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Em fins da década de 1950, conforme relatam Camargos e Moraes (2005), registra- se no jornal Diário da Noite o abandono da Pinacoteca, situação que influencia o di- retor Túlio Mugnaini a fazer uma campanha para divulgação do museu nos meios de comunicação. Nesse período houve um esforço na organização de uma sala de expo- sição com “obras de tendências não acadêmicas” (CAMARGOS; MORAES, 2005, p. 28), visando atrair para o museu um público que contava com outras duas insti- tuições bastante atrativas na cidade, o Masp e o MAM. Segundo Camargos (2007, p. 77), esta sala de tendências não acadêmicas “resultaria na exposição Modernistas 1910/1950, com telas de Anita Malfatti, Tarsila do Amaral, Lasar Segall, Candido Portinari, Navarro da Costa e Orlando Tarquínio, entre outros”.

A partir de 1953 a Pinacoteca ficou “sob a orientação do Serviço de Fiscalização Artística” (CAMARGOS; MORAES, 2005, p. 27), o que impactaria não somente na fachada do edifício, que passou a ter o nome do museu estampado na entrada principal, como também nas capas dos catálogos publicados pela instituição na década seguinte. A biblioteca do museu, formada inicialmente por 500 obras, foi aberta ao público em 1959.

Em 1965 o diretor da Pinacoteca era João de Scatimburgo, jornalista, escritor e futuramente membro da Academia Brasileira de Letras. No governo do Estado estava Adhemar de Barros e a Pinacoteca ainda era subordinada ao Serviço de Fiscalização Artística. Segundo o Secretário de Estado dos Negócios do Governo e Deputado Juvenal Rodrigues de Moraes, a partir daquele momento haveria a difusão do acervo da Pinacoteca, com exposições de coleções de obras de grandes pintores nacionais pelo interior do estado (PINACOTECA, 1965, p. 4), retomando o projeto já existente “Pinacoteca Circulante”, conforme citam Camargos e Moraes (2005, p. 30), na tentativa de dar mais visibilidade para o rico acervo do museu. Segundo Camargos (2007, p. 81):

Embora com medidas pontuais, ao longo dessa etapa a Pinacoteca foi alte- rando seu perfil. Se antes era tida como mera galeria de artes, em vez de uma instituição dotada de políticas museológicas, no decorrer dos anos 1950 e 1960 sua direção começou a repensar as metas e a reavaliar o papel do Museu na sociedade.

Figura [110] Edifício da

Pinacoteca em 1953. Lê-se à esquerda “Pinacoteca do Estado”, mais ao centro “Escola de Belas Artes de São Paulo” e na entrada principal do edifício, bem ao centro, “Serviço de Fiscalização Artística”. Acervo da Faculdade de Belas Artes. Fonte: Camargos e Moraes (2005, p. 28).

Figura [111] Catálogo da

exposição circulante de quadros da Pinacoteca do Estado de São Paulo, São José do Rio Pardo-SP, 1965. Imagem captada pela pesquisadora durante a exposição “100 Anos de edição gráfica da Pinacoteca do Estado: 1912-2012”. Fonte: acervo pessoal.

Figura [112] Catálogo da

exposição circulante de quadros da Pinacoteca do Estado de São Paulo, São Caetano do Sul-SP, 1960. Imagem captada pela pesquisadora durante a exposição “100 Anos de edição gráfica da Pinacoteca do Estado: 1912-2012”. Fonte: acervo pessoal.

Em 1966 começa, como se verá, uma fase de diversas mudanças na direção da instituição, com Silvio Costa e Silva5 assumindo a direção da Pinacoteca por onze

meses e, em seguida, sendo substituído por Delmiro Gonçalves, jornalista e crítico. Nesse período uma grande reforma emergencial no edifício fez com que as atividades no museu diminuíssem e os eventos com exposições de seu acervo em outros espaços aumentassem, embora o acervo de obras contemporâneas tenha aumentado signi- ficativamente com aquisições feitas por Delmiro Gonçalves. O Decreto nº 52.559, de 12 de Novembro de 1970 (ASSEMBLEIA..., 1970), “reestruturou administra- tivamente o Museu, aumentando seu quadro de funcionários, enquanto estabele- cia regras para aquisição dentro de critérios mais rigorosos” e criou ainda um novo Conselho de Orientação Artística, “instância responsável pelas políticas culturais do Museu” (CAMARGOS, 2007, p. 86).

