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No início da década de 1940 a Pinacoteca funcionava ainda na sede localizada à Rua XI de Agosto e Paulo Vergueiro Lopes de Leão permanecia à frente da instituição. Este negou a oferta da prefeitura de mudar o museu para o Palácio das Indústrias, devido à alta incidência de poluição no local, mantendo-o no mesmo logradouro até a compra do edifício pela prefeitura, que pretendia demoli-lo para a criação de uma praça (CAMARGOS, 2007).

O cargo de diretor foi criado a partir do decreto nº 10.178, de 9 de maio de1939 (ASSEMBLEIA, 1939) que reorganizava o museu. O diretor seria, a par- tir de então, nomeado pelo Governo, por indicação do Conselho de Orientação Artística, e foram criados ainda os cargos de servente e restaurador, todos remune- rados com verba do Estado. Esse decreto revogava o anterior, de 1932, que havia passado a responsabilidade da Pinacoteca para a Escola de Belas Artes, cujos fundos eram insuficientes para manutenção e melhorias nas estruturas do museu.

O Estado adquire o edifício do Liceu de Artes e Ofícios em 1944, quando o des- tina ao abrigo da Pinacoteca, da Escola de Belas Artes e do Conselho de Orientação Artística. Nesse período, o acervo do museu cresceu e ultrapassou a quantidade de mil obras. O artista plástico e pintor Túlio Mugnaini assume a direção da instituição no mesmo ano, ocupando o cargo até 1965 (CAMARGOS; MORAES, 2005).

Em março de 1947, após a transferência do acervo para sua sede original, a Pinacoteca retorna às atividades na Av. Tiradentes, na Luz. O Liceu foi aos poucos sendo transferido para a sede na Rua Cantareira – as duas instituições permanecem até os dias de hoje nesses locais. Embora estivesse agora em uma sede própria, a Pinacoteca ainda dividia o espaço físico com a Escola de Belas Artes e o Conselho de Orientação Artística. A exclusividade no uso do espaço seria atingida somente muitos anos mais tarde.

Nesse período o acervo foi enriquecido com mais alguns lotes de obras vindos do Museu Paulista, incluindo as de autoria de Almeida Júnior, e doações de espólio.

Figura [80] Edifício da

Pinacoteca visto pela Av. Tiradentes [197?]. Fonte: Araújo, Camargos, 2007.

Em 1948, o Conselho de Orientação Artística foi extinto e a Pinacoteca passou a ser subordinada à Secretaria do Governo (CAMARGOS; MORAES, 2005). Essa nova subordinação da instituição viria refletir em muitos de seus documentos oficiais e nas próximas publicações de seus catálogos.

Entra em voga em 1952 um projeto de acervo itinerante, o “Pinacoteca Circulante”, que organizava exposições do acervo pelo interior do estado, realizado até 1971. No mesmo ano, há registros de uma grande reforma nas instalações da Pinacoteca (CAMARGOS; MORAES, 2005, p. 26).

Cabe mencionar que em outubro de 1947 foi inaugurado o Masp, Museu de Arte de São Paulo, por Assis Chateaubriand. O Masp funcionava na sede dos Diários Associados, à Rua 7 de Abril. Trazia obras de artistas internacionais, provindas da Europa, adquiridas no pós-guerra, com auxílio curatorial de Pietro Maria Bardi. Além do novo acervo, inédito por aqui, promovia exposições temporárias e passou a ter uma atuação multidisciplinar pioneira, oferecendo diversos tipos de atividades e cursos nos anos seguintes. Em seguida, em 1948, o MAM, Museu de Arte Moderna, foi fundado por Francisco Matarazzo Sobrinho, com importante atuação de sua es- posa Yolanda Penteado. Trouxe em sua exposição inaugural obras abstratas de artis- tas europeus. São Paulo vivia no fim da década de 1940 uma grande efervescência que movimentava o setor cultural, algo que a Pinacoteca parecia não acompanhar.

O uso do brasão das Armas Nacionais nas capas dos catálogos publicados na década de 1940

Uma mudança significativa nas capas dos catálogos publicados na década de 1940 iria influenciar uma série de edições na década seguinte, rompendo com o leiaute das publicações anteriores.

