internos e reservados arquivados na EsAO, tendo como objetivo principal apresentar o efetivo de oficiais que se aperfeiçoaram nesse es-tabelecimento de ensino desde a primeira turma, em 1920, até a última, em 2017. Além disso, neste traba-lho são evidenciados fatos e curiosidades ocorridos durante a realização dos cursos de aperfeiçoamento da EsAO no tocante ao funcionamento e às metodo-logias de ensino empregadas, com intuito de realizar um acervo histórico dessa tradicional Escola, conhe-cida como a “Casa do Capitão”, que em abril de 2019 comemorará cem anos de existência, aperfeiçoando oficiais de carreira de nosso Exército, além de mili-tares5 e Oficiais de Nações Amigas.
1 Artigo publicado na revista científica “O Saber” do Co
-légio Militar de Brasília.
2 Os cursos da EsAO são reconhecidos pelo CNPQ/DECEx
como cursos de pós-graduação Lato Sensu e Stricto Sensu.
3 Fichas que contêm todo o progresso obtido pelo ofi
-cial durante a realização do curso na EsAO, mencio
-nando as notas obtidas e a classificação dos oficiais na turma. Estas têm o caráter reservado.
4 Livro contendo todos os nomes dos alunos com suas
menções, no período de 1932 a 1941, arquivado na Seção Técnica de Ensino da EsAO, tendo o caráter reservado.
5 A EsAO tem por objetivo aperfeiçoar oficiais, contu
constatou-106
O desenvolvimento da EsAO
A EsAO tem aperfeiçoado oficiais brasileiros, militares e Oficiais das Nações Amigas (ONA) desde 1920, recebendo influências externas no processo de ensino-aprendizagem. Atualmente, a Escola vem se modernizando com as novas ações, táticas e técnicas da doutrina militar contemporânea.
No início de suas atividades escolares, de 1920 a 1941, o Exército Brasileiro esteve sobre a influência da doutri-na francesa, que ficou conhecida doutri-na história como Missão Militar Francesa (MMF).
Logo após o fim do contrato com a França, incorreu a Segunda Guerra Mundial, período no qual a EsAO não teve nenhuma atividade referente a aperfeiçoamento de oficiais.6 No entanto, após os ensinamentos adquiridos com a Força Expedicionária, a Escola retomou suas ativi-dades de ensino com novos cursos.
Com a finalidade de manter a operacionalidade do Exército, o Estado-Maior do Exército (EME) iniciou, em 1994, o processo de modernização do ensino com o obje-tivo de tornar os recursos humanos da Força capazes de acompanhar os avanços no conhecimento e de integrar o Exército do século XXI. Os reflexos desse projeto na EsAO iniciaram-se a partir de 1998 com o aprimoramento do en-sino a distância, no qual se otimiza o enen-sino do CAO e se implementam novos cursos para o CAM.
Para uma melhor compreensão e exploração dos da-dos, a pesquisa foi dividida em quatro fases, a saber:
- período da Missão Militar Francesa (1920 a 1941); - período do Pós-Guerra (1946 a 1997);
- período da Modernização do Ensino (1998 a 2015), e - período do ensino por competências (2016 até o presente).
Período da Missão Militar Francesa (1920 a 1941)
Neste período, foram firmados contratos com a França com objetivo de investir na propagação de sua influência, através da difusão de sua língua e cultura, justificada no Brasil e na América Latina pela recorrência ao argumen-to da latinidade, com vistas à exportação de seu material bélico excedente, por preços elevados, beneficiando, com isso, a balança comercial francesa. O Brasil tem como meta a instrução, modernização e equipagem de sua força de terra (BELLINTANI, 2009).
se que alguns militares que estudaram na “Casa do Capitão” eram praças em seus países.
6 Não foi encontrado nenhum registro de documento arquiva
-do na EsAO durante o perío-do de 1942 a 1945.
