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O PERFIL DOS PROFESSORES PARTICIPANTES DO CURSO DE INTRODUÇÃO À EDUCAÇÃO

No documento INTEGRAÇÃO E GESTÃO DE MÍDIAS NA ESCOLA (páginas 67-70)

Sílvia da Silva Medeiros

O PERFIL DOS PROFESSORES PARTICIPANTES DO CURSO DE INTRODUÇÃO À EDUCAÇÃO

DIGITAL EM MACEIÓ

Neste estudo, a forma utilizada para identificar o perfil dos professores que participam do curso foi a análise da ficha de inscrição. Nela, os professores expõem dados relevantes que contribuem para que seja traçado o perfil do grupo. Além da ficha, no decorrer do curso também é possível coletar outras informações através das respostas dadas às atividades do curso, diálogos e fichas de avaliação do curso. Para tratar do perfil dos professores participantes do curso, foram analisadas 20 fichas de inscrição de uma turma de 2009, correspondendo a uma amostra de cerca de 22% dos inscritos nesse ano.

Após a análise das fichas, ficou evidenciado que a maioria dos professores participantes do curso é do sexo feminino. Numa turma de 20 inscritos, 18 são mulheres (90%) e apenas 2 são homens (10%), sendo que 12 professores lecionam em turmas dos anos iniciais do ensino fundamental (60%) e apenas 8 dão aulas em turmas do 6º ao 9º ano (40%). Quanto ao nível de escolaridade, mais da metade (55%) tem pós-graduação. Em relação à habilidade com o computador, a grande maioria (85%) assumiu que já tem habilidade. Apesar da maioria ter afirmado que tem acesso à internet em casa (75%), um pequeno grupo (25%) admitiu que só acessa a internet no trabalho ou em lan house. A turma é formada basicamente por professores com mais de 40 anos (70%). O estado civil da maioria é casado (60%).

Os dados coletados das fichas de inscrição dos cursistas mostram que o interesse maior pelo curso vem das professoras dos anos iniciais do ensino fundamental, com idade acima de 40 anos. Mesmo havendo uma maioria que tem pós-graduação e que afirma ter habilidade com o computador, é possível constatar que estas profissionais não tiveram acesso às tecnologias na sua formação e, na prática, apresentam dificuldade e um certo “temor”, como revelam os depoimentos de duas cursistas:

Ao realizar a inscrição para esta oficina mantive uma expectativa bastante relevante, uma vez que tinha receio de utilizar o computador. No entanto, percebi que era apenas medo, hoje estou mais aberta e consegui aprender MUITO em tão pouco tempo [...] (Professora- cursista A).

[...] tenho bastante dificuldade em mexer com computador, não tenho muito tempo também para adquirir a prática. [...] Anotei tudo que pude, porque quando acabo de fazer, já esqueci (Professora-cursista B).

É um grupo interessado em melhorar o seu desempenho em sala de aula com auxílio do

computador e da internet, que tem consciência da necessidade de introduzir as TIC na sua prática pedagógica. Os depoimentos abaixo mostram a opinião de alguns cursistas:

Eu queria me atualizar nos programas de tecnologia educacional do MEC para não ficar à margem da inclusão digital das escolas (Professora-cursista C).

Foi de grande importância pra mim [o curso], pois foi o primeiro contato com o computador [...]. Me sinto um pouco insegura ainda, mas aprendi muito, o suficiente para iniciar uma nova perspectiva (Professora-cursista D). O curso foi muito instrutivo, de todos os pontos de vista, afinal aqui se dá uma oportunidade a pessoas que trabalham muito tempo na área educacional, mas não tiveram a oportunidade de entrar nesse mundo maravilhoso que é a área de informática. Aqui as pessoas descobrem que a computação não apenas servirá para dar complemento a seus trabalhos, ou seja, em sua vida profissional, acabam descobrindo que a informática também os ajudará em seus projetos pessoais, projetos esses, que talvez nem existissem antes dessas pessoas sentarem nessas cadeiras (Professor-cursista E).

Os depoimentos apresentados foram extraídos das fichas de avaliação preenchidas pelos cursistas no final do curso. Nestas fichas, os alunos dão sua opinião sobre o curso, os pontos positivos, pontos negativos, dão sugestões, opiniões, fazem uma auto-avaliação, etc. São informações de extremo valor, que dão condições para o grupo da formação melhorar o seu trabalho, fazer reflexões sobre o que deu certo e o que precisa melhorar em outras formações.

Destacamos que na sociedade atual, não há mais espaço para o professor introspectivo, alienado, que não aceita mudanças ou incapaz de enxergar a revolução tecnológica que vem acontecendo nos últimos tempos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nos últimos anos, o governo federal, em regime de colaboração com os estados e municípios, tem equipado a maioria das escolas públicas brasileiras com computadores e internet banda larga. No entanto, estas ações não são o suficiente para que haja uma mudança significativa na educação. Não basta a escola adquirir recursos tecnológicos e outros materiais pedagógicos sofisticados e modernos. É preciso ter professores capazes de atuar e de recriar ambientes de aprendizagem. Isso significa formar professores críticos, reflexivos, autônomos e criativos para buscar novas possibilidades, novas compreensões, tendo em vista contribuir para o processo de mudança do sistema de ensino (PRADO, 2000, p. 14).

