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A FORMAÇÃO DE PROFESSORES PARA USO DAS MÍDIAS

No documento INTEGRAÇÃO E GESTÃO DE MÍDIAS NA ESCOLA (páginas 80-82)

formAção continuADA De professores:

A FORMAÇÃO DE PROFESSORES PARA USO DAS MÍDIAS

A formação continuada de professores em serviço tem sido citada por crescente número de pesquisadores da área da educação (NÓVOA, 1991; ALMEIDA, 2000 e 2005 e outros), como um possível suporte para auxiliar os educadores a superar as dificuldades que vêm enfrentando no exercício da docência, ao mesmo tempo em que pode se tornar um espaço articulador entre as ações docentes e as dos demais integrantes da comunidade escolar.

Nóvoa (1991) referindo-se à formação de professores de modo geral, propõe três eixos estratégicos a serem considerados: a pessoa do professor e sua experiência, a profissão e seus saberes, e a escola e seus projetos.

Em relação ao primeiro eixo, Nóvoa (1991) afirma que a formação não se constrói por acumulação (de cursos ou de técnicas), mas sim através de um trabalho de reflexão crítica sobre as práticas e de reconstrução permanente de uma identidade pessoal. Por isso é importante investir na pessoa e nos saberes construídos através da experiência.

Quanto ao segundo eixo, Nóvoa (1991) reforça que é preciso investir nos saberes de que o professor é portador, tanto do ponto de vista teórico como conceitual. Segundo o autor, tem havido uma desvalorização dos saberes e experiências das práticas dos professores, na tentativa de impor saberes considerados científicos. A formação contínua deve estimular os professores a reconhecerem e valorizarem os saberes de que são portadores.

No terceiro eixo ressalta a necessidade de mudança do contexto, no qual o professor intervém, argumentando que o empenho dos professores é fundamental para a mudança, mas as próprias instituições também têm que se transformar (NÓVOA, 1991).

Almeida (2005, p. 43) enfatiza a importância da formação dos professores para o uso das TIC, afirmando:

O triplo domínio em termos mediáticos com as respectivas linguagens, teórico-educacionais e pedagógicos, acrescido da gestão das atividades em realização e respectivos recursos empregados, são adquiridos por meio de formação continuada, na qual o professor tem a oportunidade de explorar as tecnologias, analisar suas potencialidades, estabelecer conexões entre essas tecnologias em atividades realizadas com aprendizes e buscar teorias que favoreçam a compreensão dessa nova prática pedagógica.

Os autores citados nos dão pistas importantes quando pensamos em organizar formações continuadas para os professores. Em nossa experiência, vemos que o preparo adequado dos professores quanto ao uso das ferramentas do computador os tornam mais seguros para o desenvolvimento de atividades integradoras com mídias.

Os professores com os quais trabalhamos no laboratório de informática são capazes de discutir com facilidade questões relativas ao seu fazer pedagógico com relação às TIC. Porém, muitos não se sentem a vontade para atuarem sozinhos frente a esses recursos. Isso se dá muitas vezes por insegurança, por medo de que o seu “saber” seja questionado diante do novo, que eles ainda não dominam. Para Valente (2005, p. 23) é necessário ao professor:

Conhecer as diferentes modalidades de uso da informática na educação – programação, elaboração de multimídia, busca da informação na internet ou mesmo de comunicação – e entender os recursos que elas oferecem para a construção de conhecimento.

Valente (2005) também nos indica aspectos a serem considerados no processo de formação dos professores. Entretanto, antes de planejarmos a formação, é necessário identificar as características do grupo com o qual iremos trabalhar, a fim de fazer as

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Luís Paulo Leopoldo Mercado (org)

adequações pertinentes. Nesse trabalho diagnóstico, identificamos quatro perfis de professores que trabalham conosco no laboratório de Informática:

a) Professores que já conseguem utilizar o laboratório de informática de maneira eficaz são aqueles que direcionam as atividades, criando possibilidades para que seus alunos possam criar habilidades, construir conclusões, pesquisar com criticidade. Geralmente já passaram por alguma formação, de forma que são capazes de conduzir os educandos na utilização de várias mídias e assim atingir o objetivo que almeja. A mudança de “endereço (espaço) escolar” para esse professor só proporcionou grandes feitos e uma aprendizagem mais significativa para com seus alunos. Esses professores estão inclusos digitalmente, pois são profissionais que no mínimo acessam a internet duas ou três vezes por semana, preparam seu planejamento de aula com algum aplicativo (programa de computador), fazem pesquisa constantemente na internet atualizando-se sempre dentro do seu conteúdo ou procurando recursos diferentes para melhorar sua aula, participam de algum fórum ou bate papo em sites interativos com outros profissionais de sua área para troca de idéias. São profissionais atentos às mudanças e inovações que surgem.