Tabela 1 - Efetivo de oficiais concludentes da EsAO durante o período da MMF
ANO CURSOS CONCLUDENTESALUNOS
INF CAV ART ENG
1920 37 20 28 7 92 1921 50 31 27 7 115 1922 29 15 16 6 66 1923 32 18 23 5 78 1924 27 11 15 5 58 1925 18 8 19 8 53 1926 32 11 23 8 74 1927 42 0 27 6 75 1928 49 0 22 6 77 1929 35 0 20 14 69 1930 45 0 35 14 94 1931 39 0 9 7 55 1932 20 0 10 6 36 1933 35 13 0 8 56 1934 45 18 32 17 112 1935 74 29 37 32 172 1936 35 19 24 11 89 1937 0 0 0 0 0 1938 45 24 38 15 122 1939 46 30 37 11 124 1940 75 33 38 10 156 1941 75 29 34 16 154
TOTAL DE ALUNOS APERFEIÇOADOS 1927
Fonte: boletins internos e fichas individuais arquivados na EsAO.
Nos anos 1920, os franceses reorganizam os cursos regulares de carreira, principalmente os do EME, em que foram criadas e reativadas novas instalações (a Escola de Comando e Estado-Maior, a Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais, a Escola de Intendência e a Escola de Veterinária). Novos regulamentos foram elaborados e oficiais foram enviados à França para realizarem cursos de aperfeiçoa-mento, pois havia uma grande preocupação em preparar oficiais brasileiros para que, gradativamente, fossem subs-tituindo os mestres franceses, surgindo, assim, a figura do auxiliar de instrução (BIANCO, 2009; BELLINTANI, 2009).
A partir de 1930, o efetivo de oficiais franceses na MMF foi reduzido e a continuidade dos trabalhos foi sendo reali-zado com o auxílio de instrutores brasileiros, devidamente capacitados e instruídos. A política de valorização do Exér-cito, desenvolvida pelo presidente Getúlio Vargas, ampliou as importações de armamentos, aumentando o efetivo mili-tar e elevando os soldos (BELLINTANI, 2009).
O primeiro chefe da missão foi o general Maurice Gus-tave Gamelin, herói da Primeira Guerra Mundial, chefe de gabinete do marechal Joffre, na vitória do Marne, e mais tarde, chefe da seção de operações do grande quartel
ge-Tabela 2 - Quantidade de oficiais da Marinha, Forças Auxiliares e Nações Amigas que concluíram a EsAO durante a MMF.9
CURSOS INFANTARIA CAVALARIA ARTILHARIA ENGENHARIA
ANO MB AUXILIARFORÇA ONA ONA MB ONA MB ONA
1931 - 3 1 - - 1 - -1932 - 3 - - - - -1934 3 1 - 1 - - -1939 4 - - - - - -1940 1 - 1 1 1 1 - -1941 - - - - - - 1
Fonte: boletins internos e fichas individuais arquivados na EsAO.
Cabe mencionar os oficiais brasileiros que estudaram na EsAO durante esse perí-odo que se destacaram no contexto político-histórico de nosso país, a saber:
- o primeiro tenente de infantaria Humberto da Allencar Castelo Branco realizou o curso em 1924, sendo presidente do Brasil no período de 1964 a 1967;
- o primeiro tenente de infantaria Arthur Costa e Silva realizou o curso em 1924 e assumiu a presidência durante o período de 1967 a 1969;
- o capitão de cavalaria Emílio Garrastazu Médici cursou em 1939, foi presidente entre 1969 a 1974; e
- o capitão Ernesto Geisel se aperfeiçoou em 1938, assumindo a presidência de 1974 a 1979.
Cabe ressaltar que, entre 1938 a 1941, o curso de aperfeiçoamento era realizado em dois turnos, no qual o curso de Infantaria foi realizado no primeiro semestre e os demais (Cavalaria, Artilharia e Engenharia) no segundo semestre. Entre os anos de 1926 e 1930, a Escola das Armas era responsável pela formação de oficiais e praças no curso de Transmissões.
