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AS GUERRAS NAPOLEÔNICAS E

A INVASÃO DA RÚSSIA

Em meados do ano de 1812, a força militar de Napoleão estava no auge. Ele tam- bém estava se tornando cada vez mais impaciente com o Czar Alexandre I, que se recu- sou a acatar o Tratado de Tilsit (assinado em 7 de julho 1807). As tensões entre a Rússia e a França aumentaram em abril 1812, quando o Czar foi ousado o suficiente para sugerir que ele poderia responder às preocupações econômicas de Napoleão em troca da evacu- ação francesa da Prússia.

Esta oferta foi rejeitada e em 4 de junho de 1812, Napoleão entrou na Rússia lide- rando seu enorme exército. A coluna central consistia de três exércitos comandados por Napoleão, o Vice-rei Eugene De Beauharnais, e Jerome Bonaparte. No flanco esquerdo estava o Corpo do marechal Alexandre MacDonald e no flanco direito estavao marechal- -de-campo Karl Phillip Schwarzenberg. No dia 23 de junho, as forças de Napoleão esta- vam na Rússia, com o exército principal de Napoleão entre Kovno e Pilvizki. O exército de Beauharnais encontrava-se no entorno de Kalvaria, enquanto o de Jerome Bonaparte, com seu VII Corpo, estava perto de Novrogod. O X Corpo de de MacDonald estava em Tilst e os austríacos de Swarzenberg próximos de Siedlice. Toda a força de invasão tinha um efetivo aproximado de 499.000 homens, com 1.146 canhões. Naquele momento, o efetivo russo era de 230.000 homens.

O plano de Napoleão visualizava que sua principal força deveria destruir o exército do marechal-de-campo Mikhail Barclay de Tolly’ por meio de uma série de envolvimentos em Niemen. Já Jerome Bonaparte deveria atrair o general Peter Bagration em direção Varsóvia e fixá-lo em qualquer um dos rios, ou Narew ou Bug, até que Napoleão, depois de ter derrotado Barclay, pudesse mergulhar em sua traseira.

O plano parecia bom no papel, mas falhou por causa de Tolly que conseguiu esca- par de um confronto direto com o exército de Napoleão e começou uma retirada operacio- nal em direção a Moscou. O plano também entrou em colapaso por causa dos problemas logísticos e de comando/controle dos franceses. Os esforços logísticos não conseguiram acompanhar o avanço francês profundamente na Rússia.

As decisões também foram atrasadas porque Napoleão continuou a funcionar como sendo o seu próprio oficial de operações, em vez de usar sua equipe, que também não es- tavam treinados ou preparados para funcionar como tal na entidade operacional. O estilo pessoal de Napoleão de comando e controle estava tenso, para além do ponto de ruptura, devido ao tamanho de seu exército e do vasto espaço de batalha aberto da Rússia orien- tal. Seus principais marechais, habituados a ter Napoleão envolvido em suas operações, também não conseguiram explorar as várias oportunidades surgidas no campo de batalha.

Os russos continuaram seu retraimento para dentro da cidade de Vilna. Novamente Napoleão tentou enolver Barclay, mas de Beauharnais estava atrasado em seu desloca- mento no flanco francês direito. A marcha desde as margens do Niemen até Vilna também

foi muito mais difícil do que o esperado. O tempo ou estava muito quente ou, então, muito chuvoso.

A forte precipitação tornou as já pobres qualidades das estradas em lamacentas trilhas que impossibilitavam o trânsito das carruagens. Mas o mais importante foi que os cavalos começaram a morrer, às centenas, o que afetaria tanto as capacidades combati- vas quanto as logísticas. Várias pontes não suportaram o peso das tralhas e caíram. Cada soldado deveria carregar consigo sua própria ração para quatro dias, mas estas, por falta de disciplina, foram totalmente consumidas durante os primeiros dias de marcha.

O país no entorno da rota do avanço francês não oferecia muitos meios de nutrição que suprissem os soldados em marcha. Os poços d’água tinham ficado poluídos pelos cavalos mortos neles lançados pelos russos. O gado teve dificuldade para acompanhar o exército em marcha, já que os animais se deslocavam em uma velocidade de 15 milhas em seis a sete horas. O imenso calor que se seguia às tempestades implacáveis secava as trilhas, mas logo tornavam as estradas de lamacentas em poeirentas, o que também afetava o exército. Vilna foi ocupada em 26 de junho de 1812, sem luta.

Infelizmente, a cidade de Vilna ofereceu muito pouco para as necessidades do exér- cito. Os russos, ao abandonarem a cidade, destruíram a maior parte de suas lojas e casas. O restante dos suprimentos foi esgotado no primeiro dia e, conseqüentemente, o forrage- amento, os saques, e a indisciplina geral tornaram-se epidêmicas. Napoleão permaneceu em Vilna, durante três semanas, em parte para descansar, recuperar-se, e atender às questões políticas na França. Enquanto isso, sua força principal, temporariamente lidera- da por Murat, seguiu Barclay em direção a Vitebsk.

