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A PEQUENA DESBRAVADORA

No documento Origem Umbanda (páginas 59-61)

Lilia Ribeiro

Ao iniciarmos a série de documentos históricos sobre a Umbanda, não poderíamos deixar de homenagear a desbravadora, senhora Lilia Ribeiro, contemporânea de Zélio de Mores, que colecionou vasto material histórico, comprovando a veracidade da existência do primeiro umbandista e da primeira Tenda de Umbanda do Brasil. Todas as informações documentadas com detalhes da trajetória do “Caboclo das Sete Encruzilhadas” e de Zélio de Moraes na Umbanda foram possíveis pelos relatos colhidos e coordenados pela Srª Lília Ribeiro.

Os primeiros relatos sobre a existência de Zélio de Moraes, do Caboclo das Sete Encruzilhadas e da Tenda Espírita Nossa Senhora da Piedade, deram-se com Leal de Souza em 1924, através de duas reportagens no jornal “A Noite”; uma relatando um impressionante caso de cura (vide página 76 deste livro), e outra, uma Sessão de desobsessão (vide página 77 deste livro). Posteriormente, em 1932, através do livro: “O ESPIRITISMO, A MAGIA E AS SETE LINHAS DE UMBANDA”, o primeiro livro escrito sobre a Umbanda.

Além disso, Lilia debateu tenazmente, em debates e reportagens, as normatizações da Umbanda efetuadas pelo Senhor Caboclo das Sete Encruzilhadas, defendendo de unhas e dentes o preconizado pelo venerável Caboclo.

Lilia escreveu e gravou depoimentos importantes, mostrando claramente que a Umbanda instituída pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas é simples, harmoniosa, sem roupagens coloridas e cheias de rendas, sem adereços, sem sacrifício de animais, sem atabaques, sem cobranças, sem beberagens, sem dançarias, sem vaidades, sem festas regadas a comes e bebes, sem rituais e magias disparatados e complicados, sem profusão de oferendas e despachos.

Após uma série de reportagens, Lilia calou-se por muitos anos, guardando o precioso material histórico, que por um pedido da mesma só poderia vir à tona após o seu desencarne. Porque a senhora Lilia assim pediu? Porque guardou veladamente todo esse material por tantos anos sem disponibilizá-lo?

A vivência nos diz o óbvio: as perseguições, os ataques, as decepções, as demandas efetuadas pelos que se diziam umbandistas, mas de fato eram desarticuladores e principalmente os que deturparam tudo o que o instituidor da Umbanda, o Caboclo das Sete Encruzilhadas, normatizou. Pelo acossamento sofrido, possivelmente pelos que estavam ao seu lado, Lilia recolheu-se e esperou o momento certo para tudo isso vir à baila, o que somente aconteceu, infelizmente, após ter desencarnado.

Lilia Ribeiro foi fundadora e mãe espiritual da Tenda Espírita Nossa Senhora do Rosário, em 1955. Essa Casa foi originária da Tenda de São Jerônimo, uma das sete criadas pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas na primeira fase de expansão de nossa Religião. Posteriormente, em 23/04/1965, mudou a razão social para “Tenda de Umbanda Luz, Esperança, Fraternidade”. Era médium do Caboclo Mata Virgem.

Lilia Ribeiro era repórter e jornalista, editando o Boletim “Macaia”, e foi quem deu entrada à história da Umbanda, longe dos mitos; a história real, com fatos.

Durante todo o período que pode conviver com Zélio de Moraes e com suas filhas Zélia de Moraes Lacerda e Zilméia de Moraes Cunha, Lílian constituiu um grande acervo de gravações, perto de 90 (noventa) fitas históricas, dentre as quais, uma grande quantidade de fitas com gravações de Zélio de Moraes, do Caboclo das Sete Encruzilhadas e pontos cantados na Tenda Espírita Nossa Senhora da Piedade, verdadeiros pontos de raiz. Também constituiu vários textos sobre ensinamentos, rituais, pontos e trabalhos executados naquela Tenda e na Cabana de Pai Antonio, em Cachoeira de Macacú/RJ.

Aqui, neste despretensioso livro, disponibilizaremos somente as reproduções documentárias importantes sobre a Umbanda. Algumas poucas fitas dos pontos cantados na Tenda Espírita Nossa Senhora da Piedade já veiculam em vários sites e blogues na Net.

Portanto, nesse momento, queremos expressar nossa profunda gratidão a senhora Lilia Ribeiro, rogando a Deus, a Jesus, a Mãe Maria Santíssima, aos Sagrados Orixás e ao Senhor Caboclo Mata Virgem, que a cubram de bênçãos, e que seu Espírito imortal sinta paz nesse momento precioso, pois como foi pedido, tudo esta sendo disponibilizado.

A Lilia dizemos: “Minha irmã querida. Já está sendo feito. Tenha paz em seu coração. Seu trabalho não foi em

vão. Tudo está saindo na hora certa e frutificará, pois essa foi a vontade do Pai. Desejamos nesse momento, que receba o nosso preito e o nosso amor, com eterna gratidão. Um beijo no seu coração, nossa pequenina desbravadora”.

Peço aos umbandistas, que sempre se lembrem em suas orações, dessa “pequena desbravadora”, a Mãe Lilia Ribeiro, por tudo o que nos legou.

Quis a graça de Deus, as bênçãos do Senhor Caboclo das Sete Encruzilhadas, a anuência espiritual da nossa irmã Lilia Ribeiro e o desprendimento de dois filhos de fé, Mãe Maria de Omulú (Maria das Graças Viana) e Pai Solano (Solano Filardi), (a quem devemos nosso preito e gratidão, pois sem o concurso deles nada disso chegaria a público), dirigentes da “Casa Branca de Oxalá”, situada na cidade “Lagoa Santa/MG”, que as reportagens de Lilia Ribeiro chegasse em nossas mãos, e aqui as disponibilizaremos sem cortes e sem emendas.

As reproduções documentárias e fatos históricos que comprovam o que acima foi relatado, está documentado com reportagens e entrevistas com o próprio Zélio de Moraes, com o Caboclo das Sete Encruzilhadas, com o Pai Antonio e pessoas que conviveram em época do início da Umbanda, tudo documentado pela senhora Lilian Ribeiro. Optamos por disponibilizar as cópias dos originais juntamente como esse livro, para mostrar que tudo não é invenção da nossa cabeça, mas, simplesmente fatos históricos, e com testamentos documentários não há argumentos.

Também apresentaremos várias reportagens efetuadas pela senhora Lilia Ribeiro no jornal “Diário de Notícias”, na década de 1970, e outras sobre a Umbanda, pesquisadas e colecionadas pelo autor, disponibilizadas juntamente com esse livro no ícone: “Materiais Históricos sobre a Umbanda”.

TRANSCRIÇÃO DAS GRAVAÇÕES HISTÓRICAS

No documento Origem Umbanda (páginas 59-61)

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