O período sobre a influência da Missão Militar Francesa mostrou-se eficaz nos re-sultados apresentados, confirmando o acerto da contratação da missão estrangeira. Foi nesse período que o pensamento tático foi assimilado, tornando-se marca regis-trada do militar brasileiro (BIANCO, 2009). Durante essa época foram aperfeiçoados 1.927 oficiais, sendo 1.904 do Exército, 10 da Marinha, 4 da Polícia Militar do Distrito Federal (atual PMRJ),10 3 da Força de Segurança Pública de São Paulo (atual PMSP), 2 da Bolívia e 4 do Paraguai.
9 A quantidade de oficiais relacionados na tabela 2 está incluída na tabela 1.
10 Durante esse período, a capital federal era a cidade do Rio de Janeiro.
neral dos exércitos franceses. O seu subchefe era o gene-ral Durandin, oriundo da Escola Politécnica e de Aplicação de Fontainebleu (BIANCO, 2009).
Nesse período, a EsAO era denominada de “Escola das Armas”. Apesar do curso de aperfeiçoamento ser direcio-nado aos capitães e tenentes, no início das atividades da Escola, muitos oficiais superiores (coronéis, tenente coro-néis e majores) realizaram este curso.
Os primeiros cursos de aperfeiçoamento foram de: Infan-taria, Cavalaria, Artilharia e Engenharia. Entretanto, entre 1927 a 1932, não foi encontrado nenhum dado sobre a conclusão do curso de Cavalaria nesse estabelecimento de ensino.
O curso de 1932 foi interrompido por causa da Revo-lução Constitucionalista de 1932, cujo reinício ocorreu em novembro desse ano7 e seu término no início de 1933.
Depois de uma década de funcionamento, em 1931, a Escola recebe oficiais de outras forças e de Nações Ami-gas: da Força de Segurança Pública de São Paulo (FSPSP)8
e oficiais da Bolívia, que realizaram os cursos de Infanta-ria e ArtilhaInfanta-ria (tabela 2). Os nomes desses oficiais são:
- da FSPSP:
capitão José Hipólito Trigueirinho; capitão Cícero Bueno Brandão e; capitão Gilberto S. Maciel da Silva. - da Bolívia:
capitão Arturo Vergara Delgado - curso de Artilharia e; subtenente Antonio Suarez Castedo - curso de Infantaria. Em 1934, concluíram o curso de Infantaria, pela primeira vez, três oficiais da força coirmã: a Marinha do Brasil, a saber:
capitão-tenente Rubens Constante Magalhães Serejo; primeiro tenente José da Silva Pontes Lins;
primeiro tenente Euclides de Alcantara.
Os Oficiais das Nações Amigas só retornariam em 1940, no último ano do contrato da MMF (BIANCO, 2009), porém so-mente com a presença de militares da República do Paraguai.
7 Boletim Diário nº 280, de 16 de novembro de 1932.
8 A conclusão do curso de oficiais da FSPSP pode aparecer
estranha, contudo entre 1906 e 1924, a força estadual de São
Paulo, também, contratou uma missão militar francesa, ini
-ciativa bem anterior a do governo federal, para o Exército Nacional (BELLINTANI, 2009).
108
Período pós-guerra (1946 a 1997)
Após quatro longos anos de inatividade,11 a Escola rei-niciou em 1946, com nova denominação, não mais Escola das Armas, mas sim Escola de Aperfeiçoamento de Ofi-ciais.12 Iniciou suas atividades escolares com os cursos das armas, já tradicionais, os de Infantaria, Cavalaria, Ar-tilharia e Engenharia, além dos novos, os dos serviços de Intendência e Saúde para os médicos.
