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APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS DADOS

No documento INTEGRAÇÃO E GESTÃO DE MÍDIAS NA ESCOLA (páginas 113-120)

Daniela Patrícia Ferreira de Barros

APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS DADOS

Os dados são apresentados nesta seção, por meio da leitura de ‘cenas’ observadas por ocasião de visitas as escolas, de quadros sínteses que caracterizam as escolas pesquisadas no que se refere à quantidade de pessoal que a integra E dos recursos tecnológicos de que dispõem e como são utilizados.

Cena 1 -

O Vídeo e a TV - Hora do recreio na Escola. Todos estavam no pátio coberto: algumas crianças jogavam dama, outras corriam, enquanto um grupo de cerca de 20 alunos estavam assistindo um filme infantil. Sentei ao lado de uma garota do 2º ano e perguntei o que e porque eles estavam assistindo, respondeu que só sabia que era o filme de um gato e que a diretora tinha ligado a TV para quem quisesse assistir. Após tocar o sinal fui conversar com a diretora e perguntei se era sempre assim que os meninos viam TV. Explicou que era para as crianças ficassem quietas no recreio, pois escola tem pouco espaço para brincadeiras e também as segundas-feiras a freqüência é menor, assim era uma forma dos alunos virem à escola.

Esta cena permite-nos indagar a respeito do uso da TV na escola: em que se diferencia dos demais espaços? Que uso pedagógico está sendo feito na escola desse recurso? Haveria algum planejamento

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sobre a mídia utilizada? Os professores discutiriam o que fora visto ou assistido? Os alunos comentariam sobre o filme?

Esta cena é recorrente, conforme Almeida (2009, p.81):

quantas aulas foram substituídas por uma sessão de vídeo devido à ausência de um professor! Mesmo com a presença do professor, esses recursos foram utilizados desarticulados das atividades de sala de aula, em momentos de lazer para premiar os alunos ou para fazer algo diferente, até porque o espaço da sala de aula era reservado para o ensino sério e difícil! (ALMEIDA, 2009, p. 81).

Moran (2003), ao discutir sobre as tecnologias na gestão escolar, destaca que “o gravador, o retroprojetor, a televisão, o vídeo também são tecnologias importantes e também muito mal utilizadas, em geral” (MORAN, 2003, p.153).

Cena 2

A Sala de leitura e a Biblioteca estão fechadas há meses e não há agendamento... - Trata-se da única Escola que possui assinatura de jornal e muitos exemplares estão no chão da sala de leitura, fechada há três meses. Havia uma riqueza em material impresso. Os alunos de uma turma X estavam vindo pedir ao coordenador do turno jornal para pesquisa. Afinal, o que queriam ver no jornal? Precisavam apenas do jornal para recortar uma notícia, conforme tarefa do livro didático. O jornal não fora levado para a sala de aula porque a sala de leitura estava fechada quando a aula começou e não há agendamento do material no turno. Desabafa a professora: ‘é por isso que a lista de recursos pedagógicos que está no mural, às vezes, não serve’.

Os acessos facilitados, o planejamento antecipado, os recursos disponibilizados, são situações que devem ser de fato objeto de problematização na escola, na medida em que não há um investimento na escola para que o professor se sinta motivado ao uso dos diferentes recursos midiáticos.

A referida cena permite-nos inferir que a ideia de que os livros, os jornais, as revistas, são tecnologias menores ou não são TIC, ainda é muito comum nas escolas. Moran (2003, p. 153), no contexto de discussão das tecnologias na gestão escolar, reafirma que: “o livro, a revista e o jornal são tecnologias fundamentais para a gestão e para a aprendizagem, e ainda não sabemos utilizá-las adequadamente”.

Cena 3

A câmera que sumiu... - Comprada com o recurso do PDE para registrar as apresentações, os projetos, os passeios etc. Todos estavam muito tristes, pois o objeto havia desaparecido do armário, que estava na secretaria e a porta da referida sala não havia sido forçada nem tinha ficado aberta. A Diretora, aflita, repetia que não se conformava “pois ela estava sendo tão útil”.

Nesta situação, percebe-se o quanto a falta de infra-estrutura pode contribuir como fator de negação do acesso ao uso das TIC. Chega a ser comum, relatos como este de materiais e equipamentos que, simplesmente desaparecem. Isso causa medo ao professor e alguns tem receio de usar os recursos para não serem responsabilizados por danos e perdas ou mesmo furtos, conforme deixam antever em suas falas.