Com formato diferenciado e nova padronização gráfica, predomina nas capas dos catálogos da Pinacoteca da década de 1940 a utilização do brasão das Armas Nacionais. Pela primeira vez a peça continha no miolo, além da listagem das obras, algumas poucas imagens de obras de arte, impressas em preto e branco. Todas as edi- ções anteriores continham apenas a listagem textual das obras do acervo, separadas por tipo de coleção, e incluíam informações como numeração, autor e título.

A estrutura física dos dois catálogos publicados respectivamente em 1940 e 1942 é muito semelhante. O formato físico foi reduzido para 11,5x15,5 cm aproxi- madamente. Os elementos gráficos são compostos de duas bordas lineares finas que contornam a capa, com uma pequena diferença de espessura entre elas, o brasão das Armas Nacionais e o conjunto de informações. A impressão em apenas uma cor foi mantida, utilizando-se o preto.

As informações que constam na capa do catálogo de 1940, centralizadas na metade inferior da capa, são “Catálogo / da / Pinacoteca / do / Estado de S. Paulo”. O texto foi grafado em letras maiúsculas, com o uso de versaletes nas palavras “da / do / de”. A diferença para a capa do catálogo de 1942 é que esta traz a palavra “Brasil”, complementando o bloco de informações, e o ano “1942”, bastante espacejado entre os números, no rodapé. A tipografia com serifa retangular abrupta – também chama- da de egípciana, de estilo realista característico do século XIX e início do XX, segun- do Brighurst (2005) –, e o peso semibold rompe com o estilo tipográfico utilizado nas capas anteriores. Nesses dois catálogos a assinatura gráfica da Pinacoteca aparece

Figura [81] Catálogo 1940,

capa e páginas internas com imagens de obras de arte –

Catálogo da Pinacoteca do Estado de S. Paulo – Gráfica

Paulista João Bentivegna, São Paulo. Original escaneado. Fonte: Acervo Cedoc / Pinacoteca de São Paulo.

Figura [82] Capa do catálogo de

1942 – Catálogo da Pinacoteca

do Estado de S. Paulo, Brasil, 1942 – Gráfica Paulista João

Bentivegna, São Paulo. Original escaneado. Fonte: Acervo Cedoc / Pinacoteca de São Paulo.

Figura [83] Detalhe da

comparação das letras “P”, “A”, “E”, “O” e “S” entre a assinatura gráfica da Pinacoteca conforme o catálogo de 1940, com o catálogo da Funtimod, fonte Memphis Magro – Versais, corpo 16 – design original de D. Stempel (Alemanha), Rudolf Wof, 1931. Fonte: elaboração da pesquisadora.

aplicada e integra a composição do título da publicação, com um certo destaque de tamanho em relação às demais informações textuais.

Ao comparar1 a assinatura gráfica da Pinacoteca do catálogo de 1940 com

a fonte Memphis Magro – Versais, do catálogo de tipos da Funtimod (ARAGÃO, 2017), foi possível encontrar semelhanças na estrutura das letras, mas saltaram as diferenças na extensão de alguns terminais, como na letra “E”, no posicionamento da haste da letra “A” e na largura do corpo dos caracteres, exceto da letra “O”. Pode-se deduzir pelo comparativo que não se trata da fonte Memphis da Funtimod, mas de alguma fonte de outro fornecedor, com estrutura bastante similar.

O brasão das Armas Nacionais aparece centralizado na metade superior da capa, em posição e tamanho de destaque. Foi utilizada a versão a traço para impres- são monocromática do brasão, que difere bastante em relação ao preenchimento da versão em cores.

Importante ressaltar que o brasão das Armas Nacionais utilizado nessas peças traz o descritivo “Estados Unidos do Brazil”, ainda grafado com “z”, como na versão original de 1889. A Lei no 5.443, de 28 de maio de 1968, viria a atualizá-lo para

“República Federativa do Brasil” (BRASIL, 1968).

Nas capas de ambos os catálogos em que o brasão figura, sua reprodução ocu- pa posição de destaque, isolado na parte superior, conforme demandam suas regras de uso. O brasão das Armas Nacionais não pode ser posicionado em conjunto com outras armas ou brasões em menor tamanho e deve ocupar posição de honra, segun- do o capítulo IV, art. 27 (A BANDEIRA, 1970..., p. 22). Nesses catálogos, a versão do brasão reproduzida graficamente corresponde, visualmente, a uma estrutura mui- to próxima à versão original de 1889.