Nesse período, segundo Mattos (2008), a doutrina francesa defensiva de emprego foi substituída pela nor-te-americana de concepção ofensiva. Entretanto, a Escola não se limitou apenas em assimilar a doutrina e sim, ciente das potencialidades e vulnerabilidades do país, foi estimu-lada a desenvolver a doutrina militar terrestre brasileira.
Conforme a necessidade do Exército, além de aprimo-rar sua doutrina terrestre, a EsAO atualizava sua grade curricular com novos cursos. Em 1955, surgiu o curso de Veterinária. Em 1962, iniciava-se o curso da arma de Comu-nicações e, em 1971, apresentavam-se os oficiais do quadro de Material Bélico para realizar o curso.
Em 1946, os cursos foram realizados em dois turnos. Fato esse que se repetiu nos anos de 1947 e 1948. A utiliza-ção de turnos para realizautiliza-ção do curso de aperfeiçoamen-to não ficou restriaperfeiçoamen-to somente esses anos, sendo repetido entre os anos de 1964 e 1966 e no biênio de 1992 e 1993.
A Escola já tinha consolidado sua eficiência e qualidade de ensino, aperfeiçoando oficiais. Por isso, em 1947 vol-tou a receber oficiais da Marinha, da Aeronáutica e ONA. Durante esse período, a EsAO aperfeiçoou 663 oficiais da Marinha do Brasil, 20 oficiais da Força Aérea Brasileira13
e 668 oficiais de Nações Amigas. Os países que enviaram oficiais à “Casa do Capitão” foram:14 Angola - 8; Argentina15
- 02; Bolívia - 32; Chile - 37; Colômbia - 64; El Salvador - 1; Equador - 127; Estados Unidos - 8; Guatemala - 7; Guiana - 16; Honduras - 23; México - 2; Panamá - 2; Paraguai - 175; Peru - 1; Suriname - 30; Uruguai - 90 e Venezuela - 43.
Dos 668 ONA citados acima, realizaram os cursos de: Infantaria - 182; Cavalaria - 132; Artilharia - 137; Engenha-ria - 95; Intendência - 48; Comunicações - 44; MateEngenha-rial Bélico - 13; Saúde para médicos – 16;16 e Veterinária – 1.17
11 A Escola ficou sem atividades no período de 1942 a 1945, no
qual não houve registro de boletins arquivados.
12 Denominação que se encontra até os dias atuais.
13 Os oficiais da FAB realizaram o curso de Infantaria nos se
-guintes anos: 1952 (6); 1953 (5); 1957 (4); 1958 (4) e 1959 (1).
14 Os países estão em ordem alfabética.
15 Cabe destacar o pouco intercâmbio com o país vizinho no
período. O primeiro oficial argentino foi o major Hugo Mario Merlez, que realizou o curso de Infantaria em 1988.
16 Os ONA que realizaram o curso foram, especificamente,
oficiais paraguaios (11) e equatorianos (5). Os períodos fo
-ram: o ano de 1949, entre 1953 e 1958 e de 1973 a 1980.
17 Em 1960, realizou o curso o capitão Luiz Eduardo Torres
Em 1949, estudou na E.A.O18 o capitão de cava-laria João Batista de Oliveira Figueiredo, que foi o 30º presidente do Brasil entre 1979 a 1985.
Os oficiais de Forças Auxiliares também conti-nuaram a buscar conhecimento na Escola. Entre os anos de 1948 e 1953, aperfeiçoaram-se 30 oficiais de Forças Auxiliares, sendo 22 no curso de Infantaria e 08 no curso de Cavalaria. As incorporações esta-duais que buscaram interação com a Escola nesse período foram: a Brigada Militar do Rio Grande do Sul (10); a Força de Segurança Pública de São Paulo (14); a Polícia Militar de Alagoas (2); a Polícia Militar do Distrito Federal (3), atual PMRJ, e a Polícia Militar de Santa Catarina (1).
Em 1987, estudou na EsAO o capitão de arti-lharia Jair Messias Bolsonaro, que foi eleito para a
18 Abreviatura antiga da Escola de Aperfeiçoamento
de Oficiais.
função de presidente da República do Brasil para o período de 2019 a 2022.
