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O CURSO DE INTRODUÇÃO À EDUCAÇÃO DIGITAL

No documento INTEGRAÇÃO E GESTÃO DE MÍDIAS NA ESCOLA (páginas 64-67)

Sílvia da Silva Medeiros

O CURSO DE INTRODUÇÃO À EDUCAÇÃO DIGITAL

O curso faz parte do conjunto de processos formativos do Proinfo Integrado, voltado para a formação de professores e gestores da educação básica de todo país, visando à inclusão digital e social, tem como objetivo geral:

[...] contribuir para a inclusão digital de profissionais da educação, buscando familiarizá- los, motivá-los e prepará-los para a utilização significativa de recursos de computadores (sistema operacional Linux Educacional e softwares livres) e recursos da Internet, refletindo sobre o impacto dessas tecnologias nos diversos aspectos da vida, da sociedade e de sua prática pedagógica (FIORENTINI, 2008, p.10).

A t r a v é s d o c u r s o , o p r o f e s s o r t e m a oportunidade de conhecer e utilizar o sistema operacional Linux Educacional 3.0. É uma versão mais recente, que está sendo instalada nos laboratórios de informática das escolas públicas de ensino. Todo o material impresso (Guia do Formador e Guia do Aluno) e material digital (cd-rom) do curso foi organizado para ser aplicado em computadores que tenham o software livre Linux Educacional. Em cada turma, são distribuídos para os alunos um Guia do aluno (texto-base) e um cd-rom constituído por textos em outros meios (sons, imagens, vídeos) e estruturas (hipertextos).

O curso possui uma carga horária de 40 horas e está organizado em nove unidades de estudo e prática, ficando a critério de cada NTE a organização dos momentos presenciais e a distância, desde que os encontros presenciais semanais sejam de, no mínimo, 2 horas e que o curso não ultrapasse 10 semanas.

As unidades de estudo do curso estão assim distribuídas:

- Unidade 1: Tecnologias no cotidiano: desafios à inclusão digital e social;

- Unidade 2: Navegação, pesquisa na internet e segurança; - Unidade 3: Comunicação mediada pelo computador: correio eletrônico;

- Unidade 4: Debate na rede: bate-papo, lista e fórum de discussão, netiqueta;

- Unidade 5: Elaboração e edição de textos; - Unidade 6: Apresentação para nossas aulas;

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Luís Paulo Leopoldo Mercado (org)

- Unidade 7: Criação de blogs;

- Unidade 8: Cooperação e interação em rede; - Unidade 9: Soluções de problemas com planilhas eletrônicas.

Para cada unidade de estudo são previstas atividades de aprendizagem que envolvem conceitos, procedimentos, reflexões e práticas para serem realizadas nos encontros presencias e no estudo a distância. Também estão disponibilizados vários textos explicativos, sugestões de sites, glossário, questionamentos, dicas, etc. Por ser um curso introdutório, a equipe de elaboração do MEC/SEED disponibilizou o passo-a-passo de várias atividades de execução no decorrer do curso, apresentando as imagens da tela do computador para que, através da visualização, os cursistas possam entender melhor a sequência do que deve ser feito na prática.

As unidades de estudos foram elaboradas com a intenção de abrir um espaço de reflexão, familiarização e preparação para o uso dos computadores e seus aplicativos (Writer, Impress, Calc2), bem como, apresentar os

recursos tecnológicos disponíveis na internet, havendo a preocupação em considerar os conhecimentos prévios e a vivência de cada um sobre os temas envolvidos:

Trabalhamos com a intenção de criar oportunidades de aprendizagem de edição, navegação, pesquisa, comunicação e produção que pudesse ser gratificante aos cursistas, articulando-as à experiência prévia, oriunda da trajetória social, tecnológica e educacional de cada um, como base para o conhecimento, incorporação e uso consistente das tecnologias digitais na vida cotidiana e profissional (FIORENTINI, 2008, p. 27).

