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4. O ANO LETIVO NUM TGV

4.4. Estudo de Investigação-Ação: Relação entre a perceção da importância

4.4.7 Discussão dos Resultados

Após obtermos os resultados apresentados no ponto anterior, estes vão ser aqui comparados com outros estudos realizados, procurando entender se existem relações.

Relativamente à prática desportiva, os resultados obtidos demonstram que os jovens de 10º e 11º anos são os que exercem mais regularmente a prática desportiva. Apesar de os alunos do 12º ano serem aqueles que menos apresentam uma prática desportiva inexistente, também são aqueles que mais praticam desporto de forma reduzida. Os resultados levam-nos a afirmar que, os jovens que se encontram em anos escolares inferiores (10º e 11º anos), são mais ativos, e que os alunos de ano escolar superior (12º ano), são menos ativos, quando a comparação é estabelecida nos jovens com prática desportiva regular. Os resultados de Matos et al. (2002), em adolescentes com idades compreendidas entre os 13 e os 16 ou mais anos, concluem que os alunos mais jovens são mais ativos que os mais velhos. Também Gonçalves (2005) e Marinho (2007), quando compararam adolescentes no escalão etário entre os 16 e os 17 ou mais anos com a atividade física e a prática desportiva, verificaram que os adolescentes mais novos praticavam EF mais regularmente comparativamente aos mais velhos, apesar de nos resultados de Gonçalves (2005) só serem estatisticamente significativas as diferenças encontradas na prática desportiva.

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Ao que podemos aferir na relação entre do exercício físico e a criação de mais energia para família e amigos podemos constatar que em todos os anos escolares, os jovens que concordavam com esta relação, também eram aqueles que mais praticavam fora da escola, pelo que os de ano escolar mais recente (10º e 11º anos) foram os que mais concordaram, comparativamente aos de ano escolar mais avançado (12º ano).

Como revela Matos et al. (2001a, 2001b), nos seus resultados em alunos do 6º, 8º e 10º anos escolares, os jovens que afirmavam praticar desporto regularmente despendem uma maior tempo para estar com os amigos e, estabelecem uma ativa relação com os seus pais.

No que concerne à relação entre o stress e o exercício físico, os resultados demonstram que os jovens com maior taxa de prática reduzida e regular, sentem-se menos stressados. Esta evidência foi mais saliente nos alunos de ano escolar mais avançado, decorrendo de forma decrescente pelos restantes anos escolares. Já os jovens com prática desportiva inexistente, foram os únicos que não concordaram com a afirmação, apesar de a percentagem ser muito reduzida.

Acerca desta afirmação, os resultados de Matos et al. (2001b), sugerem que os jovens que não praticam atividades físicas e prática desportiva, apresentam uma taxa mais elevada de sintomas relacionados com a instabilidade psicológica.

Analisando a relação entre o tempo de lazer e a prática desportiva, os resultados obtidos aferem que, quando comparado o grau de concordância e discórdia nos alunos com prática regular, estes discordam maioritariamente com a afirmação. No entanto, no 10º ano escolar, a percentagem de concordância é significativamente maior que a discórdia. De uma forma geral, a maioria dos alunos com esta frequência de prática abstém-se à afirmação, não concordando nem discordando.

Contudo, quando analisámos de forma global, em todos os anos escolares e distintos níveis de prática desportiva, a maioria dos alunos discorda da afirmação.

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De acordo com King (citado por Miranda, 2009), o suporte social assume-se como uma das variáveis que influencia de forma frequente a adoção e manutenção da prática desportiva. Franklin, Bryant, Peterson (1996), apontam a ausência de pessoas importantes na realização do exercício físico, como um dos principais motivos para a menor aderência à prática desportiva. Assim, talvez os jovens praticantes sintam a necessidade de estar na companhia dos seus amigos durante a prática, pelo que a falta dos mesmos causa um sentimento de perda de tempo.

Relativamente à relação entre o exercício físico e o corpo dos jovens, constatamos que a maioria dos jovens, nas diferentes frequências de prática desportiva, consideravam que o exercício físico faz senti-los mais à vontade com o seu corpo. Estas evidências também foram destacas no 12º ano de escolaridade, pelos alunos sem prática existente.

Vários autores constatam este facto, Marinho (2007), Corte-Real (2006), Matos et al. (2001a), averiguando que os jovens que praticam desporto consideram a sua aparência melhor do que os que não praticam desporto.

Quando relacionada uma visão positiva sobre a vida e uma melhor disposição diariamente com a prática de exercício físico, os resultados encaminham-nos para afirmas que os jovens que mais regularmente praticam desporto são aquelas que interligam a prática a uma visão mais positiva sobre a vida, e sobre a sua felicidade.

Ao analisar a felicidade em função do exercício físico, Marinho (2007), Matos et. al. (2002, 2001b), observaram que os jovens que praticavam desporto mais regularmente eram aqueles que se demonstravam mais felizes com a vida.

Também, em estudos realizados por Marinho (2007) e Esperança (2005), os resultados apontam para os jovens que se apresentavam como mais ativos, também eram aqueles com uma maior satisfação com a vida.

Após a análise de todos os resultados importa refletir acerca das causas que levam os alunos a não praticarem mais regularmente desporto e, a relação com a sua perceção sobre a importância do mesmo. Dishman e Sallis (citado por Miranda, 2004, p.144) apresentam a expetativa de saúde e outros

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benefícios advindos da prática da atividade física como “fraca ou confusa

evidência de relação positiva com a atividade física”. Guedes e Grodin (2002),

após a análise dos seus resultados, sugerem que a perceção da importância da atividade física poderá não ser influenciador de um estilo de vida mais ativo. Contudo Nahas (2001) refere que em estudos passados, a falta de informação acerca de como exercitar foi considerado o segundo motivo para não exercitar regularmente.

De acordo com o estudo desenvolvido por Miranda (2004), um dos motivos de aderência à atividade física é a perceção de utilidade, sendo estas referidas pelos adolescentes como “a saúde, a aptidão física, a prevenção do

uso de drogas, a preparação psicológica, o desenvolvimento das relações interpessoais e a mobilidade social” (p.144). Ainda segundo os resultados

apresentados no seu estudo, o autor revela que “a escola é incentivadora da

aderência à atividade física” e que como exigências os alunos referem que “(…) deveria ser permitida a utilização das instalações da escola fora do horário das aulas para a prática da atividade física”(p.144).