Durante a década de 1960, foi observado que a Escola não se limitava apenas em aperfeiçoar ca-pitães, pois no Livro de Registro de Fichas Indivi-duais de 1946 a 1970 tem anotado diversos cursos de comando de unidade e chefia dos serviços, uma espécie de Estágio de Preparação de Comando de Organização Militar (EPCOM) dos dias atuais.
Cabe ressaltar que o curso de Saúde, no biê-nio 1981-1982, foi realizado por correspondência, momento no qual a Escola adotou novas práticas de ensino, evidenciando a constante atualização do processo ensino-aprendizagem. Sendo assim, pode ser considerada esta fase como a gênese do ensino a distância na EsAO.
EsAO • 100 anos aperfeiçoando oficiais para o Brasil e as Nações Amigas
110
ANO CURSOS CONCLUDENTESALUNOS
INF CAV ART ENG INT COM MB SAU VET
1973 113 47 46 26 34 8 7 18 15 314 1974 57 40 56 23 35 8 15 19 13 266 1975 65 41 57 - 36 - - 19 - 218 1976 73 37 52 22 34 11 5 22 - 256 1977 99 28 64 17 35 13 15 20 - 291 1978 107 31 62 13 52 12 9 24 - 310 1979 116 38 42 19 54 11 7 27 - 314 1980 90 32 57 32 51 17 13 28 - 320 1981 120 40 46 35 43 19 15 49 - 367 1982 100 42 47 41 38 19 17 83 - 387 1983 117 39 49 37 15 24 11 70 - 362 1984 116 41 47 38 31 35 20 48 - 376 1985 114 41 46 40 30 34 20 25 - 350 1986 145 50 57 36 33 12 25 25 - 383 1987 126 67 55 20 34 19 15 12 - 348 1988 120 49 64 32 26 23 18 23 - 355 1989 111 42 58 34 33 30 21 24 - 353 1990 93 53 55 28 25 29 18 18 - 319 1991 100 48 49 30 27 22 17 14 - 307 1992 167 80 111 82 49 50 60 37 - 636 1993 158 75 107 73 44 46 55 38 - 596 1994 113 39 56 26 25 27 25 22 - 333 1995 108 44 55 38 24 23 27 21 - 340 1996 108 37 53 28 27 22 26 20 - 321 1997 102 43 53 33 25 22 25 21 - 324
TOTAL DE ALUNOS APERFEIÇOADOS 18.055
Fonte: bol etins internos e fichas individuais arquivados na EsAO.
Tabela 3 - Efetivo de oficiais concludentes da EsAO durante o período do pós-guerra.
ANO CURSOS CONCLUDENTESALUNOS
INF CAV ART ENG INT COM MB SAU VET
1946 199 57 88 33 57 - - 21 - 455 1947 187 73 91 31 49 - - 16 - 447 1948 158 66 69 30 37 - - 15 - 375 1949 66 41 28 10 12 - - 8 - 165 1950 64 40 41 23 30 - - 8 - 206 1951 24 20 28 14 18 - - 47 - 151 1952 90 47 50 25 29 - - 19 - 260 1953 167 81 75 54 58 - - 21 - 456 1954 64 23 27 20 30 - - 17 - 181 1955 73 38 43 17 21 - - 16 4 212 1956 63 36 52 31 65 - - 21 13 281 1957 112 50 35 20 60 - - 24 25 326 1958 122 51 35 21 57 - - 28 27 341 1959 122 73 40 22 49 - - 24 21 351 1960 112 54 71 22 48 - - 28 21 356 1961 104 51 69 23 49 - - 27 22 345 1962 121 43 89 37 62 - - 30 10 392 1963 125 48 76 35 54 - - 27 - 365 1964 243 114 190 96 109 - - 86 39 877 1965 166 38 185 34 82 - - 50 29 584 1966 164 46 158 53 85 - - 52 - 558 1967 104 42 76 24 55 5 - 30 20 356 1968 102 19 71 19 33 13 9 24 10 300 1969 72 40 31 18 10 - - - - 171 1970 91 30 50 20 20 15 10 - - 236 1971 113 35 47 24 38 9 9 8 9 292 1972 108 40 37 21 29 5 11 9 10 270
Dessa forma, no período de 1946 a 1997, constata-se que a Escola aperfeiçoou 18.055, sendo 16.674 oficiais do Exército Brasileiro, 663 oficiais da Marinha do Brasil; 20 oficiais da Força Aérea Brasileira, 30 oficiais de For-ças Auxiliares e 668 oficiais de Nações Amigas. Além disso, verificou-se a implementação de novos cursos e práticas de ensino inovadoras, tudo para atender as necessidades do Exército Brasileiro e a criação de uma doutrina própria.
