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5. PARA LÁ DO ESPAÇO DE AULA

5.1 Desporto Escolar

Todas as escolas têm a obrigação de garantir a oferta de atividades do Desporto Escolar (DE) aos seus alunos, de forma a proporcionar-lhes oportunidade de prática desportiva regular (Programa de Desporto Escolar 2009-2013). O projeto de DE deverá ser concebido por um período de 4 anos e, articulado horizontal e verticalmente ao longo de todos os anos de escolaridade com as atividades curriculares da EF, da Expressão Físico Motora e Atividades Físicas e Desportivas das Atividades de Enriquecimento Curricular do 1º Ciclo. Deste modo, é integrado de forma articulada e continuada, no conjunto dos objetivos gerais e específicos do Projeto Educativo, fazendo parte do Plano de Atividades das Escolas.

O DE tem como missão contribuir para o combate ao insucesso e abandono escolar e promover a inclusão, a aquisição de hábitos de vida saudável e a formação integral dos jovens em idade escolar, através da prática de atividades físicas e desportivas (Programa de Desporto Escolar 2009-2013). O DE deve ser entendido como uma responsabilidade da comunidade escolar, pois é à escola que compete tomar decisões de forma de responder aos problemas apresentados pelos seus alunos. Segundo Freitas (cit. por Freire, 2010, p.5), se o DE “for visto de forma séria e tratado de forma

competente será importante para a formação global dos alunos”. Assim, é

importante que a escola assuma o DE como um projeto essencial do seu processo educativo, regulamentando formalmente o seu funcionamento.

De acordo com Teixeira (2007), o DE só fará sentido se for para todos, não permitindo qualquer motivo de exclusão ou segregação, o que também não se verifica. Desta forma, este deverá ser sustentado pelas bases da EF, não pondo em causa os valores educativos.

O DE é caraterizado por dois tipos de atividades, a interna e a externa. A primeira refere-se ao conjunto de atividades físico-desportivas enquadradas no Plano Anual de Escola, orientadas pelo departamento de EF, e tendo como responsável o coordenador do DE. Entre estas atividades situam-se: os torneios internos (inter-turmas), o corta-mato, o Compal Air 3x3 e o Gira-volei.

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A atividade externa tem por base a anterior, definindo-se como a atividade desportiva desenvolvida no âmbito das diversas vertentes do clube de DE (grupos/equipa), através de participação em encontros inter-escolares de caráter competitivo ou não competitivo (Programa de Desporto Escolar 2009- 2013). Deste modo, o DE poderá abarcar toda a comunidade educativa, mantendo uma escola ativa e, assumindo-se como um nicho de potenciais desportistas de elevado nível.

Segundo Soares (cit. por Freire, 2010, p.9) “não existem escolas

uniformes no que respeita à organização do DE, pois as caraterísticas e as condições reais de cada escola determinam uma organização própria”. A

ESAG é possuidora de ótimas condições que abarcam a prática no DE. Para a prática desportiva, presenteia os alunos com os grupos de DE, nas modalidades de esgrima, voleibol feminino (gira-volei) e ginástica (2ª Classificada nos Campeonatos Nacionais deste ano letivo).

Foi na equipa de Voleibol que colaborei neste meu ano de EP. De facto, relembrando todos os comentários, os sorrisos trocados e a relação saudável criada, esta foi uma experiência única. Juntamente com outra colega estudante-estagiária e o professor responsável, conseguimos fomentar um espírito de entreajuda que parecia inexistente nos momentos inicias. A cada aula/treino, conseguimos de forma gradual cativar as alunas para a modalidade, transmitir-lhes os aspetos técnicos e táticos do jogo e, acima de tudo, ganhar a sua confiança. Após refletir sobre os momentos iniciais e comparar as atitudes apresentadas no início e fim do ano letivo, foi notório o ambiente positivo criado e as reações alegres e de contentamento das alunas. De facto era um espaço onde todos nos sentíamos bastante bem.

Não posso deixar de referir a cultura do DE existente na ESAG. Principalmente a modalidade de ginástica acrobática está enraizada numa forte tradição escolar. Desta forma a relação entre a EF e o DE é de grande cumplicidade, pois na ESAG, os planos curriculares do ensino secundário inserem a ginástica como modalidade obrigatória a abordar, o que não se observa nos programas nacionais de EF dos mesmos anos escolares.

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O meu objetivo inicial, quando decidi colaborar no DE, era puder acompanhar as modalidades de ginástica e voleibol. A primeira porque era uma modalidade onde sentia dificuldades e necessitava de novas e ricas vivências, que me iriam possibilitar o acesso a um maior conhecimento. O voleibol porque é uma modalidade que adoro, onde possuía uma base de conhecimentos mais sustentada para ajudar os alunos e poderia apreender novas aprendizagens. Contudo, devido à incompatibilidade dos horários definidos e da minha ocupação profissional, não pude ingressar no grupo de ginástica.

Na memória permanecem alguns momentos de convívio que demonstram que a escola e, em particular o DE, estão muito para além da sala de aula ou do espaço de treino. A proximidade que pude estabelecer com o grupo foi deveras gratificante. Ouvir as alunas constatar as suas dificuldades e preocupações, os seus medos e incertezas e conseguir possibilitar a ultrapassagem dos mesmos, ganhando com isso um olhar de satisfação e agradecimento foi muito reconfortante. É deveras importante para o aluno, o professor mostrar preocupação sobre ele, transmitir-lhe que está disponível para o ajudar. Esta também nos remete para fora do espaço de aula/treino. Estando informado acerca das dificuldades noutras disciplinas, nos testes avaliativos que se aproximavam, encontrei algumas alunas no espaço de lazer da escola a estudar e com bastantes dificuldades. A minha reação foi questionar qual a matéria e, procurar colmatar as dúvidas existentes sugerindo, contudo, que fossem abordar o professor da disciplina. Ora, esta atitude mereceu um enorme respeito das alunas, construindo uma relação professor- aluno muito benéfica para o processo ensino-aprendizagem. O espírito de união que o DE estimula é de facto uma mais-valia para a integração dos jovens e o gosto pela escola e pela prática desportiva ativa.

A relação criada entre os professores é outro aspeto que atribuo enorme relevo. O ambiente criado na escola, nos convívios/encontros competitivos do DE ultrapassou todas as minhas expetativas. Ali, era tratado como outro professor, que merecia o mesmo respeito, que continha a mesma responsabilidade na definição da melhor forma de atuar sobre o grupo. Senti- me apoiado e inserido no núcleo dos professores da escola, onde existia um

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espírito de cooperação sólido, um espaço de convívio e, ao mesmo tempo de aprendizagem. Esta relação possibilitou-me diversas trocas de experiências e opiniões que influenciaram significativamente o meu crescimento enquanto professor de EF.