O edifício ainda era compartilhado com o Serviço de Fiscalização Artística, a Faculdade de Belas Artes de São Paulo, a Escola de Arte Dramática, o Conservatório Estadual de Canto Orfeônico, o Liceu de Artes e Ofícios e uma fábrica de brinquedos (CAMARGOS, 2007). Na sequência o pintor Clóvis Graciano assumiu a Pinacoteca por um ano, seguido pelo diplomata e crítico de arte Walter Wey, que tomou a frente da instituição em 1972, período em que a extensa reforma foi finalizada e o museu reaberto às suas atividades em 1973 (CAMARGOS, 2007). “A partir da década de 1970, tem início a modernização da Pinacoteca, assumindo seu papel relevante no cenário cultural de São Paulo” (RESENDE, 2011, p. 32).

Depois de um breve período no cargo, substituindo Wey, o escritor Alfredo Gomes passou a direção da instituição para a historiadora e crítica de arte Aracy Amaral em 1975, que aí permaneceria até 1979 promovendo uma série de atividades

5 Não foram encontradas informações sobre Silvio Costa e Silva nas bibliografias consultadas.

Figura [113] Entrada da

Pinacoteca na Avenida Tiradentes com placa turística que indica o edifício, final da década de 1970. Painel localizado na escadaria de entrada da Pinacoteca com a programação, ao fundo placa de parede com as informações “Governo do Estado de São Paulo / Secretaria de Cultura, Ciência e Tecnologia / Pinacoteca do Estado”, 1977. Fonte: Camargos (2007, p. 87-88).

educativas, didáticas e culturais nos espaços da Pinacoteca, além de abrir suas portas para as tendências construtivas (CAMARGOS, 2007). O pintor, historiador e críti- co de arte Fábio Magalhães assumiu a direção em 1979 e permaneceu no cargo até 1982, ano em que se efetivou o tombamento do edifício da Pinacoteca:

Finalmente, em 5 de maio de 1982, a Pinacoteca era tombada pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico (Condephaat), garantindo, assim, a preservação de um raro exemplo de ar- quitetura neoclássica da capital. Requerida na gestão de Aracy Amaral e efetivada na de Fábio Magalhães, a medida coroava uma fase de intensas mudanças e aprimoramento, constituindo, ainda, um passo crucial para a legitimação de uma esfera pública que resultaria, anos mais tarde, no proces- so de reintegração total do prédio à Pinacoteca do Estado. (CAMARGOS, 2007, p. 102)

Seu sucessor, Maurício Fridman, ficou pouco tempo no cargo, que em ju- lho de 1983 foi assumido pela historiadora de arte e docente Maria Cecília França Lourenço, que cunhava uma campanha pela ocupação total do edifício por parte da Pinacoteca. Nesse ano há registros de uma exposição realizada sobre o próprio museu e sua história, através de artefatos de memória gráfica, “revelada por meio dos seus documentos, em cartazes, catálogos, convites e imagens de suas inúmeras mostras, além de desenhos do escritório de Ramos de Azevedo relacionados ao prédio da Luz” (CAMARGOS, 2007, p. 103).

Maria Cecília França Lourenço deu continuidade a programas de expo- sições anteriores que discutiam “o papel da instituição enquanto agente cultural” (CAMARGOS, 2007, p. 103) com muitos eventos que movimentavam a arena da Pinacoteca e as salas de exibições. Além disso levou à frente a solicitação da retirada da Faculdade de Belas-Artes, que ocupava parte do edifício desde 1946. A saída definitiva dos últimos cursos da Faculdade de Belas-Artes se deu em 1989, quando a Pinacoteca era dirigida, desde 1988, pela artista plástica Lourdes Therezinha Silva de Amorim. Posterior a isso, o museu foi interditado por alguns dias por falta de segurança pelo Departamento de Controle de Uso de Imóveis (Contru) sendo neces- sário iniciar uma reforma que duraria mais de um ano. Durante esse período o museu ministrava cursos e oficinas à população. Maria Alice Milliet, curadora, historiadora e crítica de arte, assumiria em 1989 a direção do museu fechado, ainda em obras (CAMARGOS, 2007).

Figura [114] Placa

comemorativa do tombamento do edifício da Pinacoteca do Estado em 5 de maio de 1982. Imagem captada pela pesquisadora na Pinacoteca, 2015. Fonte: acervo pessoal.