112 112
Período
da modernização do ensino (1998 a 2015)
O ensino no Exército Brasileiro sempre foi considerado fundamental pela qualidade, organização e seriedade, devi-do ao tratamento conferidevi-do por esta instituição, sobretudevi-do, pela sua característica de estar em constante processo de atu-alização. O mercado de trabalho atual exige a figura de um profissional dinâmico, comunicativo, capaz de adaptar-se a situações adversas, buscando, constantemente, o autoaperfei-çoamento. No meio militar, as exigências não são diferentes. Em virtude disso, o EME iniciou, em 1994, o processo de mo-dernização do ensino, visando a tornar os recursos humanos da Força capazes de acompanhar os avanços da era do conhe-cimento e de integrar o Exército do século XXI.
Por isso, o EME dirigiu um simpósio sobre ensino, com participação de destacadas personalidades e educadores, civis e militares, brasileiros e estrangeiros, cujas conclusões foram publicadas no documento “Política Educacional para o Ano 2000”. Neste documento foram considerados diversos tópicos como: os quadros da acelerada evolução científica e tecnoló-gica, da informática, da velocidade de difusão da informação, das transformações do ambiente (político, econômico, social e militar), das novas formas das estruturas (institucionais, não institucionais e organizacionais) e dos efeitos da globalização. A Política Educacional colocou em evidência a preocupação com a premissa da educação, em que o aluno é o foco central e o mais relevante do ato pedagógico. Para tal, foi dada ênfase à formação geral, à reformulação curricular e à adoção de me-canismos de incentivo ao “aprender a aprender”.
Com a modernização do ensino, foram realizadas impor-tantes modificações na Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais, no Curso de Aperfeiçoamento de Oficiais (CAO) para as armas, quadros e serviços, além de criar o Curso de Aperfeiçoamento Militar (CAM)19 para os oficiais do Serviço de Saúde (S Sau), do Quadro Complementar de Oficiais (QCO) e do Quadro de Engenheiros Militares (QEM).
Em 1999, o CAO passou a ser realizado em dois anos, sen-do o primeiro a distância e o segunsen-do ano presencial. A turma do ano 2000 foi a primeira a ser aperfeiçoada nessa nova metodologia.
O CAM, para os oficiais médicos, foi dimensionado para ser realizado em dois anos: um ano pelo ambiente virtual e o outro ano presencial, com duração de três meses. Para os oficiais do S Sau (dentistas e farmacêuticos), do QCO e do QEM, o CAM é realizado a distância e durante um ano.
19 A denominação CAM aparece pela primeira vez no Boletim
Reservado Especial nº 004, de 26 de novembro de 1997 com o resultado do curso de Saúde para médicos.
Tabela 4 - Efetivo de oficiais concludentes do CAO durante o período da modernização do ensino.
ANO
CURSOS DE APERFEIÇOAMENTO DE OFICIAIS
(CAO) ALUNOS
CONCLUDENTES
INF CAV ART ENG INT COM MB