b) Professores que levam os alunos ao laboratório sem planejamento específico. Esses mudam também de “endereço (espaço) escolar” levando seus alunos para o laboratório de informática sem nenhum objetivo, sem planejar suas atividades, sem estruturar idéias do que pretende que seus alunos alcancem. Só estão ali para cumprir horário em outro ambiente. Este tipo de professor abre espaço para o que chamamos de vacilo, que são as oportunidades que o aluno vai ter de entrar em bate-papo, ouvir música, ver imagens indevidas. Acaba proporcionando, por falta de planejamento e organização de sua aula, tudo aquilo que não se pretende com o uso do computador na escola. Esses profissionais se excluem digitalmente, pois raramente acessam a internet e se acessam é para jogar, ler e enviar alguns e-mails, não se preocupa em organizar uma hora diária para estudar e organizar suas aulas.

c) Professores que apresentam o seu conteúdo pronto, com aulas em power point, acham que apresentar sua aula, seu conteúdo na informática já é suficiente e está inovando, esse apenas mudou a metodologia. Constroem sua aula no Power Point, muitas vezes com a ajuda de alguém, para apresentar no laboratório, mantendo-se na perspectiva de transmissão de conhecimento, sem proporcionar questionamentos ao seu aluno, mantendo-o como sujeito passivo o tempo todo. Esses profissionais dominam seu conteúdo, mas ao mesmo tempo não se preocupam em melhorar a dinâmica de suas aulas, limitando a participação do aluno. Mantêm-se fiéis aos métodos tradicionais.

d) Professores que se recusam a ir ao laboratório por se sentirem despreparados, não vão ao laboratório porque não sabem usar as ferramentas existentes e nem querem aprender a usá-las. Estão na contramão da história como diz Silva (2005), produzindo exclusão digital para si e para seus alunos.

Acreditamos que as diferenças entre esses profissionais se dá muitas vezes pela ausência de capacitação, medo e restrições em inovar sua prática com o uso das mídias. Eles estão realmente atrelados ao seu antigo e tradicional papel de professor detentor do saber. Trata-se também de desconhecer as possibilidades que as TIC têm para envolver os alunos na pesquisa, no prazer da descoberta, contribuindo para o desenvolvimento da criticidade, da sua capacidade de resolver problemas individual e coletivamente. É difícil para o professor atuar como facilitador desse processo se o mesmo não consegue manipular bem os recursos midiáticos de que dispõe. Valente (2005, p. 30) reforça a necessidade de mudança de paradigmas, afirmando que:

É fundamental para que a educação dê o salto de qualidade e deixe de ser baseada na transmissão da infor mação para incorporar também aspectos da construção do conhecimento pelo aluno, usando para isso as tecnologias digitais, que estão cada vez mais presentes em nossa sociedade

Isso é reafirmado por Moran (1999), quando aponta a possibilidade de modificar a forma de ensinar e de aprender, transformando o ensino em algo mais compartilhado, orientado, coordenado pelo professor, mas com profunda participação dos alunos, individual e grupalmente. As TIC serão importantes coadjuvantes nesse processo, por isso, cabe ao professor, diante de diversas opções fazer uso adequado desse potencial em prol do educando, desenvolvendo práticas que possam gerar construção, criticidade e aprendizagem com significado.

Para que esse professor assuma uma postura mais motivadora, atualizada, que o leve a construir junto com seus educandos, propusemos um direcionamento para suas aulas com o uso das TIC, em especial na utilização dos computadores e da internet, na perspectiva de mudança, de colocar a escola em sintonia com as exigências do tempo presente.

A utilização das TIC, também na aprendizagem contínua dos professores, estabelece uma interconexão entre os pilares da educação, o saber conhecer, o saber fazer, o saber ser e o saber conviver, sendo que este último provoca o surgimento de sentimentos de partilha, de trocas interpessoais profundas e produtivas dentro do espaço escolar.

O maior passo que pudemos dar diante de tantos perfis de profissionais foi começar a formação daqueles

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que estavam dispostos a fazerem uso das mídias, da internet, do laboratório de informática, fazendo valer a pena os investimentos feitos. Sem a formação e sem a presença de multiplicadores no laboratório de informática dando suporte aos professores, não adianta investir em computadores, scanners, notebooks. Para as mudanças ocorrerem é preciso que o professor seja orientado, seja capacitado diante dos recursos tecnológicos e preparado para saber fazer um planejamento de suas aulas com os recursos e mídias existentes na escola. Foi com essa expectativa que planejamos e iniciamos o processo formativo dos professores da escola que demonstraram interesse e disposição para tal.

A FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES

No documento INTEGRAÇÃO E GESTÃO DE MÍDIAS NA ESCOLA (páginas 80-82)