Figura [115] Catálogo 1960, lombada e capa – Govêrno Carvalho Pinto, Secretaria de Estado dos Negócios do Govêrno, Pinacoteca do

Estado do Serviço de Fiscalização Artística, S. F. A., 1960 – Escolas Profissionais Salesianas, São Paulo. Lombada original fotografada pela pesquisadora. Capa original escaneada pelo Cedoc. Fonte: Acervo Cedoc / Pinacoteca de São Paulo.

A subordinação ao Serviço de Fiscalização Artística e ao governo Carvalho Pinto: um símbolo de campanha política no catálogo da Pinacoteca de 1960

Os dois primeiros catálogos da década de 1960, publicados respectivamente em 1960 e 1963, romperam com a estrutura gráfica adotada em publicações anteriores. As composições que evidenciavam em primeira instância o brasão das Armas do Estado de São Paulo e usavam apenas as cores preto e vermelho foram deixadas para trás.

Uma grande área de impressão em azul claro, bem como a inserção de um símbolo pictórico da campanha do governo de Carlos Alberto A. de Carvalho Pinto caracterizam a estética da capa do catálogo de 1960.

Pela primeira vez um catálogo da Pinacoteca fez uso de três cores de impres- são: preto, azul e vermelho. Com formato aproximado de 16x23 cm, a publicação trouxe imagens de obras de arte impressas em preto e branco na parte interna. A subordinação da Pinacoteca se dá às Secretaria de Estado dos Negócios do Governo e ao Serviço de Fiscalização Artística – S. F. A. O Serviço de Fiscalização Artística foi um órgão criado através do Decreto nº 35.475, em 9 de setembro de 1959, pelo governador Carvalho Pinto, que funcionava como um setor para exame de suficiên- cia e registro dos professores de ensino artístico no Estado, localizado em uma sala no edifício onde funcionava a Pinacoteca (ASSEMBLEIA..., 1959).

Na metade superior da capa, impressa com fundo azul liso, constam as princi- pais informações textuais. O brasão das Armas do Estado de São Paulo, em sua ver- são incorreta, conforme Lei nº 145, de 3 de Setembro de 1948 (ASSEMBLEIA..., 1948), reproduzido através de clichê metálico, foi posicionado no canto superior es- querdo, ao lado dos dizeres “Govêrno Carvalho Pinto / Secretaria de Estado / dos / Negócios do Govêrno”, compostos em duas tipografias completamente distintas – a primeira de característica sem serifa geométrica (LUPTON, 2006), utilizada para descrever o governo vigente, e a segunda com serifas, definindo a secretaria. Apresentando baixa qualidade de reprodução, o brasão das Armas do Estado de São Paulo foi impresso em sua versão monocromática em preto somente com contornos, no tamanho de 1,7x2 cm.

O nome da instituição foi grafado como “Pinacoteca do Estado”, dispensando o complemento “de São Paulo”, observado em publicações anteriores, passando a vigorar em seu lugar o complemento “do Serviço de Fiscalização Artística”. Com uma tipografia display de cantos arredondados, espessura larga e peso bold, o nome “Pinacoteca do Estado” foi grafado em caracteres maiúsculos e apresenta um estilo gráfico que destoa em meio a todas as tipografias utilizadas anteriormente para a fun- ção de assinar o nome da instituição nas capas dos catálogos. A frase “do Serviço de Fiscalização Artística” que acompanha o nome “Pinacoteca do Estado” aparece em menor tamanho, sem destaque visual, e seguido da sigla “S. F. A.”. Esta é composta em uma tipografia fina com serifas, com alto contraste de preenchimento, ladeada por três traços horizontais que trazem destaque visual e caracterizam uma forma recorrente de identificação, conforme pode ser observado no catálogo seguinte, pu- blicado em 1963.

Na metade inferior da capa, sobre fundo branco, foi impresso através de clichê metálico, com tamanho e posição de destaque, o símbolo pictórico da campanha do governador Carvalho Pinto. O símbolo é composto pelo desenho do mapa do esta- do de São Paulo, simplificado geometricamente na cor vermelha, coberto por uma textura em preto que remete às colmeias de abelhas sextavadas. Ao lado aparece a

Figura [116] Folha de rosto do

catálogo de 1960 – Govêrno Carvalho Pinto, Secretaria de Estado dos Negócios do Govêrno, Pinacoteca do Estado do Serviço de Fiscalização Artística, S. F. A., 1960 – Escolas Profissionais Salesianas, São Paulo. Original escaneado. Fonte: Acervo Cedoc / Pinacoteca de São Paulo.

