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EDUCAÇÃO ESPECIAL E EDUCAÇÃO INCLUSIVA CONTRIBUIÇÕES PARA O DEBATE DE UMA

No documento INTEGRAÇÃO E GESTÃO DE MÍDIAS NA ESCOLA (páginas 187-189)

Elisangela Leal de Oliveira Mercado

EDUCAÇÃO ESPECIAL E EDUCAÇÃO INCLUSIVA CONTRIBUIÇÕES PARA O DEBATE DE UMA

EDUCAÇÃO DEMOCRÁTICA

Apresentaremos uma breve discussão conceitual da educação especial inclusiva enfatizando suas formas de atendimento. Tal discussão tem seus alicerces calcados na concepção democrática da educação como direito público subjetivo, sendo possível a qualquer cidadão ou grupo, associação, organização ou entidade acionar o poder público para exigi-lo, incluindo assim as pessoas com deficiência. Magalhães (2011, p. 14) esclarece que:

Defender tal afirmação significa que o sistema escolar deve receber toda e qualquer clientela, independente de características físicas, cognitivas, comportamentais e psicossociais

que as diferenciem da maioria da população e fundamentalmente, lançar um olhar para as diferenças que circulam na escola, em situações que geram diálogo e conflito.

A educação especial, a partir de uma perspectiva de educação inclusiva associa-se a defesa de escolas que garantam o acesso ao ensino comum de crianças com deficiência e, para tal propor avanços em muitos pontos de resistência da escola tradicional.

Ao longo da história, a educação especial viveu profundas transformações. Com a reinvindicação de alguns movimentos sociais a discussão de igualdade de tratamento entre todos os cidadãos e a supri missão de qualquer tipo de discriminação dentro da escola tornou-se bandeira de luta da educação do século XX. O sistema educacional para facilitar a integração dos alunos com alguma deficiência delega às escolas a formação cognitiva e social desses alunos, responsabilizando-as pelos problemas de aprendizagem manifestados.

Segundo Fernandes citado por Almeida (2004, p. 37) “a educação especial é uma modalidade de ensino que visa promover o desenvolvimento das potencialidades das pessoas com necessidades especiais, condutas típicas ou altas habilidades e, que abrange os diferentes níveis e graus do sistema de ensino.”. Com resquícios dos conceitos de deficiência, decorrentes da visão inatista, a educação especial incluía no seu fazer pedagógico a luta pela superação do preconceito. As pessoas eram deficientes por causas, fundamentalmente, orgânicas que se manifestavam no início do desenvolvimento embrionário ou infantil e esse estigma era o seu cartão de visita. Não se percebia o ser humano e as potencialidades existentes, via-se apenas a incapacidade, a limitação, a deficiência, a anormalidade do padrão esperado.

Essa discussão impulsionou um grande número de estudos que procurou classificar em diferentes categorias todos os transtornos detectados. Ao longo dos anos, essas categorias foram se modificando, mas preservava um traço comum, de ser o transtorno de aprendizagem um problema inerente à criança com poucas possibilidades de intervenção educativa e mudança.

Aspectos como práticas pedagógicas incorretas e falta de estímulo adequado ao desenvolvimento humano são agora determinantes para a eficácia e sucesso no processo de ensino e aprendizagem. Esses fatores contribuíram para a aceitação de uma nova maneira de entender a deficiência a partir de uma perspectiva educacional, enfocando a análise das necessidades educativas especiais do aluno à prática educativa que o

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impulsiona. É durante os anos iniciais de formação que as crianças adquirem o atendimento das diferenças, o respeito e o apoio mútuos em ambientes educacionais que promovem e celebram as diversidades humanas.

[…] A dificuldade de aprendizagem transforma- se em oportunidade: oportunidade de aprendizagem para a família no tocante aos seus processos de relacionamento interpessoal, oportunidade de reflexão para os professores e para a escola no que se refere aos resultados de uma ação educacional, levando-os a repensar a prática pedagógica, nela inscrevendo a possibilidade de novos procedimentos. (CARVALHO, 1999, p. 38).

Até então, a educação especial se configura como um sistema paralelo e segregado de ensino, voltado para o atendimento especializado de indivíduos com deficiências, transtorno global de desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação. Esse serviço especializado é realizado por profissionais, técnicas, recursos e metodologias específicas para cada uma dessas áreas de abrangência em escolas ou classes especiais.