Ainda como complementação a estas cenas, apresenta-se a fala da coordenadora de uma das escolas pesquisadas, na qual encontramos alguns elementos que podem esclarecer melhor sobre o uso das TIC nas escolas.

Certa vez, ouvi um gestor dizer que seus professores não utilizavam as tecnologias compradas com o dinheiro do PDDE. Os anos passaram-se e lá estava eu, amedrontada diante de um “mundão” de escola (as que eu havia trabalhado antes tinham no máximo 03 salas de aula). Percebi que o problema, não era a falta de utilização das mídias e sim a falta de gerenciamento das mesmas, ninguém sabia o que era usado por ali. A equipe gestora da escola não estimulava o uso das mídias, pois apenas dizia ao corpo docente: “Vamos usar os CDs, DVDs, os livros, etc.” No entanto, não apresentavam realmente o que se tinha na escola e nem sequer olhavam o planejamento do professor para lhe dar dicas do material que havia disponível para dar aula daquela disciplina, daquele assunto. Como coordenadora comecei a observar os planos e na seqüência dizia ao professor: “Quando for dar aula de assunto ‘tal’ temos esse material que pode ser utilizado”. E assim iniciamos com o agendamento de mídias e tecnologias, como: mapas, cartazes, dicionários, CDs, DVDs, calculadoras, retroprojetor, aparelho de som e etc. Então pude concluir que o problema não é a falta de estímulo. O que observei nesse ambiente e que preocupa, pois pode virar mania nas escolas que estão começando a desenvolver seus planos de desenvolvimento e assim adquirindo muitos recursos é que, às vezes, as mídias como o DVD, por exemplo, funcionam como “tapa-buraco”. O professor faltou coloca-se os alunos para assistir um vídeo. É também visível que a equipe não está tão preocupada com esta questão, pois apenas um horário que é o que eu coordeno registra as saídas de recursos pedagógicos e agenda o uso.

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Muitas mídias, principalmente os DVDs não retornam depois de serem emprestados, e como não está registrado não dá para recuperar. Vivo angustiada dentro de um ambiente que não é administrado por alguém que tenha noção do quanto à tecnologia pode auxiliar a todos na escola. Compreendo tudo isso hoje porque fiz um curso sobre o uso das TIC na educação e a maioria dos educadores não consegue sequer ligar a TV e o DVD, o computador ou acessar a internet. Também não procuram conhecer o acervo da sala de leitura, da biblioteca, etc.

A fala da coordenadora denuncia o problema da gestão das TIC em várias dimensões, inclusive a pedagógica, antecipada e fomentada por meio do planejamento e do envolvimento de todos da escola. O aspecto do acompanhamento do uso das TIC não se dá, na visão da coordenadora, somente por meio do controle que, aliás, passa a ser um fator de zelo e de respeito pelo bem público, mas não prescinde do estar junto do professor, do conhecer o material disponível em suas possibilidades de recursos que podem auxiliar o processo de ensino e de aprendizagem.

Em sua fala, relata também a importância de ter feito um curso para a aquisição desta consciência e a construção de conhecimentos, assim como a imperiosa necessidade do sujeito buscar e sentir-se motivado e convencido das vantagens do uso das tecnologias. Reconhece que falta um entendimento dos benefícios que o uso das TIC pode propiciar num movimento em que a gestão das TIC necessita ser redimensionada.

A fala da coordenadora remete também ao que esclarece Almeida (2009, p.83) a respeito dos processos múltiplos relacionados à gestão, de que estes “constituem a tessitura de redes de significados e sentidos, que entrelaçam pessoas, práticas, tecnologias, valores éticos e estéticos em interdependência em determinado contexto”.

Sua fala coaduna-se com a atribuição e/ou coordenação de papéis também destacados por Almeida (2009, p. 82) e considerados como complementares, de modo que “[...] o professor se conscientize de seu papel como gestor da prática pedagógica, dos espaços e recursos que utiliza (ALMEIDA e PRADO, 2006), assim como os gestores se reconheçam como líderes do processo de gestão das tecnologias da escola”.

