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4. O ANO LETIVO NUM TGV

4.2 Entre reflexões capitulares

4.2.1 Combate às dificuldades encontradas

4.2.1.8 A palavra escolhida: inovar

Numa fase precedente ao início de lecionação, com o objetivo de conhecer e dar-me a conhecer ao professor cooperante, foi-me pedido para eleger uma palavra que definisse as minhas expetativas para o ano de estágio e, simultaneamente, que elucidasse o que era para mim ser professor. A palavra escolhida foi inovar. Surgiu inequivocamente, pois considero que a inovação é boa parte da possibilidade de sucesso que podemos obter na nossa vida e profissão. Enquanto professores, nós temos que nos constituir como agentes de mudança, não ficando à espera de observar o que os restantes irão fazer. A profissão de professor trabalha para o futuro, para a alternância, adaptação, novo modo de atuar, inovação.

Estas foram as convicções levadas para o ano de EP, onde não me querendo elevar a todos os outros, pretendia-me elevar a mim mesmo, colocando o meu cunho pessoal e a minha identidade.

Contudo, após um começo estonteante, decorrente de vários acontecimentos, a procura de melhorar a minha ação pedagógica, o meu sucesso na aula, contribuindo para uma aprendizagem mais significativa dos alunos, desviei-me um pouco das tão desejadas inovações pretendidas. Aqui, apresento um excerto que carateriza esta minha fase:

“A simplicidade complexa de pensamentos ou ideais que o professor deve ter, “alunos como centro”, “preocupações centradas nos alunos”, são percecionados como tão vulgares e lógicos que parecem garantidos. No entanto, não o são de todo, onde por vezes as preocupações centram-se no professor, no que este deve apresentar, como deve agir e intervir, no que deve representar. Apesar de estas preocupações serem tidas em conta quando falámos do professor, não são o foco durante a sua atividade, onde

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os alunos são o centro e, todas estas caraterísticas advêm de potenciar a aprendizagem dos alunos. Talvez uma procura incessante das caraterísticas ideais para a minha aula, possam ter levado a um desfoco do essencial, onde me impossibilitaram de observar e me centrar na minha tarefa, educar e ensinar os meus alunos. Penso também o ser normal neste ano, onde tudo é novo e recente, onde as inseguranças e medos ultrapassados e encontrados geram bastante confusão, e onde por vezes o caminho imaginado de descoberta tão esperada marcada pela “irreverência” da atuação, se torna num túnel bastante afunilado e, com um percurso caraterizado por uma identidade “amarrada” e neutral. Foi ganha uma enorme formatação que condicionou a minha ação, e por consequência, uma perda enorme de “irreverência” que poderia potenciar a tanto idealizada inovação.” (Reflexão nº 44 – A volta final, 02 de Abril de 2013)

Um princípio importante que retive neste meu ano de estágio defende que um professor nunca desiste dos seus alunos. O verdadeiro professor não o faz. Envolvendo este pensamento de uma forma incessante na minha consciência, as ideias floriram, a força inicial foi recuperada, e um novo professor novamente num espírito entusiasta voltou ao espaço de aula, de cabeça erguida e de mangas levantadas. Assim comecei a delinear novas estratégias para cativar os meus alunos, voltar a sentir que eles estavam efetivamente do meu lado.

No 3º período do ano letivo, o planeamento direcionava-me para a abordagem à Ginástica Acrobática e à modalidade de Voleibol. Era aqui o momento, tinha que fazer algo de novo, de bom. Assim, após algumas trocas de ideias entre colegas que já tinham vivenciado esta experiência, surgiu-me no pensamento uma construção de todas elas.

Na Ginástica acrobática, a turma estava dividida em cinco grupos, sendo cada um deles responsáveis por apresentar no final da unidade temática, uma sequência de caráter mais formal da modalidade. Como estratégia para uma melhor compreensão das figuras a executar, disponibilizava aos alunos um documento com os diferentes grupos de figuras e os seus níveis de dificuldades. De forma a tornar a aula mais emotiva e proporcionar aos alunos

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mais empenho, foi dada uma caderneta a cada grupo. Essa era constituída por diferentes figuras gímnicas, como o objetivo de, a cada aula, um grupo de alunos ser premiado por um conjunto de cromos. A premiação recaía sobre o empenho que o grupo demonstrava na aula. O que numa primeira abordagem foi propício a comentários desviantes, passou, numa fase seguinte, a ser motivo de “discussão” entre os alunos, e de procura de troca de cromos, competindo entre quem preencheria mais rapidamente a caderneta.

Na modalidade de Basquetebol, a estratégia foi outra. Entre puzzles e autocolantes coloridos, o clima da aula foi significativamente melhorado. A utilização de puzzles era feita numa dinâmica inicial da aula de condição física. Assim, os alunos distribuídos por grupos homogéneos, continham um percurso caraterizado por três estações, onde em cada uma delas tinham uma tarefa diferente a cumprir. O aluno deveria percorrer os dois sentidos do percurso, tendo como objetivo transportar uma peça de puzzle de cada vez de uma extremidade para a oposta. A dinâmica terminava quando o grupo conseguisse transportar todas as peças. Era bastante motivante ver todos os alunos em constante atividade, sem paragens durante um período intenso, até cumprirem o objetivo da equipa. Além da cooperação ganha nesta dinâmica, o espírito competitivo era bastante saudável. Contudo, penso que esta dinâmica só poderá ser desenvolvida numa fase avançada do ano letivo, pois será necessário que os alunos saibam fazer os exercícios de condição física propostos de forma correta.

Os autocolantes coloridos, caraterizavam-se por umas pequenas bolas de cores, azul, amarelo e vermelho, atribuindo a cada aluno um desempenho muito bom, razoável ou medíocre respetivamente. De relembrar que as idades dos alunos situavam entre os 15 e os 18 anos. Porém, isso não impossibilitou terminarem a aula com a mão estendida para mim, de forma a lhes poder colar o respetivo símbolo, e lhes atribuir feedback de forma não-verbal.

Aprendendo que um professor deve viver em constante insatisfação, na procura do melhor para os seus alunos, ouve momentos que me senti bastante satisfeito com o que se estava a passar nas minhas aulas. A palavra inovar emergiu e o sorriso no meu rosto voltou.

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4.2.1.9 Afetividade – importância no processo ensino-