O clichê em metal do brasão que compôs essas peças foi possivelmente con- feccionado pela gráfica que assina os materiais, ou por alguma clicheria parceira. A Gráfica Paulista de João Bentivegna, que assina a composição e impressão dos catá- logos, responsável pelas características estéticas dos leiautes, configura um importan- te agente do campo gráfico desta época, que será analisado adiante.

O brasão das Armas Nacionais

O brasão das Armas Nacionais se configura como um símbolo nacional, assim como a Bandeira, o Hino e o Selo Nacional. Foi instituído pelo artigo 8, Decreto nº 4 de 19 de novembro de 1889 (A BANDEIRA..., 1970). Encomendado pelo chefe do Governo Provisório, Marechal Deodoro da Fonseca, o símbolo, também denomi- nado “Brasão da República”, foi idealizado pelo engenheiro alemão Arthur Sauer. Sauer vivia no Rio de Janeiro, onde atuava como técnico e sócio do famoso estabele- cimento gráfico Casa Laemmert.

1 O comparativo utilizou-se da imagem da assinatura gráfica da Pinacoteca, presente no catálogo

de 1940 (acervo Cedoc / Pinacoteca de São Paulo), comparada através da sobreposição da página da fonte Memphis Magro do catálogo FTM I Funtymod – Fundição de typos modernos Ltda. São Paulo: Funtymod, [1937?] (acervo pessoal da pesquisadora Isabella Aragão), manipuladas através do softwa-

Antigo oficial do exército prussiano, Sauer viera ao Brasil a convite de seus compatriotas Eduardo e Henrique Laemmert2, tornando-se sócio dos dois.

Com o advento da República, Sauer incumbiu o seu mestre de oficina de fazer um desenho das armas para oferecê-lo ao Governo Provisório; para isto, instruiu seu empregado, Luís Grüder, como ele, desenhista. Terminado o projeto, levou-o ao Marechal Deodoro da Fonseca, em sua casa no Campo de Sant’Ana. Deodoro aprovou-o e comentou que ‘o gládio representava a espada militar que proclamara a República’. (LUZ, 1999)

A configuração visual do brasão das Armas Nacionais segue a descrição abaixo:

A feitura das Armas Nacionais deve obedecer à proporção de quinze de altu- ra por quatorze de largura, e atender às seguintes disposições:

I - O escudo redondo será assim constituído: em campo de blau, cinco estre- las de prata, formando a constelação Cruzeiro do Sul; bordadura do campo perfilada de ouro, carregada de vinte estrelas de prata.

II - O escudo ficará pousado numa estrela partida-gironada, de 10 (dez) peças de sinopla e ouro, bordada de duas tiras, a interior de goles e a exterior de ouro. III - O todo brocante sobre uma espada, em pala, empunhada de ouro, guar- das de blau, salvo a parte do centro, que é de goles e carregada de uma estrela de prata, figurará sobre uma coroa formada de um ramo de café frutificado, à destra, e de outro de fumo florido, à sinistra, ambos da própria cor, atados de blau, ficando o conjunto sobre um resplendor de ouro, cujos contornos formam uma estrela de vinte pontas.

IV - Em listel, de blau, brocante sobre os punhos da espada, inscrever-se-á em ouro a legenda Estados Unidos do Brasil no centro, e ainda as expressões: 15 de novembro, na extremidade destra e as expressões: de 1889, na sinistra. (A BANDEIRA..., 1970, p. 16)

O brasão estampado nas capas dos catálogos analisados compreende uma úni- ca cor, reproduzido através de um clichê em metal e impresso em tinta preta sobre papel branco. Nessa versão monocromática cada cor originalmente atribuída ao bra- são foi substituída por uma hachura equivalente, segundo as leis da heráldica (LUZ, 1999), através das quais a direção e a inclinação das hachuras funciona como um código, relacionado a cada coloração do esmalte original.

Um problema recorrente no uso de símbolos, como no caso do brasão das Armas Nacionais, é a descaracterização de sua composição visual à medida em que é reproduzido. Luz (1999) pontua que distorções gráficas relacionadas ao tamanho e ao desenho dos elementos que compõem o brasão, bem como alterações dos padrões da heráldica para reprodução monocromática através de hachuras correspondentes às colorações originais, podem ser observadas, sendo possível encontrar versões do símbolo despojadas das hachuras, e ainda, variação da tipografia, do tamanho e da distribuição das informações em texto na área específica.