Os quadros demonstrativos dos recursos dos quais as escolas dispõem (Quadro 1) e das atividades relacionadas às TIC constantes no PDE de cada uma das escolas (Quadro 2) mostram que as mesmas adquiriram muitos equipamentos e recursos tecnológicos, sejam por meio de programas federais – como é o caso do Proinfo, TV Escola ou mesmo comprados com recursos do PDDE ou pelo PDE por meio do seu Plano de Ações Financiáveis. Contudo, sofrem com a inutilização e/ou

subutilização dos mesmos. Há uma resistência em relação ao uso e disponibilização dos recursos tecnológicos nas instituições. No entanto, não basta só viabilizar o uso dos equipamentos adquiridos é necessário introduzir essa ideia na proposta pedagógica da escola, modificando um pouco a cultura organizacional, ou seja, suas práticas regulares e habituais.

Quadro 1 - Caracterização das escolas conforme a disponibilização das TIC e seus usos

Quantidade de pessoal da

escola

Escola A Escola B Escola C Escola D 240 alunos 12 professores 08 funcionários 214 alunos 12 professores 08 funcionários 927 alunos 50professores 42 funcionários 344 alunos 14 professores 12 funcionários Recursos tecnológicos disponibilizados 5 0 D V D s T V E s c o l a , 11computadores, 2 i m p r e s s o r a s multifuncionais, 1 DVD (aparelho), 1 TV tela plana 21’, 50 dvd da TV Escola 1 c o m p u t a d o r (com problemas), 17 computadores, 1 i m p r e s s o r a multifuncional, 1 aparelho de s o m , 1 DV D (aparelho), 1 TV 29’ 29 computadores, 1 i m p r e s s o r a multifuncional, 2 aparelhos de s o m , 1 DV D (aparelho), 1 TV 21’, projetor de s l i d e s, c â m e r a d i g i t a l , a n t e n a parabólica, 35 Fitas de vídeo e 150 DVDs, 1 V i d e o c a s s e t e, 1 M á q u i n a copiadora, 100 mini calculadoras, 3 0 0 L i v r o s paradidáticos e 1 assinatura de jornal 1 0 0 D V D s TV Escola, 11 c o m p u t a d o r e s, 2 i m p r e s s o r a s multifuncionais, 4 fitas de vídeo, 1 Retroprojetor, 1 DVD (aparelho), 1 TV tela plana 2 1 ’ , 8 0 m i n i calculadoras Dados sobre uso dos computadores Aguardando a implantação do laboratório de informática há mais de um ano Os 17 computadores enviados pelo Proinfo ainda não estão instalados por falta de estrutura física. na escola D o s 1 2 c o m p u t a d o r e s q u e s ã o d o laboratório 1, 10 foram instalados recentemente e os demais estão com problemas. O s 1 7 n ovo s c o m p u t a d o r e s que integ rarão o laboratório 2 ainda não foram instalados. A g u a r d a n d o a implantação do l a b o r a t ó r i o d e informática há mais de um ano.

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Acesso a Internet Acesso a Banda Larga (Internet na secretaria da escola) Acesso a Banda Larga (Internet na secretaria da escola) Acesso a Banda Larga (Internet na secretaria da escola) Acesso a Banda Larga (Internet que chegou antes do laboratório d e i n f . d o PROINFO) Fonte: PDE das Escolas Municipais Urbanas de Major Izidoro/AL

Acredita-se que as causas para estes fatos seriam, além da inexistência de um pensamento voltado para a gestão das tecnologias na escola, a insegurança dos sujeitos em relação ao uso, o próprio desconhecimento dos materiais existentes na escola e a falta de vivência da cultura digital.

Quadro 2 - Descrição da atividade relacionada às TIC P r o p o s t a s d e

ações do PDE envolvendo as TIC

Escola A Escola B Escola C Escola D

Organizar rodas de leitura com o EJA e alunos do 1º ao 5º ano. C a p a c i t a r o s professores no curso de Mídias na Educação. Realizar oficinas d e l e i t u r a e p r o d u ç ã o d e textos com os professores do 1º ao 5º ano e do EJA. Fazer orçamento para adequação do Laboratório de Informática

Org anizar lista d e r e c u r s o s p e d a g ó g i c o s e x i s t e n t e s n a escola. C a p a c i t a r o s professores no curso de Mídias na Educação. Realizar oficinas d e l e i t u r a e p r o d u ç ã o d e textos. Fazer orçamento para adequação do Laboratório de Informática

Org anizar lista d e r e c u r s o s p e d a g ó g i c o s disponíveis na escola. Promover rodas d e l e i t u r a d e imagens, de dados e de documentos d a s d i f e r e n t e s fontes sobre o espaço escolar Adquirir mapas e vídeos educativos s o b r e t e m a s geográficos. Fazer orçamento para adequação do Laboratório de Informática Organizar projeto de inclusão digital para professores e alunos da escola. Organizar projeto para instalação de uma rádio escola. Fazer orçamento e adquirir kit para instalação de uma rádio escola. A d q u i r i r 2 microsistens. Adquirir 1 câmera digital. Adquirir mapas 3 mapas: Alagoas, Brasil e Múndi. A d q u i r i r u m aparelho de DVD para utilizar na sala de aula. Adquirir 80 mini calculadoras.