Figura [117] O símbolo da

campanha do governador Carvalho Pinto utilizado para desfile em carro aberto durante uma visita à Cidade de Colina, São Paulo, em 1962. Aparecem na imagem: “o Governador Carvalho Pinto, o Prefeito João Paro e o candidato José Bonifácio Coutinho Nogueira (dirigindo o Jeep, o Dego Leal)”. Fonte: Colina SP (2012).

figura pictórica de uma abelha, com contornos pretos e alguns preenchimentos em vermelho. As duas figuras são unidas por uma circunferência de contorno preto. O símbolo foi utilizado durante a campanha e governo de Carvalho Pinto, conforme o exemplo na imagem que mostra o governador desfilando em carro aberto na cida- de de Colina, interior de São Paulo. A importância visual que foi conferida a esse símbolo de campanha política na capa do catálogo chama a atenção. O endereço da Pinacoteca, “Praça da Luz, 2 – Fone: 36-6472”, bem como a indicação do ano de sua publicação, “1960”, assinam no rodapé da capa. O título “Catálogo” não aparece na capa, mas sim na folha de rosto, em posição de destaque.

A capa do catálogo de 1960 utilizou ao menos cinco modelos de tipos dis- tintos na composição das informações textuais, além da lombada, em que o nome “Pinacoteca do Estado” foi grafado em uma sexta tipografia distinta, serifada. A ca- racterística visual display conferida ao nome “Pinacoteca do Estado” foi observada apenas nessa edição e não se repetiu nas demais publicações analisadas, nem mes- mo na folha de rosto desse catálogo. Cabe observar na folha de rosto que o nome “Pinacoteca do Estado de São Paulo” aparece, abaixo da menção à “Secretaria de Estado dos Negócios do Governo”, composto em outras duas tipografias distintas, com um espaçamento ao redor que lhe confere importância, seguido do endereço “Praça da Luz, 2 / (pavimento superior)” e telefone. O uso de diferentes tipografias em um mesmo material foi um recurso gráfico recorrente ao longo de décadas, fi- gurando como uma expressão estética nas artes gráficas amplamente criticado pelas vertentes concretistas em voga naquele período.

As impressões das Escolas Profissionais Salesianas

No catálogo da Pinacoteca publicado em 1960, a indicação da gráfica que com- pôs e imprimiu o material consta apenas na parte interna. A descrição por extenso “Composto e impresso nas – ESCOLAS PROFISSIONAIS SALESIANAS – Rua Dom Bosco, 441 – São Paulo - Brasil” aparece centralizada na penúltima página da publicação.

As primeiras Escolas Profissionais Salesianas foram instaladas em 1886 dentro do colégio Liceu de Artes e Ofícios Coração de Jesus, em São Paulo, que funcionou também como internato, unidade de ensino idealizada pelos discípulos de Dom Bosco (MARCIGAGLIA, 1955). Oferecendo cursos nas áreas profissio- nais mais diversas, como marcenaria, alfaiataria, sapataria e marmoraria, as Escolas Profissionais Salesianas possuíam também oficinas ligadas às artes gráficas, com cur- sos de encadernação, tipografia e fundição de tipos (CUNHA, 2005). O ensino de caligrafia e desenho de letras para tipografias e letreiramentos arquitetônicos e co- merciais acontecia dentro de algumas disciplinas no Liceu e constitui tema de estudo de José Roberto D’Elboux (2016). Acompanhando as mudanças das técnicas gráfi- cas – como tipografia, litografia e offset –, as Escolas Profissionais Salesianas formam impressores habilitados na tecnologia offset até os dias de hoje [2017]. Referente ao período determinado entre 1955 e 1965, foram encontradas duas publicações assina- das pela instituição de ensino.

Em termos de estrutura gráfica, as duas capas das publicações das Escolas Profissionais Salesianas diferem bastante da estrutura do catálogo da Pinacoteca pu- blicado em 1960. O livro Os salesianos no Brasil possui uma estrutura centralizada

Figura [118] Detalhe e imagem

completa da penúltima página do catálogo 1960, p. 183. Original escaneado. Fonte: Acervo Cedoc / Pinacoteca de São Paulo.

clássica que utiliza apenas elementos textuais posicionados no cabeçalho, ao centro e no rodapé. Nos quatro blocos de texto foram utilizadas quatro tipografias distintas, incluindo uma fonte condensada para o título. O livro O Salteo: uma importantís-

sima instituição belico-escravizadora do Brasil, desconhecida foi impresso em preto e

vermelho e a capa apresenta uma estrutura gráfica diferenciada na organização dos elementos textuais e não textuais. Com traços vermelhos espessos, a área visual da capa foi subdivida em quatro partes, nas quais estão posicionados separadamente os elementos textuais. Além da família tipográfica utilizada para compreender as infor- mações da capa, no título foi utilizada uma tipografia com traços manuscritos.