Na proposta pedagógica do curso, segundo Almeida (2000a, p. 38), as práticas pedagógicas de utilização de computadores se concretizam através de duas abordagens: instrucionista e construcionista. Na abordagem instrucionista, a atuação do professor não exige muita preparação, pois ele deverá selecionar o software de acordo com o conteúdo previsto, propor as atividades para os alunos e acompanhá-los durante a exploração do software. A consequência desse enfoque tecnicista reflete na prática a “tecnização” dos conteúdos e das relações humanas. Isso, na realidade, afasta o professor da possibilidade de assegurar um aprofundamento do seu conhecimento sobre os vários aspectos que constituem o seu universo de ação. Um fato que acaba gerando a desvalorização da função do professor, caracterizando o atual estado de precariedade do processo educativo (PRADO, 1999, p. 19)

Na abordagem construcionista, o computador deixa de ser o detentor do conhecimento e passa a ser uma ferramenta utilizada para a construção do conhecimento e para o desenvolvimento do aluno. O conhecimento não é fornecido ao aluno para que ele dê as respostas: é o aluno quem conduz a ação. Quanto ao professor construcionista, Almeida (2000a, p. 77) afirma que:

Na abordagem construcionista, cabe ao professor promover a aprendizagem do aluno para que este possa construir o conhecimento dentro de um ambiente que o desafie e o motive para a exploração, a reflexão, a depuração de ideias e a descoberta. [...] Além disso, o professor cria situações para usar o microcomputador como instrumento de cultura, para propiciar o pensar-com e o pensar-sobre-o-pensar e identificar o nível de desenvolvimento do aluno e seu estilo de pensar.

A proposta pedagógica do curso tem por base os seguintes fundamentos pedagógicos: formação contextualizada significativa que busca envolver o cursista na análise e solução de problemas/questões que fazem parte de sua vivência; promoção da autonomia do sujeito; interação na aprendizagem e construção do conhecimento; tecnologias como meio e não como fim; relação ação/reflexão/ação constante; ênfase na aplicação prática no trabalho docente.

Os fundamentos pedagógicos apresentados na proposta do curso revelam um posicionamento construcionista, mas, que, na prática, acaba havendo uma mistura das duas abordagens (instrucionista e construcionista). Para Almeida (2000), esta é uma situação que deve ser vivenciada pelo professor em formação, quando afirma:

É necessário que, no processo de formação, haja vivências e reflexões com as duas abordagens de uso do computador no processo pedagógico (instrucionista e construcionista). E que sejam analisados seus limites e seu potencial, de forma a dar ao professor autonomia para decidir qual a abordagem com que vai trabalhar (ALMEIDA, 2000b, p. 111).

De acordo com os dados informados pela Coordenação de Tecnologia Educacional da Secretaria Municipal de Educação de Maceió, o Proinfo, desde sua criação em 1997 até 2009, já disponibilizou 56 laboratórios de informática para as escolas do ensino fundamental do município de Maceió. A previsão é de que, em 2010, sejam distribuídos mais 20 novos laboratórios de informática na rede e ocorram cerca de 24 ampliações de laboratórios já existentes.

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2 Softwares livres do BrOffice.org. disponíveis no Linux Educacional: Writer: possibilita a criação e edição de textos e, também, a criação de páginas para serem visualizadas na

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INTEGRAÇÃO E GESTÃO DE MÍDIAS NA ESCOLA

Na medida em que as escolas recebem computadores, a necessidade de utilizá-los na prática pedagógica se torna imprescindível. A participação dos professores na formação continuada de cursos voltados para o uso do computador na sala de aula é fundamental para que eles se sintam preparados para aplicar a informática educativa no seu dia-a-dia. O Curso de Introdução à Educação Digital é uma opção para os professores das escolas que possuem laboratório de informática desenvolverem habilidades com os recursos do computador e da internet e refletirem sobre propostas de dinamização do trabalho em sala de aula com o uso destas tecnologias. Quanto à formação continuada sobre o uso das novas tecnologias na educação, Mercado (2002, p. 21) afirma que:

O processo de formação continuada permite condições para o professor constr uir conhecimento sobre as novas tecnologias, entender por que e como integrar estas na sua prática pedagógica e ser capaz de superar entraves administrativos e pedagógicos, possibilitando a transição de um sistema fragmentado de ensino para uma abordagem integradora voltada para a resolução de problemas específicos de interesse do aluno.