Nesse contexto, reafirma-se que a formação dos professores passa a se constituir como uma necessidade imperiosa, uma vez que o uso de determinados recursos tecnológicos ainda não foram efetivamente integrados à prática docente.

Afinal, os fatores de mudança são as pessoas e não os equipamentos ou recursos pedagógicos. As mudanças levam tempo e as escolas precisam se transformar em ambientes acolhedores e/ou favorecedores das mesmas, dito de outro modo, as escolas precisam se transformar em organizações que aprendem.

Um dos maiores desafios das instituições escolares hoje é gerenciar seus recursos, sejam humanos tecnológicos ou mesmo financeiros. As visitas às escolas urbanas do referido município reverberam essa situação. Observa- se também que, sua estrutura, no que diz a respeito a facilitação para uso das TIC ainda não se constitui como objeto de preocupação. As escolas dispõem de recursos tecnológicos adquiridos para serem utilizados em aulas. No entanto, apenas uma escola incluiu no seu PDE uma formação continuada para seus professores no uso das TIC e nenhuma delas apresenta projetos para otimização do uso das TIC em seu PDE ou menciona em sua proposta pedagógica algo sobre este assunto.

Constata-se que as escolas possuem um número de aparelhos muito inferior ao necessário, por exemplo, para uma escola com mais de 900 alunos há o mesmo número de aparelhos de TV do que nas escolas com até 400 alunos e que mesmo o MEC por intermédio do Proinfo destina a mesma quantidade de computadores para as escolas urbanas, independentemente, do número de alunos.

Chaves (2006, p. 23), afirma que:

É bom que se diga que o número dos equipamentos disponíveis em nossas escolas é reduzidíssimo se comparado ao dos existentes em países desenvolvidos ou mesmo nos países que estão dando seu salto de qualidade na Ásia: além da China e da Índia, certamente Taiwan, Cingapura e Coréia do Sul. Que ninguém se esqueça de que a quantidade de equipamentos e o tempo de acesso oferecido aos alunos na escola são variáveis fundamentais - e que laboratórios com cinco a dez computadores para escolas com centenas de alunos é algo que beira o ridículo.

Das escolas pesquisadas apenas uma possui antena parabólica, no entanto a conexão com a antena não é feita há muitos anos. Há livros paradidáticos, algumas revistas, assinatura de jornal, internet banda larga, mas o ponto está na secretaria da escola. Constatou-se que em todas as escolas os laboratórios de informática ainda não foram instalados, em duas escolas, há mais de um ano, os computadores estão em caixas porque não há estrutura física. Já nas outras duas, o(s) computador(es) existente(s) está(ão) na secretaria da escola e não à disposição dos professores ou de alunos.

Por tais motivos percebe-se, após conversar com os gestores, que os professores além de não saberem

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manusear tais aparelhos, ainda tem dificuldades em relação ao acesso. E quando incorporam alguns destes recursos em suas aulas o fazem de forma tradicional, ou seja, usa-se apenas para transmissão de informações, o aluno permanece passivo apenas recebendo informações.

Durante as visitas as escolas pesquisadas percebeu-se que as ferramentas são subutilizadas e o motivo principal é o despreparo da equipe. Pois nem os professores, nem os gestores ou coordenadores sabem lidar com as TIC. Dos 88 funcionários que compõem o quadro docente dessas unidades, 13 deles se inscreveram no curso de Mídias na Educação e apenas 4 concluíram a fase inicial. Segundo os desistentes o motivo foi, além da falta de tempo, a falta de habilidade para lidar com o computador.

Ao conversarmos com os professores sobre as TIC nas escolas, constata-se que os gestores não tem oportunizado as discussões a respeito da integração das TIC, isso porque eles também não sabem utilizar.

A preparação de professores para desempenhar esse papel de educadores digitais é um grande desafio. Os professores percebem que as tecnologias digitais estão chegando à escola, mas a maioria demonstra certo receio de tentar utilizar, alguns temem danificar e outros não se sentem à vontade, pois estão sempre solicitando dos alunos, ajuda para ligar os aparelhos.

