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A Lei Americana e a Lei Canadiana de deportação

Deportação como resposta à desinserção no país de acolhimento

6.1. A Lei Americana e a Lei Canadiana de deportação

Todos os países têm leis de Imigração para evitarem surtos de imigrações maciças que possam pôr em causa o funcionamento interno do próprio país, bem como uma quantidade de requisitos para que um não-cidadão possa entrar no país, seja de forma temporária ou

permanente.

A deportação desses não-cidadãos também está prevista na lei, quando estes não cumprem as regras estabelecidas ou cometem algum acto criminal que seja passível de deportação após cumprida a respectiva pena judicial.

Veremos, mais em pormenor, as respectivas leis dos Estados Unidos da América e do Canadá.

A Lei Canadiana

A lei que permite a entrada de imigrantes neste país é bastante exigente (em relação à lei dos Estados Unidos da América). As condições são: ter o 12º ano como habilitação literária mínima, ter conhecimento das línguas inglesa e francesa e não ter antecedentes criminais (para se poder obter um visto de trabalho permanente). Entram, anualmente no Canadá 250 mil imigrantes legais (segundo dados do governo canadiano).

Este número varia de acordo com as necessidades do país e com as quotas que o governo estabelece.

Outras formas de se poder entrar no país são: como refugiado - através do estatuto de asilo político. Embora não possam trabalhar (têm de adquirir o visto de trabalho posteriormente). Existem alguns imigrantes portugueses com esse estatuto. Aquando do 25 de Abril de 1974 em Portugal, um imigrante legal já residente no país podia chamar o cônjuge e os filhos. Esta situação era muito utilizada pelos imigrantes açorianos, mas nos últimos anos tornou-se mais díficil de concretizar atendendo à política de contenção do governo canadiano que limita a emissão de vistos de residência permanente.

As leis de deportação neste país são: cidadãos não-canadianos que tenham sido condenados e tenham cumprido uma pena de prisão igual ou superior a 10 anos; mais recentemente, não-cidadãos que tenham sido sentenciados a uma pena de prisão não inferior a 6 meses; não-cidadãos suspeitos de estarem envolvidos em actividades de crime organizado; não-cidadãos que não possuam visto de residência permanente e que tenham sido indiciados ou condenados por um crime previsto na lei canadiana; não-cidadãos que trabalhem sem visto de trabalho; não- cidadãos que tenham entrado como turistas ou com visto com tempo de estadia e que não tenham regressado findo o prazo (situação que

abrange muitos emigrantes açorianos). São estas as principais situações previstas na lei canadiana que permitem a deportação imediata de

cidadãos não-canadianos.

Nos últimos anos o governo canadiano tem reforçado mais a vigilância e tem desenvolvido mais acções de controlo sobre os

imigrantes ilegais, consequência de actos terroristas perpetrados em todo o mundo.

A Lei nos Estados Unidos da América

Pode entrar-se nos EUA como imigrante ou não-imigrante. Nestas duas situações tem que se obter um visto. Para o primeiro caso, é necessário ter “o green card” que permite ao portador e sua família (cônjuge e filhos menores de 21 anos) residir e trabalhar

permanentemente nos EUA. O imigrante com o “green card” chamar-se-á imigrante legal permanente (lawful permanent immigrant). Para o segundo caso, os vistos de não imigrantes são temporários sendo válidos apenas para as finalidades a que se destinam. Estes fins podem ser: turismo, negócios, trabalho ou estudo. Enquanto os vistos de turismo e estudo não têm limitação, os vistos de trabalho são limitados por quotas anuais. As leis de deportação, neste país, antes de 1996, abrangem todos os detentores de vistos, sejam eles imigrantes legais permanentes ou não imigrantes que tenham acabado o prazo e não tenham sido renovados ou simplesmente negados pelos serviços de imigração, os quais são

deportados imediatamente; imigrantes ilegais ou sem papéis, também o são; não-cidadãos que tenham sido condenados por algum acto

considerado crime, independentemente de serem imigrantes legais ou não-imigrantes com diferentes estatutos (estudante, refugiado,

investidores ou pessoas de negócios). Os não-cidadãos também podem ser deportados por crimes de “maldade moral” (Moral Turpitude), isto é, crimes que envolvam actos imorais ou fraudulentos bem como intenção maliciosa ou atentados e conspirações para cometer crimes, sempre que a pena seja superior a um ano; por posse ou tráfico de droga ou por posse de arma automática.

Em 1988, o Congresso acrescentou certos tipos de crime que são passíveis de deportação, nomeadamente, delitos agravados, categoria que inclui assassinato ou ofensa com armas. Entre 1990 e 1994 outros crimes foram incluídos: crimes envolvendo violência, de que tenham

resultado penas de prisão iguais ou superiores a 5 anos; lavagem de dinheiro; tráfico de droga; roubos, assaltos, prostituição; fuga a impostos e fraude fiscal.

Em 1996, e como consequência de três acontecimentos - o atentado ao World Trade Center (1993), a popularidade e a aceitação das leis anti- imigrantes criadas na Califórnia (1994) e o atentado bombista em

Oklahoma City (1995) - o Congresso aprovou mudanças legislativas em relação à Lei da Deportação. Foram acrescentados novos crimes e todos os não-cidadãos que foram sentenciados a uma pena de prisão igual ou superior a um ano são deportados. Esta lei também passou a ser

retroactiva, ou seja: se, por exemplo, um indivíduo tiver cometido um crime e tenha cumprido uma pena de prisão igual ou superior a um ano, mesmo que esse crime tenha sido cometido há 20 anos, também pode ter por consequência a deportação.

As leis tornaram-se muito mais punitivas após 1996 e, como resultado, o número de deportações aumentou substancialmente. O atentado em 2001 às Torres Gémeas em Nova York fez com que os serviços de imigração controlassem e reforçassem ainda mais outras situações. Actualmente, a lista de crimes que são passíveis de

deportação eleva-se a vinte e seis.

As pessoas que se encontram em situação de deportação têm os seus direitos diminuídos, não podendo recorrer da decisão do juiz. A data da deportação, normalmente, não ultrapassa os seis meses após lida a sentença, o que impossibilita e dificulta a preparação da defesa que, nestes casos, se tem mostrado ineficaz.