Com a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº 9.394/96), a educação inclusiva é assegurada a todos os alunos que em virtude de suas deficiências tenham seus estudos concluídos ou acelerados. A Resolução CNE/CEB nº 2/2001, ao instituir as Diretrizes Nacionais para a Educação Especial, delineia a educação escolar como modalidade de educação escolar “definida em uma proposta pedagógica, assegura um conjunto de recursos e serviços para apoiar, suplementar, e, em alguns casos, substituir os serviços educacionais comuns de modo a garantir a educação escolar e promover o desenvolvimento dos educandos(...)” (BRASIL, 2001, p. 6). No entanto, com a possibilidade de substituição do ensino regular há um enfraquecimento nos rumos de adoção de uma política de educação inclusiva na rede pública de ensino.

Em 2006, com a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência os Estados passam assegurar um sistema de educação inclusiva em todos os níveis de ensino, em ambientes que favoreçam o desenvolvimento acadêmico e social, de forma a garantir que:

a) As pessoas com deficiência não sejam excluídas do sistema educacional geral sob alegação de deficiência e que as crianças com deficiência não sejam excluídas do ensino fundamental gratuito e compulsório, sob alegação de deficiência;

b) As pessoas com deficiência possam ter acesso ao ensino fundamental inclusivo, de qualidade e gratuito, em igualdade de condições

com as demais pessoas na comunidade em que vivem. (BRASIL, 2010, p. 15)

O fundamento ideológico das escolas inclusivas não procede das vantagens que podem ter os alunos com problemas de aprendizagem em uma sala de educação regular, nem da necessidade de uma reforma da educação especial. Sua base situa-se numa declaração universal dos direitos humanos, na qual os poderes públicos têm a obrigação de garantir um ensino inclusivo e igualitário, que resulte na integração desses alunos à sociedade, independente das condições físicas, econômicas, sociais ou culturais. Como defende Werneck (1999, p.56), ao desmitificar o significado de inclusão, “evoluir é perceber que incluir não é tratar igual, pois as pessoas são diferentes! Alunos diferentes terão oportunidades diferentes, para que o ensino alcance os mesmos objetivos. Incluir é abandonar estereótipos.”.

Acompanhando os rumos da discussão, em 2008 a Politica Nacional de Educação Especial na perspectiva de Educação Inclusiva caracteriza os alunos atendidos por esta modalidade de ensino e uma vertente de política continuada que garanta a estes a escolarização nos mais elevados níveis de ensino. Acrescenta, também, a noção de Atendimento Educacional Especializado (AEE) e de Educação Especial como complemento e suplemento ao ensino regular, excluindo o caráter de substituição antes propagado. Fortalece a necessidade de formação para os professores do AEE e demais profissionais da Educação Especial, articula a família, instituições e comunidade e a promove a construção da acessibilidade.

A Política Nacional de Educação Especial na perspectiva da educação inclusiva em consonância com a Resolução CNE/CEB nº 4/2009 denota um repensar sobre a finalidade e significado da Educação Especial, destacando a garantia aos alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação o acesso ao ensino regular, a oferta do atendimento educacional especializado e a formação de professores para realizá-lo, eliminando assim, as salas especiais. Glat (2007) denuncia que o término dessas salas ocorreu devido a tornarem-se depósitos de alunos que apresentavam problemas de aprendizagem.

A educação especial, na perspectiva de educação

inclusiva, passa a configurar um novo paradigma educacional promovendo a reorganização do sistema educacional e da prática pedagógica, garantida pelo princípio constitucional de igualdade de condições de acesso e permanência na escola. Em concordata com esse posicionamento Mantoan (2006, p. 41) defende que:

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Luís Paulo Leopoldo Mercado (org)

O ensino escolar brasileiro tem diante de si o desafio de encontrar soluções que respondam a questões do acesso e da permanência dos alunos nas suas instituições educacionais. Apesar das resistências, cresce a adesão de redes de ensino, de escolas e de professores, de pais e de instituições dedicadas à inclusão de pessoas com deficiência, o que denota o efeito dessas novas experiências e, ao mesmo tempo, motiva questionamentos.

Portanto, a educação especial direciona suas ações para o atendimento às especificidades desses alunos a partir da realização do atendimento educacional especializado, muitas vezes em salas de recursos multifuncional. Faz-se necessário uma mudança de postura e de concepção, a fim de que as diferenças não representem barreiras, mas oportunidades destes alunos desenvolverem atividades que propiciem a interação e a aquisição do conhecimento.

No documento INTEGRAÇÃO E GESTÃO DE MÍDIAS NA ESCOLA (páginas 187-189)