Todas as escolas pesquisadas receberam os DVD dos programas da TV Escola, mas estes são utilizados raramente, uma delas colocou em seu PDE uma proposta para organização de uma Rádio Escola, no entanto resolveram abolir a ideia, tornando-se parceiras da Rádio Comunitária. Cabe destacar que, as atividades no rádio e na escola quando se usa estes objetos pedagógicos não são dirigidas pelos professores e sim pelos coordenadores. Nesse sentido, cabe a escola assumir o que aponta Mercado (2002, p. 14) “[...] a introdução das TIC e conduzir o processo de mudança da atuação do professor, que é o principal ator dessas mudanças” e não realizar pelos mestres a sua função.

Concordamos com Almeida (2009, p. 76) quando afirma que “os avanços tecnológicos não chegaram ainda a agregar valores consideráveis à aprendizagem e ao ensino”.

A gestão das TIC na escola não pode nem deve se restringir a posturas limitadas e limitadoras em que há apenas a preocupação de cuidar do funcionamento e da manutenção de equipamentos e de uma agenda que permite controlar os horários de sua utilização. Este aspecto da organização é importante, mas o planejamento, a formação, a discussão e a avaliação dos usos das TIC são muito mais importantes.

Concordamos com Moran (2008, p. 43) quando afirma que “os melhores métodos para utilizar as tecnologias são inseri-las em projetos pedagógicos

interessantes, inovadores, flexíveis, adaptados ao aluno”. Durante a pesquisa, buscou-se informações da SEMED para analisar como são dadas as orientações as escolas sobre o uso das TIC. Os membros do comitê do PDE informaram que não havia em 2009 um setor específico para dar orientações sobre como utilizar os recursos midiáticos na escola e que estava a cargo da coordenação pedagógica de cada instituição esta orientação. Buckingham (2007, p. 11) citando Umberto Eco nos lembra que há muitos anos atrás ele escreveu que “se quisermos usar a televisão para ensinar alguém, primeiro precisamos ensiná-lo a usar a televisão”. Parafraseando Umberto Eco, pode-se estender tal recomendação para os outros recursos tecnológicos disponíveis nas escolas, reafirmando que, para que sejam utilizados para ensinar, os professores primeiro terão que aprender a usar.

Buckingham (2007, p. 11) ainda complementa que “a educação sobre mídia é um pré-requisito indispensável para a educação com ou através da mídia”.

Defende-se, neste texto, que é possível que isto ocorra se forem tomadas algumas atitudes: a criação de um departamento de tecnologia no órgão gestor da educação municipal; a criação de um programa de formação para gestores (direção e coordenação) e professores; organização dos espaços destinados a tecnologia salas de vídeo, laboratórios, bibliotecas; implementação de proposta de uso das TIC na proposta pedagógica da escola; formação continuada dos profissionais de ensino.

Em consonância com os dados expostos, defende-se que tanto a formação dos gestores escolares quanto a dos professores, constituem-se como elementos vitais para a efetivação de uma gestão das TIC na escola. O desafio para que a gestão das TIC seja também uma gestão com as TIC nas escolas públicas de Major Izidoro/AL não prescinde da formação dos seus gestores e professores no contexto de uma gestão compartilhada e com práticas pedagógicas inovadoras

Por fim e em conformidade com Almeida (2009, p. 23), os dados apontam para a necessidade de se redimensionar não somente a gestão de tecnologias, mas também de “mídias, informações, tempos e espaços em um empreendimento catalisador da mudança educacional, que busca religar as distintas instâncias de um trabalho educativo comprometido com a unicidade do conhecimento, a interação social e a participação”, de modo que se valorize, igualmente, “a experiência, a colaboração e a gestão compartilhada”.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A gestão das TIC nas escolas urbanas municipais de Major Izidoro/AL, precisa efetivar-se para que todo potencial

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destes objetos seja aproveitado e realizem sua função maior: tornar as aulas mais prazerosas e significativas.

Sem um projeto de reestruturação dos espaços e de inserção do uso das TIC na proposta pedagógica das escolas não será possível otimizar os seus diversos usos, uma vez que o plano de desenvolvimento das escolas não apresenta muitos avanços em relação ao uso pedagógico das TIC.

Constatamos que o PDE sinaliza apenas a compra dos objetos e mesmo assim as aquisições são bastante reduzidas, considerando-se o número de alunos e de professores das/ nas escolas. Constatamos também o agravante de que são

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