Durante toda esta marcha, Napoleão parecia fazer suposições ambiciosas sobre a capacidade de seu exército para continuar sem alimentação adequada e abrigo. A taxa de marcha empreendida pelo Exército também impediu as tropas de realizar um forrage- amento com os limitados suprimentos que ainda pudessem estar disponíveis. Napoleão continuou prometendo aos soldados que iriam obter um bom descanso em Vitebsk, onde entrariam em 29 julho de 1812 com 100.000 menos homens do que quando eles come- çaram a invasão (a maioria dos quais estavam doentes ou fatigados pela marcha) .É in- teressante notar que Napoleão tinha penetrado profundamente na Rússia sem lutar uma batalha principal, mas tinha perdido aproximadamente um terço de suas forças devido à exaustão e a doença.

Os relatórios da Inteligência confirmaram que os exércitos de Barclay e de Bagra- tion tinham se juntado na cidade de Smolensk. Esta era uma antiga cidade costruída sobre as altas falésias existentes em cada margem do rio Dnieper. Paredes de tijolos do século XVII com 25 pés de altura, e 10 pés de espessura na base, cercavam a cidade. Os russos usaram estas fortificações para sua proteção, enquanto disparavam os canhões sobre as tropas francesas que se aproximavam. Ao anoitecer, os franceses já tinham o controle sobre os subúrbios do sul de Smolensk, mas os russos ainda controlavam a cidade. As tro- pas russas em seguida, começaram a recuar em direção ao leste, abandonando a cidade. Sua retirada foi recebida com alegria por Napoleão, enquanto a notícia provocou polêmica em círculos políticos de Moscou.

Quando as tropas francesas entraram na cidade, Smolensk estava em ruínas, com as ruas cheias de corpos mortos e queimados. Napoleão perdeu mais de 10.000 homens durante a batalha de Smolensk e agora seu exército estava reduzido a 145.000 homens, desde que ele deixou o rio Niemen. Suas maiores perdas continuaram a ser principalmen- te devidas aos problemas administrativos e logísticos. Grandes quantidades de suprimen-

tos foram, então, abandonados pelos franceses por falta de transporte adequado e a falta de suprimentos médicos suficientes exacerbou o surto de disenteria e tifo. Napoleão, as- sim, perdeu metade de sua força invasora não para uma batalha, mas sim para a doença, e para a exposição ao duro rigor do tempo russo.

A este ponto, Napoleão viu-se em face de uma crítica decisão: deveria ele consoli- dar a sua posição e renovar sua ofensiva em 1813, ou deveria continuar rumo a Moscou, agora distante cerca de 240 milhas a leste? Em 28 de agosto, Napoleão tomou a decisão de retomar seu avanço. Quando os russos se aproximaram de Borodino, eles pararam a sua retirada, enquanto os franceses continuavam a sua perseguição.

A aldeia de Borodino ficava a 107 quilômetros a oeste de Moscou.O campo de batalha era uma fazenda, onde as culturas de milho tinham acabado de serem colhidas. Havia uma floresta muito densa por trás das forças russas, mas sua posição não era forte uma vez que o campo de batalha era plano e sem grandes obstáculos. A batalha começou no dia 7 de setembro de 1812 às 06:00 hs, que começou como uma simples luta e que terminou com a ordem de Kutuzov para recuar às 03:00 hs de 8 de setembro. Ambos os lados tiveram perdas brutais: Os russos perderam cerca de 44 mil homens e retiraram-se em direção a Moscou, enquanto os franceses perderam cerca de 35 mil soldados.

Napoleão entrou Moscou em 14 de setembro de 1812, com apenas 95.000 ho- mens. A cidade estava praticamente deserta no momento em que os franceses chegaram com apenas alguns comerciantes e empresários que haviam ficado para trás. Embora o exército tivesse recebido ordens estritas contra a pilhagem, os homens não puderam ser controlados e eles forçaram os palácios e as casas ricas. Algum tempo depois da chegada de Napoleão, em 14 de setembro, os incêndios foram iniciados em vários locais da cidade. No começo pensou-se terem sido eles acidentais, mas quando eles começaram a engolir grandes partes da cidade, ficou óbvio que eram os russos que os estavam montando.

Tendo capturado a capital religiosa da Rússia, Napoleão estava convencido de que o Czar faria a paz. Ele permaneceu em Moscou durante semanas à espera de uma res- posta de Alexandre I sobre suas propostas repetidas sobre a paz. O imperador francês também se hospedara em Moscou por uma outra razão: ele acreditava que qualquer mo- vimento para fora da cidade seria interpretado como um sinal de fraqueza. Depois de várias tentativas infrutíferas para negociar uma paz, Napoleão percebeu que sua situação era insustentável em Moscou. Outro momento importante para uma decisão tinha surgido