Com relação às normas de reprodução técnica do brasão das Armas Nacionais, no decreto que o instituiu apenas foram citadas as proporções de quinze de altura por quatorze de largura e a referência à imagem do brasão. Em uma tentativa de ensino do

2 Outras publicações referem-se aos sócios como “Eduard Laemmert” e “Heinrich Laemmert”, gra-

fias que posteriormente foram traduzidas. Eduard fundou a Livraria Universal e, mais tarde, em so- ciedade com Heinrich, a E. & H. Laemmert – mercadores de livros e de música, também fundaram a Typographia Universal com importantes publicações gráficas no Rio de Janeiro. Em uma segunda geração, em 1891 a sociedade incluía outros nomes como Gustave Massow (genro do recém faleci- do Henrich), Edgon Widmann Laemmert (diretores da livraria) e Arthur Sauer (diretor da oficina tipográfica), sob a denominação de Laemmert & Cia. (HALLEWELL, 2005, p. 232-248). Sobre Garnier e Laemmert cabe consultar ainda a publicação Momentos do livro no Brasil (PAIXÃO, 1995).

Figura [84] Desenho das

convenções heráldicas das Armas Nacionais. Versão monocromática, segundo convenções heráldicas, para equivalência de cores através de hachuras. Fonte: A bandeira... (1970, p. 234).

desenho técnico para fins de reprodução, o autor Milton Luz (1999, p. 117-126) faz passo a passo a reconstrução modular de uma versão atualizada do desenho do brasão.

Segundo a seção III, art. 20 da Lei nº 5.443 (BRASIL, 1968), o uso das Armas Nacionais é obrigatório no Palácio da Presidência da República e residência do presidente da República, Câmara dos Deputados, no Senado Federal, no Supremo Tribunal Federal, nos Tribunais Superiores, nos palácios dos governos estaduais e nas prefeituras municipais, bem como em edifícios, repartições públicas e escolas públicas; nos quartéis das forças federais e policiais, bem como em armamentos; e ainda “nos papéis e expediente das repartições públicas e nas publicações oficiais” (A BANDEIRA, 1970..., p. 22).

O uso do brasão das Armas do Estado de São Paulo nas capas dos catálogos publicados na década de 1950

A década de 1950 compreende quatro publicações institucionais da Pinacoteca, sen- do três destas intituladas Catálogo, publicadas em 1950, 1951 e 1954, e uma intitula- da Conferências, publicada em 1951.

Nessas publicações, pela primeira vez, aparecem o uso de duas cores de im- pressão, o brasão das Armas do Estado de São Paulo e a subordinação da Pinacoteca às secretarias de Educação e de Governo.

Uma mudança significativa na estrutura interna dos catálogos foi a inclusão de um texto de abertura, que aborda o histórico da Pinacoteca até aquela data. As informações sobre as obras do acervo não aparecem mais em tabelas, mas sim organi- zadas por autoria, com nome do artista, um breve descritivo de sua carreira, seguido da listagem de obras desse artista pertencentes ao acervo e em exposição. As obras não expostas permaneciam no formato de listas com as informações básicas como numeração, autor e título.

Caracterizadas por uma alteração no formato gráfico e pela impressão em duas cores, tais publicações trazem em suas capas, em posição de destaque, o brasão das Armas do Estado de São Paulo. Suas capas são semelhantes e configuram um conjunto, devido ao padrão de estrutura gráfica. O formato físico foi ampliado para 16x23 cm aproximadamente. Os elementos gráficos compostos por duas bordas li- neares finas contornam a capa, com uma pequena diferença de espessura entre elas, e demarcam a mancha gráfica, deixando uma margem considerável de aproximada- mente 2 cm que contorna a capa, nas laterais, no topo e no rodapé.

O brasão das Armas do Estado de São Paulo, juntamente com as bordas lineares e as informações complementares, tais como o local, em alguns casos, e o ano da pu- blicação, foram impressos em preto; o conjunto principal de informações, que inclui o título e a assinatura gráfica da Pinacoteca, foi impresso em vermelho. Esses elementos sofreram alterações de uma publicação para outra e serão detalhados a seguir.

O catálogo publicado em 1950 inaugura o padrão gráfico que seria visto nas publicações dessa década. Apresenta uma estrutura de composição centralizada, ini- ciada pelo brasão das Armas do Estado de São Paulo, impresso em contorno mo- nocromático em preto, na parte superior. O título “Catálogo / da / Pinacoteca / do / Estado de S. Paulo” foi centralizado e grafado em maiúsculas, com variações de tamanho entre as palavras impressas em vermelho, em uma tipografia de serifa

Figura [85] Capa do catálogo de 1950 – Catálogo da Pinacoteca do Estado de S. Paulo, 1950 – João Bentivegna, São Paulo.