As três capas de publicações das Escolas Profissionais Salesianas observadas, incluindo aqui o catálogo da Pinacoteca de 1960, apresentam estruturas gráficas bas- tante distintas. Enquanto em Os salesianos no Brasil utilizaram uma clássica diagra- mação centralizada, o catálogo da Pinacoteca remete mais a uma publicação política; já a capa de O Salteo, publicado sete anos mais tarde, apresenta traços de um projeto gráfico que mescla elementos formais e textuais, que se destaca e parece mais elabo- rado em termos de estrutura gráfica em relação às outras publicações dessa gráfica.

A simplificação na estrutura gráfica do catálogo de 1963

O catálogo da Pinacoteca de 1963 foi simplificado em sua estrutura gráfica e nos elementos estético formais do leiaute. Impresso apenas em preto sobre fundo branco, foram dispensados da composição a área superior de preenchimento liso em azul e o símbolo de campanha do governador que utilizava a cor vermelha. Com tamanho aproximado de 16x23 cm, a publicação parece ter sido uma versão econômica, de ca- ráter documental, por não apresentar imagens das obras de arte nas páginas internas, contando apenas com as listagens de dados do acervo. Embora apresente caracterís- ticas visuais distintas, a estrutura de informações textuais da capa desse catálogo é bastante semelhante à da publicação anterior.

Com relação às informações textuais da capa, foram retiradas as menções ao Governo Carvalho Pinto, tanto no texto do cabeçalho quanto o símbolo que estava na parte inferior do leiaute. A assinatura gráfica da Pinacoteca do Estado ainda indi- ca a subordinação ao Serviço de Fiscalização Artística. O restante das informações se manteve, basicamente na mesma estrutura gráfica de distribuição e tipografias utilizadas anteriormente, incluindo a sigla “S.F.A.”, salvo duas exceções. A primeira

Figura [119] Publicações

das Escolas Profissionais Salesianas. Capa de Os

salesianos no Brasil, 1955.

Capa de O Salteo,1962. Originais fotografados pela pesquisadora. Fonte: AHM; Acervo da Biblioteca Octávio Ianni / Ifch, Unicamp.

Figura [120] Lombada e capa do catálogo de 1963 – Secretaria de Estado dos Negócios do Govêrno, Pinacoteca do Estado do Serviço de

Fiscalização Artística, S. F. A., Catálogo, 1963 – Gráfica Canton, São Paulo. Lombada original fotografada pela pesquisadora. Capa original escaneada pelo Cedoc. Fonte: Acervo Cedoc / Pinacoteca de São Paulo.

delas é o nome “Pinacoteca do Estado”, que aparece grafado com caracteres em maiúsculo em um tipo sem serifa, com corpo alto, condensado e peso bold, com o espacejamento entre as letras mais arejado, ocupando a largura da mancha gráfica da capa. Desta vez o nome da instituição, o modo através do qual a Pinacoteca assina graficamente o material, é a informação com mais peso visual na capa e o arejamen- to ao redor do nome da instituição contribui para que este tenha uma importância visual assegurada na composição. A segunda exceção é o título “Catálogo”, centrali- zado na metade inferior da capa, com serifa curta.

Visualmente mais limpa, a capa do catálogo de 1963 não faz menção direta a uma campanha de governo, o que deturparia o caráter artístico da publicação para fins de propaganda política, conforme observado na capa do catálogo publicado em 1960. A subordinação da Pinacoteca do Estado à Secretaria de Estado dos Negócios do Governo, vínculo de longa data, foi mantida na capa e na folha de rosto.

As características visuais da composição e as informações presentes na lomba- da e na folha de rosto foram mantidas em relação ao catálogo de 1960, com alteração apenas no ano da publicação. A composição centralizada, os blocos de informações e os espaçamentos, as margens, bem como o tamanho final do impresso são idênti- cos. As escolhas tipográficas seguiram os mesmos padrões e tamanhos da publicação anterior, com variações muito pequenas, como na tipografia utilizada para o título “Catálogo” – que se assemelha a uma versão bold do tipo anterior – e na utilizada para grafar o endereço da Pinacoteca, a cidade e o ano da publicação – de característica