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“A experiência é o que nos passa, o que nos acontece, o que nos toca. Não o que se passa, não o que acontece, ou o que toca. A cada dia passam muitas coisas, porém, ao mesmo tempo, quase nada nos acontece.”

(Bondía, 2002, p. 21)

O EP remete-me para o término de uma longa caminhada do meu percurso formativo enquanto agente ativo da faculdade e, por sua vez, marca o início de uma nova fase da minha vida, uma nova responsabilidade, uma nova profissão. Tal como proferiu diversas vezes o meu professor cooperante, Paulo Mota, esta foi uma fase com “muita rede”, pois tal como o trapezista, tinhamos a rede de segurança caso algo corra menos bem. O desafio enaltece a partir deste momento em que as minhas competências serão testadas, onde a responsabilidade dos meus atos se debruça maioritariamente sobre mim.

As expetativas iniciais eram bastante elevadas, pois sabia que após percorrer o primeiro ano deste ciclo de ensino, ano esse bastante trabalhoso, outro se iniciava com novos desafios, e onde finalmente poderia expressar em contexto prático as minhas ideias, dúvidas e convicções. A correspondência foi única, muito rica, mudando-me como profissional e pessoa. Foi realmente algo que me passou, me aconteceu e me tocou. Como refere Simões (1996, p.132), é, “(...) indubitável que, no decurso da carreira, poucos períodos, se comparam

a este em importância”, sendo este “(...) um período único e significativo na vida pessoal e profissional de qualquer professor”. Também (Caires, 2006,

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a professores, por corresponder ao derradeiro momento da sua passagem pelo contexto académico, e pela qualidade e intensidade dos desafios e vivências que esta transição encerra, o estágio pedagógico é aqui entendido como palco de um dos processos mais ricos e decisivos da capacitação e da integração do jovem professor no mundo da docência e no mundo adulto”.

A escolha da escola foi um processo bastante simples. Entre conversas nos corredores da faculdade, testemunhos de amigos e conhecidos, a escola secundária Almeida Garrett (ESAG) tornou-se a opção primária. As experiências transmitidas foram as melhores, descrevendo a escola como um local onde iria ter todo o apoio para crescer pessoal e profissionalmente, que continha um ótimo ambiente entre professores, entre funcionários e, onde existia uma cultura escolar rigorosa e bastante rica. Desde logo a ansiedade e vontade de iniciar este ano acresceu, juntamente com o desejo de aprender e desenvolver as minhas competências.

Aludindo ao núcleo de estágio, primeiramente aos meus colegas, apesar de partilharmos o mesmo percurso na faculdade, não contínhamos uma relação de convívio e amizade. Após o resultado da listagem de colocações, perspetivei que iria lidar com um grupo exigente, trabalhador, e que com certeza iria potenciar um crescimento conjunto. Nesse momento, senti que a minha responsabilidade cresceu, que não iria ter dificuldades de relacionamento, mas que a exigência iria ser muito elevada. As minhas expetativas foram comprovadas no decorrer do ano estágio. Descobrirmo-nos mutuamente e perceber o que cada um de nós podia dar, e deu, à nossa experiência foi de facto gratificante. Para além de todos os ensinamentos retirados e vividos lado a lado, a cooperação e a determinação estiveram sempre presentes. Posso afirmar que perante todo este enriquecimento também ganhei amigos para a vida, com quem poderei contar nos melhores e piores momentos.

Ainda pertencente ao núcleo de estágio surge o professor cooperante. Os comentários e descrições acerca deste, realizada por alguns colegas, eram os melhores, onde a escola se situava no topo da elite e, onde a dinâmica do núcleo de estágio era positivamente pronunciada. Tal como abordado no

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primeiro ano deste ciclo de estudos na disciplina de Psicologia da Educação, o 1º momento, isto é, o espaço temporal do “quebrar do gelo” é determinante para a relação professor-aluno e a criação de um bom ambiente de ensino- aprendizagem. Empolgante é como retrato esse momento. A disponibilidade e proximidade transmitida pelo professor cooperante, a enorme paixão que detém pela escola são contagiantes. Fascinante ver a adoração e o carinho existente nas relações com o pessoal docente e não docente, onde entre muitas coisas pensadas, a mais evidente seria, é assim que quero ser. Enorme profissional e pessoa que me transmitiu, que me ouviu, e fez-me professor. O conhecimento do orientador deixou-me um pouco intermitente, devido ao facto de saber que o tempo que possuía para nos acompanhar, não era muito. No entanto, após uma primeira reunião, verifiquei que estava perante alguém com o qual poderia contar, disponível para ajudar, flexível e muito recetivo. As palavras por entre algumas histórias de vida proclamadas me fizeram refletir e conhecer novas formas de agir.

As relações que pretendia ter com toda a comunidade escolar, com os meus colegas professores estagiários, professor cooperante e orientador, eram de compromisso cooperativo. Vinculei-me com a escola, com os meus alunos, com os meus colegas e principalmente comigo mesmo, a partir do momento que fui colocado no EP. O meu comprometimento de entrada, para qualquer projeto ou desafio que assumo é de extrema importância, assim como o grau de exigência e a procura inesgotável da perfeição. Um vínculo singular e ao mesmo tempo coletivo, onde todos seguimos os mesmos objetivos, o sucesso, o crescimento e o atingir da competência, dando o nosso humilde contributo para o sucesso da educação. Conseguir marcar positivamente os meus alunos, através de alterações positivas nos seus hábitos e comportamentos, e fundamentalmente no seu gosto pelo desporto, foi um forte objetivo. Sinto que ficou uma relação de companheirismo, e de admiração entre ambos, conseguindo alguma motivação para a prática desportiva fora das aulas.

A interação com os outros professores mais experientes foi muito gratificante. Como refere Changa, E. (2011, p.13) a “formação é partilhar experiência com outras pessoas num dinamismo de relações e aprendizagens”.

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De facto, todas as conversas formais e informais realizadas ajudaram-me a encontrar novas formas de construir o “eu” professor, novas visões sobre o processo ensino-aprendizagem, que me personalizaram e me prepararam para novas realidades.