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INTEGRAÇÃO E GESTÃO DE MÍDIAS NA ESCOLA

Através do MEC/SEED, vários cursos de formação continuada voltados para a área de tecnologia educacional vêm sendo ofertados para os professores de todo o país. O Curso de Introdução à Educação Digital e os demais cursos que integram o Proinfo Integrado representam um avanço no que se refere a políticas públicas nacionais voltadas para a formação do professor. A participação nestes cursos é um primeiro passo para os professores que desejam se familiarizar com os recursos do computador e da internet e desenvolver novas práticas na sala de aula com a utilização das TIC.

A implementação do curso em Maceió representa uma grande conquista para a formação continuada dos professores da rede municipal de ensino. Os depoimentos dos cursistas revelam que a participação no curso os torna mais reflexivos, mais abertos às mudanças e, principalmente, desmitifica o medo do computador. Muita coisa ainda precisa ser feita. Além de computadores e internet funcionando plenamente e cursos de formação continuada, é preciso haver um espaço aberto nas escolas, preparado para novas práticas, que aceite as possíveis transformações que ocorrerão com a mudança de postura do professor. Para que sejam alcançadas mudanças efetivas no processo ensino-aprendizagem, é essencial que o “professor de sala de aula” participe efetivamente da idealização e da execução dessas mudanças. É preciso, ainda, que haja a compreensão, por parte desse professor e dos demais envolvidos no processo educacional, de que a “aula” não deve acontecer apenas em sua sala, mas também – e principalmente – em espaços alternativos (SETTE, AGUIAR e SETTE, 2000, p. 21). Segundo Dowbor (2001) “[...] É necessário repensar a escola e a educação no sentido mais amplo. A escola deve ser menos lecionadora e mais organizadora de conhecimento, articuladora dos diversos espaços do conhecimento” (DOWBOR, 2001). É, de fato, um desafio à pedagogia tradicional, porque significa introduzir mudanças no processo de ensino e aprendizagem e, ainda, nos modos de estruturação e funcionamento da escola e de suas relações com a comunidade (LÓES, 2007, p. 39).

REFERÊNCIAS

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professores, v. 2. Secretaria de Educação a Distância. Brasília: Ministério da Educação, SEED, 2000b. Série de Estudos. Educação a Distância.

BRASIL. Decreto nº 6.300, de 12 de dezembro de 2007. Dispõe sobre o Programa Nacional de Tecnologia Educa- cional. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/cciv- il_03/_Ato2007-2010/2007/Decreto/D6300.htm>. Acesso em: 1 mar. 2010.

__________. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Dis- ponível em: <http://www.planalto.gov.br/CCIVIL/LEIS/ l9394.htm>. Acesso em: 15 mar. 2010.

__________. Portaria nº 522, de 9 de abril de 1997. Minis- tério da Educação. Disponível em: <http://www.dominiopu- blico.gov.br/download/texto/me001167.pdf>. Acesso em: 1 mar. 2010.

DOWBOR, Ladislau. Vídeo Educação e Tecnologia. Dis- ponível em:

<http://br.youtube.com/watch?v=szNSCklQnWY>. Acesso em: 18 mai. 2010

FIORENTINI, Leda (Org.). Introdução à educação digital: curso de formação continuada para professores do ensino fundamental e médio da rede pública. SEED/MEC. Brasília, 2008. LÓES, Francesca V. O professor-multiplicador e o uso pedagógico de TIC nas escolas públicas brasileiras. In: COOR- DENAÇÃO CENTRAL DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA PUC-RIO (Org.). Educação a distância e formação de

professores: relatos e experiências. Rio de Janeiro: EdPUC-

Rio, 2007.

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MERCADO, Luís P. Novas tecnologias na educação: re- flexões sobre a prática. Maceió: Edufal, 2002.

MORESI, Ricardo. Decreto governamental cria Núcleos de Tecnologia Educacional. In: ALAGOAS – Página eletrônica da Secretaria de Educação e Esporte. Notícias. 2 out. 2008. Disponível em: <http://www.educacao.al.gov.br/sala-de- imprensa/noticias/decreto-governamental-cria-nucleos-de- tecnologia-educacional>. Acesso em: 20 abr. 2010.

PRADO, Maria E. O uso do computador na formação

do professor: um enfoque reflexivo da prática pedagógica.

Brasília: MEC/SEED/PROINFO, 1999. Disponível em:

<http://www.escola2000.net/eduardo/textos/PROINFO/

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Luís Paulo Leopoldo Mercado (org)

SETTE S. S.; AGUIAR M. A.; SETTE J. S. A. Formação de

professores em informática na educação: um caminho

para mudanças. Disponível em: <http://www.escola2000.

net/eduardo/textos/PROINFO/livro05-Sonia%20Sette%20 et%20alii. pdf>. Acesso em: 26 fev. 2010.

UFAL. Universidade Federal de Alagoas. Disciplina: Profissão Docente (textos de apoio). Curso de Pedagogia a Distância, Maceió, 2009.

No documento INTEGRAÇÃO E GESTÃO DE MÍDIAS NA ESCOLA (páginas 67-70)