Na rede municipal de ensino de Maceió, as formações do curso foram iniciadas no 2º semestre de 2008, no laboratório de informática do NTE Municipal. A intenção do grupo é expandir as capacitações para que elas sejam realizadas nas escolas que já possuem laboratório.

Antes de dar início às for mações com os professores, os professores-multiplicadores do NTM foram submetidos a uma capacitação oferecida pela equipe do MEC/SEED e receberam um Guia do Formador, que apresenta todo um conjunto de orientações sobre o curso. Segundo Lóes (2007, p. 38), “[...] o multiplicador é um agente de mudança educacional, que sensibiliza e motiva os professores para a necessidade da integração das tecnologias no processo de ensino e aprendizagem”.

As turmas são formadas por professores das escolas que possuem laboratório e, para cada turma, são oferecidas 25 vagas. A ideia é a de que os professores participantes do curso se tornem multiplicadores na própria escola. Nóvoa (1991, p. 30) mostra que: “[...] a formação continuada deve estar articulada com o desempenho profissional dos professores, tornando as escolas como lugares de referência”.

A divulgação do curso é feita por telefone, por e-mail, por ofício às escolas e, atualmente, pela Plataforma Freire. Os professores interessados procuram o setor responsável e preenchem uma ficha de inscrição, contendo: dados pessoais, dados profissionais. Todos os

professores inscritos são incluídos no sistema do Proinfo Integrado, criado pelo MEC para manter o cadastro de cursistas, cursos e turmas de formação.

O Plano de Trabalho do curso, organizado pela equipe de formadores, segue as orientações do guia do formador, fazendo as adaptações de acordo com cada turma e de acordo com o perfil dos cursistas. A distribuição da carga-horária de 40h do curso foi planejada da seguinte forma: 7 encontros presencias, com duração de 4 horas (totalizando 28h), complementados por 12 horas de estudo a distância.

Nos encontros presenciais são distribuídos, para cada aluno, as apostilas confeccionadas pelo MEC/ SEED (guia do aluno) e o cd-rom, contendo em formato digital todo o curso. Para cada encontro, são organizadas apresentações de slides sobre as unidades de estudo do curso e, no final, os cursistas preenchem uma ficha de avaliação na qual eles destacam: o nível de satisfação do curso, os pontos positivos, os pontos negativos, sugestões.

O quadro abaixo apresenta um resumo geral do número de inscritos/participantes desde que o curso foi implementado, no 2º semestre de 2008, até o final de 2009:

Execução do Curso de Introdução à Educação Digital (40h) em Maceió-2008/2009

Ano Matrícula inicial Concluintes

2008 78 47

2009 90 66

Total 168 113

Fonte: NTM Maceió/AL, 2009.

O quadro revela que o número de professores que se inscrevem para participar das formações em tecnologias educacionais ainda é muito tímido. Alguns se inscrevem, mas não participam efetivamente do curso. De acordo com os dados apresentados, o percentual de professores inscritos nas formações que não compareceram ou desistiram do curso ficou em cerca de 40% em 2008 e 27% em 2009. Apesar do indício de queda nos percentuais, o índice de evasão/ desistência é relativamente alto diante da necessidade que há de professores familiarizados com as TIC nas escolas que possuem laboratórios de informática. De acordo com a pesquisa feita por telefone com os professores desistentes, a falta de disponibilidade de horário para participar de cursos de formação, o não funcionamento dos laboratórios e as máquinas sucateadas são os principais fatores determinantes para a evasão/desistência dos inscritos.

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Luís Paulo Leopoldo Mercado (org)

O PERFIL DOS PROFESSORES PARTICIPANTES

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