Figura [86] Capa do catálogo de 1951 – Secretaria da Educação, Pinacoteca do Estado de S. Paulo, Catálogo, 1951 –

Figura [87] Capa de Conferências 1951 – Secretaria da Educação, Pinacoteca do Estado de S. Paulo, Conferências de 1951 –

Figura [88] Capa do catálogo de 1954 – Secretaria do Govêrno, Pinacoteca do Estado de S. Paulo, Catálogo, 1954 [s. l.; s. n.].

retangular abrupta, mantendo a fonte utilizada nos dois catálogos anteriores3. Uma

estrela separa o título em vermelho das informações impressas em preto, com o ende- reço e o ano da publicação no rodapé “Praça da Luz N. 2 / (Pavimento Superior) / 1950”, em tipografia sem serifa.

O catálogo de 1951 segue, em traços gerais, o visual da publicação anterior, mas traz algumas diferenciações sutis. A estrutura gráfica da composição centraliza- da foi mantida, mas o cabeçalho contém as informações “Secretaria da Educação / Pinacoteca / do / Estado de S. Paulo”, separadas por um discreto elemento geomé- trico linear, indicando o vínculo do museu ao órgão. O brasão das Armas do Estado de São Paulo, mais ao centro, apresenta diferenças em seu preenchimento, como as hachuras na estrela particionada e o preenchimento, ao invés do contorno, na folhas dos ornamentos externos ao escudo. O título da publicação, “Catálogo”, vem logo abaixo do brasão, em destaque conferido pelo tamanho dos caracteres e área ocupa- da. As informações textuais continuam impressas em vermelho, porém observa-se a introdução de uma tipografia reta, sem serifa e de traço contínuo, mantendo o uso exclusivo de caracteres maiúsculos na grafia. Um conjunto discreto de elementos gráficos lineares finos separa o título da publicação do ano, localizado no rodapé e impresso em preto.

A publicação Conferências de 1951, datada de dezembro deste ano, compreen- de uma estrutura gráfica semelhante ao catálogo publicado no mesmo ano. Manteve o layout centralizado, a mesma estrutura de composição e tipografias utilizadas nas informações textuais, assim como as mesmas cores de impressão, sem os traços di- visores, com uma ressalva relacionada ao uso do brasão. O símbolo utilizado nessa capa é idêntico ao que aparece na capa do catálogo de 1950, impresso em contorno monocromático preto.

A última publicação dessa década data de 1954. O catálogo possui estrutura idên- tica ao publicado em 1951, considerando todos os elementos gráficos utilizados na capa. Há uma única alteração na informação do cabeçalho, para “Secretaria do Govêrno”. A impressão permanece em duas cores, e foi mantida a versão do brasão das Armas do Estado de São Paulo com hachuras e preenchimento nos ornamentos externos.

O brasão das Armas do Estado de São Paulo

O brasão das Armas do Estado de São Paulo foi criado tardiamente, em decorrência do Movimento Constitucionalista em 1932, passando a figurar onde antes vigorava apenas o brasão das Armas Nacionais. O Decreto nº 5.656, que instituía o brasão de Armas do Estado de São Paulo, foi assinado pelo Governador Pedro de Toledo em 29 de agosto de 1932 (DIÁRIO..., 1932).

Confeccionado em aquarela pelo pintor José Wasth Rodrigues, em conjunto com o poeta e heraldista Guilherme de Almeida, a primeira versão do brasão de São Paulo foi apresentada em 1932 ao Governador Pedro de Toledo, que a aprovou. Foi solicitado apenas a substituição de “São Paulo” por “Brasilia”, ficando na divisa a frase “Pro Brasilia Fiant Eximia”4 (STICKEL, 2004, p. 718).

Publicado no Diário Oficial em 30 de agosto de 1932, o brasão das Armas do Estado de São Paulo foi descrito, de modo a justificar o uso dos elementos simbólicos

3 Catálogos da Pinacoteca publicados em 1940 e 1942.

da heráldica, em texto assinado por Carlos Villalva, Diretor Geral da Secretaria de Estado dos Negócios da Justiça e Segurança Pública.